MENINA FADADA
Seu nome é Joana nasceu sem ninguém
pois tem mãe tirana e quer ser alguém.
Em casa fechada ‘spreitando à janela
tem vida tramada com alma singela.
Faz vida de casa tem calos nas mãos
com pai tábua rasa e mais dois irmãos.
À mãe faz inveja e dá-lhe lição
sorrisos deseja e um pouco de pão.
A escola bendita é acolhedora
menina acredita que não vai embora.
Ai dia maldito porqu’é que lá vens?
Recado interdito por quatro vinténs.
Menina chegou, menina sumiu,
o mundo falou mas ninguém a viu.
A mãe perdedora vem à televisão
chorar que agora não tem filha, não.
Não sabe de nada e tem medo, tem,
‘stará abandonada nas mãos de ninguém...
Responde-lhe o vento com falsas notícias
quem sabe por dentro não houve sevícias?
Até os animais qu’ amavam Joana
faziam sinais de haver uma trama.
A mãe gaguejou perante o juiz
e o povo pensou: não sabe o que diz.
Menina fadada, que muito sonhou,
que sorte tramada ninguém t’ encontrou.
E agora a justiça em mãos já tem quente
o embuste e a liça e um crime pungente.
Seu nome é Joana morreu sem ninguém
por ter mãe tirana que não lhe quis bem !
Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA