A Busca das Tri Chaves - Capítulo 8

CAPÍTULO 8

UMA NOTÍCIA DESAGRADÁVEL

Lucas, John, Darthwan e seus amigos resolveram passar alguns dias em Magnólie. Durante este período de, aproximadamente duas semanas, aproveitaram para treinar e aprender alguns golpes com o desajeitado John – este fato apenas confirmado com a convivência – e, também, com Darthwan. Aprenderam a escolher frutos bons e ruins e, também, a preparar os alimentos.

Arranjaram a casa nos primeiros dias, recolheram palhas e fizeram colchões e travesseiros para melhorar o conforto, pois, depois de alguns dias dormindo no chão, eles já reclamavam de dor nas costas e nas juntas.

Stephan e Stuart aproveitaram para explorar a casa num dia chuvoso, e encontraram alguns livros para lerem quando não tivessem nada a fazer.

Era um dia ensolarado. Não havia nuvens no céu, sinal de que não iria chover. Lucas e Peter lutavam entre si, enquanto os outros estavam sentados á sombra de uma palmeira, a alguns metros dos garotos. Uma fina brisa passava e trazia consigo, um aroma de lírios e rosas. Aquele cheiro não agradava Lucas, então, ele interrompeu a luta.

- Só um momento. Preciso de água.

- Tudo bem, vamos pausar por cinco minutos.

Lucas começou a andar em direção a casa. Entrou na sala. Ela já não estava mais desarrumada com aranhas habitando ali. Ao contrário, estava totalmente limpa e organizada. A cadeira de balanço estava lustrada e, como antes, virada para a janela, como se alguém estivesse ali, sentado, observando o campo. E, de fato, havia alguém ali. Um ser com uma manta negra e de capuz balançava-se na cadeira. Lucas hesitou. Estava recuando lentamente para avisar aos amigos.

- Não temas. Apenas vim para noticiá-los. – Sua voz era fria e tinha um tom maldoso. – De algo muito lamentável. – suspirou. – Quero todos reunidos aqui. – Levantando-se, então, e seguindo em direção à Lucas. Ele, por impulso, foi recuando para a porta à medida que o ser se aproximava mais.

- Quem é o senhor?

- O mensageiro real.

- Com… esta… roupa? – Lucas percebeu que o homem era esquelético e, seu manto estava desbotado, e, em alguns pontos esburacado e desfiado.

- É claro, mas… preciso dar uns retoques. – Disse tocando a manta e balançando-a, de modo a mostrar suas canelas finas e cabeludas. - Tenho que avisar à Madame Friench para arrumá-la, mas, isto não vem ao caso. Tenho coisas mais importantes a fazer no momento.

O homem encarou Lucas nos olhos. Lucas pôde perceber que, embaixo do capuz havia um homem, de aparência um pouco mais velha do que a do seu pai e com uma barba mal feita. O homem virou-se um pouco e, um feixe da luz do sol atingiu-lhe o rosto, dando para Lucas perceber que seus olhos eram uma variação de azul e cinza chumbo.

- VÁ! – gritou. – Não tenho tempo a perder.

Lucas saiu disparado da casa. Correu até onde seus amigos estavam. Todos estavam rindo de alguma piada que John acabara de contar. Lucas derrapou e, sem fôlego, sussurrou alguma coisa sobre “o cara do capuz”.

- Ahn? Explique melhor. – recomendou Katharine.

Lucas parou. Recuperou o fôlego e explicou-lhes:

- Um homem, lá dentro, encapuzado está chamando todos, diz que quer dar um recado para nós.

- Um homem? Lá dentro? – perguntou Peter.

- Sim, e ainda diz que nos quer dar um recado.

- Como você deixa um homem, sozinho lá dentro? Sabe-se lá o que ele pretende fazer. – rosnou John.

- Ele não fará mal algum, eu sinto – explicou Stephan.

- Você sente? Como? – tomou a frente Stuart.

- Não sei! Algo dentro de mim me diz que o que ele quer nos falar é sério e importante.

Todos silenciaram.

- Vamos, antes que ele nos rogue uma praga. Não é aconselhável ignorar pessoas mágicas. – disse por fim, Darthwan.

- Realmente. Precisamos ir logo. – comunicou Lucas.

Todos assentiram e partiram para dentro da casa.

Quando chegaram, viram o homem parado, desta vez, sem o capuz. Lucas agora percebeu algumas cicatrizes em seu rosto.

- Quem é você e o que deseja aqui? – perguntou John.

- Prazer, John. Sou o mensageiro real. – respondeu.

- Com… esta… roupa? – disparou Katharine. Após o comentário, os outros explodiram em gargalhadas, exceto Lucas e Stephan.

- Já chega. Ou vocês escutam, ou vão ficar sem escutar. – gritou o mensageiro.

- Bem, desculpe-nos. – respondeu John, ainda soluçando.

- Por onde começo? Bom, vou começar pelo começo. – atrapalhou-se. – O rei Alceu foi morto há algumas semanas por Darcoid.

Os garotos empalideceram.

- O-o-que? – perguntou Katharine. – A-aquele s-senhor-r-r s-s-impá-pá-tico morreu? – Lágrimas já lhe molhavam o rosto.

- Mas… Como? Por quê? – perguntou Lucas.

- Bem… Não sabemos ao certo o que ocorreu. Apenas sabemos que nossa realeza foi morta por um golpe baixo de Darcoid e que, bem… - o mensageiro ficou sem palavras.

O campo pareceu aquietar-se de tal forma como se estivesse em sintonia com as palavras do mensageiro. O único ruído que poderia ser escutado naquele momento, era o vento, assoviando do lado de fora da casa.

- Mas… - começou Lucas.

- Bem, já lhes disse o que teria de dizer. Agora só me resta partir para comunicar ao resto da população.

Dizendo isso, o mensageiro foi envolvido por uma névoa branca, quase transparente. Seus pés subiram a alguns centímetros do chão e, então, começou a rodopiar devagar. A velocidade aumentou e apenas o que se via era um vulto negro. O homem então começou a diminuir junto com a névoa, cada vez mais, até não dar mais para enxergar. E então, um ruído agudo soou e todos compreenderam: o homem se fora.

O resto do dia foi muito quieto e triste. Os garotos perderam o apetite e não queriam mais saber de comer. John e Darthwan compreenderam a dor e não insistiram. Neste dia, foram deitar-se mais cedo do que o previsto, sem muita conversa e nem alegria.

- Tudo parece estar mais frio não? – comentou Peter antes de dormir em seu colchão de palha no quarto dos garotos.

- É – respondeu Lucas desanimado.

Stuart não respondera. Já havia dormido.

- Bem. Devemos continuar a nossa busca não é?

- Sim.

- Que dia partiremos?

- Não faço a mínima idéia.

- Então… Boa noite.

- Boa noite.

Peter apagou a luz e virou-se para o lado, enquanto Lucas encarava o teto, absorto em pensamentos. Então, após muito esforço, conseguiu adormecer.

D Silva
Enviado por D Silva em 14/07/2011
Reeditado em 12/08/2011
Código do texto: T3095149
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.