A Escuridão E O Amanhecer:Capitulo 4
CAPITULO 4 : PESADELOS - ALICE
Não conseguia fechar os olhos eu devia ter aceitado a Idéia do Miguel e ter ido para um hotel, senti um frio percorrer a minha espinha ao ouvir um barulho vindo da cozinha, me levantei e caminhei ate a cozinha onde não havia nada, literalmente falando os moveis ainda não haviam chegado um mínimo ruído causava um grande eco essa era uma das razoes de eu não conseguir dormir caminhei ate a janela da sala tentei abri-la mais parecia que estava emperrada fiz mais força ate que consegui abrir senti o vento frio bater em meu rosto não estava mais chovendo mais o frio que fazia acho que seria capaz de congelar a minha alma devia esta fazendo uns dez graus nunca imaginei que fizesse tanto frio por aqui, fiquei olhando para rua ao contrario do que eu tinha imaginado minha mãe não comprou uma casa e sim uma cobertura num bairro nobre era como se agente morasse no décimo andar fiquei quase quarenta minutos na janela e não vi nenhuma pessoa passar.
Não havia nada alem de um colchão que provavelmente foi deixado pelos antigos moradores o que não me deixava nada confortável para me deitar já passavam das quatro horas da manha e eu não conseguia fechar os olhos, meu estomago começava a me lembrar que eu devia ter sido um pouco mais esperta e ter comprado alguma coisa para comer, mas tudo bem dentro de umas duas horas vai começar a amanhecer e deve ter alguma padaria por aqui só não sei se vou conseguir agüentar duas horas talvez haja alguma coisa aberta andar por ai faria as horas passarem mais rápido, em compensação deve ser muito perigoso se ate onde eu morava era, imagine numa cidade maior que droga, queria que o Miguel estivesse aqui conversar com ele com certeza faria as horas passarem mais depressa, com seu sorriso, com sua voz, pensar nele fez com que o sono finalmente viesse e aquele colchão finalmente começou a parecer tentador Adormeci pensando nele.
Acordei as sete e meia, pensar nele me distraiu o suficiente para que o medo que eu estava sentindo por esta sozinha parasse de me impedir de dormir, droga eu dormi pensando nele e o primeiro pensamento que veio a minha cabeça foi ele, mas que droga estou parecendo uma dessas mocinhas retardadas de filmes de romance, me levantei e enxagüei meu rosto e lavei minha boca rezando para que não estivesse com mau hálito.
Entrei no elevador no oitavo andar uma senhora de uns 60 anos entrou com seu cachorrinho no colo parecia ate que ela estava segurando um bebê descemos no térreo ela colocou o cachorro no chão que latiu como se estivesse reclamando de andar com as próprias pernas, quero dizer patas. Sai do prédio e caminhei cerca de 150 metros ate a padaria mais perto, comi um lanche com uma lata de coca, um menino sujo e pretinho veio me pedir dinheiro levei um susto e fiquei com medo dele, mesmo ele sendo bem menor do eu, dei uma nota de cinco para ele, mas devo admitir que fiz por medo não por caridade, não que eu não faça caridade, só não pretendia fazer uma agora.
Sai da padaria e decidi dar uma volta pelo bairro, aqui em nada lembrava a cidade em que eu morava, eram tantos carros passando, tanto barulho que parecia ate que tinha uma britadeira em meus ouvidos, bom na verdade havia um homem com uma britadeira trabalhando numa obra a poucos metros passei em frente a uma escola provavelmente é nessa escola que eu vou estudar os estudantes andavam apressados e conversando, mas o que me chamou a atenção foi um garoto que usava óculos escuros e uma bengala de cego, enquanto ele caminhava para cruzar o portão da entrada os outros olhavam para ele como se estivessem vendo um fantasma ele parou para conversar com um garoto ruivo e meio gordinho estava tão distraída olhando para ele que acabei esbarrando em uma garota uma ruiva de olhos verdes devo admitir que ela é bonita.
