A Escuridão E O Amanhecer Parte 2

CAPITULO 2: UM NOVO COMEÇO - ALICE

Um temporal caia diante dos meus olhos, pela parede de vidro eu podia observar os aviões parados na pista esperando que a chuva parasse, meu vôo já está quatro horas atrasadas, as pessoas começam a perder a paciência com tanta demora, mas será que eles não estão vendo que esta chovendo se voar já é perigoso sem chuva imagine com ela, aquela coisa voando lá em cima sem nenhuma cordinha pra segurar, se tiver algum problema e cair às chances de sobrevivência são mínimas, meu pai foi assassinado há uma semana acho que eu ainda estou anestesiada pelo choque, achei que minha mãe não tivesse se importado, ela não chorou no enterro, ou quando recebeu a noticia não conseguia entender como ela não podia esta sofrendo, mas eu estava enganada ela estava sofrendo só que não fez isso na minha frente, acho que ela não queria que eu sofresse mais, nós estamos de mudança para o Rio de Janeiro minha mãe vendeu as empresas do meu pai e segundo ela temos dinheiro para viver bem o resto da vida, disse que Teremos Um Novo começo.

Desde que meu pai morreu, eu tenho tido um sonho, um homem sai de dentro de uma igreja em chamas, seu rosto esta completamente queimado mais ele anda como se nada estivesse acontecendo e seu rosto começa a se regenerar, mas sempre acordo antes de seu rosto se regenerar por completo, na verdade eu acho que deveria considerar um pesadelo, estava distraída quando um homem se aproximou tentando puxar assunto, girei minha cabeça para o lado era um homem baixinho, usava um terno que me parecia meio velho, seu rosto estava suado ou talvez ele tivesse acabado de entrar no saguão e não fosse suor e sim chuva, mas seu terno estava seco, então o que escorria pelo seu rosto era realmente suor como ele podia esta suando com tanto frio, os pensamentos ficavam vindo na minha mente e eu nem prestava atenção no que aquele homem baixinho estava dizendo, só me dei conta quando a expressão no seu rosto mudou, como se ele estivesse com vergonha, de ter que olhar pára cima para falar comigo não que eu seja. Muito alta tenho só um metro e setenta, mas mesmo assim acho que sou pelo menos uns oito centímetros maior que ele.

Alice: - Desculpa o que o senhor disse?

Homem: - Estava comentando que essa chuva não passa, mas pensei que você não estivesse prestando atenção – Ele disse meio constrangido.

Alice: - Estava meio distraída, é meio hipnótico ficar olhando tanto tempo para a chuva.

Homem: - Esta indo viajar ou esperando alguém chegar – Aquela pergunta me pareceu tão ridícula, quem estaria tanto tempo no aeroporto esperando alguém, então me dei conta minha mala estava no bar.

Alice: - Estou indo para o Rio De janeiro.

Homem: - Excelente lugar, já estive lá varias vezes esta viajando sozinha.

Alice: - Com a minha mãe.

Homem: - Sua mãe?

Alice: - É!

Homem: - você esta ai parada há tanto tempo sozinha, não vi sua mãe por ai.

Me perguntei por que aquele homem parecia tão interessado, esse não é o tipo de pergunta que se faz para alguém a qual nem conhece, ele podia ser um tarado ou ate mesmos um serial killer, mas pra mim ele só parecia um homem baixinho e inofensivo.

Alice: - minha mãe vai só amanha, se continuar chovendo assim acho que vamos acabar indo no mesmo vôo – Disse isso tentando parecer feliz.

Homem: - Desculpa, é que eu te vi sozinha parecendo tão triste achei melhor vim ver se estava tudo bem com você.

