A rua que nos separava #2
- Quanto tempo você me esperaria? Em devaneios, uma jovem se perguntava. E suas indagações faziam o tempo correr
Naquela mesma cidade, no mesmo minúsculo bairro, a garota sentada à janela, observava a rua, tinha medo de acreditar, que era possível alguém sentir o mesmo que inflamava no seu peito, por isso só observava. Ninguém da casa entendia por que em todas as tardes, a garota fazia isso, em plena inércia observava toda aquela gente passar. Mas o seu interesse ia mais além. Era um garoto, que sempre se sentava à porta de sua casa, do outro lado da rua, que por coincidência fazia o mesmo, observava.
Havia notado que todas as vezes que ela jogava o lixo fora, logo depois o garoto voltava para dentro de casa. Resolveu tardar essa tarefa, só para contemplar por mais um segundo que seja, a bela face de ansiedade, que o menino sempre fazia quando se sentava na calçada.
E quando via que o jovem estava a ponto de desistir, buscava os sacos e os levava para as cestas de lixo na beira da rua.
E lá estava ele, com uma cara de imensa felicidade mal disfarçada. Ela fazia aquele caminho ser eterno, pois, sabia que era o único momento que podia estar mais perto de quem diariamente o nome sussurrava em seu coração.
Como podiam ser tão perfeitos? Ela mirava sorrisos involuntários para o garoto, que mal sabia retribuí-los de tão inesperados, mesmo não sendo os primeiros, mesmo dizendo que queriam se juntar aos sorrisos dele.
- Desculpa se meus olhos não sabem dizer “eu te amo”. A menina dizia isso pra si mesma se matando por dentro por não ter coragem de dizer o que sentia.
Ela sabia que ele não estaria mais lá, mas mesmo assim quando entrava em casa a primeira coisa que fazia era correr até a janela e que em muitas vezes conseguia ver um vulto entrar na porta da casa do garoto. A jovem se mantinha feliz por que amanhã haveria mais lixo a ser posto pra fora e que alguém sempre estaria do outro lado da rua que os separavam.