A Busca das Tri Chaves - Capítulo 10 - Parte 2

CAPÍTULO 10

O PRIMEIRO OBSTÁCULO

PARTE 2

A criatura era um corvo. Suas penas eram negras. Tinha garras enormes e afiadas. Seus olhos eram um amarelo dourado e, no lugar da pupila, havia uma fenda. Seu bico era grande e pontiagudo, mas a criatura falava como humanos. Ele portava um cinto, onde embainhava uma espada. Em uma de suas mãos, havia um cajado negro, com detalhes como cobras rodeando-o de ponta a ponta. Na ponta deste cajado, estava embutida uma pérola prateada, mas, ao invés de pequena, era maior do que a mão fechada de um homem. Estava segura com as “cobras” que envolviam o cajado. A criatura andava feito homem. Não diferente das mãos, seus pés eram enormes garras. Nas suas costas, situava-se uma enorme asa negra. O corvo estava vestido com um roupão vermelho, com detalhes na cor preta.

- Deixe-me apresentar, pois minha mãe dizia que era falta de educação não apresentar-se as pessoas. Meu nome é Tengu. Corvo Tengu. – disse. – Agora, vamos ao que nos interessa.

Os garotos o encararam.

- Ora. Pelo que vejo estão todos aqui. Meu mestre vai ficar satisfeito em tê-los junto dele. Ele quer ter uma conversa particular com todos.

- Quem é o seu mestre? – perguntou Stephan.

- Apenas vindo comigo para conhecê-lo. Ele pediu para não dizer o nome dele. Pediu para que eu os levasse e os impedisse de recuperar a chave. Mas… Se não quiserem ir por bem, teremos de lutar.

- Então terá de lutar! Não vamos ir com você a lugar nenhum seu monte de penas – gritou Peter.

- Aha! Vejo que os bravos heróis querem reagir. Mas lamento informar, vocês não são páreos para mim – zombou.

- Isto é o que veremos – disse Stuart ao mesmo momento em que ateava fogo contra o corvo. O Corvo desviou da bola de fogo com um salto, e o fogo chocou-se contra a árvore, fazendo-a pegar fogo.

Lucas ateou água na árvore e Katharine fez com que ela crescesse novamente.

- Ah, querem reagir? Então… Vocês que pediram – ele apontou o cajado com a pérola presa às madeiras para os garotos. A pérola começou a brilhar. Era um brilho intenso, e então, um raio de luz prateado disparou contra os garotos. A única coisa que Lucas pôde dizer foi:

- Separem-se rápido.

Todos correram em direções diferentes. O raio de luz passou a alguns centímetros da cabeça de Lucas antes dele se jogar à sombra de uma árvore em forma de cachorro.

- Agora querem brincar de se esconder não é mesmo? – perguntou o Corvo de algum lugar próximo. – Então vamos brincar.

Lucas ouviu um bater de asas e encolheu-se o máximo possível para não ser visto. Começava desembainhar sua espada para atacar, mas foi tarde. O corvo parou diante dele e fechou as asas.

- Aha! Achei o primeiro. O senhorzinho da água não é mesmo? Lucas é o seu nome não é?

Lucas ficou calado.

- Você terá uma grave conseqüência por ter mandado seus amigos pularem fora da minha mira seu nojento – dizendo isso, tocou seu rosto com a espada, fazendo surgir uma ferida na bochecha de Lucas. O sangue começou a escorrer. – Primeiramente, quero dizer que pode ficar despreocupado. Não tenho permissão de matá-los. Apenas machucar um pouco, caso resistissem. Tenho a ordem de levá-los ao meu senhor – ficou em silêncio por alguns instantes. – Então, mãos a obra. Começaremos por você.

O Corvo Tengu apontou seu cajado para Lucas. A pérola começou a brilhar. Pensamentos loucos passavam pela cabeça de Lucas. Ele começava a relembrar de alguns momentos de sua vida, como seu presente que ganhara no seu aniversário de oito anos, o primeiro dia que passaram em Simosong, vencendo a sereia, ganhando sua armadura, conhecendo Místia e os outros, entre outros pensamentos.

Lucas tentou recuar, mas não conseguiu, pois acabara e tropeçar numa pedra. O cajado já estava a ponto de soltar novamente seu raio prateado.

- Ei seu urubu.

Era Katharine. Ela estava atrás do Corvo com sua espada empunhada de uma forma linda e esplêndida. Então, golpeou o Corvo com o punho da espada. O corvo ficou zonzo. Olhou para os lados para ver que o atacara. Viu Katharine, avançou contra ela, mas, antes de tocá-la, desabou no chão frio. Desmaiado.