Que estranho, eu achando que ele fosse um tarado ou algo do tipo, e ele só estava preocupado comigo, alguém que eu nem conhecia estava preocupado, talvez ainda haja esperança para a humanidade, sem querer parecer trágica quando meu pai foi assassinado por um assaltante que provavelmente estava drogado, meu mundo cor de rosa se desfez, nunca havia pensado que algo assim aconteceria comigo, o mais perto que eu cheguei de conhecer a dor da morte antes do meu pai falecer foi quando minha avó morreu, mas eu era muito pequena e nem me lembro se eu chorei ou se fiquei dormindo como se nada tivesse acontecido, nunca pensei em perder meu pai principalmente da forma como eu o perdi, é como eu ouvi uma vez os seres humanos estão tentando se destruir dês do inicio dos tempos, agora eles tem armas e dinheiro para faze-lo então é só uma questão de tempo a não ser que alguém surja para evitar, o que eu realmente duvido não a mais heróis nesse mundo, a maioria das pessoas aceitam o que elas acham uma vida medíocre, em troca do falso conforto de chegar em casa e assistir a um programa de TV que a cada dia diz que o mundo esta mais violento, e ninguém faz nada para mudar só se sentam e se conformam, assim permanecem vivos por pelo menos mais um dia, notei que o homem baixinho ainda me olhava, e me dei conta que ele talvez estivesse esperando uma resposta, mas meus pensamentos tinham me levado para muito longe daquele aeroporto.

Alice: - Obrigada por se preocupar, é tão raro alguém se preocupar com um desconhecido, uma desconhecida no meu caso. – Disse sorrindo.

Homem: - Eu tenho uma filha da sua idade.

Alice: - Deve ser uma garota de sorte.

Homem: - Ela não acha isso.

Alice: - Não se preocupe, ela é uma adolescente um dia ela vai reconhecer que nem tudo é culpa sua.

Homem: - Espero que ela faça isso enquanto tem tempo.

Aquelas palavras me fizeram pensar em quantas pessoas não dão valor ao que tem, em quantas pessoas levam praticamente a vida toda para dar o verdadeiro valor ao um pai, ou uma mãe, e na maioria das vezes fazem isso quando já é tarde de mais, eu queria tanto ter o meu pai comigo e têm tantos que nem dão valor.

Alice: - Obrigada mais uma vez.

Homem: - De nada, é sempre bom conversar.

Alice: - É verdade.

Homem: - Boa viajem.

Acenei com a cabeça ele se virou e foi embora, voltei minha atenção para a pista de decolagem, onde a chuva continuava a cair, se passaram mais duas horas ate que a chuva parasse e finalmente pudesse entrar no avião, caminhei ate minha poltrona a 46B por um corredor que ficou estreito devido a tantas pessoas apressadas e estressadas devido a tantos atrasos, quase cai umas cinco vezes devido aos encontroes que eu levava das pessoas, cheguei na minha poltrona tentei colocar minha mala no compartimento de bagagem, apesar de minha mala não esta muito cheia eu não consegui, fiz força para que entrasse e nada, parece ate que eles diminuem o tamanho desses compartimentos a cada ano nesse meio tempo tomei pelo menos mais um encontrão pensei ser outra pessoa apressada, mas era uma senhora gordinha que teve dificuldade de passar, voltei para minha luta de colocar aquela mala, foi quando alguém empurrou a mala para dentro do compartimento com uma facilidade que me deixou envergonhada de ser tão fraca, me virei para agradecer foi quando eu o vi, ele estava com um sorriso no canto da boca, ele devia ter uns 18 anos mas parecia mais velho ele usava o cabelo arrepiado, seu peitoral trabalhado marcava na camisa, seus olhos eram negros como a noite era a primeira vez que eu via alguém com olhos tão negros, fiquei encarando ele sem saber o que dizer.

Alice: - Obrigada!

Miguel: - De nada, minha poltrona é essa.

Alice: - Ah, desculpa.

