Uma nova esperança [4]
APENAS UM SUSTO?
-O que procura? -disse em um tom ríspido-
-Nada senhor, me perdoe. Eu vim até a cozinha e me perdi pelo caminho, lamento tê-lo incomodado. -e saí rapidamente. Meu coração pulava no peito, com certeza pelo susto, mal tive tempo de me recuperar, ouvi batidas á porta e imaginei que fosse Socorro ao se dar conta da movimentação mas era ele, fiquei com as pernas trêmulas, pensei que ele fosse tentar abusar de mim como Rafael Gonzales, marido de Faustina Mascarenhas ou como o pai dela Geraldo e até como meu próprio pai mas não. Parecia que as palavras lhe faltavam e depois de um longo segundo de incerteza respirou fundo e deu meia volta.-
-Espere. Eu... Me desculpe. Sinto muito por ter te magoado, eu... -mas ele não me deixou concluir-
-Eu lido com gado, com cavalos selvagens, com todo o tipo de animais ferozes e esqueci como é conviver com pessoas. Eu fui muito grosso e te devo desculpas. - e saiu silenciosamente-
As palavras de Socorro ecoavam em minha mente “não use um homem bom que tudo que faz é tentar te ajudar para descontar a raiva que tem do mundo”, a atitude dele foi tão inesperada que me deixou sem saber o que pensar, toda a idéia que construí parecia desmoronar e os gestos gentis foram a gota d’água eu agora tinha que admitir que ele talvez não fosse assim tão ruim. Será que toda minha dor e os maus tratos que recebi me faziam ter medo e desprezo por todos? Eu sou uma pessoa tão ruim assim?
Deitei na cama e o sono logo me venceu.
[...continua]