O Amigo Oculto ( por Diego Silva - D. Silva ) - Tome as decisões corretas

Essa foi uma ideia que tive para a brincadeira do Amigo Oculto. Nós aqui do Recanto, por mais que não tenho contato com muitos, somos amigos mesmo que virtualmente.

Espero que gostem. Abraços.

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O AMIGO OCULTO (POR DIEGO SILVA - D. SILVA)

TOME AS DECISÕES CORRETAS

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- Ái, diga logo onde estamos indo - pedia uma voz masculina.

- Acalme-se. Já estamos chegando. Não tenha pressa – respondeu uma voz feminina.

- Ei Michele, diga logo, já estou ansioso. Pra onde está me levando? Para algum tipo de culto? – perguntou Diego, seus olhos vendados por um pano negro e fétido.

- É… Mais ou menos – riu Michele, segurando as mãos de Diego e guiando-o.

- Falta muito tempo? – perguntou impaciente.

- Eu já disse, acalme-se.

Ouve uma pequena pausa entre o diálogo, logo interrompida pelo garoto:

- O que há nesse lugar? Algo morto? Está um cheiro muito ruim aqui. Ao invés de colocar as vendas nos olhos, deveria ter comprado uma máscara protetora para os narizes – zombou ela.

- É mesmo. Por que eu não pensei nisto? Será que é porque é uma surpresa e você não pode ver?

Ele calou-se.

- Bem… Aqui estamos – informou Michele.

- Até que enfim – respondeu, retirando as vendas e jogando-as de qualquer jeito ao chão.

O ambiente em que eles estavam não era um ambiente convidativo. Não era um ambiente que qualquer pessoa normal gostaria de estar num dia de natal.

Encontravam-se numa caverna, onde pendiam-se do teto algumas estalagmites. Algumas velas pretas e vermelhas acesas ao longo de uma passagem que indicava o caminho que deveriam seguir deixavam a caverna mais obscura e medonha.

No final da passagem, Diego pôde ver um lugar maior, onde era possível observar sombras se movimentando. Era sinal de que havia outras pessoas ali, na caverna, junto dele e Michele, comemorando algo especial.

- Quem está aí? – perguntou enquanto caminhavam em direção ao salão onde as outras pessoas se encontravam.

- O pessoal da pesada. Os caras que matam os outros sem dó nem piedade. Ora são as vítimas, sofrendo as dores e conhecendo a morte, ora são os matadores, nem se importando com a dor das suas vítimas.

Diego retraiu-se.

- Acalme-se garoto. É só o pessoal do terror. Dia do amigo oculto hoje. Lembrou-se? Iríamos nos reunir num lugar especial para realizarmos esse grande evento. Então… o lugar é este aqui – comentou.

- O amigo oculto é hoje? – perguntou Diego.

Michele sacudiu a cabeça positivamente.

- Bem… Eu estive tão desligado do mundo por alguns dias que acabei esquecendo-me desse amigo oculto. Não trouxe meu presente.

Ela revirou os olhos.

- Argh! Adolescentes. Sempre esquecidos das coisas do mundo. Sempre presos num mundinho só deles, onde as únicas coisas que fazem são: internet, internet e internet. Relaxa garoto. Hoje temos algo mais especial para você.

- Sério?

- Sim. Hoje, aqui, vai ser realizada a sua cerimônia de iniciação ao culto.

- Culto? – perguntou pasmo.

- Bem… Isto é um segredo que guardamos. De onde você acha que vem nossas inspirações para escrever algo tão macabro, tão cruel, frio e impactante? É claro que vem das nossas experiências no culto. Prepare-se: hoje você vai se tornar um de nós. Deixar a ficção de lado e escrever as suas experiências mais interessantes. Hoje, você vai saciar sua sede de escrever um horror tão bem elaborado. Está será sua nova vida.

O rosto de Diego iluminou-se num sorriso.

- Era o meu sonho – sussurrou.

