Clara - Simplesmente Rare - XV

CAPITULO XV

Simplesmente Rare

Não é preciso nem descrever a situação de Anderson ao ecoar aquela voz, não dava pra saber de onde vinha, a voz simplesmente surgiu, se fez acontecer, ao dizer uma palavra tão pequena dava pra se perder naquele tempo de menos de meio segundo. Tudo ali havia parado, não ventava, as águas do lago estavam quietas e não se ouvia som algum ali no lago e nem na pequena floresta ao redor.

Depois de pouco tempo a voz tornou a surgir.

- Clara, porque está fugindo? Venha até aqui.

A moça revigorou as forças e começou a descer a colina novamente, chegando às margens do lado, olhou para Anderson sem nada palavra alguma, nos olhos dos dois havia um ponto de interrogação. Ficaram ali parados olhando para lugar algum, porque não havia nada ali no momento que pudesse chamar a atenção. Sem demorar como da ultima vez, a voz que nem se compara com soundround surge novamente.

- Clara, tenho certeza que já sabe quem sou. Quando a você Anderson deve estar mais surpreso que Clara. Eu os atraí até aqui, porque o tempo chegou, um dia a mais e um dia a menos já seria uma grande diferença.

- Clara você já conhece? O que é isso? O que tá acontecendo aqui? – cochichou Anderson apavorado. A moça não respondeu nada, nem com gesto algum.

- Naturalmente... – disse a voz. Uma brisa doce e com um perfume inigualável sopra sobre o rosto dos dois e ao redor tudo volta ao normal, mandando embora o desespero que havia no coração dos dois.

- Eu sou a essência das águas que vocês conhecem. Chamem-me de Rare, porque foi através dele que vocês me conheceram.

- Mas porque você nos trouxe aqui? – perguntou Anderson.

- Vocês sempre vieram aqui por que quiseram. Hoje vocês não viriam se eu não os tivesse chamado... Por favor, sentem-se no chão.

Sentaram-se no chão olhando para o lago, a voz passou a vir do lago facilitando assim a compreensão.

- A história de vocês dois foi criada por mim desde quando a adolescência aflorou. Anderson, sempre admirei sua paciência, se foi paciente é porque acreditava, sofreu, suportou e esperou muito porque conseguia aguentar tudo com tranquilidade, mas em certo ponto você se deixou levar pelo desespero se distanciando aquilo que eu tinha reservado pra ti. Deixou as suas melhores qualidades pra ficar afundado em tristeza e medo de perder Clara. Foi fraco ao se envolver com Vanessa, sendo que seu coração já estava ocupado, do que adiantou? Para tudo há um motivo.

- Desculpe, mas como você pode saber de tudo isso? – Perguntou Anderson assustado.

- Eu sou Àgua! Sacio, lavo, sustento, dou vida! A começar pelo seu próprio corpo que é quase todo feito de água e precisa dela todo dia para poder viver.

- Então nos acompanha desde que nascemos... – Pensou Clara em voz alta.

- Exatamente, e muito antes do que você possa imaginar. Clara você caminhou por lugares que não era para ter caminhado e por conta disso pagou um preço, mas você e o Anderson entenderam que o Rare não é simplesmente um lago. Por intermédio de vocês quis que Ulisses conhecesse o lago, mas pela intriga de vocês dois isso não foi possível. Você prometeu a Geovane que o traria aqui Clara, mas se deixou se levar por sentimentos fúteis...

- Mas eu não tive culpa, essas coisas acontecem... – disse Clara tentando se explicar.

- Lá no fundo você sabe que fez a escolha errada. Anderson você conheceu Carlinha e Jackson aqui no lago, mas isso não quer dizer que eles sejam boas amizades, com o passar do tempo vocês pararam de me visitar devido aos convites de Carlinha. Quando o lago foi contaminado fiquei triste, mas ao mesmo tempo fiquei feliz porque vi que contava com pessoas realmente interessadas em manter a pureza do lago.

Preciso falar com André também, ele tem outro conceito de mim, por favor, quero lhe dê o recado.

