Unidos novamente!

Ficou um pouco grande, mas achei melhor postar tudo junto, para não ter que dividir o conto! Espero que gostem!

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Unidos novamente!

Há poucos anos atrás uma senhora de mais ou menos um metro e sessenta e uns setenta anos cometera uma grande injustiça em cima de duas crianças, apenas por serem amigos!

Aninha era loirinha dos olhos azuis e Julinho, cabelos cacheados da cor de mel e filho da empregada. Os dois com dez anos. Foram bruscamente separados durante a noite. A senhora Júlia que era avó de Aninha, a levou para longe, para morar em outra cidade em um sítio e mentiu para ela dizendo que teria que vender a outra casa e que os empregados não poderiam mais ficar ali e nem as acompanhar para esse novo endereço!

Ana e Júlio sentiam-se incompletos e interiormente muito debilitados pela falta que um fazia a outro. E com um vazio enorme diante o coração eles cresceram e viveram os últimos cinco anos como se nada fossem e nada seriam na vida. Sem propósitos e sem objetivos!

Ana há cinco anos quando foi retirada de sua casa deixou uma boneca cair ao chão, feita de pano, com olhos grandes de botões, nariz e boca sendo apenas uma costura, os cabelos de fita todo enroladinho como de um anjo, e um vestidinho feito com trapos de panos velhos. Ela era sua melhor amiga!

Hoje em dia já com vinte anos, muita coisa havia mudado nas convicções de Ana, sua melhor amiga, por exemplo, ainda com muita saudade de Júlio, sua melhor amiga, se é que pode se chamar assim, chama-se Antonieta e tem quase o dobro de sua idade. Uma mulher ríspida, a qual a obriga fazer os afazeres de casa, tomar conta de mais três crianças menores que ela e ainda dar conta dos estudos!

A senhora Júlia havia pegado uma doença nos arredores do sítio em que vivia com Aninha. E teve que deixa-la morando com sua filha bastarda na casa dos fundos do sítio! Ficava o dia inteiro deitada na cama, somente tomava alguns remédios na hora certa, afazer dado a Ana. Relatando em poucas palavras, a vida da pequena Aninha acabou virando um grande inferno!

Enquanto Júlio, ainda na antiga casa, que por conta da doença de dona Júlia, foi dada para sua mãe que assumiu como dona da casa. Ele cresceu como um garoto normal, amado por sua mãe, com um bom relacionamento em sua casa, só que manteve poucas amizades e hoje não se relaciona com muitas pessoas! Até tem uma namorada, a qual o faz de gato e sapato, manda e desmanda em tudo que ele diz. Mas pra ele, já que está sem a Ana, tudo bem!

A festa de aniversário de sua namorada, Alice, está chegando e ela quer que ele dê uma festa em sua casa, mesmo achando um exagero ele concorda igualmente com tudo que ela manda. Ela agora está na casa dele dando as ordens de decoração.

- Você tem que dizer isso tudo para a minha mãe e os outros empregados, eles que irão arrumar tudo, meu amor! – disse com doçura.

- Digo pra você e você pra eles! Meu amor! – com um pouco de ironia.

- Deixa comigo então! – pegando-a pela cintura e subindo as mãos até fechá-la num abraço! – Eu conheço bem os seus gostos.

- Bom mesmo! Acho bom que tudo esteja do meu jeito.

Eles riram e ficaram aos beijos. Eles foram interrompidos por dona Vitória, mãe de Júlio, que entrou na sala já falando para eles se desgrudarem e respeitarem os mais velhos que ali estavam presentes. E em risos ele foi até sua mãe beijou-lhe na face. Logo, Alice veio até ela e beijou-lhe também, cumprimentando-a com toda educação.

Enquanto isso, Ana tinha que lavar um cesto de roupa suja e cuidar da casa, ao olhar no relógio saiu correndo para a cozinha, pegou alguns remédios e um copo d’água e saiu apressada para a casa principal do sítio, tão apressada que deixou cair bastante água do copo. Dona Júlia já estava preocupada.