- É claro. Ao lado do diabo temos todo o apoio no que

escrevemos. Ele é a nossa fonte de inspiração e, a partir de hoje, será sua inspiração também.

Eles aceleraram os passos. Conforme se aproximavam do lugar onde todos os outros estavam, eles podiam ouvir cada vez mais alto, as conversas dos outros.

- Ele já está aqui – Diego ouviu uma voz dupla dizer aos outros.

Uma silhueta apareceu em frente à entrada para o “salão” onde os outros se encontravam. Era uma silhueta masculina. O cara era alto, com os cabelos desgrenhados e seu porte físico era esportista. O homem levantou uma vela roxa próxima ao rosto, revelando algo nele que era possível todos o reconhecerem: seus cabelos ruivos.

- Chega aí “Dieguim” – disse, largando a vela e dando um abraço forte em Diego, capaz de quebrar seus ossos.

- Fala Murilão – cumprimentou.

- Ei… Pessoal! Ele está aqui mesmo.

Diego entrou no salão, observando todos os rostos conhecidos e alguns desconhecidos. E observou também uma pessoal isolada dos outros, vestindo um capuz negro sob a cabeça.

- Olá Diego – saudou muitas vozes juntas.

- É… Olá – respondeu.

- Ei Calixto, quero mais uma dose aqui por favor – pediu Murillo apontando para a taça, de onde restavam apenas mais uns pingos de um líquido denso e vermelho.

- É pra já cara – respondeu Calixto, indo em direção a um barril de chopp posto do outro lado do salão.

- O que é isto? – perguntou Diego à Murillo, apontando para a taça.

- O grupo se reuniu aqui Diego e raciocinamos: o Diego não bebe nada alcoólico, então vamos comprar algo que ele possa tomar conosco para não ficar isolado de sua própria cerimônia. O Mauro sugeriu refrigerante. Mas o Sidney disse que refrigerante é bebida para as festas de crianças e você já não é mais criança. Ou melhor, você será praticamente um adulto depois de hoje. Então a Lee, nossa querida Lee, sugeriu que colhêssemos o sangue de algumas pessoas por aí. Eu pensei em pegar num hospital, mas a May disse que para tornarmos a cerimônia mais firme e fortificar o laço, você deveria tomar o sangue tirado a força. Então o Julio, junto do Guto, resolveu que eles iriam atrás das pessoas. E trouxeram-nas hoje aqui, para tomarmos os seus sangues.

Calixto aproximou-se trazendo duas taças cheias até a boca do líquido vermelho que, como Murillo havia dito, era sangue.

Diego entornou o sangue goela adentro, sentindo o sabor do sangue: um gosto, para ele, um tanto adocicado com uma pequena pitada de sal. Um gosto agradável até.

- Gostou?

- Haha. Se eu gostei? Não… magina – disse irônico.

- Mais? – perguntou Calixto, indicando o barril.

- Deixe para mais tarde – disse Diego, rindo.

- Acho que deveríamos começar logo então. Hoje é natal, uma ótima data para fazermos o pacto – disse a voz dupla que Diego percebeu vir da pessoa isolada no outro extremo do salão.

- Quem é? – perguntou Diego.

- Cassio. Ele se responsabilizou-se por ser a cobaia do nosso mestre. O únicos que servimos.

- Certo – disse. – Vamos começar logo. Estou ansioso.

Todos concordaram e levaram Diego até o centro do salão onde estava desenhado um pentagrama em giz branco. Em cada uma de suas pontas estavam fixadas ao chão uma vela negra.

Diego dirigiu-se ao centro, onde os outros indicaram e ali ficou, de pé. Os outros se reuniram, cada um em uma ponta: Julio, Calixto, May, Michele, Sidney e Lee.

- Antes de começarmos temos que resolver um problema – avisou Caio com a voz dupla. – Ele é de menor. Então devemos escolher um responsável para ele. Que se responsabilize por todos seus atos até sua maioridade.

- Eu posso ser a responsável – disse uma voz feminina.

Faby encarou Diego profundamente nos olhos e junto dele, ficou de pé no centro do pentagrama.