Vocês não quiseram compartilhar o que vocês tem de melhor. Eu sei, a principio ninguém daria valor a simplesmente um lago, mas é necessário banhar em suas águas para poder saber e sentir o mistério que há nele. Há muito tempo atrás eu tentei surgir em forma de rio, mas algumas pessoas acabaram entulhando e o rio acabou secando.

- Rio Fleurdes, certo? – disse Clara.

- Sim.

- Bom então, quem conseguiria secar a própria essência do Rare?

- Ninguém. Podem atrapalhar o percurso de um rio, mas nunca vão conseguir deter os grandes lençóis d’água que corre no subsolo de todo o mundo.

- E no deserto, já ouvi dizer que não há lençóis d’água, então ali não tem água. Então você não sabe o que se passa por lá? – perguntou Anderson.

- Eu sei aonde precisa de água, se lá não tem água, eu faço chover por toda a terra seca, gerando vida. Mas no deserto há pouquíssimas pessoas, essas que escolheram o deserto é porque realmente não gostam de água e saciam sua sede com outro tipo de líquido, esquecem a pureza da água, que é origem de qualquer líquido que possa existir.

- Tivemos sorte Anderson de conhecer esse lado do lago – disse a garota sorrindo.

- Eu precisava explicar tudo isso para que vocês viessem entender o que eu tenho para dizer agora. Eu os o trouxe aqui porque finalmente chegou o dia, não poderia ser hoje de manhã porque vocês ainda estavam aprendendo, e agora é a hora. Foi eu quem uniu vocês dois, Clara – soprou-lhe uma brisa em seu rosto - Anderson é a resposta para todos os todas as tuas dúvidas, idealizou a imagem dele em Geovane para diminuir a frustração e fugia de Anderson, medo de se entregar para verdade. O beijo que parece que não existiu, existiu, e foi de Anderson quando tu ainda estavas em coma, o amor de vocês ultrapassou até os limites de uma consciência morta, dando vida! Anderson, Clara sempre te amou, em momento nenhum ela parou de te desejar.

- Anderson, eu não sabia – Clara eu não sabia... – Disse os dois ao mesmo tempo.

A presença da essência do lago aumentou em larga escala a intensidade do romance, era impossível não acontecer o beijo mais esperado de todos esses anos. Anderson estava de bermuda preta, chinelo de dedos, uma camiseta de tecido sintético de cor branca e azul, o caimento da camiseta evidenciavam as curvas do seu corpo. Um perfume erva-doce exalava do corpo que havia tomado banho menos de uma hora, aproximou-se de Clara que permanecia com os olhos bem abertos olhando diretamente nos olhos de Anderson, de inicio os olhos eram opacos e sem luz, quando percebeu que Anderson se aproximava lentamente os olhos foram brilhando, e brilhavam cada vez mais conforme ele ia se aproximando. Clara sempre gostava de ir para o lago com roupas mais convenientes. Estava usando uma bermuda justa, tênis, e uma blusa de gola Apolo cor-de-rosa, ela foi dessa forma porque não quis tomar banho no lago, apenas observá-lo. O cabelo penteado e amarrado para trás bem firme alcançava quase toda sua costa, o rosto de Clara não havia uma única mancha, seus olhos eram finos e as sobrancelhas e cilhos fartos, as bochechas eram fofas e os lábios eram fartos também. Anderson ficou preso no brilho do olhar de Clara, só parou de caminhar quando o seu corpo bateu contra o seu, ele sentiu a pele branca e fria da garota e sentiu dentro de si o desejo de quecer, quando Clara sentiu a pele quente de Anderson sentiu vontade de se perder naquele calor. Ela pensou rapidamente consigo, “sempre foi ele, o dono daquele beijo que eu não sabia e do meu coração”, Anderson pensou consigo, “ Finalmente,” A presença constante e intensa ali ao redor dos dois não intimidou em nada, pelo o contrário deu a força mostrando que estava na hora certa de acontecer. Anderson estava tranquilo na presença de Clara, estava quase saindo de si só de pensar que a mulher que ele sempre sonhou estava agora em seus braços, Clara fechou os olhos e se entregou completamente dando livre entrada par a o beijo. Anderson esqueceu de tudo, e agiu com amor, sentiu primeiramente o respirar ofegante e quente, e inspiração de Clara com a boca disse que já não aguentava mais e Anderson se entregou de vez beijando Clara com todo o amor que sentia por ela, a moça sem receio algum se entregou aos beijos de saudade de Anderson, aumentando ainda mais a fragilidade dela e despertando mais o vigor dele, sustentou ela pela as costas e segurou-lhe com a outra mão parte do pescoço e queixo ajustando e diversificando o beijo, logo após quase um minuto de beijo eles se afastaram e olharam um para o outro e sorriram entre si, e não paravam mais de sorrir.