Isabel: - Droga você não olha por onde anda – Ela disse irritada.
Eu não entendi por que ela estava sendo tão rude eu nem esbarrei com tanta força levei meu braço em direção a ela que se desviou como se eu fosse agredi-la.
Isabel: - Não encoste em mim – Ela disse entre os dentes.
Alice: - Me desculpe eu só queria pedir desculpas – Argumentei.
Isabel: - Você não precisa tocar em mim pra pedir desculpas – Ela disse.
Alice: - Você esta certa me desculpe – Eu disse afinal caso eu realmente venha estudar aqui não quero começar com uma inimizade.
Isabel: - Que seja – Ela disse se afastando.
Eu olhei para trás e notei que ela ia desviando das pessoas quase como se ela estivesse desesperada para não tocar em ninguém, parei de olhar para ela e segui o meu caminho.
Eu sabia que havia uma praia ali por perto mais não sabia exatamente onde era, andei por cerca de vinte minutos ate vislumbrar a areia da praia, tirei meus sapatos e meus pés tocaram a gelada e fofa areia da praia, não havia muitas pessoas deve ser por causa do frio, dobrei a bainha da minha calça e caminhei ate o mar, as ondas estavam quebrando de forma violenta me mantive um pouco afastada, mas perto o suficiente para que a água gelada tocasse meu pé, tive vontade de me jogar no mar, mas não seria uma atitude muito sensata levando em conta que eu não sei nadar, caminhei pela beira da praia as ondas ainda molhavam os meus pés e apagavam as pegadas que eu deixava ainda bem que eu sei meu atual endereço, se não há essa hora eu já podia me considerar perdida devido ao tanto que eu já andei.
Sentei-Me na areia longe o suficiente para não ser atingida pelas ondas, e fiquei contemplando a imensidão do mar, ao mesmo tempo em que era uma bela vista, ficar ali estava me fazendo sentir uma enorme tristeza como se estivesse faltando um pedaço. Veio a minha mente lembranças do meu pai, de como ele me empurrado no balanço quando eu era pequena, dos sorrisos mais não era só por causa dele que eu estava me sentindo assim eu sabia muito bem por que, era aquela terrível sensação de que talvez nunca mais veja determinada pessoa, era por que eu estava pensando no Miguel, se ele estava pensando em mim, como eu podia esta tão apaixonada por ele, por mais que ele fosse lindo eu mal o conhecia, e tudo que eu quero e esta com ele.
Fiquei tão distraída que não vi o tempo passar, olhei no meu celular e já passavam das dez horas da manha como o tempo pode ter passado tão rápido, pensei em voltar para o apartamento mais era provável que minha mãe ainda não tenha chegado, me levantei e limpei a areia da minha calça e caminhei com meus sapatos em minhas mãos sentia um frio percorrer a minha espinha ate a minha nuca sempre que era atingida pelo vento frio, fui ate um shopping que ficava ali perto fiquei perambulando pelo shopping olhando as vitrines só queria que as horas passassem fiquei lá ate quase meio-dia sai de lá sem comprar nada caminhei em direção ao apartamento alias cobertura.
Enquanto caminhava uma coisa aconteceu um carro freou ele estava a poucos metros de mim freou bruscamente fazendo os pneus fritarem o carro que vinha logo atrás não conseguiu frear a tempo e atingiu em cheio o carro da frente que capotou e atingiu outros carros meu corpo congelou, eu não conseguia me mexer eu via fumaça preta sair do carro e ninguém se mexer para ajudar, foi quando um jovem correu em direção ao carro, a fumaça não permitia que eu visse seu rosto, todos se mantiveram distantes, uma mulher aflita ao meu lado ligava para os bombeiros ela dizia que havia crianças dentro do carro, o jovem estava tirando as crianças do carro era um milagre elas ainda estarem vivas depois do carro ter capotado daquele jeito, ele tirou todos do carro mais ao teve tempo de se afastar uma explosão se seguiu e ele voou longe estraçalhando a vidraça de uma loja que estava fechada para almoço ou simplesmente estava fechada eu não sei.
