Romeo - CAPÍTULO 1 (primeira parte)
Olá para todos que lerem a minha história.
Primeiramente, obrigado pela leitura! Espero que gostem: escrevo sempre com muito carinho, tendo em vista entreter o leitor. Sou novato nesta nobre e antiga arte, mas quero me aprimorar, assim como todos os que aqui neste site postam material, e espero contar com o apoio de vocês com leituras e com comentários construtivos (podem falar mal se quiserem, claro, mas procurem dizer coisas que me façam evoluir ^^).
Bem, estou postando aqui a primeira parte do Capítulo 1 da história do mestiço Romeo. Eu estou um pouco sem tempo para escrever por estes dias, mas queria postar o pouco que consegui, pois assim me obrigo a correr para postar com mais rapidez. E para finalizar, digo que gostaria de fazer amizades por aqui, com gente que assim como eu gosta de escrever e ler boas histórias.
Obrigado pela atenção e vamos ao que interessa!
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Capítulo 1
Confusão na Joalheria
Deixe me apresentar direito.
O meu nome é Romeo. Romeo Belafonte. Tenho 16 anos, e sou um garoto normal da minha idade. Gosto de videogame, de ir ao cinema, de música e, claro, ficar de bobeira na internet.
Quer dizer... pelo menos eu ajo como um garoto normal de 16 anos. Por que, como vocês já sabem, a vida resolveu me pregar uma peça de gosto muito duvidoso e eu, ao invés de me parecer como você ou qualquer outra pessoa no mundo ( partindo do pressuposto de que o leitor não seja nenhum dos mestiços espalhados pelo mundo), tenho o visual peculiar e desengonçado de um chimpanzé.
Sei que talvez esteja curioso para saber o que eu sou –uma aberração genética, talvez?-, mas antes de chegarmos a este ponto, que está reservado para a parte final deste meu relato, foquemos por enquanto no fatídico dia em que a minha vida sofreu a ruptura que, talvez, estivesse há muito escrito nas estrelas para acontecer. Acredito nestas coisas de Destino agora, depois de tudo que vivi. Aliás, passei a acreditar em tanta coisa que às vezes até me surpreendo...
Bem, tudo começou em um dia ensolarado no meio do verão mais quente que já tive o desprazer de vivenciar.
Acordei tarde , como era de praxe aos sábados, quando não precisava levantar às sete para me submeter às sempre tediosas aulas do Sr.Torres, o meu professor particular, e depois de ficar um tempão olhando para o teto, refletindo se valia mesmo a pena sair do conforto da cama para encarar aquele dia quente e preguiçoso, me arrastei como um zumbi de filme de terror B para o banheiro. Um zumbi preto e peludo, com um péssimo humor ao acordar.
Estava a meio caminho quando algo me chamou atenção pela janela.
Meu estômago queimou de repente. O carro do filho do meu vizinho estava estacionado na entrada do jardim dele; um carro das antigas, todo reformado e reluzente, que certamente devia valer uma pequena fortuna, mas que me fazia ranger os dentes toda vez que o via. O motivo? Por que ele significava que o filho do Sr. Roland, aquele inglês pão-duro e mal encarado que insistia em me olhar como se eu tivesse acabado de pular do caminhão do circo, estava a visitá-lo, com sua trupe de metaleiros, e passariam a tarde toda enfurnados no antigo quarto do rapaz, tocando o tipo de som que me faz querer arrancar os tímpanos.
Revirei os olhos e me afastei rapidamente da janela. O dia já não tinha começado bem.
Depois de utilizar o banheiro (aproveitando para lavar bem o rosto para acordar de vez), desci para tomar o café da manhã. Olhei no relógio da sala, em cima do console da lareira: eram 10:30. Com sorte encontraria meu pai ainda na cozinha, comendo aquela comida integral que ele tanto gostava. Depois da ameaça de infarte na primavera passada, ele passou a ficar obsessivo com a saúde e boa forma, e comprava todo o tipo de livros e manuais imagináveis sobre o assunto. Quando voltava do supermercado, com as compras do mês, metade das sacolas vinham recheadas de coisas que indicavam conter menos sódio, calorias, açúcar ou qualquer outra dessas baboseiras alimentícias que bastavam para me fazer perder o apetite. Fora que, para mim, estas comidas saudáveis tem um gosto horrível! Mas gosto é gosto, não é?
