Clara - Um Encontro Trágico - XI

CAPITULO XI

UM ENCONTRO TRÁGICO

- O que é Anderson? Fala logo! – disse Clara meio agitada.

- Eu vou falar com o Pedro... Ele é um dos administradores gerais lá na Metalvorada, vou explicar a situação e ele vai me guiar a fazer o melhor com certeza.

- Não aguento essa demora, a cada minuto que passa o Rare ta sendo mais contaminado – continuou Clara – Se pudéssemos fazer algo hoje...

- É o jeito Clara, temos que esperar, não temos outra escolha – explicou Vanessa.

- Eu sei.

Não tinha outro jeito a não ser esperar.

De lá todos tomaram sorvetes, conversaram e discutiram mais um pouco, de repente André se levanta e vai ao banheiro, logo em seguida Clara levanta também.

- Ei André me espere – cochichou Clara.

- O que foi?

- Agora me explica porque você não quis que eu não chamasse a Carlinha e o Jackson?

- Clara, eu não gosto deles, eles são muito suspeitos, a Vanessa acha a mesma coisa também e decidimos nos afastar ao máximo deles.

- Ah, eu aprendi a gostar da Carlinha, ela me ajudou muito com o Anderson, apesar de não estarmos ainda bem.

- Falando em Anderson, qual é o problema Clara? vocês nunca dão certo?

- Ah André, não sei te explicar, o que te posso falar é que não chegou o tempo ainda, não me entendo, tem horas que morro de saudades dele, dá vontade de puxar ele e beijar, mas têm horas que o acho um babaca sem atitudes e nem tenho vontade de ficar perto dele.

- Cuidado Clara, você pode tá prejudicando a ele e a você mesma, acho bom você pensar logo e tomar uma decisão porque já faz tempo que vocês dois estão enrolando. Ah, e sobre a Carlinha e o Jackson me escuta, evita eles, por mim.

- Tá certo. Vou ver o que faço – disse a garota não dando muito crédito.

- E aí, o que de importante vocês tinham para conversarem aqui escondidos? – perguntou Vanessa ironicamente que havia acabado de chegar junto a eles.

- Tava falando para ela que deve tomar cuidado com Carlinha e seu namorado.

- Ah, tá, sei – consentiu Vanessa.

- Me esperem na mesa, eu tenho que ir mesmo ao banheiro e é agora.

Vanessa se dirigiu para o banheiro feminino ao mesmo tempo em que Clara também foi, quase colidiram, mas Vanessa pareceu não suportar a ideia de estar com a outra moça no mesmo banheiro, acabou voltando para a mesa e a conversar com Anderson, mas quando ela sentou viu que Anderson estava ao celular, o rapaz se levantou e deixou Vanessa sozinha, ela cruzou os braços, franziu a testa, olhou em direção ao banheiro e resmungou:

- Porque o André faz isso comigo?

Anderson que se levantou para atender melhor o celular continuou a conversa com Carlinha:

- É uma pasta de couro grande e pesada, está trancada e tem cheiro de mofo.

- Não me lembro dela.

- O Jackson pegou naquela vez que você foi pegar o restante de suas coisas lá em sua antiga casa.

- Eu chego ai em trinta minutos pra pegar isso.

Ele encerra a ligação e volta para a mesa, ao mesmo tempo chegam os outros.

- Bom pessoal, eu tenho que ir, vou à casa da Carlinha pegar umas coisas e de lá vou para casa, amanhã mesmo vejo o que posso fazer para ajudar o lago, até mais pessoal.

- Anderson... – falou Clara de repente.

- Oi Clara – respondeu com um sorriso bobo.

- Nada... Quer dizer... Nós vamos salvar o Rare – disse sorrindo.

- Pelo visto sou eu que vou ter que te levar em casa né Clara... – disse André ironicamente.

- E prefiro ir mesmo com você – respondeu a moça olhando maliciosamente para Vanessa.

E óbvio que Clara não queria nada com seu amigo, mas ela fazia só pra irritar a pobre da Vanessa que se deixava levar por tudo. Primeiro Clara e depois ele foi deixar a namorada.