- É isso aí Katharine – gritou Stephan que saia de seu esconderijo do outro lado da sala: uma árvore em forma de unicórnio.

Logo, todos já estavam reunidos em volta do Corvo, observando-o.

- Vamos logo! Não temos tempo a perder. Falta pouco tempo para a meia noite – avisou Peter, consultando seu relógio de pulso.

Todos concordaram e partiram rumo a outra porta. Estavam felizes por terem desacordado o Corvo. Logo partiriam para a segunda etapa do resgate da chave. Estavam a alguns metros da porta quando o Corvo levantou-se, ainda zonzo, apontou seu cajado em direção à Katharine que estava de costas para ele. A pérola começou a brilhar e o raio logo foi disparado em direção à Katharine. Todos continuaram andando, mas Katharine continuou paralisada. Ninguém havia percebido o que havia acontecido com ela.

- Seu jeito foi esplendido Katharine. Não foi? – disse Lucas olhando para o lado. Percebeu que Katharine não estava mais ao seu lado. Então olhou para trás e viu Katharine paralisada, envolvida pela luz da pérola, sendo arrastada em direção ao corvo. Ela estava com um sorriso no rosto, mas Lucas sentia que Katharine sofria, pois queria estar livre. – Solte-a seu covarde. Você não sabe que é covardia atacar alguém pelas costas? Principalmente uma garota? – disse andando em direção ao corvo, empunhando sua espada.

O corvo deu de ombros. Katharine começou a ser forçada para dentro da pérola. Começou a diminuir de tamanho até ser engolida pela luz que voltava a entrar na pérola.

O Corvo disse algumas palavras que os garotos não puderam ouvir. Uma luz negra envolveu-o rapidamente. Lucas atirou sua espada contra o corvo, mas foi tarde. O corvo já havia desaparecido com a luz negra e a espada caiu no chão com um som metálico.

- Katharine – gritou Peter.

Lucas caiu de joelhos no chão, abraçou as pernas escondeu a cabeça entre os joelhos e começou a chorar silenciosamente.

- Não fique assim Lucas. Ela voltará. Eu sinto – tranqüilizou-o Stephan.

Lucas deu de ombros. Continuou chorando, afogando suas mágoas.

- Eu devia ter salvado ela – murmurava para si mesmo. – A culpa foi minha, se ela…

- A culpa não foi de ninguém Lucas – disse Stuart num tom depressivo. – A culpa foi do destino.

- Que belo destino – disse Peter.

- Vamos Lucas! Não temos muito mais tempo. Vamos recuperar a chave ou ficaremos aqui por mais um dia – disse Stephan.

Lucas fez que não ouviu.

Stephan segurou-o pelo pulso e forçou-o para cima, tentando levantá-lo. Mas Lucas resistiu. Continuou ajoelhado, chorando.

- Vamos Lucas. Levante-se – ouviu-se a voz de John em seus ouvido.

- Ah… O que? – perguntou-se

- Vamos, levante-se já daí. Prossiga. Cabeça erguida. Todos sabiam que poderiam sofrer conseqüências ao entrar ai.

- Mas… como você está conversando comigo. Você não está aqui.

- Claro que estou – disse Stephan.

- Não… não é você Stephan – e ergueu a cabeça – John. Ele está aqui. Em algum lugar.

- Não. Você já está delirando – interferiu Peter.

- Estou Lucas, mas apenas em sua cabeça – ouviu-se John dizer novamente.

- Mas… como?

- Não há tempo para explicar isto. Prossiga. Quando sair vitorioso daí, eu lhe explico detalhadamente.

- Tudo bem, farei o que você está pedindo.

- Bom garoto.

- Pessoal vocês tem razão. Vamos logo para a próxima fase. Não temos tempo a perder - e levantou-se secando as lágrimas do rosto. - Não podemos deixar Katharine com aquele monte de penas. Vamos logo recuperar a chave e, depois, irmos atrás dela.

- E o que estou dizendo há anos Lucas? – perguntou Stephan.

- Ah… Você estava falando isso? – perguntou sem jeito.

- Sim.

- Então me desculpe. Não estava prestando atenção – e sorriu para Stephan.

Stephan retribuiu o sorriso.

Eles caminharam até a outra porta e então ficaram de frente a ela. Lucas apertou a maçaneta dourada, girou-a e, então, abriu a porta.

D Silva
Enviado por D Silva em 02/08/2011
Reeditado em 12/08/2011
Código do texto: T3135138
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