- Vamos começar – falou Guto.

Todos fecharam os olhos iniciando a cerimônia de ocultismo do Diego. Calixto foi o primeiro a ser possuído por algum demônio, abrindo os olhos e revirando-o nas órbitas sem parar, fazendo alguns movimentos bruscos com as mãos, como se estivesse em convulsão. Depois foi a vez de Michele. Depois Murillo, May, Sidney, Lee e, por fim, Julio.

Cassio se aproximou do pentagrama retirando o capuz e revelando sua face completamente deformada: os olhos a ponto de sair das órbitas, metade de seu rosto queimado, massa cefálica saltando de seu crânio aberto e sangue respingando por todos os lados. Sua boca se escancarou e um vulto negro saiu, deixando o corpo de Cassio cair no chão, desfalecido. O vulto negro percorreu todo o pentagrama e, depois, num movimento rápido, encontrou o corpo de Diego que caiu de joelhos no centro do pentagrama.

Algo queimava dentro do corpo de Diego. Seus ossos talvez estivessem em chamas. Ele não tinha mais controle de seu corpo.

Pareceu uma eternidade, mas quando retomou o controle e suas forças, ele teve uma vontade: matar todos presentes ali, responsáveis por sua cerimônia.

- Você será a primeira Michele – disse com uma voz estranhamente dupla.

Um salto foi o bastante para montar nas costas de Michele que caiu já morta ao chão quando Diego quebrou seu pescoço num só golpe e, depois, desprendeu-o do corpo, satisfeito ao ver o sangue esguichar de suas veias.

Sidney seria sua próxima vítima, sendo morto devagarzinho: Diego arrancava cada pedaço de seu corpo, o prazer tomando conta dele a cada membro arrancado. May foi sua terceira vítima, sendo seus olhos arrancados das órbitas e seu crânio rachado ao meio depois de Diego pisá-lo freneticamente.

Murillo foi a quarta vítima. Morto do mesmo modo que Michele: a cabeça rolando fora do corpo que caiu com um baque no chão. Diego repetiu os mesmos golpes contra os vivos ali: Mauro, Julio, Calixto e Guto.

Apenas uma pessoa restou ali: Faby, sua responsável.

- E você haha – disse com a voz ainda dupla. – Será a pessoa que morrerá por último por ter testemunhado tudo e não ter se mexido para impedir isto.

Faby recuou, o medo tomando conta de suas entranhas.

Diego passou a mão pelos bolsos, apanhando um canivete. Rapidamente correu até Faby, encostou-a na parede e cortou-a na região da barriga com o canivete.

Faby gritou em agonia.

Devagarzinho Diego passou o canivete em seus olhos, depois em seus lábios. Por último enfiou o canivete em seu peito, retirando seu coração que ainda pulsava e lançou-o longe. Os olhos brilharam de prazer ao ver a carnificina.

De repente a sensação de prazer se foi e ele percebeu que estava ali, naquele lugar na hora errada: na hora em que o diabo gostaria de estar.

Um vislumbre veio em mente: um papelzinho branco, dobrado delicadamente sendo aberto por seus dedos e o nome do seu amigo oculto sendo revelado: FABY CRYSTALL. Depois, outro vislumbre veio à tona: um canivete e um coração sendo arremessado. Um coração que ainda pulsava. O coração de Faby Crystall, sua amiga secreta.

Ele se dirigiu até o centro do pentagrama e sentou-se observando novamente o que fizera. Uma vontade enorme tomou conta de Diego e ele, com as mãos em volta dos joelhos, balançando-se de trás para frente, começou a cantar:

Jingle bells, jingle bells

Jingle all the way

Oh, what fun it is to ride

In a one horse open sleigh.

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Meu amigo secreto é a Faby, uma pessoa com quem não tenho contato algum e que espero que a partir de hoje possamos ter um contato.

Espero que tenham gostado.

D Silva
Enviado por D Silva em 26/12/2011
Código do texto: T3406438
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