Dei um passo para o lado e ele se sentou, me sentei ao lado dele tive vontade de puxar assunto, mas ele olhava pela janela a pista, à aeromoça mandou que todos apertassem os cintos pude sentir que o avião se preparava para decolar, meu coração começou a pular de ansiedade e medo, o ar começava a faltar dentro dos meus pulmões, foi quando senti a mão dele tocar a minha mão e seus dedos se entrelaçarem aos meus, olhei para o lado e ele estava com um leve sorriso no rosto como se dissesse que tudo vai ficar bem, meu coração começou a desacelerar, pude sentir o ar voltar aos meus pulmões e uma sensação de que tudo estava bem, o avião percorreu a pista e decolou durante todo o tempo ele segurou a minha mão.

Miguel: - Se senti melhor? – Ele perguntou gentilmente.

Alice: - Estou obrigada – Respondi meio envergonhada.

Miguel: - é a primeira vez que você viaja de avião?

Alice: - Não!

Miguel: - E ainda tem medo?

Alice: - É! – Fiz uma careta da qual me arrependi.

Miguel: - Não se envergonhe, é só o seu instinto de auto-preservação falando mais alto, uma coisa desse tamanho voar sem que tenha nenhuma cordinha pra segurar vai contra toda a lógica na minha opinião, ele dizem que é a aerodinâmica mais quem garante.

Alice: - Eu penso a mesma coisa – Foi a primeira vez que eu sorri de verdade em quase uma semana.

Miguel: - Meu nome é Miguel.

Ele estendeu a mão em minha direção demorei uma fração de segundos para levar minha mão em direção a dele, ele a apertou gentilmente e a balançou me cumprimentando.

Miguel: - Acho que esse é o momento em que você me diz o seu nome – Ele me olhou diretamente, o que me deixou encabulada.

Alice: - Desculpe a minha falta de educação, meu nome é Alice – Me apresentei formalmente.

Miguel: - É um belo nome – Ele parecia sempre tão gentil e educado, totalmente diferente dos garotos que eu conhecera ate hoje.

Alice: - O seu também, Miguel é o nome de um dos mais importantes anjos.

Miguel: - Na verdade ele é um arcanjo. – Ele me corrigiu, o que fez eu desviar meu olhar – Mais a maioria das pessoas confundem – ele concluiu.

Alice: - Eu já li a bíblia, não deveria confundir.

Miguel: - Eu também já li, é tanta coisa que é fácil as pessoas se confundirem, ate hoje eu me confundo com os nomes dos apóstolos – Ele estava mentindo eu podia ver isso claramente tudo que ele queria era que eu me sentisse melhor.

Alice: - Você não precisa mentir – Eu disse de forma áspera, me arrependi logo depois.

Miguel: - Não estou mentindo.

Alice: - Tudo bem, vamos mudar de assunto então – Eu Disse quase como uma ordem, Ele sorriu e balançou a cabeça de forma positiva.

Miguel: - Claro! Esta indo ao Rio em passeio?

Não tinha certeza se deveria falar o real motivo que me colocou nesse avião, é algo tão pessoal e eu nem o conheço, mas havia algo em seu olhar, algo em seu sorriso que fazia parecer que eu o conhecia há muito mais tempo, talvez tenha sido o destino.

Alice: - Estou de mudança... – Ele me cortou antes que eu pudesse continuar.

Miguel: - Você não esta carregando pouca bagagem para alguém que esta de mudança. – Ele disse em tom de brincadeira.

Alice: - O resto vira de caminhão quando minha mãe vier – Hesitei por um instante.

Miguel: - Um Novo começo? – Ele perguntou como se soubesse exatamente o que eu estava pensando.

Alice: - Eu ia dizer exatamente isso – Eu disse surpresa.

Miguel: - Transmissão de pensamentos – Ele disse com aquele belo sorriso com o qual eu já estava me acostumando.

Alice: - É o que parece – Eu disse.

Miguel: - Do que vocês estão fugindo – Pela primeira vez ele não sorriu.

Alice: - Por que você acha que eu estou fugindo de algo?

