A rua que nos separava #3

Coragem! Palavra tão simples de se dizer, mas tão difícil de expressar. Era o que definitivamente faltava para o desfecho da história. Muitas declarações surgiam, mas eram engolidas antes que pudessem ser ouvidas.

Já se aproximava a hora da jovem trazer os sacos de lixo para fora de casa, e o coração do garoto já manifestava uma ensurdecedora alegria. E naquele momento não só se abriu a porta do outro lado da rua, mas também um sorriso enorme do lado de cá.

Mil olhares e mil eu te amo foram ditos no ar. – Como queria ter você só pra mim! Eu iria te esconder no meu bolso e ninguém nunca mais te encontraria. O garoto falava como em um suave sopro, enquanto encarava os belos traços da menina.

A garota sempre metida em si e em seus devaneios, de cabeça baixa observava a grama do caminho. -Meu coração uma vez me disse coisas lindas a seu respeito, foi ai que eu me vi te amando, hoje ele diz maravilhas e já não faço mais idéia de como me vejo. Suas palavras saiam, mas só ela as ouvia.

A jornada que sempre fazia ser a mais longa possível havia chegado ao fim. Tarefa cumprida, sacos nas cestas. E era isso? Só isso mais uma vez? Ela estava de costas para a rua, em pé, parada, como se pensasse em algo ou esperasse alguma coisa.

-Talvez um oi? Não! Seria muito direta. O que ele pensaria de mim? A jovem se indagava em sussurros, não tão baixos como os de outrora. Foi ai que percebeu que parecia uma estátua, estando ali em plena inércia.

Arrazoou que era tarde demais para entrar em casa e fingir que nada estava acontecendo. E com um impulso há muito tempo desejado se virou pra gritar ao mundo o que sentia.

- Um eu te amo cairia bem. O coração da garota parou por um segundo, era a voz mais agradável que ela já tinha ouvido. O garoto do outro lado da rua estava na sua frente. Me diz se já houve tanto para se viver?

- João, prazer. Tropeçando nas palavras. – Bruna...

Como é lindo um sorriso de quem estar amando...