Anderson sorriu sem graça e tomou caminho à casa de Jackson, chegando lá:

- E aí Carlinha, tudo bem por aqui?

- Tudo ótimo e você?

- Bem, cadê o Jackson?

- Saiu para fazer umas compras.

- Que pasta é essa? Não consigo me lembrar de nada.

- Ela ta trancada – sai e volta com a pasta nas mãos.

- Vou abrir em casa... Estou com pressa Carlinha depois...

- Não – interrompeu Carlinha – Preciso contar pra você algo muito importante... Clara.

O rapaz sorriu.

- Vamos, pode sentar, tive uma ótima Idea. Eu vou marcar um encontro para vocês dois conversarem mais, todas as vezes que vocês se encontram acontece algum imprevisto, nada dar certo. Tá na hora de vocês dois investirem em vocês mesmos. Vocês poderiam se encontrar no próximo final de semana, eu marco um local pra vocês dois e ai deixa com o amor.

- Pode dar certo – o rapaz soltou um sorriso grande.

- Tem tudo pra dar, e eu vou conversar com ela do mesmo jeito que conversei com você. Não podem mais perder tempo!

- Boa ideia, você me liga então perto do final de semana tá?

- Combinado.

O rapaz saiu da casa de Carlinha todo animado, sonhando já com o beijo mais raro, beijo que nunca aconteceu. Ele começou a se sentir culpado, pensando que era fraco e desajeitado de mais, estava caminhando para os vinte anos e nunca tinha dado um beijo na garota que amava, aliás, Anderson jamais namorou, seu primeiro amor foi Clara, não conseguiu olhar pra nenhuma outra menina. O rapaz pensou. “vou aproveitar essa chance”.

Vanessa por sua vez deve ter tido uma conversa animada com André quando estiveram a sós, mas o rapaz conseguiu se esquivar muito rápido. O ciúme de Vanessa era a coisa mais fútil de mundo e Clara se divertia muito.

Enquanto isso, Anderson chegava em casa, fez um café e se sentou em uma cadeira próximo a sua varanda, olhou para a sua casa e viu que ainda faltava comprar muitos móveis, pensou em seu salário e fez umas contas rápidas e percebeu que vai faltar muito até terminar de montar sua casa e se estabilizar, começou então a sonhar em ocupar o cargo de chefe do departamento fiscal, sem duvidas ajudaria muito. Em meio aos sonhos, em um estalo lembrou da maleta que havia trazido e foi pegar para analisar, primeiramente limpou a poeira e viu que se tratava de uma mala de um couro de altíssima qualidade, tinha uma tranca, o rapaz não tinha experiências com metais, mas concluiu que pudesse ser prata, não havia fechadura nem qualquer outra coisa que mostrasse como abrir, achou o couro muito bonito a ponto de não querer rasgar, guardou no fundo de uma caixa e jogou debaixo de sua cama.

Anderson esqueceu a maleta, encheu a xícara de café outra vez e foi para sua varanda de novo, começou agora a pensar em Clara e em como seria o seu final de semana, que palavras usariam pra iniciar e para concluir, entre outras coisas.

Aquele domingo foi enorme para Anderson e Jackson, os dois sonhavam com a vaga de administrador do setor fiscal, seria anunciado provavelmente o ocupante do cargo na segunda feira de manhã. Mas enfim a noite terminou.

O dia surge, os céus estão limpos de nuvens, é uma época do ano que Clara admira muito, o sol nasce com uma intensidade maior em seus raios, iluminando bem mais e dando um novo efeito as arvores. Anderson percebeu isso, logo que preparou seu café e olhou para sua varanda, avistou as arvores e lembrou que Clara as admirava. Com uma pressa sem ser notada o rapaz pega um ônibus e segue ao seu trabalho. Na salão de recepção na entrada, ele dar de cara com Ulisses.

- Ora, quem estar por aqui – disse Ulisses ironicamente.

- Surpresa é você por aqui, me diga o que faz aqui? – perguntou Anderson.

- Conclui meu curso de pedagogia, deixei meu currículo aqui e fui chamado, hoje sou o mais novo chefe do departamento pessoal, que maravilha!