Miguel: - As pessoa não deixam uma vida para trás se não estiverem fugindo de algo – Ele voltou a sorrir e concluiu – Eu, por exemplo, estou indo procurar a minha mãe, pouco antes de morrer meu pai disse que ela estava no Rio de Janeiro então estou indo procurar por ela – Ele desviou o olhar quando falou nela, parecia um assunto doloroso.

Alice: - Também perdi meu pai recentemente sei exatamente como você deve esta se sentindo.

Miguel: - Não, Não sabe – Ele disse de forma seca.

Alice: - O que houve com a sua mãe?

Miguel: - Não sei, acho que ela não agüentou ser mãe, talvez não estivesse pronta então foi embora – pude perceber toda a amargura contida em sua voz.

Alice: - Eu lamento!

Miguel: - Não vamos falar sobre assuntos que nos deixam tristes – Ele disse sorrindo.

Miguel: - Mundo estranho não?

Alice: - Por que – Perguntei não entendendo o que ele realmente estava querendo dizer.

Miguel: - Simples, agente se conhecer nessas circunstancias qual eram as chances foi preciso os nossos pais morrer para que nós entrássemos nesse avião, sentamos lado a lado, me diga por que.

Entendi o que ele estava querendo dizer isso já tinha passado pela minha cabeça, só estamos conversando há alguns minutos e é como se nos conhecêssemos há muito tempo.

Alice: - Era pra ser assim – Eu disse confiante

Miguel: - Isso eu já tinha percebido, mas a pergunta é por que? – Ele disse de uma forma enigmática.

Alice: - Destino! –Respondi quase que imediatamente – As coincidências devem ter nós ligado, afinal assim como eu você perdeu seu pai, e está indo procurar um novo começo, não é – Eu conclui.

Ele sorriu alto que alguns outros passageiros olharam para ver quem era o que me deixou meio encabulada, mas bastou Miguel lançar um olhar ameaçador para que os outros passageiros desviassem o olhar.

Miguel: - Talvez essa seja a coisa mais absurda que eu já disse em toda a minha vida, mas talvez seja por você que eu tenho procurado a minha vida toda.

Por algum motivo o sonho que eu vinha tendo há algum tempo veio a minha mente aquele homem saindo de dentro da igreja em chamas, talvez fosse aquele que esta aqui diante dos meus olhos, talvez seja por ele que eu esteja esperando, ou talvez não, talvez esteja exagerando afinal eu mal o conheço, mas o seu sorriso é tão natural e familiar aos meus olhos como eu poderia desconsidera isso.

Miguel: - Me desculpe, não deveria ficar lhe dizendo essas coisas, agente mal se conhece não é.

Alice: - Você poder ler mentes por acaso? – Ele me olhou como se eu o tivesse ofendido.

Miguel: - Por que você esta dizendo isso?

Alice: - Me desculpa é que você diz quase a mesma coisa que eu estou pensando – Tentei me explicar.

Miguel: - Não posso ler mentes, adoraria ter esse poder mais não tenho.

Alice: - Claro, como poderia não é, ninguém tem super poderes – Ele sorriu como se eu tivesse dito alguma besteira.

Alice: - O que é tão engraçado – Perguntei meio irritada.

Miguel: - Por favor, não se irrite – Ele fez uma pausa – Mais é provável que em alguma parte do globo terrestre exista alguém com o poder de ler a mente, ou pessoas com super poderes, mas não sou eu – Ele concluiu.

Alice: - Você acredita mesmo que exista alguém com super poderes em alguma parte do mundo – Perguntei incrédula.

Miguel: - Não podemos descartar essa possibilidade Minha linda – Ele sorriu.

Aquilo tinha sido tão estranho, em um minuto ele parecia ofendido por eu ter brincado que ele pode ler a minha mente e no minuto seguinte ele insinua que existam pessoas com poderes espalhados pelo mundo, será que ele é algum tipo de louco, olhando o sorriso dele não parecia.

Alice: - Qual poderes você gostaria de ter? – Perguntei tentando manter assunto.

Miguel: - Não sei ao certo, a tantas possibilidades uma gama infinita de poderes, mas eu acho que gostaria de ter o poder de controlar a mente das pessoas.

