A rua que nos separava #7

Bruna estava sentada na frente de sua casa, esperando ver o velho carro vermelho de João, apontar em uma das esquinas a qualquer momento. Ela olhava para o celular, olhava para a rua, sua aflição era facilmente notada. Lentamente as horas se foram, o sol já não estava tão ostentado.

Um som de sirene desperta a garota do transe que se encontrava. Um carro de policia estaciona do outro lado da rua. O coração da jovem bateu por mil pessoas naquele instante. Um policial magro com um tom de seriedade no rosto, sai do carro e vai em direção a casa de João, ele hesita frente à porta por alguns segundos e toca a campainha.

A garota observava tudo de longe, Carmem mãe de João, atende a porta, dava pra ver seu rosto pálido ao notar quem era. – Dona Carmem? – Sim sou eu. – Recebemos a noticia de um acidente nas proximidades, foram encontrados esses pertences no local, trata-se de João Henrique...

A garota não conseguia ouvir o que eles conversavam.

– NÃO.

Soou longe um grito de Carmem.

– Meu filho não.

A garota em um pulo estava no outro lado da rua.

- O que foi? O que aconteceu com o João? Bruna esperou o pior.

– Meu filho, meu filho morreu...

E o coração que há poucos minutos bateu forte, parou por um segundo. A menina parecia uma estátua ao receber a noticia. – Com licença. Disse o policial.

E em algumas horas estavam lado a lado corpo do filho e do pai, na sala da casa que um dia foi de João. Bruna estava incrédula.

A garota então se lembrou das palavras que um dia também pertenceram a João. "- E se um dia nós nos distanciarmos? - Vou olhar bem dentro de mim, dentro do meu coração, por que você nunca vai sair daqui."

Foi ai que Bruna descobriu que, sempre levamos quem amamos no peito. E que não há distancia para o amor.

A garota soltou um leve suspiro, e disse. – Agora você vive no meu coração, e não mais do outro lado da rua que nos separava.

Fim

Edson Veloso
Enviado por Edson Veloso em 26/07/2011
Reeditado em 28/03/2012
Código do texto: T3118719
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