- Sim é. Tenho que ir – disse Anderson secamente.

Realmente ver Ulisses ali foi uma surpresa e tanto, mas ele nem se importou apesar de ter se culpado em não ter se preocupado com isso. Chegando a sua sala havia um comunicado dizendo que todos os componentes do setor fiscal fossem a sala de reuniões do terceiro piso para ficarem sabendo do mais novo chefe do setor fiscal.

Parece que Anderson tinha chegado atrasado, pois todos já estavam ali na sala inclusive Jackson:

- Pode entrar Anderson, estávamos esperando você – disse Giuliano.

- Então senhores. Serei muito breve. Todos estão cientes dos acontecimentos dos últimos dias, e hoje estou aqui para anunciar o novo chefe de departamento fiscal. A diretoria da Metalvorada fez uma reunião ao sábado e concluiu que a melhor pessoa para ocupar esse cargo é simplesmente, senhorita Valdelice.

A sala toda não disse nada, nenhum comentário e senhor Giuliano continuou.

- Valdelice é uma funcionária que tem se dedicado bastante a empresa, ela é formada, mas não tem experiência no ramo fiscal, por isso a Metalvorada oferece agora para ela um curso de especialização na área.

Jackson ficou estagnado na cadeira, nem piscava. Anderson sorriu ao ver a reação do colega de trabalho e cosentiu julgando ser uma atitude prudente tomada pelo os administradores.

- Cabe a mim também informar a pessoa que vai ocupar o lugar de Valdelice. Ulisses... Uma salva de palmas ao nosso mais novo colega de trabalho, acreditamos que ele vá desempenhar um ótimo papel no departamento pessoal. Por favor, Ulisses.

- Obrigado ao senhor Giuliano na pessoa da Metalvorada. É uma satisfação enorme poder cooperar para a excelência em serviços que a empresa contribui para esta cidade...

Foi um discurso longo e chato que só Ulisses seria capaz de fazer, e logo todos foram para suas respectivas salas trabalhar, não é nem preciso descrever a cara que Jackson fez quando Giuliano anunciou que era Valdelice a nova chefa do departamento fiscal.

-

Fora dos finais de semana era difícil ver Clara, Anderson trabalhava e a noite estudava. Aquele final de semana prometia muita coisa, o encontro planejado por Carlinha era tudo em que ele pensava.

Anderson estava até se dando bem com Ulisses na medida do possível, mesmo porque quase não se viam. Ele nem viu mais Jackson, parece que havia se trancado em sua sala com raiva porque não havia sido escolhido para ocupar a vaga de chefe. Os planos estranhos de Jackson parecem que tinha dado errado.

O plano que não podia falhar era de salvarem o lago, logo depois do horário de almoço Anderson foi procurar Pedro.

- Senhor Pedro, queria tratar de um assunto que não diz respeito a empresa, pode ser?

- Sim Anderson, claro que sim, sente-se – disse Pedro educadamente.

- Vou ser rápido. Não sei se o senhor conhece o lago que fica à leste fora da cidade.

Pedro mudou de expressão, os olhos ficaram mais sérios e as mãos se apertaram, ajustou os óculos, coçou sua cabeça calva com poucos cabelos já grisalhos, afastou a cadeira mais para perto da mesa e disse:

- Sim, Lago Rare.

- Exatamente, é um lago de águas limpas e puras. A Silver rompeu o seu contrato com uma empresa de dispensação de produtos químicos e agora está jogando tudo no lago. Eu visitei o lago sábado agora e vi barris e tonéis jogados, a água estava suja!

- Mas isso não pode acontecer! – alterou a voz e se levantou.

- Também não concordo, por isso vim falar com o senhor para que oriente e fazer o melhor.

- Agiu bem! Vou ligar para o Gilberto, amigo meu que trabalha lá, amanhã venha falar comigo que terei uma resposta.

- Então o senhor pode fazer alguma coisa?

- Tenho uma ideia Anderson, não sei se vai dar certo. Amanhã eu lhe conto se tudo ocorrer bem.

- Certo muito obrigado senhor Pedro, até amanhã.