Alice: - Por que?

Miguel: - Seria mais fácil conviver com as pessoas, eu poderia entrar em um banco, e fazer com que as pessoas me dêem o dinheiro de livre e espontânea vontade, ou quase isso – Ele sorriu parecia que ele estava falando serio.

Alice: - Seria rico.

Miguel: - E você que poder gostaria de ter – Ele perguntou se ajeitando na poltrona para olhar melhor para mim, pensei por um instante qual poder gostaria de ter.

Alice: - Bom – Fiz uma pausa um pouco envergonhada – Acho que gostaria de ter o poder de curar as pessoas.

Miguel: - Bem altruísta – Ele disse com um sorriso debochado.

Alice: - É bom ajudar as pessoas, ao invés de rouba-las.

Miguel: - Tuche, Mas em que isso a ajudaria?

Alice: - Eu poderia cobrar de pessoas ricas que estivessem doentes, e ajudar as pessoas pobres de graça, ninguém quer morrer é a auto-preservação dos seres humanos. – Ele sorriu desviando o olhar, ele não havia pensado nisso, era algo que estava estampado em seu rosto.

Miguel: - É verdade, ninguém quer morrer mesmo que eles pareçam não se importar com a própria vida, e com a vida dos que estão por perto, no momento final, eles sempre imploram pela vida – Aquilo me pareceu tão sombrio, como se ele tivesse visto alguém morrer ou tivesse matado alguém.

Alice: - Você já viu alguém morrer?

Miguel: - Não – Ele respondeu com um sorriso que parecia sincero, mas ao mesmo tempo um tanto quanto enigmático.

Nós ficamos em silencio por algum tempo, ele se ajeitou na poltrona de forma que ele pudesse olhar pela janela, não sabia o que fazer ou o que dizer ele parecia ter ficado chateado, abri a boca mais as palavras não saíram, abaixei a cabeça resignada, foi quando ele tocou minha mão e deslizou seu dedo pela minha mão.

Miguel: - Não estou chateado com você, só estou pensando um pouco não se preocupe ta.

Acenei com a cabeça concordando, mas não pude deixar de notar que essa era a terceira vez que parecia que ele leu a minha mente, nos minutos que se seguiram nós não trocamos uma palavra, o Avião pousou na pista molhada minha primeira vez no Rio e chego no meio de uma chuva o que ta havendo com esse tempo o Brasil todo esta sendo atingido por temporais, me levantei assim que o piloto informou que havíamos chegado no destino sem maiores problemas, será que ele esqueceu das horas de espera, antes que eu pudesse tirar minha bagagem Miguel a tirou pra mim.

Miguel: - Esta segura agora, voltamos à terra firme – Ele disse sorrindo.

Alice: - É – foi tudo o que eu disse

Caminhei pelo corredor em direção ao saguão do aeroporto Miguel estava ao meu lado.

Miguel: - Esta com fome – Ele perguntou.

Alice: - Faminta! – Na verdade eu estava cheia, tinha comido varias barras de chocolate enquanto esperava no aeroporto e isso tira a fome de qualquer um, mas menti para ficar um pouco mais ao lado dele.

Miguel: - Deve ter algum lugar pra comer aqui perto.

Alice: - qualquer lugar, menos o bar do aeroporto.

Miguel: - Opinião apoiada.

Caminhamos para fora do aeroporto, ele estava tão perto de mim que podia sentir o calor do seu corpo, ele segurou minha mão quando fomos atravessar a rua meu pai fazia a mesma coisa quando era mais nova.

Miguel: - Me desculpa – ele disse soltando minha mão.

Alice: - Não precisa se desculpar.

Ele sorriu e pela primeira vez ele não pareceu tão confiante, nós entramos numa lanchonete, fizemos nosso pedido e ele comeu tudo tão rápido que parecia que ele não comia há anos, ele percebeu que eu olhava abismada e se explicou.

