NO FIM DO ARCO-ÍRIS...

- Eu lhe dizia, Pedrinho, sempre tem um pote de ouro no final do arco-íris!

-Era mesmo vovó, e sabe o que eu fiz? Levei a sério aquelas suas histórias. Lembro-me que essa era assim:

Era uma vez, um reino muito distante, onde vivia uma família de camponeses com seus dois filhos pequenos. O pai plantava e colhia seu sustento e o da sua família, mas a terra era árdua e difícil o plantio. A mãe ajudava no que podia, fazia doces das frutas que vendiam na feirinha do sábado. As crianças ainda eram pequenas para trabalhar, o mais velho, Matheus, ainda não completara os sete e a pequena Victória mal aprendera a falar. Matheus já estava na escola e aprendia as primeiras letras. Uma vez ouviu o pai lastimando-se com a esposa: - Trabalho tanto, mulher, e não sobra sequer para lhe comprar um vestido, ou um brinquedinho para as crianças.

-Temos comida na mesa, nossa casinha, nem precisamos de mais nada, querido.

-Mas também tenho sonhos. Queria dar o melhor para minha família. Quero ver meus filhos numa universidade.

-Isso é bobagem querido, veja nos dois, nunca fomos para a universidade e estamos vivendo.

- E isso é vida? Trabalhar e pagar. Pagar e já ficar devendo de novo? Não, eu queria mais, não era para ser rico não, era só para ter direito às letras, a cultura, viajar um pouco, conhecer lugares, uma casa bonita aonde você seria a rainha e nossos filhos rodeados de livros e de amigos que gostassem deles de verdade.

-É muito sonho por hoje, querido, vamos dormir.

Recolhido em sua caminha, Matheus pensava:- Vou estudar, pai,vou estudar tanto que vou realizar esses sonhos todos.

No outro dia , na escola, a professora contou que no fim de cada arco-íris tinha um pote de ouro, para conquistá-lo, só teríamos que vencer o gnomo do mal.

-Será? Pensava Matheus. Se tiver mesmo, vou atrás!

-Professora, como se chega ao caminho para o fim do arco-íris?

-Através dos livros, filho. Só o estudo abre o caminho para o pote de ouro.

-E como se vence o gnomo?

-Com determinação, prudência e paciência. Determinação para não desistir de procurar seu caminho, prudência para pensar em suas ações e não cometer grandes erros e paciência porque o caminho é longo e difícil.

-Eu vou encontrar meu pote de ouro um dia, professora?

-Tem um pote de ouro para cada um de nós, Matheus, se você não desistir de procurá-lo, certamente encontrará o seu.

E o menino cheio de sonhos, mergulhou nos livros. Os caminhos foram-se abrindo. Bolsas de estudo sendo ofertadas, até os bancos da faculdade, onde finalmente encontrou seu pote de ouro e pode realizar todos os sonhos de sua família.

-Viu vovó, sorriu-lhe Pedrinho, você também me fez correr em busca do meu pote de ouro. Confesso-lhe que não foi fácil vencer o tal gnomo. As dificuldades foram muitas. Mas quando eu pensava em desistir, me lembrava do Matheus da sua história e de todos os meus sonhos e da minha família, do que eu poderia fazer por todos nós.

A avó abraçada ao neto, homão de 1,80m, feito menino, com os olhos brilhando de lágrimas de felicidade.

-Vim trazer-lhe as primeiras moedas do meu pote ouro, vovó, junto com a cópia do meu diploma de médico onde está escrito DR. PEDRO GABRIEL, para que você saiba que foi minha estrela guia nessa difícil caminhada.

-Meu filho, sou apenas sua velha avó, mas se você quer saber, hoje sou a pessoa mais abençoada do mundo!

-Porque encontrei meu tesouro, vovó?

-Por você também, mas principalmente, porque o meu tesouro sempre esteve aqui ao meu lado. Porque meu tesouro, meu amor, é nossa família e um neto querido e amado como você!

Para meus netinhos Pedro Gabriel e Francisco Matheus, que um dia encontrem de verdade seu tesouro maior que é o amor verdadeiro.