Anderson ficou feliz, ele pareceu entender bem a preocupação e viu que ele será um forte aliado à defesa do Rare.

Naquela noite, Anderson, André, Vanessa e Carlinha estavam conversando no pátio da escola, o curso já estava perto de acabar, já faltavam dois meses para o vestibular e eles teriam que escolher uma universidade:

- Não posso estudar esse ano gente, Jack e eu queremos nos casar e providenciar um herdeiro – sorriu – daqui dois anos quem sabe e faça uma faculdade.

- Ah, você vai jogar esse tempo de cursinho todo fora? – perguntou Anderson.

- Foram planos que fizemos agora, mas eu vou terminar o cursinho junto com vocês.

- Eu quero fazer Nutrição na universidade pública, eu vou conseguir! – disse Vanessa muito tímida.

- Eu vou fazer Engenharia Mecânica, quero poder ocupar um cargo melhor na Metalvorada ou uma dessas empresas daqui – disse André.

- Mas aqui não tem esse curso meu bem! – disse Vanessa

Ficaram ali conversando mais sobre esse futuro bem próximo por mais alguns minutos, o cursinho pré-vestibular sem dúvida ajudará muito pra ingressar em uma faculdade, bom seria se todos conseguissem estudar na mesma instituição.

-

A história desses jovens sempre foi a mesma coisa, referindo-se ao Lago Rare, era um ponto de refúgio nos finais de semana para aliviar a fadiga da escola e agora aliviava a fadiga do trabalho, até mesmo na semana eles iam para lá, com exceção de Vanessa que veio conhecer posteriormente. Anderson e André já conheceram Carlinha e Jackson no lago, não se sabe ao certo quando eles conheceram o lago, mas o fato é que era desconhecido por muitos. Um fato interessante a observar é a relação de cada um deles com o lago, por que razão se tornaram amigos tendo em comum o lago? Isso talvez não possa ser algo irrelevante, pois Vanessa viu o lago somente uma vez. O lago agora estava sujo, incapaz de tomar banho, era praticamente obrigação de eles fazerem algo, Vanessa que não teve ligação alguma com o lago, mas se sentiu muito preocupada faria de tudo para ajudar no que fosse preciso.

Apesar das mudanças desses jovens, a necessidade de trabalhar e até mesmo em suas vidas amorosas, o lago ainda continuava sendo o ponto de encontro. Poucas pessoas sabiam que o lago havia ali, quase todos da cidade saberiam dizer que ali no local aonde é o lago era um rio que foi entulhado, porém, ninguém atrapalha a força de um rio com facilidade, com o passar do tempo surgiu um fio do lençol d’água tornando o Rare.

Desde crianças conheceram o lago e durante todas suas vidas foi o mesmo programa para o fim de semana – Lago Rare – eles não cansavam, sempre tinha algo novo, uma alegria sem fim e isso hoje perdura mesmo sendo eles quase adultos, mas por algum motivo eles se limitavam entre si, não porque quisessem, a amizade um com o outro bastava.

Anderson na Metalvorada se estabilizou depressa, ocupou um ótimo cargo, ele ainda continua fazendo alguns cursos financiados pela empresa para sua capacitação, também sonha em fazer uma faculdade, mas sua vida ainda precisa se equilibrar, depois da morte de seu tio muita coisa mudou, ele passou a entender a importância da sobrevivência com o próprio suor. Clara por sua vez apenas mudava, um conflito de personalidade assolou a pobre garota que por consequência resultou na deficiência de seu possível relacionamento com Anderson que não respondia a nada, com um silencio e uma tranquilidade desfavorável apenas atrasava. Acelerando o processo por ambas as partes não daria futuro algum, a sinceridade com certeza não seria mútua. Diferente de André e Vanessa que tiveram uma facilidade incrível de se entender. Foi muito mais que automático, o amor já tinha acontecido só faltava o espaço pra repousar. Mas isso tudo não desmotivava nenhum dos dois, a certeza de que os dois teriam a hora estava cravada em cada coração e esperar não era difícil quando os dois já sabiam um do outro, nesse momento o clima fica mais tenso, a pressão aumenta a ansiedade e o desejo de estar perto faz transparecer o tratamento de um para com o outro de uma forma única, as palavras são medidas com cuidadosamente, os olhares são planejados... Tudo fica mais emocionante e essas lembranças eles levarão para sempre consigo, mesmo que porventura não fiquem juntos.