Miguel: - Me desculpa, é que faz muito tempo que eu não como um desses – Ele disse.

Alice: - Tudo bem não precisa se preocupar, mas por onde você estava andando? Tem uma lanchonete dessa em cada esquina – Eu disse Sorrindo.

Miguel: - Acho que eu estava meio que escondido sabe – Ele disse sem olhar pra mim.

Ele notou que eu não havia tocado na minha comida.

Miguel: - Não vai comer: - Ele perguntou.

Alice: - É que não estou com muita fome – Eu disse meio envergonhada por ter mentindo antes.

Miguel: - Não despedíssemos eu como – Ele devorou a minha comida, não sei onde ia parar tanta comida.

Alice: - Desculpa ter mentindo.

Miguel: - Tudo bem, se você tivesse dito que não estava com fome eu diria que eu também não estava, como você deve ter notado é mentira.

Alice: - É eu notei – Eu disse.

Miguel: - Pra onde você vai quando sair daqui – Ele perguntou.

Alice: - Vou para minha nova casa esperar a minha mãe chegar – Eu respondi.

Miguel: - Vai ficar sozinha – Ele perguntou.

Alice: - Vou – Eu respondi imaginando aonde ele queria chegar.

Miguel: - Não seria melhor você ficar em um hotel, acho que é mais seguro – Ele disse.

Alice: - Acho que eu estarei segura na minha casa nova – Eu respondi.

Miguel: - Esse é um mundo perigoso, principalmente para uma garota sozinha – Ele disse.

Alice: - O que você sugere passar a noite comigo – Eu perguntei ele sorriu e ergueu as mãos em minha direção.

Miguel: - Calma ai garota, isso nem passou pela minha cabeça acredite, só que você é uma estranha num mundo novo – Ele disse e eu vi a sinceridade nos olhos dele.

Alice: - Você também é – Eu rebati.

Miguel: - É diferente, eu posso me defender tranqüilamente, mas não tenho certeza que você possa se defender caso alguma coisa aconteça – Ele disse, e estava tão preocupado ou ele fingia muito bem ou realmente estava preocupado comigo.

Alice: - A casa tem alarmes você não precisa se preocupar – Eu disse.

Miguel: - Certo então – Ele disse sorrindo.

Ele terminou de comer e nós saímos, a chuva ainda estava forte nos protegemos embaixo de uma marquise, parecia que a marquise ia desmoronar tamanho o barulho que a chuva fazia ao bater nela, ficamos mais de meia hora esperando por um táxi, ate que ele fez sinal e um parou, nossos olhos se encontraram ele estava com aquele sorriso.

Alice: - Você tem e-mail, msn, celular - Eu perguntei.

Miguel: - Não! – Ele respondeu.

Alice: - Nada disso? Em que mundo você tem vivido – Perguntei incrédula todo mundo hoje em dia tem pelo menos celular.

Miguel: - Em um mundo diferente do seu – Ele disse meio melancólico.

Alice: - Então acho que essa pode ser a ultima vez que nos vemos – Eu disse.

Ele passou suavemente sua mão pelo meu rosto ajeitando meu cabelo atrás da minha orelha e ficou me olhando por alguns segundos ate que me deu um beijo na testa.

Miguel: - Nosso destinos estão cruzados, tenho certeza que nos veremos de novo é só esperar a hora certa – Ele disse caminhando ate o táxi pra abrir a porta pra mim, eu o fiquei encarando enquanto a chuva molhava o seu corpo entrei no táxi e antes que ele fechasse a porta eu lhe disse.

Alice: - Espero que não demore muito.

Miguel: - Acredito que não ira – Ele disse fechando a porta, o táxi partiu, eu olhei pra trás e ele estava parado na chuva me olhando ir embora tudo que passava pela minha cabeça naquele momento era se eu o veria de novo, pode ser prematuro, mas acho que estou apaixonada.

Miguel Dante
Enviado por Miguel Dante em 02/08/2011
Código do texto: T3134727
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