A Única Exceção

Eu não sabia o porque estava fazendo aquilo, não entendia o motivo de estar indo para aquela rua, mas eu não conseguia me controlar. Era como se eu estivesse agindo por impulso, contudo não um impulso qualquer, era algo forte que me instigava a seguir em frente, mesmo não sabendo aonde aquilo me levaria. Andei, andei.. Até que de repente algo me fez parar, ao olhar a minha volta me dei conta de que eu conhecia aquele lugar, e muito bem por sinal, caso contrário não teria decorado o trajeto.

Eu não sabia o que estava fazendo ali, ou será que sabia? Eu deveria ter controlado aquela impulsividade, eu não poderia ter deixado aquele sentimento incontrolável tomar decisões sobre mim. Entretanto, eu estava ali, mesmo não sabendo como agir.

Como fui tão inútil ao ponto de ir lá? Eu não queria vê-lo, eu não podia vê-lo. Eu precisava manter aquele meu sentimento intacto, guardado para mim, queria destruir todas aquelas lembranças tão dolorosas.

Me senti uma idiota por estar ali, no entanto acabei por resolver ficar. Procurei um lugar e me sentei com os braços entrelançando minhas pernas. Não sei bem o porquê, mas eu comecei a lembrar dos meus pais naquele momento, em como eles tinham partido seus corações, principalmente a minha mãe que havia sofrido tanto. Comecei a pensar sobre o amor, sobre como ele machuca, e como é o seu desfecho - eu sabia que ele sempre acabava. Havia quebrado meu coração, todos os meus sentimentos pareciam ter ido para o lixo, e mesmo sabendo ser uma tola, eu continuei ali.

Não demorou muito para o omeu maior temor que acontecer. Sim, ele apareceu na minha frente. Me senti estranha, sem saber o que realmente fazer ou o que falar. Eu havia perdido todos os meus sentidos. Então, como a garota mais estúpida do mundo, eu saí correndo o mais rápido que eu pudia, até que entrei no meio de uma multidão, fiquei completamente deslocada. Naquele instante me senti sozinha, vazia, parecia que eu tinha esquecido algo, mas aonde? Eu sabia o endereço, e também com quem.

Novamente comecei a correr, o vento vinha em meu rosto cada vez mais forte, meu cabelo já estava todo bagunçado, até que cheguei ao meu destino. Ele ainda estava lá parado, como se estivesse me esperando voltar, como se soubesse que eu iria voltar. Quando finalmente olhei pra ele, sorriu e com a doçura de seu toque me puxou para dentro de seus braços. Até aquele minuto eu pensava que já estava conformada com a solidão, todavia se estivesse, aquele momento não teria sido tão intenso quanto foi. Todas as regras e concepções que eu havia criado dentro de mim foram se quebrando, e percebi que nada daquilo nunca valeu o risco comparado com o que estava sentindo ali. Como para todas as regras existem exceções, ele era a minha única exceção.

Bela Afonso
Enviado por Bela Afonso em 04/09/2011
Código do texto: T3200794
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