As pessoas ficaram alvoroçadas, a mulher e suas filhas só faziam chorar um garoto correu ate a loja ninguém mais se mexeu, talvez estivessem com medo do que veriam do que tinha sobrado do garoto, foi quando eu despertei e caminhei lentamente ate a loja ouve mais uma pequena explosão no carro, quando entrei na loja não havia ninguém nenhum dos dois garotos corri ate a saída dos fundos foi quando eu vi um deles estava voando sentei no chão incrédula, um estava voando ele estava carregando o outro, como isso era possível, eles sumiram no céu será que mais alguém havia visto aquilo, isso era mais ilógico do que avião voar.
Voltei para casa ainda perplexa havia um caminhão de mudança na entrada do prédio, peguei o elevador ate a cobertura, abri a porta já havia alguns moveis desmontados e varias caixas, minha mãe parecia aflita.
Maria: - Meu Deus Alice onde você estava – Ela perguntou.
Alice: - Fui dar uma volta – Eu respondi calmamente.
Maria – Você nem conhece essa cidade como você faz algo tão perigoso – Ela gritou.
Alice: - Calma mãe, eu estou bem – Respondi calmamente não queria brigar com ela, não agora.
Ela me abraçou e começou a chorar eu a abracei de volta.
Alice: - Desculpa mãe, só não queria ficar sozinha – Eu disse.
Maria: - Eu também não quero Alice, e não quero que você fique andando por ai sozinha é perigoso – Ela disse eu sabia por que ela estava tão preocupada meu pai tinha saído para ir ao trabalho e da vez seguinte que ela o viu ele estava em cima de uma mesa no necrotério com uma facada no peito.
Alice: - Eu lamento mãe – Eu disse tentando conforta-la.
Ela respirou fundo e ajeitou meu cabelo atrás das minhas orelhas exatamente como o Miguel fez.
Maria: - Me desculpe se eu estou parecendo exagerada – Ela fez uma pausa – Mais eu me preocupo de perder você também.
Alice: - Eu sei mãe, só não queria ficar sozinha aqui – Eu disse outra vez.
Maria: - Eu não devia ter mandado você vir sozinha – Ela disse se culpando.
Eu segurei a mão dela bem firme e sorri, ela sorriu de volta ela já parecia mais calma, mas eu não estava não conseguia parar de pensar no que eu acabara de ver, eu sempre aprendi que era impossível para um ser humano voar, mas eu havia visto com meus olhos um garoto voar.
Mais tarde depois que os carregadores foram embora sem montar os moveis, minha mãe ligou para a empresa reclamando mais eles disseram que não estava no pacote a montagem dos moveis, minha mãe berrou uma meia dúzia de palavrões para o atendente que insistia em dizer que não tinha culpa, ela bateu o telefone na cara do coitado.
Maria: - Acho que vamos ter que fazer isso nós mesmas – Ela disse sorrindo.
Começamos tentando montar uma estante por mim começaríamos com uma coisa mais fácil, mas minha mãe parecia esta querendo manter sua mente ocupada, pra mim estava claro que aquilo não ia dar certo, mas minha mãe estava estranhamente contente nós não tínhamos um manual, mas eu poderia jurar que ela estava encaixando as peças no lugar errado.
Alice: - Eu acho que essa peça não é ai – Eu argumentei.
Maria: - Não há outro lugar pra encaixar tem que ser aqui Alice – Ela respondeu, era obvio que aquela peça não era ali mais como meu pai sempre dizia: Sua mãe é a pessoa mais teimosa que eu conheço.
Maria: - No que você esta pensando – Minha mãe perguntou.
