Ryon Andrews (Volume 1) - Prólogo

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RYON ANDREWS E O MISTÉRIO DAS TRI CHAVES

PRÓLOGO

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O crepúsculo avançava rapidamente sob as árvores que rodeavam aquele lugarejo hostil. Os primeiros pingos da forte tempestade que mais tarde castigaria aquele lugar começavam a cair. Não tardaria para os garotos pararem para descansar um pouco. Rapidamente, quando um raio azulado entrecortou o céu, eles puderam avistar a pequena casa, escura e solitária em meio aquele campo aberto.

A muitos quilômetros dali, num aconchegante castelo, cochilava um rei. Seu rosto modesto descansava despreocupadamente, revelando as poucas rugas que agora surgiam em sua face. No mesmo castelo, entre um dos milhares corredores, um soldado, armado com uma espécie de lança feita manualmente, corria rapidamente de encontro ao rei para contar-lhe sobre a notícia que o reino acabara de receber: eles estavam sendo alvo de mais uma tentativa de ataque. Desde que o pai deste rei morrera, e ele herdara o reino, alarmes sobre ataques para possuir o reino era o que não faltava. Pela pressa e urgência com que esse sol-dado corria, qualquer um poderia perceber que desta vez o alar-me poderia ser verídico.

Ele adentrou ao salão principal derrapando diante dos poucos degraus que ligavam o trono ao hall e chamando o rei com certa modéstia.

– Senhor? – chamou, curvando-se diante do trono.

O rei abriu seus olhos negros e pequenos como duas jabuticabas e mirou o soldado com certo desprezo. O soldado retraiu-se.

– Sim? – perguntou o rei com a voz áspera e severa.

O soldado hesitou antes de responder.

– Senhor, recebemos uma notícia sobre um ataque ao nosso reino novamente. Desta vez o alarme coincide com as informações. O soldado Solville avistou uma tropa de guerreiros avançando rapidamente pela área leste. E outra tropa se aproxima da área sul, com a retaguarda fortemente armada.

O rei mirou o soldado novamente. Pensou um pouco antes de indagar quem havia lhe dado essas informações. Ao fazer a pergunta, o soldado respondeu, com a voz trêmula:

– Não sabemos senhor. Recebemos uma mensagem anonima através do portal das esconderias.

– Mas há alguma suspeita sobre o perfil do anônimo?

– Receamos de que seja Doravanne de Yorkevorn.

– Impossível – a voz do rei subiu uma oitava. – Doravanne esteve a lutar pelo reino há apenas alguns dias. Acho que isto está fora de cogitação.

– Talvez esteja – soou uma outra voz que não partiu da garganta do soldado e sim da grande porta que, no mesmo momento, se escancarou com um estrondo, revelando um velho alto, cujas vestes cor de vinho, roçavam o chão. Seus cabelos crespos e brancos que atingiam a cintura estavam amarrados por um laço feito de cetim azulado. Suas barbas, que chegavam a medir cinco palmos também eram amarradas por um laço forte do mesmo cetim que apertavam os cabelos. Seus passos eram silenciosos, feito o rastejar das cobras prontas para atacar suas presas.

O rei, agora sóbrio, ergueu-se do trono instantaneamente para encarar o intruso. Seus lábios fixaram-se numa linha reta. Estava totalmente visível que a repentina aparição do velho não o deixara nem um pouco contente.

– O que viestes fazer aqui Alceu? – perguntou o rei, agora desorientado.

– Vim tratar de assuntos que cabem a nós dois resolvermos – interveio o velho com sua voz sábia, encarando o rei e desviando o olhar para o soldado que ainda trazia ao rosto a ex-pressão de espanto.

– Não há nada para fazer velho Alceu.

– Se me permite Darcoid – interpôs Alceu, agora observando a expressão de revolta que surgia no rosto do rei. Ninguém se atrevia a chamar o reinante pelo seu nome de batismo.

“Não venho apenas para tratar sobre o assunto de reinos, cujo assunto muito lhe interessa não é mesmo? Venho aqui, no dia de hoje, tratar sobre assuntos mais importantes e mais complexos. Creio eu, meu caro Darcoid, que se o senhor gostaria de continuar a ser reverenciado pelo povo que necessita de você por detrás desses altos muros, você deveria me ouvir.

– Não tenho nada a ouvir de você – encheu-se de raiva. – Você me subestimou na frente de todos. Você foi o culpado pelo meu fracasso. Você é o culpado por tudo.

O velho ouviu atentamente cada palavra, e, então, percebeu que o soldado continuava ali, imóvel, encurvado diante do trono e ouvindo atentamente cada palavra da conversa.

– Ouça-me Darcoid – pediu. – O tempo está se esgotando. O máximo de tempo que temos até eles chegarem é muito pouco. A profecia está apenas a algumas luas de se realizar. Seu pai não ficaria nada contente com o modo com que você está reagindo a tudo isto. Você está dando as costas a seu povo. Ocultando e escondendo o que os seus senhores querem.

Houve um momento de silêncio em que Alceu encarava Darcoid com um olhar acolhedor, enquanto Darcoid o encarava com um ódio intenso.

– Darcoid, pela última vez… - começou Alceu novamente, quebrando o silêncio. – Seu pai não ficaria nada satisfeito, ele…

– NÃO TOQUE NO NOME DE MEU PAI – gritou Darcoid, agora descendo os degraus da pequena escada e colocando-se de frente a Alceu.

– Darcoid, não há mais tempo para discussões. Você se lembra das últimas palavras de seu pai?

De repente a cena mudou completamente: o rei esticou sua mão aberta fazendo com que a arma do soldado voasse de encontro a sua mão. Ao agarrá-la, Darcoid não pensou duas vezes antes de atingir a ponta do instrumento no estômago de Alceu, que tentou se defender. A tentativa foi inútil, sem êxito, pois, naquele mesmo segundo, Alceu já não estava mais ali. Em seu lugar, o que restava era apenas a lança que acabara de cair no chão de mármore, produzindo um baque surdo. Por detrás da porta, Darcoid pôde ver duas sombras correndo em direção a sala subterrânea, onde seu maior tesouro estava escondido.

Então, tudo se encaixou como num quebra-cabeça, e ele concluiu:

– Era uma armadilha – sussurrou levianamente.

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D Silva
Enviado por D Silva em 24/10/2011
Código do texto: T3295596
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