[Original] The Simple Plan - Capítulo 44

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Quem ira dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?

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Paolla Santana

- To nervosa. - Eu disse a Eric, após ver a plateia que assistiria a peça. A escola estava toda decorada para o natal. - Muito, muito e muito.

- Relaxa, pensa que eu sou o Eduardo e vem que vem baby. - Ele brincou. Nossa relação estava muito melhor desde que ele começou a namorar Emanuella, e ela então? Tá toda trabalhada na felicidade.

- Nem dá.

Eric assentiu.

- Sei que sou mais gostoso, Paolla, mas só finge!!

- Aff, cala a boca! - Eu ri, terminando de me arrumar. A peça começaria em 10 minutos. Eu estava muito a Mônica, cara! Nossa... Tudo bem que ela era nova, o visual dela era bem jovem também, mas eu me sentia mais... Mulher. Eric estava com o cabelo bagunçado, que era bem o tipo do Eduardo da música.

- Eric, Paolla, 5 minutos. - Um menino avisou, me deixando ainda mais nervosa. Afffffffff!! Tem que dar certo, ensaiei demais pra isso.

- Bora minha filha? - Eric perguntou. - Vamos que vamos!!

- Certo. - Eu estava com medo. Ele se aproximou.

- Pam, vai dar certo, você vai ver.

Eu confiei em suas palavras. Saímos da salinha que chamamos carinhosamente de camarim e fomos para o palco. Eu fiz o sinal da cruz enquanto a Professora Trewlaney dizia algumas palavras.

“Organizei essa peça com o intuito de mostrar a vocês, jovens que o amor não tem idade, não tem cor, credo ou religião, temos que amar a todos, sem exceções. A vida é muito breve pra perdemos nosso tempo com preconceitos idiotas. A escolha dessa música foi exatamente porque Renato Russo quis mostrar isso, que o amor pode ser encontrado em qualquer um, não importa como ele seja.”

Ouvir suas palavras me fizeram um bem danado, me deram uma confiança inacreditável. Eu faria isso por Eduardo, por mim e pelo nosso amor.

A cortina se abriu, dando inicio ao show.

Narrador observador

Com vocês: Eduardo & Mônica!!!! - A professora de teatro disse, iniciando a peça que organizará. A plateia estava ansiosa.

Era uma peça simples. Não seguiria toda a letra da música da banda Legião Urbana, focaria mais no amor entre jovens de idades diferentes.

[Eduardo] Mônica, me diga qual é o intuito disso tudo, porque sinceramente, não estou entendendo porque está fazendo isso comigo! Conosco!! - Eric ia até Paolla, segurando as mãos dela, com carinho. Ela sorriu, calma, tentando conforta-lo.

[Mônica] Meu amor, entenda. Nunca dará certo, sua família é contra nossa relação, que futuro nós teremos? - O garoto fez uma expressão triste, quase chorosa.

[Eduardo] Está desistindo de mim... De... De nós... - Baixou a cabeça, sentindo-se derrotado. - Eu amo você Mônica, independente da sua idade, eu quero você.

[Mônica] Eu também amo você Eduardo. - Paolla levantou o rosto dele, sorrindo. - Não leve isso como uma coisa ruim meu querido. Talvez você encontre uma garota da sua idade, alguém que te faça bem. Uma relação pacífica, da forma que você merece.

[Eduardo] Não!!! - Eric deu as costas pra ele, indo pra frente da plateia, deu uma piscada pra Emanuella que estava na fileira da frente junto com Johnny e os outros amigos. - Eu não preciso de outra pessoa, entenda isso. - Ele virou a cabeça, encarando Paolla. - Eu preciso só de você, apenas de você... Lembra-te daquele poema que eu recitei para ti?

[Mônica] Qual meu anjo? - Ele foi até ela.

[Eduardo] “Soneto de Fidelidade” de Vinícius de Moraes. - Paolla sentiu, colocando uma mecha de seu cabelo e deixando Eric abraça-la pra recitar o poema em seu ouvido.

[Mônica] Eduardo...

De tudo ao meu amor serei atento.

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto.

A plateia (feminina) fora ao delírio com Eric sussurrando o poema no ouvido de Paolla. Uma mão de Eric fora para a cintura de Paolla, a proximidade deles gerou um leve ciúmes em Emanuella.

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento

Paolla ficou mais mole, como se estivesse balançada pela voz sexy de Eric.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espelhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

Eric a olhava profundamente encarnando com muita firmeza Eduardo, que era irrevogavelmente apaixonado por Mônica.

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eles ameaçavam se beijar, mas Paolla virava o rosto, fazendo Eric voltar a recitar o poema.

Eu possa me dizer do amor (Que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure

[Eduardo] É o nosso poema. - Voltou a olhar nos olhos dela.

[Mônica] Sim, meu amor.

[Eduardo] Fica comigo.

[Mônica] Não posso.

Ele se afastou, cansado.

[Eduardo] Você é de uma teimosia, Mônica!

[Mônica] Não... - Paolla foi até Eric. - Não é questão de teimosia, eu sei do que estou falando, acredite em mim.

[Eduardo] Eu acredito em tudo o que você diz, mas não sobre isso, nós podemos ficar juntos e eu lutarei para isso!

[Mônica] E sua faculdade em Londres? Irá desistir por mim? - Paolla perguntou, tentando acorda-lo pra realidade. Por mais que o amasse, Mônica era irredutível sobre o futuro do rapaz.