Alice: - Nada! – Eu respondi, mas a verdade é que eu queria correr e ligar a televisão e ver as noticias, ver se mais alguém havia visto aquele garoto voando.
Maria: - Acho que estamos fazendo um grande trabalho você não acha – Ela perguntou.
Alice: - Claro que estamos mãe! – Eu respondi mesmo sabendo que o melhor trabalho que poderíamos fazer era pegar o telefone e ligar para um montador, por que do jeito que as coisas estavam indo, tudo levava a crer que perderíamos boa parte dos nossos moveis.
Levamos quase três horas mais finalmente montamos a estante, minha mãe era só alegria ela estava quase pulando de felicidade, de certa forma eu também não por ter conseguido montar a estante mais por finalmente poder ligar a televisão e ver as noticias.
Maria: - O que vamos montar agora? – Minha mãe perguntou.
Alice: - O quê – Eu disse quase que instantaneamente, nem estava passando pela minha cabeça montar mais nada, pelo menos não agora.
Maria: - Ora Alice Ainda têm muitos moveis para montar, ou você quer dormir no chão – Ela perguntou.
Alice: - Honestamente mãe o chão esta me parecendo bastante atraente – Eu disse.
Maria: - Mais pra mim não – Ela respondeu.
Abaixei a cabeça resignada sabia que não adiantaria argumentar com a minha mãe ela estava decidida.
Alice: - Tudo bem, mas primeiro se não se importa eu gostaria de ver o telejornal – Eu disse.
Maria: - Você não liga pra ver as noticias – Ele disse desconfiada.
Alice: - Mais hoje eu quero ver mãe, o que esta havendo com a senhora tomou algum tipo de energético parece que esta ligada em 220v – Eu disse.
Maria: - Desculpa só foi curiosidade – Ela disse se afastando.
Peguei o controle remoto e fui passando pelos canais esperando ver alguma noticia sobre o acidente ate que achei um canal que estava passando uma reportagem sobre o acidente a mulher que foi salva estava agradecendo ao garoto que a salvou, mas ninguém falou sobre eles terem voado depois do acidente será que só eu havia visto, ou será que eu estou ficando louca, ela falou que o vidro do carro era blindado como foi que ele conseguiu quebrar é algo impossível, assim como voar, pouco depois voltei para ajudar minha mãe a montar os moveis começamos a montar a cama dela pelos nossos erros eu pude perceber que a noite seria longa, muito longa.
Terminamos de montar a cama às duas horas da manha, minha mãe parecia exausta, e eu precisava urgentemente de um banho e foi o que eu fiz um banho gelado que acabou me despertando, sai do banheiro com o cabelo ainda molhado entrei no quarto da minha mãe e o vento frio que entrava pela janela entre aberta fez meu corpo gela, minha mãe estava dormindo finalmente derrotada pelo cansaço, peguei um cobertor e a cobri depois fechei a janela e voltei para meu quarto onde agora havia muita bagunça e meu colchão, me deitei esperando o sono vir, o que não demorou muito para acontecer e comecei a sonhar eu estava no meio de uma floresta só havia arvores a minha volta eu podia sentir o vento gelado em meu rostos e os passos atrás de mim apertei o passo, mais cada vez mais sentia os passos se aproximarem de mim quando percebi que não adiantaria correr me virei e lá estava era como se houvesse um espelho diante de mim era eu mesma, mas não era um espelho a outra tinha movimentos próprios.
Alice: - Quem é você – Eu perguntei.
A OUTRA: - Eu sou sua outra metade – Ela respondeu.
Alice: - Esta dizendo que eu e você somos a mesma pessoa? – Eu perguntei.
A Outra: - Mais ou menos – Ela disse.
Alice: - O que você quer? – Eu perguntei com minha voz tremula.