- Achei que não viria mais hoje! Demorou tanto! – bem rígida.

- Desculpe vó, estava colocando a roupa na máquina!

- Máquina! – disse enojando. – Queria só ver se fosse pra lavar tudo na beira do rio como eu lavava... Hoje vocês tem mordomia demais com essas máquinas!

- Toma o remédio vó!

Ana fica desesperada com a reação eu sua avó teve, começou a tossir e apertar os seios, reação eu não parava, dona Júlia foi ficando vermelha e tossindo muito. Ana desesperou-se, correu até a porta e gritou ajuda, gritou até perder um pouco da voz, voltando para o quarto ao ver que Antonieta já havia escutado e estava a caminho.

Dona Júlia acalmou um pouco e ficou séria, chamou Ana no cabeceira da cama e pediu para que ela sentasse, disse que queria falar-lhe algo! Ana sentou-se e escutou tudo o que sua avó tinha para lhe dizer.

- A vó mentiu pra você quando saímos da outra casa fia.

- Como assim vó? Mentiu sobre o que?

- Sobre tudo fia! Não vendi a outra casa!

- Não fala mãe! – disse desesperada Antonieta entrando no quarto.

- Cala a boa Antonieta! Ela precisa saber de tudo. Só Deus sabe o quanto essa menina sofreu com tudo isso. Os olhinhos dela nunca mais brilharam, nunca mais sonhou com nada, deixou de ser aquela criança travessa que era que corria pra todos os cantos da casa...

- Vó me diz logo... O que aconteceu?

- Eu quis separar você do Júlio!

Ana não sabia o que falar, ficou atônita quando ouviu aquilo. Suas lágrimas começaram a cair e as questões foram jorrando de sua boa sem nenhum controle: “por que”? “pra que”? “qual o motivo”? Até que ouviu o silencio que veio de Antonieta.

- Não vê que está deixando ela pior.

- Tudo bem. Eu quero voltar pra lá o quanto antes!

- Você não vai! – ordenou Antonieta.

- Ela vai! – disse dona Júlia.

Ana arrumou todas as suas coisas e foi despedir-se de sua avó. Estava linda, bem arrumada, com os cabelos penteados, cheirosa, estava como não esteve há muito tempo. Sua avó deu todas as ordens para Antonieta leva-la e embarca-la na estação de ônibus. E depois explicou direitinho como ela iria fazer para chegar à outra casa. Ana encorajou-se e foi. Ainda era uma moça, mas tinha a genialidade de uma mulher feita.

Assim as duas obedeceram às ordens de dona Júlia. Ana conseguiu chegar à casa de Júlio. Após algumas tentativas na campainha, ela abriu o portão e entrou, chegando à porta, bateu uma depois outra vez, foi quando Vitória veio para abrir a porta. Ao avistá-la ficou emocionada e disse que era pra ela entrar. Ana primeiramente deu um forte abraço em Vitória. E no meio das várias perguntas Ana pediu para Vitória se acalmar. Após explicou-lhe tudo.

Ao fim da tarde, elas ainda estavam conversando na cozinha, quando a porta abriu e escutaram os berros de Júlio arás de sua mãe. Ana levantou insegura e ficou parada de frente a porta e a mesma reação foi feita por Júlio, quando a viu. As lágrimas dela foram caindo, e ele gentilmente secou-as.

- Acho melhor vocês conversarem lá em cima.

- Tudo certo pra você? – perguntou ele.

- Sim. Vamos!

No meio da conversa o celular de Júlio toca ele olha pro aparelho e olha pra ela, que questiona a atitude dele.

- É minha namorada! – disse sem graça.

- Atende! - disse ela prontamente. – Não a deixe esperando por mim.

Júlio jogou o celular na bancada e disse:

- Por você sou capaz de tudo!

E beijou-a!

Dona Vitória ficou satisfeita quando os viu entrando pela cozinha e ouviu Júlio dizendo para cancelar a festa, pois ele nada mais tinha com Alice. E que iria terminar o namoro, já que o amor da sua vida acabara de se unir a ele novamente!