-

Na quinta à noite Carlinha manda uma mensagem para Anderson avisando o local e o horário.

Já era sexta feira e Carlinha ainda não tinha avisado para Clara do encontro, mas a tarde ela acabou ligando.

- Amiga eu tenho uma new que vai te fazer cair. – disse Carlinha eufórica.

- o que? É sobre o Rare?

- Nossa você só pensa nesse lago agora, e o Anderson já esqueceu?

- Claro que não, resolvemos esperar.

- Mas esperar o que Clara? As coisas têm que acontecer se não elas não acontecem... Quer dizer, você tem que fazer acontecer para poder viver o acontecido... E fa...

- O que foi, qual é seu plano dessa vez? – interrompeu Clara.

- Eu entrei na mente do Anderson e acabei fazendo com que ele me pedisse que eu marcasse um encontro de vocês dois, porque todo mundo sabe que ele não tem iniciativa pra nada.

- Não fala assim Carlinha... Ele é paciente e calmo.

- Até de mais, e é por isso que estou marcando com você na sorveteria perto da feira as cinco da tarde, vocês precisam se entender de uma vez por todas amiga, eu não aguento ver vocês assim. Já pensou todo mundo no Rare, os três casais perfeitos, sem nenhum problema?

- Verdade... – sorriu a moça – E eu acabo de ter uma ótima ideia.

- Qual?

- Surpresa, já é sexta feira e eu preciso me apressar para tudo ocorra bem.

- Olha lá, não vai estragar tudo, tchau. – Carlinha desliga o telefone.

- Você vai fazer uma viagem sem volta para Espanha – disse Carlinha consigo.

Passam-se alguns minutos e chega Jackson.

- Meu bem, tenho novidades... Já falei com o Fernando, ele já deve ter dado as ordens para os empregados dele, acabei de marcar com a sonsa da Clara, ficou combinado as cinco da tarde amanhã.

- Então ela deve embarcar umas sete da noite – disse Jackson despreocupado tirando seus sapatos – Você combinou com ele o preço dela?

- Combinamos que ele dará o preço dele quando ele ver a garota, primeiro lugar ela não teve tanto trabalho, segundo o Fernando é uma ótima pessoa pra se fazer negócio.

- Tomara!

- Que cara é essa Jack? Aconteceu alguma coisa lá na empresa?

- O Ulisses, o cara que ficou no lugar da Valdelice, tá enchendo meu saco por causa do ponto.

- Mas que ponto?

- O ponto diário eu bato quando chego, no horário de almoço e quando saio, ele fica no meu pé, descontou um absurdo do meu salário por causa disso.

- Não se preocupe, vamos ganhar muito mais do que você perdeu.

- E ai, vai mandar o Anderson também?

- Ele serviria pra cá para o Brasil, na Europa o mercado é mais exigente, seria muito esforço pra pouco dinheiro.

- E a Vanessa? Ela é perfeita!

- Quem sabe mais pra frente, não podemos dar bandeira. E a empresa, tem falado com o Vladmir?

- O projeto no Rare está sendo planejado. Os engenheiros disseram que daqui dois meses a maquete e o orçamento estarão prontos. Até lá pode acontecer muita coisa.

- Tudo bem, vamos esperar como sempre fizemos.

-

Clara envia uma mensagem para André dizendo:

“o andrson ñ me ligou, ñ fez nada, qria sabr o q ele fez”

Depois de dez minutos André liga para Clara:

- Oi André, e aí?

- Acabei de falar com ele, deu tudo certo, a Metalvorada fez um acordo com a Silver e vão fazer lá umas coisas que não vão mais prejudicar o lago, só sei disso.

- Ah, graças a Deus, meu pai terá o seu emprego de volta e nós teremos o lago.

- Sim, claro. Mas por que você não ligou pra ele?

- Ah, eu não! Ele ia se achar... Ta ok, depois agente se fala, tchau.