- Se tivesse acontecido ontem, ou se fosse pra acontecer amanhã não seria a mesma coisa – disse Clara.

- É verdade, o nosso dia é hoje! – confirmou Anderson.

- Se fossem outros diriam que perderam tempo em não ter se conhecido antes, mas vocês entenderam o real significado do tempo – disse Rare.

- Em virtude desse evento tenho um presente para vocês dois.

Anderson e Clara já abraçados sem receio algum, apenas o amor imperava agora em seus corpos refletindo em suas ações e em cada sorriso.

- Depois de um presente desses Rare, ainda tem mais? – perguntou Clara.

- Sim tem, entrem no lago.

E os jovens foram ao lago, orientado pelo Rare foram até o centro do lago nadando, chegando lá:

- Agora mergulhem e vão mais fundo que vocês puderem.

Sem nem pensar na hipótese de questionar de imediato mergulharam, e viram a imensidão do lago por baixo.

- Hoje eu revelo o interior do lago para vocês por de uma forma jamais vista.

Anderson e Clara desciam cada vez mais mergulhando até que de repente Clara se desespera e tenta voltar para a superfície, porque já está sem oxigênio, uns dois segundos após Anderson sente a mesma coisa.

- Acalmem-se, vocês estão em minha casa, dou agora para vocês o direito de mergulhar sem medo em todas as águas, sem se preocupar com frio, oxigênio e escuridão. As muitas águas não poderão afogá-los, se ainda isso acontecer vocês o atravessará sem medo.

O lago era muito mais fundo do que se podia imaginar, olhar para o fundo do lago era o mesmo que olhar para o céu, era imenso, vasto, infinito e com uma beleza inigualável. Anderson e Clara agora de posso da habilidade de respirar sob a água mergulhavam e mergulhavam cada vez mais fundo, quando não se podia mais avistar as margens do lago Anderson olhou para Clara aproximou-se a beijou intensamente, a água em sua volta fez tornar o momento do beijo submerso sobrenatural, acima de qualquer concepção humana, provando de algo único, jamais visto ou sentido por ser humano algum, a essência do lago reservou sem dúvida, o melhor para eles.

-

Os raios de sol começam a incomodar fazendo o despertar do sono profundo que estava, as pupilas já estavam dilatadas e não conseguia enxergar direito, começou a abrir os olhos, mas não conseguia ver nada, os raios ofuscavam. Sentiu nas costas algo duro nada confortável, o corpo estava completamente paralisado, como se tivesse levado um choque. Sentiu uma respiração a sua esquerda e se esforçou para virar a cabeça e não conseguia, depois de muito esforço conseguiu, percebeu que era Clara, sua mente ficou confusa e sua cabeça começou a doer.

- Anderson, você está ai? – disse Clara.

- To – respondeu com a voz falha.

Anderson conseguiu se levantar e estendeu a mão para levantar a moça que ainda estava tonta.

- Que horas são Anderson? Meu pai vai me matar.

- São cinco horas.

Clara olhou para Anderson fixamente...

- Aquilo tudo não foi um sunho, foi? – perguntou Anderson

- Impossível ser! Suas roupas estão molhadas seu bobo! – disse Clara sorrindo e dando um empurrãozinho nele.

E começaram a rir novamente como se fossem crianças. Era a primeira vez que eles andavam abraçados, Anderson estava numa felicidade só, descrever suas reações e atitudes nesse livro será um tanto chato. Mas, o mais importante é que finalmente estava com a pessoa que amava.

Laercio Miranda
Enviado por Laercio Miranda em 09/07/2011
Código do texto: T3084103
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