Minha característica barroca

Que saudade da pureza da mente da qual eu insistia em me manter,que saudade de quando me alegrava com os filmes da Barbie que incansavelmente eu assistia. Que saudade do abraço de minha mãe quando eu ia dormir aos meus 6 anos de idade. Há aproximadamente dez anos atrás eu não me lembro de meus pecados; há aproximadamente 9 anos atrás tudo que eu me lembro foi do medo que eu tinha em andar de bicicleta; há 8 anos atrás eu dava beijo na minha amável professora na entrada e saída do colégio; há 7 anos atrás eu me lembro do aniversário com o qual eu me vesti de Jade; há 6 anos atrás eu me lembro de brincar com meus primos cometendo todos os erros e sem me preocupar com nenhum deles, pois não tinha consciência da gravidade das coisas; há 5 anos atrás eu me lembro de ter dançado quadrilha em uma antiga escola que estudei; há 4 anos atrás eu me lembro de ficar apavorada e preocupada com minha aparência por ter nascido em mim peitos; há 3 anos atrás eu me lembro de ter chorado com uma das brigas dos meus pais em uma certa viagem que fazíamos; há 2 anos atrás eu lembro de ter cortado pela primeira vez a minha pele por causa de minha inocente tristeza; há um ano atrás eu lembro de ter ido várias vezes á igreja orar a Deus para que me confortasse; há alguns meses atrás, eu me lembro de ter proferido com minha própria boca que Deus não existe; há alguns dias atrás eu me lembro de ter aceitado, conscientemente os meus pecados e meus erros, de ter admitido que sou errônea, de ter dito que casamentos são uma farsa, que o amor não é tão belo, de ter escrito poemas e contos tristes, de ter desafiado a Deus e ter tido um nada belo pesadelo, de ter mais uma vez cortado a minha pele por mais uma tristeza, dessa vez consciente de que o erro foi meu.

Hoje, escrevo com as características barrocas, porque já tenho consciência dos meus erros, da minha natureza, dos meus pecados. Hoje me sinto indigna de pedir perdão á Deus, pois sei que amanhã voltarei a cometê-los. Hoje, como Gregório de Matos, peço perdão pela minha natureza, e deixo nas mãos de Deus, se ele tiver o desejo, de me salvar ou não. Mais um desafio á Deus? Claro que não. É só um pedido, mais um pedido, de uma garota prometida, á algo que eu desconheço. Mas talvez agora, esse seja o único pedido que realmente importa, que faço. Peço que me purifique, ou ao menos perdoe esses meus desejos, essas minhas escolhas que hoje faço, e me aceite, assim como sou. Porque reconheço que sou indigna de qualquer bom reconhecimento teu, sei que erro, que peco, mas a única oração que faço a ti, é esta, pela sua aceitação de alguma forma.

ocultoculto
Enviado por ocultoculto em 05/07/2011
Reeditado em 05/07/2011
Código do texto: T3077000
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