MENINA FADADA

Seu nome é Joana nasceu sem ninguém

pois tem mãe tirana e quer ser alguém.

Em casa fechada ‘spreitando à janela

tem vida tramada com alma singela.

Faz vida de casa tem calos nas mãos

com pai tábua rasa e mais dois irmãos.

À mãe faz inveja e dá-lhe lição

sorrisos deseja e um pouco de pão.

A escola bendita é acolhedora

menina acredita que não vai embora.

Ai dia maldito porqu’é que lá vens?

Recado interdito por quatro vinténs.

Menina chegou, menina sumiu,

o mundo falou mas ninguém a viu.

A mãe perdedora vem à televisão

chorar que agora não tem filha, não.

Não sabe de nada e tem medo, tem,

‘stará abandonada nas mãos de ninguém...

Responde-lhe o vento com falsas notícias

quem sabe por dentro não houve sevícias?

Até os animais qu’ amavam Joana

faziam sinais de haver uma trama.

A mãe gaguejou perante o juiz

e o povo pensou: não sabe o que diz.

Menina fadada, que muito sonhou,

que sorte tramada ninguém t’ encontrou.

E agora a justiça em mãos já tem quente

o embuste e a liça e um crime pungente.

Seu nome é Joana morreu sem ninguém

por ter mãe tirana que não lhe quis bem !

Frassino Machado

In OS FILHOS DA ESPERANÇA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 01/12/2006
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