Caído
Caído no chão igual aos anjos antes do inicio, sinto o calor dos fogos me consumirem. O calor desesperador, o vento trás lembranças de lágrimas secas.
Já me acostumei aos gritos, se tornaram uma música sobre caos, e as pessoas correndo uma dança frenética misericordiosa.
O chão está aberto diante de mim, ouço risadas dos demônios em grandes embarcações infernais.
Não tenho força, não tenho chance.
O medo queimou minhas esperanças. Sou uma criança que não acredita mais em heróis, minhas crenças se afogaram em mares de lágrimas e destruição.
Ficarei de joelhos esperando a sorte me acertar, sou o último da minha família e meus vizinhos foram soterrados por fantasmas com fome de vingança.
Toda aquela história que minha avó contava faz sentido agora. Ela sentava em sua cadeira de frente para o jardim – antes cheio de vida – com seu livro de capa preta e folhas quase douradas que pareciam seda e me contava histórias sobre o que esta acontecendo agora.
-Vida me deixe ir, não quero participar de tudo isso!
Se eu pudesse pegaria um instrumento usado por esses demônios e tiraria minha alma através do meu cérebro.
O que restou da minha irmã de quatro anos está em meus braços; Seco e já não é mais vermelho.
Enfim, uma legião se aproxima, ouço um barulho atuador e o chão tremer sob meus frágeis joelhos.
Estou cercado. Dos dois lados, demônios e criaturas de cores diferentes. Minha última lembrança. Uma luz, um barulho, uma explosão.