Uma nova esperança [6]
UMA AGRADÁVEL SURPRESA
-Oh, você está aí. Imaginei que só fosse acordar mais tarde.
-Tenho o costume de levantar cedo.
-Dormiu bem?
-Muito bem, obrigada. E o senhor?
-Demorei para pegar no sono mas dormi bem, obrigado.
-dei uma pequena risada-
-O que foi? -perguntou um pouco surpreso-
-Oh nada, é que disse a mesma coisa quando Socorro me perguntou como eu passara a noite, coincidência.
-Acredita nelas?
-Por que não se senta?
-Estou muito suado, vou estragar seu apetite.
-Claro que não, além do mais, a é sua casa e não minha.
-Não diga isso, -disse enquanto puxava uma cadeira- essa agora é sua casa também. Como estão os ferimentos no pulso? -apenas estendi os braços- Estão cicatrizando bem e rápido, acho que fui precipitado pedindo para que te levassem á capital hoje, quer esperar mais alguns dias até se recuperar?
-Me sinto muito bem, estou acostumada a trabalhar ferida, faço isso desde pequena.
-Aqui não precisará mais trabalhar, fique tranqüila.
-Então o que farei, me entregarei ao ócio? Ora senhor, não nasci para ser madame. Agradeço por tudo que fez me tirando daquele lugar imundo e me dando abrigo mas me sentiria mais feliz se pudesse ajudar aos outros empregados, eles são como eu, apenas criados.
-Não diga isso, aqui todos são tratados como pessoas. Você é diferente. Se comporta como uma princesa, bom, quando está calma -nós dois rimos- é inteligente, tem bom raciocínio. Sabe ler?
-Leio e escrevo. Sou fluente em espanhol, inglês, francês e italiano, também entendo russo. Toco piano e sou perfeitamente capaz de ajudar na limpeza e na cozinha, por favor, não me sinto á vontade sendo tratada como patroa.
-Meu Deus, como aprendeu tanto? Não era apenas a dama de companhia de Faustina Mascarenhas?
-Sim, e ela me obrigava a fazer todas as lições que seus professores lhe passavam, assim aprendi esses idiomas, aquele purgante é mais lento que uma tartaruga para aprender. -ele riu bem alto-
-Imagino que tenha se tornado melhor que ela em tudo. Faremos o seguinte, o que acha de ensinar ás crianças? Temos uma pequena escola na fazenda, acredito que seria ótimo para eles aprenderem outros idiomas e música. Não gosto de criança na lida. O que acha?
-a idéia realmente me encantou, sempre adorei crianças-
-Eu adoraria! Posso comprar alguns livros e dicionários na cidade? Acho que seria melhor que começássemos com um idioma de cada vez.
-É claro, compre o que quiser. Nada de economia, quero você bem vestida também, orientei Socorro para que compre roupas para todas as ocasiões. -pegou um pão de queijo e mordeu-
-Você provou desses? São os melhores que já comi, Socorro tem mãos de fada.
Preciso ir, há muito o que fazer hoje. Espero que faça uma boa viagem. Me desculpe pelo cheiro inconveniente. -ele se levantou, deu um beijo em minha mão e subiu as escadas, não entendi de que cheiro desagradável ele falava, não percebi nada enquanto conversávamos e quando chegou perto de mim até gostei do que senti.
[continua]