A noite no cursinho Anderson explicou com mais detalhes o que tinha acontecido pra Silver parar de jogar produto químico no lago, logo após André puxou Anderson pelo o braço e foram conversar a sós.

- Me explica por que tu e a Clara ainda estão desse jeito, o que é que tá faltando?

- Não sei – disse o rapaz sem jeito.

- Tu ta fazendo a Clara sofrer?

- Claro que não!

- Então faz logo alguma coisa – disse André com os olhos sérios e apertou o braço de Anderson com mais força, ele soltou e saiu. O rapaz ficou reflexivo nas palavras do amigo e foi se despedir da turma e logo foi pra sua casa. Quando chegou em casa viu que sua casa estava fazia e começou a pensar que teria que comprar móveis, começou a pensar em uma faculdade, depois começou a pensar em Clara, “será se eu quero mesmo me casar com ela”, preparou um café e foi para a varanda pensar mais sobre tudo que já viveu com ela e o que poderia viver e passou a pensar coisas do tipo “será se ela não é pra mim?” “será se a mulher da minha vida é outra pessoa?”. Ele acabou dormindo na cadeira, depois das três da manhã que foi se levantar e ir para a cama.

O problema da sujeira com o lago estava resolvido, eles resolveram marcar um dia para ir no lago e limpar tudo quanto fosse possível, pois não tinha nenhum órgão para fazer isso, o prefeito talvez nem soubesse do lago, nem está no mapa da cidade. Clara já estava de alma lavada sabendo que o lago já estava a salvo e naquela noite ela dormiu bem mais sossegada.

No dia seguinte de manhã ela pediu para sua mãe dinheiro para fazer umas compras, dona Clarice que nunca rejeitou nada a filha acabou concedendo. Ela foi em um supermercado, comprou uma tinta de cabelo cor castanho escuro, passou em uma loja, comprou um tênis modelo colegial branco, umas calças jeans e blusas de gola Apolo.

Chegando em casa imediatamente foi pintar o cabelo da cor que era antes, a tinta não pegou completamente por que tinha fios muito claros da ultima vez que ela havia pintado então deu um visual diferente do que ela havia planejado, cabelos escuros com algumas mechas mais claras. No final depois do cabelo seco ela odiou o resultado, mas já era tarde.

As quatro e meia ela tomou banho, vestiu suas roupas novas e desceu, dona Clarice nunca se acostumaria com as mudanças da filha acabou apontando:

- Filha... o que...?

- Para de me olhar com essa cara mamãe, eu sempre me vesti assim e a senhora já á querendo reclamar?

- Não, é que uma hora você tá de um jeito, depois você muda de novo e de novo... Filha eu não entendo.

- Mamãe não se preocupe, eu não to fumando droga nenhuma, não to participando de nenhum grupo satânico e nem to bebendo.

- Eu sei Clara...

- Então, como moça decente eu saio as cinco da tarde para voltar o mais cedo possível, será se eu posso?

- Claro minha f...

- Então mamãe, com licença, eu preciso ir, beijo.

Ela saiu e foi imediatamente ao local combinado, porém, quando ela chega lá percebe uma coisa, a sorveteria estava fechada e Anderson não estava lá, automaticamente ela se irrita, senta-se em uma calçada e começa a esperar. A feira que ficava ali próximo já estava praticamente fechada a rua estava parada, quase deserta e então ela pensou consigo “porque ele marcou nesse lugar?”Franziu a testa continuou a esperar. Um carro de cabine dupla, com um motor silencioso e vidros fechados passou lentamente pela a rua da sorveteria, fez a volta na quadra e passou novamente, a moça começou a ficar assustada, da vez seguinte que o carro passou ele parou, saiu de dentro dois homens morenos carecas, agarraram a garota puseram a mão na boca para ela não gritar e entraram dentro do carro que imediatamente. Neste exato momento poucos segundos antes Anderson tinha acabado de chegar no local marcado, viu os dois caras levando a moça para dentro, a principio ele julgou não ser Clara, pois ela havia mudado as roupas e até a cor do cabelo, mas a imagem real da garota não saia de seu pensamento hora nenhuma, para Anderson era como tivesse levado uma outra Clara e seguindo seus sentimentos mesmo sem ter certeza de que era ela mandou o táxi que o tinha levado até ali continuar e mais rápido, seguindo o carro preto que estava logo a frente bem mais rápido.