A outra: - Sua vida – Ela respondeu de forma seca e caminhou na direção das arvores onde eu pude ver a silhueta de mais três pessoas, mas não pude ver seus rostos.
A Outra: - Tenho uma coisinha pra você – Ela gritou.
Alice: - O que você quer dizer com isso – Eu gritei de volta.
Sentei-me recostada no tronco de uma arvore tentando entender o que ela quis dizer, foi quando do alto das arvores um corpo cai a menos de um metro de mim, meu coração disparou com o susto mal pude acreditar quando olhei e percebi que o corpo era do Miguel, engatinhei ate o corpo, e machuquei minha mão num galho pontiagudo.
Alice: - Miguel! Miguel! – eu chamei por ele enquanto balançava seu corpo, pude sentir seu coração pulsar enquanto eu o sacudia.
Alice: - Eu vou chamar um medico – eu disse.
Como é que eu ia chamar um medico, eu não faço idéia de onde eu estou e duvido muito que eu possa carrega-lo, mas num movimento brusco ele se sentou e sussurrou palavras em meu ouvido, palavras que eu não conseguia entender parecia que falava em outro idioma, um idioma que eu não compreendia ele sorriu foi quando eu acordei.
Foi um sonho eu repetia essas palavras em minha mente, mas como podia ser eu senti o vento, eu senti a dor eu estava com aquela sensação de está numa montanha russa, aquele frio no estomago, me levantei e fui ate a cozinha para minha surpresa minha mãe estava lá sentada numa cadeira.
Maria: - Sonho ruim? – Ela perguntou com um sorriso forçado.
Alice: - Parecia tão real – Eu disse puxando uma cadeira para me sentar.
Maria: - Eu já tive esses sonhos, mas foi antes de você nascer – Ela disse.
Alice: - Estou com medo – Eu disse.
Maria: - Do quê? – Ela perguntou serenamente.
Alice: - Eu estou com a mesma sensação que eu estava pouco antes do papai morrer – Eu disse.
Minha mãe se levantou e puxou a cadeira dela para perto de mim, e me abraçou, não foi como os últimos abraços dela que vinham carregados de dor, ou medo foi como os que ela me dava quando eu era mais nova.
Maria: - É normal você se sentir assim, lembra como eu me comportei mais cedo só por que você foi dar uma volta – Ela disse.
Alice: - Se eu perder você eu vou esta sozinha - Eu disse com lagrimas nos olhos, e continuei – E eu não sou forte o suficiente para continuar sozinha – Eu conclui.
Maria: - Não diga isso, você é muito forte ate mais do que eu – Ela disse.
Não parecia que ela estava tentando fazer eu me sentir melhor, parecia que ela realmente acreditava nisso.
Alice: - Eu acho que não – Eu disse.
Maria: - Você esta destinada a fazer algo muito importante – Ela disse de forma convicta o que me deixou um pouco assustada, minha mãe nunca tinha falado daquele jeito, com tanta certeza.
Alice: - Eu sou só uma garota como qualquer outra – Eu disse.
Maria: - Claro que não sua bobinha, ninguém é igual a ninguém – Ela disse sorrindo.
Ela diz isso por que não viu meu outro eu no meu sonho.
Maria: - Onde você machucou a mão – Ela perguntou.
Ele tinha razão como eu não avia notado que havia sangue em minha mão, a mesma mão que eu machuquei no sonho, eu fiquei olhando para minha mão incapaz de entender o que havia acontecido, como eu havia me machucado, afinal a explicação mais lógica e louca seria que eu havia me machucado no meu sonho, mas isso é impossível.
Maria: - talvez você tenha se machucado enquanto montávamos os moveis – Ela disse percebendo minha cara de preocupação.
Alice: - Deve ter sido – Eu disse.
Maria: - Vou fazer um curativo – Ela disse se levantando.
Alice: - Não precisa mãe – Eu disse e me levantei – Eu mesma faço – Eu conclui.
