Quando Crescer(cap.05)

Eu voltei pra casa com a cabeça rodando mais ainda.É...eu tinha que voltar pra casa.E quando eu digo “casa”,eu não me refiro a este lugar aqui,de jeito nenhum.

Então eu comecei a imaginar que espécie de desculpa eu daria aos meus pais pra voltar pro Rio de Janeiro.Então ele me veio na cabeça...

Cayo Lucas...o garoto era louco por mim e estava estagiando no melhor hospital do Rio nas férias.Eu corri pro meu quarto e me joguei na cama com o telefone nas mãos.Disquei o número do Caio e esperei,esperei...

Caixa de mensagens...eu tentei de novo e esperei...

“Alô...”-ele disse do outro lado da linha.

Eu pigarreei,tentando fazer uma voz bem sexy e bem convincente.

“Caio,é a Demi...”

Eu não precisei dizer mais nada,acreditem,ele me veio logo com um:”Demi,amor...o que posso fazer por você?”

Eu logo dei uma pequena gargalhada contida e pretenciosa.

“Caio,preciso de um favorzão seu...por favor...me arranja uma cirurgia,é urgente...”

Eu percebi que ele hesitou por alguns segundos,longos segundo na verdade.

“Ué,você não tá em Porto Alegre?De férias?Com a família?”

“Eu não aguento mais ficar aqui...todo mundo me olha estranho...e o único que pode me ajudar é você.Você é sobrinho do Marcos Pimentel,o melhor cardio do país,por favor...me arranja essa cirurgia.Eu nunca te pedi nada,Cayo,mas isso é muito importante...”

“Tá bom,Demi...ele tem algumas cirurgias marcadas pra essa semana,vou ver se ele te encaixa como interna pra assistir uma delas...”

“Muito obrigada,Cayo...me retorna,mas liga pro meu celular...”

Eu desliguei o telefone,feliz e ao mesmo tempo não...

A minha intenção era que o Cayo me ligasse avisando que tinham me encaixado numa cirurgia muito importante,que contaria pro meu currículo de interna no hospital.Meus pais não ficariam chateados se eu fosse embora.E estando lá,eu inventaria outras mentirinhas pra não ter que voltar.

Eu não queria parecer a mocinha da cidade que odeia interiores.Simplesmente não era isso,eu só...não queria ficar confusa como eu estava agora.Eu queria segurança.

...

Mais tarde,na hora do almoço,eu ainda estava no quarto quando a Rachel chegou,toda suja de lama.

__O cavalo passou por cima de você?-eu indaguei sorrindo.

Ela sentou na cama e soltou um longo suspiro.

__Tô apaixonada!-disse ela num jorro de palavras.

Eu franzi o cenho.Nick!Só podia ser ele!

__Pelo Nicolas?-eu perguntei.

__O seu irmão é um gato,Demi...mas não,não é ele!

__Então?

Eu não conseguia pensar em mais ninguém.Quem poderia ser?

__O nome dele é Ryan.O Nick e eu estávamos cavalgando e ele se aproximou da gente em outro cavalo.O Nick pediu pra eu parar e nós descemos.Ele é muito perfeito,Demi...o cabelo tão preto,a pele tão branquinha.Alto,fortão...sem contar que é super gentil,tem um sorriso perfeito...

Que ótimo!Então não era só eu que tinha notado o Ryan.Qual é...pôxa,ele não,né...

__Não vai dizer nada?

O que eu poderia dizer?Que praticamente estava apaixonada pelo meu melhor amigo de infância?

__O almoço já ta pronto!-foi a única coisa que eu disse.

Eu me pus de pé e saí do quarto.

Lá embaixo,acho que um complô se formava contra mim.Ryan estava na mesa,pronto pra almoçar com a minha família.

__Demi!-gritou meu pai,me apontando uma cadeira ao lado dele.

Eu dei um sorriso forçado e fui me sentar lá.Alguns segundos depois que eu havia sentado,meu celular tocou.Eu o puxei de dentro do bolso:NOVA CHAMADA-CAYO LUCAS.

Eu dei um meio sorriso pra mim mesma.

__Pai,dá licença um instantinho?É meio urgente...

Meu pai assentiu e eu levantei.

“Fala,Cayo...”

“Eu consegui...você tem duas cirurgias,Demi...vão contar pro seu histórico de interna,então você não pode,em hipótese nenhuma faltar.Uma é na quinta e a outra na sexta...”

“Ah,Cayo muito obrigada...você salvou minha vida...valeu!”

Eu desliguei o telefone e vi que a Rachel me olhava curiosa.

__Era o Cayo?

__Sim...o tio dele quer falar comigo e ele disse que é meio urgente...

Ela assentiu.

__Tomara que não seja nenhum estágio ridículo...

__É...tomara...

Eu disse,feliz da vida.Sabendo que amanhã mesmo que estaria no aeroporto.

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Continua...

Egila
Enviado por Egila em 19/12/2011
Código do texto: T3397445
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