- Garoto, eu não posso ir mais rápido posso ser multado!

- A minha namorada tá dentro daquele carro! – disse ele desesperado, o rapaz logo que disse ficou reflexivo “minha namorada” e repetiu em voz alta:

- Minha namorada, é, minha namorada tá ali dentro – em um tom de voz jamais ouvido por ninguém.

O taxista era um ótimo motorista, viu que a situação era complicada e resolveu acelerar mais o carro, aquela cena do carro preto a sua frente, a Clara que ele viu ali, com aquelas roupas e o cabelo daquela cor despertou algo muito mais intenso dentro de Anderson que o fez colocar a cabeça para fora do carro e dar um grito como nunca deu antes, com um timbre que fugia de sua própria personalidade:

- Clara! – gritou o rapaz numa voz gravemente desesperadora.

Aquela perseguição era algo horrível, terrível. E o pior era que o carro preto estava ganhando mais distancia. Em um momento Anderson já não via mais um carro correndo a sua frente, e sim Clara com antiga farda do colégio com o rosto como de alguém que estivesse sofrendo.

- Dá pra ir mais rápido! – grita Anderson com o taxista.

- Liga pra polícia, de acordo com esse trajeto que eles estão fazendo devem querer sair da cidade – disse o taxista.

Anderson fez como ele disse, ligou para a policia e contou o que estava acontecendo no meio da ligação o taxista diz:

- Diz para eles fazerem uma barreira na Rua 22 de Setembro, próximo a um hotel.

- Façam uma barreira na Rua 22 de Setembro, próximo a um hotel.

Desligou o celular e continuaram a correr atrás do carro que ia frente deles. Já fazia mais de doze minutos em mais uma curva chegariam a Rua 22 de Setembro, quando os sequestradores viram que tinha uma viatura fazendo blitz ali eles perceberam tudo, abriram a porta do carro ainda em movimento e jogaram a moça que bateu no chão e rolou quase oito metros.

- Para o carro! Para o carro! – gritou Anderson ao taxista.

E foi correndo ao local onde Clara estava jogada, o local logo encheu de pessoas para ver o acontecido e o taxista foi falar com a policia e explicar o que tinha acontecido, infelizmente o carro não tinha placa e daquele modelo não tinha outro na cidade.

-

- Carla.

- Si Fernando, puedes decir.

- Mis hombres estan molestos, no veia una niña com pelos rojos en el lugar.

- Pero yo havia puesto alli.

- Se no sabes trabajar no me molesta ok? Hasta.

-

- Droga, droga porque essas coisas tinha que acontecer justo comigo, justo hoje, justo com a Clara – dizia Anderson indignado.

- Calma Anderson, vamos esperar o que o médico vai dizer – disse André.

- Consegui uma folga e vim correndo direto pra cá, Clarice o que aconteceu com nossa filha? – perguntou.

- Ela foi sequestrada só que não deu porque Anderson seguiu de taxis o carro, daí eles jogaram ela fora do carro e ela bateu a cabeça e desmaiou – Clarice começou a chorar.

- Meu Deus! Porque isso tinha que acontecer logo com minha filha? – lamentou o pai da garota.

Os pais de Clara e seus amigos com exceção de Carlinha e Jackson estavam no hospital esperando o médico dizer alguma coisa.

As dez horas da noite o médico aparece.

- Fala doutor! Como é que ela ta? – perguntou Anderson.

O médico fez uma pausa e disse:

- Ela está se recuperando.

Todos respiram aliviados e dona Clarice pergunta:

- Podemos conversar com ela doutor?

- Não, ela não vai poder conversar tão cedo. Ela está em coma, e estamos fazendo mais exames para saber se é reversível, mas acredito que sim. Quanto ao coma, não posso dizer quando ela vai acordar.

Laercio Miranda
Enviado por Laercio Miranda em 01/06/2011
Código do texto: T3007780
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