[Eduardo] Eu a levarei para Londres. - Respondeu ele, parecendo mais maduro do que sua idade. - Vamos viver nossa vida lá.

[Mônica] Não, eu faço faculdade aqui, Eduardo... Você não entende.

Eric ficou de frente pra Paolla. Não se ouvia uma voz no local além da dos atores.

[Eduardo] Eu só entendo que preciso de você, do resto, pouco me importo.

[Mônica] Ah, meu menino...

[Eduardo] Mônica... - Novamente, outra aproximação que poderia acabar em beijo, mas essa cena só aconteceria no final. Eric tocava o rosto de Paolla, passando os dedos por seus lábios, e como pedia a peça, ela suspirava, apaixonadamente.

[Mônica] Vá pra casa. - Ela abriu os olhos. - Sua mãe deve estar preocupada.

Ele ia responder, mas no exato momento, seu celular tocara.

[Eduardo] Alô? Oi mãe, tá, já estou indo pra casa. - Paolla foi para um banco improvisado que fora colocado no palco, sentou-se e suspirou. Eric desligou o celular e foi até ela. - Não pense que irei desistir de você senhorita, eu vou, mas eu volto.

Eles se despediram com um beijo na testa, na cena original, era com um selinho, mas como Eduardo (Mendes) não estava, improvisaram com um beijo na testa.

[Eduardo] Diga que me ama, Mônica.

[Mônica] Eu sempre vou te amar, Eduardo.

Um sorriso deixado ao vento e Eduardo fora embora. Eric saiu do palco.

[Eduardo] Eu não sei o que faço. A mãe dele fora bem clara comigo, não me quer com o filho dela, me acha uma desencaminhadora de crianças! - Paolla fez uma expressão de indignação. - Eduardo é muito maduro! Aquela velha devia...

Agora na cena quem entrava era Roberto, o professor de história do ensino médio que se oferecerá pra ser o velho que conversava com Mônica, mudando todo o rumo da história dos dois jovens.

[Senhor] Com licença. - Ele sentou-se ao lado dela. - Estava falando só, minha jovem? - Roberto não precisará de muita caracterização, alguns fios brancos de seu cabelo já o ajudará pra encenação.

[Mônica] Sim, senhor.

[Senhor] Vocês jovens são engraçados.

[Mônica] Sim. - Paolla sorriu tímida como Mônica. - Com meus problemas eu me vejo obrigada a conversar comigo mesma, como diz aquela frase... “Você não entenderia, então guardei pra mim mesma” no meu caso, “conversei comigo mesma”.

[Senhor] Pelo rapaz que vi com você, creio que seus problemas são amorosos? - Roberto pôs a mão no queixo, pensativo.

[Mônica] Sim, são.

O velho passava uma segurança a Mônica, como se ela estivesse conversando com seu próprio pai.

[Senhor] Que tipo de problema?

[Mônica] Eduardo, o garoto que estava comigo tem 17 anos, eu tenho 25, nós nos conhecemos em uma festa e desde então estamos juntos. Ele é tudo o que eu sempre procurei, e ele também pensa assim sobre mim. - Paolla respirou fundo, depois encostou o rosto na própria mão. - O problema, porém é a família dele.

[Senhor] Eles são contra, por você ser mais velha.

[Mônica] Sim, e pelo meu estilo de vida. Os pais de Eduardo são tradicionais demais. Não entendem, não aceitam, não querem.

[Senhor] E você irá deixa-lo?

[Mônica] Seria melhor... Apesar de isso ser profundamente ruim para mim. Eu o amo demais.

[Senhor] Tem uma frase de Charles Darwin que é bem interessante.

[Mônica] Como é?

[Senhor] “Não são as espécies mais fortes que sobrevivem, nem as mais inteligentes, mas as mais sensíveis a mudanças”.

Ela assentiu, maravilhada.

[Mônica] Se eu resistir, eu irei vencer. - Roberto assentiu.

[Senhor] Não desista do amor dele, não desista de estar com ele, Eduardo em breve deverá fazer 18 anos, e com 18 anos, ele é legalmente maior de idade, pense nisso senhorita. E acredite, não há nada pior no mundo do que ver a pessoa que tanto ama desistir de você.

[Mônica] Eu não quero... Eu não vou desistir dele.

[Senhor] Não faça isso, ele no fundo deve esperar que você lute.

[Mônica] E eu irei fazer isso.

Seguindo a peça, o celular de Mônica fez um barulho que era um aviso de mensagem. Ela leu e entrou em desespero.

“Mônica, minha mãe quer que eu vá viajar pra Londres amanhã, estou desesperado, não quero ir!”

[Senhor] Algum problema?

[Mônica] A mãe dele quer mandá-lo para Londres.

[Senhor] Impeça isso.

[Mônica] Irei impedir. Pode deixar. - Paolla ficou de pé, o senhor se levantou também.

[Senhor] Não esqueça senhorita... Quem acredita sempre alcança.

[Mônica] Muito obrigada senhor, não sabe o quanto me ajudou. - Ela o abraçou, ele era um estranho muito especial.

[Senhor] Não há de que! Mas se apresse, todo minuto é crucial.

Paolla saiu do palco em passos rápidos, finalizando o primeiro ato da peça.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 25/05/2011
Reeditado em 21/04/2013
Código do texto: T2991652
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