Maria: - Tudo bem Alice – Ela fez uma pausa parecia que ela sabia que estava havendo algo estranho – Se precisar de mim – Ela concluiu.
Alice: - Eu vou correndo para os seus braços – Eu disse com um meio sorriso.
Fiz um curativo e permaneci deitada em ate ter certeza que minha mãe tinha ido se deitar, não queria dormir de novo não sabia o que me esperava, estava morrendo de medo se realmente eu me machuquei enquanto dormia, pode acontecer coisa pior, queria tanto que meu pai estivesse aqui pra me dizer que eu não preciso ter medo, lembro que quando eu era pequena e tinha um pesadelo ou medo de algum monstro inexistente ele dizia que nada me faria mal, por que ele estava ali para me proteger e sempre estaria...Nessa parte ele mentiu, pois não esta mais aqui, e não vai voltar assim como provavelmente o Miguel, por fim acabei adormecendo e não houve nenhum sonho estranho, pelo menos eu não me lembro de ter tido nenhum.
Levou quatro dias para que eu e minha mãe organizássemos toda a casa, quatro dias montando moveis, Mas o olhar de satisfação dela fez todos os calos que eu tinha em minhas mãos valerem a pena, no final do dia ela entrou no meu quarto e me deu o uniforme do colégio, era o mesmo uniforme que os alunos usavam no colégio pelo qual eu passei há alguns dias, alguma coisa sempre me disse que era ali que eu iria estudar.
Maria: - Esta pronta para voltar ao colégio? – Ela perguntou.
Alice: - Sim - Eu respondi.
Assim como nas quatro noites anteriores não tive nenhum pesadelo, mas quando acordei, enquanto me arrumava ficava tendo aquela sensação, aquele frio na barriga que sentimos quando descemos numa montanha russa, o quando estamos preocupados.
Minha mãe e eu caminhamos ate o colégio, não queria que ninguém me visse chegando com a minha mãe, mas não tinha jeito ela iria não importa o que eu dissesse, na porta do colégio ela se despediu com beijo em minha bochecha o que fez meu rosto corar.
Alice: - Mãe – Eu a repreendi.
Maria: - Que foi? – Ela perguntou
Alice: - Esta todo mundo olhando – Eu disse tentando manter meu tom de voz baixo.
Maria: - Uma mãe não pode se despedir da filha – Ela perguntou.
Alice: - Não com tantas pessoas olhando – Eu disse meio irritada.
Maria: - Me desculpe – Ela disse erguendo as mãos.
Alice: - É que eu sou nova aqui mãe no outro colégio, todos me amavam aqui sou só uma estranha, uma novata – Eu disse num tom meio melancólico quase de completa tristeza.
Maria: - Eu já tive a sua idade Alice, sei como é ser uma novata num mundo novo, sei como pode ser difícil deixar tudo pra trás – Ela disse num tom mais serio do que o de costume.
Ela acenou dando tchau uma ultima vez antes de se virar e ir embora, eu cruzei o portão torcendo para passar despercebida entre aquelas dezenas de estudantes, mas quando você é nova num colégio novo todos os olhares se voltam para você, alguns cochichavam, algumas meninas riam acho que era de mim, eu vi a garota que eu esbarrei a alguns dias, o garoto cego, para eles era como se eu não estivesse ali, tudo que eu queria naquele momento era fugir dali, foi quando eu o vi, ele olhava fixamente para mim, parecia surpreso ele era lindo, seu cabelo meio aloirado caia um pouco sobre seu rosto, seu corpo parecia de alguém que esta malhando a pouco tempo, mas mesmo assim parecia bastante definido, seus olhos azuis tornavam seu rosto ainda mais perfeito, ele parecia um anjo, se os anjos existem eles devem ter essa aparecia, mas por que ele não para de me olhar, a garota na qual eu esbarrei finalmente parecia ter me notado, mas foi por que ele havia me notou.