A rua que nos separava #6
E ali em plena inércia a garota ficou parada vendo desaparecer ao entrar pela porta, o seu mundo que era João. Estava meio aflita pela forma que a mãe do garoto havia o chamado. Imaginou o que poderia ter acontecido. Passou um pequeno intervalo de tempo e se ouviu o ecoar de um grito. Dessa vez de João. – NÃO. Talvez duas vezes mais desesperado e prolongado que o anterior dado pela sua mãe.
Quando ouviu o grito, Bruna não soube como reagir, mas a primeira coisa que veio à sua cabeça foi correr até a porta, titubeou ao entrar, mas novamente se aliou à coragem, tomou uma dose de impulso, respirou e entrou. João estava em prantos e sua mãe que acabará de colocar o telefone sobre a mesa o consolava sem efeito. Aquela cena partiu em pedaços seu peito. Ao notar a presença de Bruna, João abraçou o pescoço da garota em lágrimas, que parecia pasma com tudo o que via.
- Meu pai, meu pai... – O que tem o seu pai? A garota havia notado naquele momento que nunca haviam falado de suas famílias, também percebeu nunca ter visto o pai de João, somente a mãe que raramente parava em casa. - Ele... Ele morreu...
O silêncio só foi calado pelos soluços do garoto. Os pais de João eram separados e por isso seu pai morava em um bairro diferente, não muito distante. - Eu tenho que ir vê-lo, eu tenho que ir... O garoto foi tomado por insanidade, era nítido que mal sabia o que fazia. Deixou ser levado pelas suas emoções que por sinal não eram muito agradáveis. Correu até a garagem pra pegar o carro da família. Dava pra se ouvir os gritos abafados de sua mãe juntamente com os de Bruna, pedindo para que ele se acalmasse e que não fosse naquele estado.
Mal sabia para onde estava indo, o garoto parecia estar sendo guiado pelo seu instinto. Não conseguia se focar em nada, além da imagem de seu pai que uma hora e outra latejava em sua cabeça. Tentava se desprender da realidade, mais do que já estava.
Enquanto isso em sua casa, sua mãe e Bruna se desesperavam, não sabiam onde estava João. Tentaram o celular, mas a música que outrora o garoto havia ligado não o deixou ouvir tocar. E nem notar o sinal que acabará de se fechar, João parecia estar em transe e não notou o trem que vinha em alta velocidade. Que bateu no carro, seguido de uma pequena explosão. E o arrastou por alguns metros até o automóvel sair pela lateral.