Podia Ser(segunda temporada Sonho Forçado)capitulo 8
A VIDA À MIL(VITÓRIO)
No dia seguinte bem cedo,eu fui procurar Anderson Falanges antes que ele fosse pro trabalho.
A empregada me levou até a mesa onde eles tomavam café,no jardim,e lá estava o Guilherme feliz da vida.Parece que finalmente os problemas dele tinham sido resolvidos.Ponto pra algum Tavares,pelo menos.
__Vitório!-ele levantou da mesa e me deu um abraço.
Eu me sentei à mesa com os dois.
__Então,Vitório,como andam as coisas?-indagou Falanges.
__É exatamente sobre “as coisas” que eu vim falar...Falanges,eu estou precisando muito da sua ajuda.
__Em que posso lhe ser útil,Vitório?Garanto que será um prazer ajudá-lo...
__Bom,ahn...eu preciso de um emprego...
Eu tinha sido bem direto.Essa era minha intenção.O Falanges parou de mastigar por alguns segundos e pôs as mãos no queixo,me olhando.
__Um emprego?-ele balançou cabeça,assentindo.-Muito bem...
__Olha,Falanges,pode ser qualquer coisa,ta?Até limpar o chão...
__Imagina,Vitório...eu posso te devolver seu antigo cargo na câmara...
__Sério?
__Mas é claro!Pode começar amanhã mesmo,se quiser...
__Muito obrigado,Falanges...
Nós 3 sorrimos.
Foi quando a Alice veio cruzando o jardim.O cabelo emaranhado,preso num coque no alto da cabeça;a mochila de sempre nas costas e uma aparência completamente horrível.
__Alice...não vai nem...
__Me erra,pai!-disse ela alto o bastante pra ser ouvida por todos.
Típico da Alice.Fazer ceninha à essa hora da manhã.
__Eu vou atrás dela...-disse o Guilherme se levantando.
__Não precisa,filho...acho que você conhece a Alice o bastante pra saber que ela é desse jeito mesmo...
Eu mordi o lábio inferior,impaciente e me pus de pé.
__Bom,eu vou indo,tenho que resolver umas coisas ainda...
Eu me despedi dos dois e saí.Se eu tinha alguma coisa pra resolver?Só uma pequena ponta solta...
Quando eu cheguei no portão, a Alice estava ao celular.
“Ela me chantagiou,ameaçou contar tudo pro meu pai,eu não tive escolha.O que?Como você acha que eu to me sentindo,Vinícius?-ela passou a mão pelos braços.-Eu to me sentindo suja,imunda.Ok,te vejo lá,então...”
Ela desligou o celular e o guardou na mochila.
__O que você fez dessa vez?
Ela se virou pra mim,nervosa.
__Vai ficar no meu pé também,é?
Eu balancei a cabeça em desaprovação e pus as mãos nos bolsos da calça.
__Nem metida em problemas você muda,ne,Alice?O que você fez pra ta se sentindo suja?Da última vez que você se sentiu assim,você tinha ficado com seu irmão...
__Cala a boca!-disse ela se aproximando de mim.-Quer saber de uma coisa,Vitório?Você se acha tão esperto e não percebe o que está a um palmo do seu nariz...
Ela se afastou sorrindo e também balançou a cebça negativamente.
__Eu quero te ajudar,Alice!Mas parece que você prefere morrer à dar o braço a torcer...
Ela não respondeu nada.Mas antes que eu pudesse falar mais alguma coisa,eu fiquei chocado ao ver uma marca no braço dela;uma coisa horrível,um pouco acima do antebraço,como se...
__Alice,você se drogou?
Ela me olhou nessa hora.
O silêncio tomou conta de nós dois.Eu não sabia se tinha vontade de matá-la pelo que tinha feito,ou se tinha vontade de pô-la no colo e fazer as coisas com jeito.
Ela,por outro lado,parecia chocada demais pra revidar e defender a si própria.Ela tinha sim se drogado e isso era visível:a má aparência,o mau humor,a marca no braço.
__Alice...-eu toquei o braço dela.
__Não encosta em mim!-ela disse se afastando.
Eu engoli em seco e me afastei também.
__Eu sabia que você era capaz de muita coisa,mas usar drogas?
__Eu acho melhor você ficar caladinho...você não sabe nem da metade da história,então não se mete.
Foi o tempo em que um táxi parou na porta e uma senhora saiu.Eu tinha uma vaga lembrança de quem era;eu já tinha falado aom ela uma vez.
__Mãe?
Norma Resende,mãe da Alice,claro!Aqueles olhos azuis eram inconfundíveis.
__Acho que nós precisamos ter uma conversa séria,mocinha!
Acho que a casa caiu completamente pra Alice.
__Eu vou indo nessa,então...
Eu aproveitei pra pegar o táxi dela e fui embora.