Entrei na cozinha e lá estava ele, com seus braços musculosos recém-adquiridos se destacando de sua camisa regata com padrão do exército, já pronto para a sua habitual corrida pós-café. Estava lendo The London Times, e comendo uma torrada light com geléia light, com um saudável copo de iogurte light ao lado (ugh!). Ao me ver, sorriu e fechou o jornal.
- Oi filho, como vai? –perguntou ele, puxando a cadeira ao lado para eu me sentar.
-Bem... –respondi, me sentando, ainda com resquícios do meu mal humor matutino.
- Aceita uma torrada com geléia? É aquela de uva que falei que estava difícil de encontrar. Achei duas embalagens ontem no empório do Sr. Roland.
Nem precisei dizer nada. Pela minha cara de macaco entediado ele deduziu qual era a resposta.
Um longo silêncio se seguiu, no qual meu pai reabriu o jornal e eu me servi das coisas que realmente valiam a pena ali na mesa. Graças a Deus que Helena, a cozinheira, sabia que nem todas as pessoas na casa estavam dispostas a evitar um ataque cardíaco. Por essa razão fazia as panquecas, omeletes e vitaminas que eu mais gostava, e eu, com meu apetite adolescente, devorava tudo até o último átomo.
Alguns minutos de comilança selvagem e desesperada se seguiram até que meu pai finalmente quebrou o silêncio. Pensei que ele ia me aconselhar sobre calorias, ou ralhar diante da minha total falta de etiqueta à mesa; mas o que ele disse me fez ter esperanças de que o dia podia melhorar.
-Filhão, é o seguinte: preciso da sua ajuda. Hoje é o aniversário de casamento meu e da sua mãe, e queria fazer uma surpresa para ela.
-Hã, mas que tipo de surpresa? –indaguei, tentando imaginar algo bom o suficiente para que minha mãe pudesse se surpreender, nas atuais conjunturas.
-Bem... – Ele me passou o jornal que estava lendo, aberto em uma página específica. –Acabei de ter a idéia, na verdade. Olhe.
O que ele me mostrou não era um anúncio, como se podia esperar. Era uma matéria, mesmo, cujo título era: JOALHERIA LUX-MARION ABRE SUA PRIMEIRA LOJA NA CIDADE, COLOCANDO À VENDA RARÍSSIMO COLAR DE 1 MILHÃO DE EUROS. Tudo em majestosas letras garrafais. Quando terminei de ler o título quase engasguei. Por acaso o meu estimado progenitor enlouquecera de vez!?
-Pai, não me diga que quer comprar este colar para a mamãe! Faça-me o favor...
-Fala baixo! –exclamou ele, chegando mais perto. – Não quero que sua mãe nos ouça.
- Pai –disse eu, afastando o jornal o máximo que pude dele.- Sei que vocês merecem ter um aniversário de casamento memorável e tudo o mais, principalmente depois de tudo o que aconteceu entre vocês. Sei que quer reconquistar a mamãe. Mas um presente desse é um absurdo! Sabe quantas pessoas no mundo não tem um tostão nem para comer?
-Sei –disse ele, surpreso e visivelmente desapontado. Ele devia estar esperando uma reação mais positiva da minha parte.
De repente, fiquei com um pouco de pena dele. Eu entendia a sua posição: a de um homem que cometera um enorme erro matrimonial, e que queria restabelecer o casamento. Eu senti subitamente que precisava apoiá-lo nesta tarefa, mesmo em um ato de capitalismo imprudente como aquele.
-Bom, pai, quer saber, o dinheiro é seu, você trabalhou a vida inteira para tê-lo, e faz o que quiser com ele. Pelo menos é por uma boa causa. Acho que mamãe vai adorar. Então, estou dentro!
O rosto dele se iluminou de felicidade.
-E depois de comprarmos o colar, que tal uma tarde de pai e filho onde você quiser, topa? – Ele finalizou com uma piscadela cúmplice hilária.
-Fechado. Depois podíamos ir a uma livraria, preciso atualizar a minha biblioteca de livros de fantasia e ficção científica.
Ele deu uma risada e se levantou.
-Então está combinado, filho. Agora preciso correr um pouco para queimar as calorias do café, e depois preciso dar um pulo no escritório. Uma das advogadas que contratei está dando problemas e preciso ver o que fazer com ela. Depois, umas três da tarde, venho te pegar, portanto esteja pronto. Não conte nada a sua mãe, heim.
E então saiu da cozinha, me deixando sozinho com aquelas assustadoras torradas integrais.