[Original] The Simple Plan - Capítulo 43
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A vida é feita de escolhas.
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Paolla Santana
Eric me ligou as 23h00 da noite, irritadíssimo, ou não.
- Estou puto da vida. – Ele disse.
- Por quê?
- Porque perdi mó esquemão por culpa da sua amiga. – O curioso era que mesmo reclamando, Eric não parecia de fato irritado. – Ai, ai.
- Hum, você não me parece irritado.
- Mas estou.
- Se você diz...
- Cala a boca. Eduardo me mandou um e-mail, acho que mandou pra ti também.
Quase voei até meu computador.
Arrumei o telefone na orelha e comecei a digitar com muita pressa o site do provedor do meu e-mail.
- O que ele disse no seu? – perguntei ansiosa.
- Ahn... – Ele parecia desconfortável. – disse que a Alemanha tá fria, hum.
- Só isso?
- É... E ele vai fazer twittcam, hey, abre logo teu e-mail.
Eu abri e cliquei no primeiro e-mail, que era o dele.
“Amor!!!!!!
Caracas, que frio é esse lugar... Que isso. Minha avó realmente é corajosa, e ah, ela quase chorou quando me viu, disse que eu estava mais lindo do que já era (cadê a novidade? rs). Eu to bem, to com muito frio, mas to de boa, e claro... Com muitas saudades de você amor, aff... Tá foda. Vou fazer twittcam à meia noite, e estarei no MSN.
Eu te amo demais.
Ah, que lindo!!!
- Eric? – O chamei. Eu havia me esquecido dele no telefone.
- To aqui, hum, brigando com sua amiga...
- Por quê?
Entrei no MSN.
- Porque ela colocou um subnick que eu sei que é pra mim.
- Como?
- ”Nada mal, prum boçal, retardado, mental, infeliz”.
- Uh...
Com certeza é pra ele.
- Ela é bem direta, né? – Perguntou, num tom leve.
- Muito.
- Oh, vou desligar aqui, nos falamos pelo MSN.
- Beijos.
No MSN: eu, Emanuella, Johnny, Eric, Breno e Eduardo fizemos janelão. O que não fora uma boa idéia, e também estávamos conectados pelo twitter vendo Eduardo. Ele continua mais lindo do que nunca.
[Eduardo] Eric ta calado, hum.
[Johnny] É o amor.
Eric mandou um emoticon mostrando o dedo.
[Johnny] KKKKKKK
[Eduardo] Emanuella também...
[Emanuella] Calado Eduardo.
[Eduardo] Eu perdi algo? Paolla, me responda.
Ih, perdeu muita coisa.
[Paolla] O clima está assim por que... Ahn, Emanuella esta de TPMES.
[Emanuella] Como é??????????
Eduardo riu na Twittcam.
[Eric] Começou a patifaria.
[Breno] Tensão para matar Eric Mendes! KKKKKKKK eu ri alto agora...
[Emanuella] Nossa galera!!! Me ensinem a ter esse senso de humor.
[Eduardo] Nossa! Vocês dois me lembram a mim e Paolla.
[Eric] Jamais, não sou apaixonado e nem ridiculamente louco por Emanuella.
Ele queria humilhá-la a todo custo, patético.
[Emanuella] Vou sair. Esse janelão tá cheio demais.
E conseguiu... Minha amiga saiu da conversa rapidamente.
[Eduardo] Eric não deixou de ser desagradável.
[Eric] E nunca deixarei de ser.
Pra conversa não morrer nós começamos a conversar sobre vários assuntos. Às vezes eu me ausentava por estar assistindo Eduardo na Twittcam e conversando com o mesmo em outra janela do MSN.
Tinha vezes que ele falava de mim no passado, o que me deixou um tanto intrigada.
- Paolla? – Ele chamou minha atenção no MSN. Eu estava olhando pra tela do PC fixamente. Eduardo estava falando de mim no passado porque me tornaria parte de seu passado. Eu podia sentir pela forma com que ele se dirigia a mim! E se pararmos pra pensar, tinha muito sentido. Uma dor aguda me invadiu no peito. Eduardo não iria voltar.
Eric Mendes
- Te acalma Paolla! Pelo o amor, olha pra mim!!
Eu não era acostumado a lidar com mulher emotiva, e menos ainda essa mulher sendo minha ex-namoradinha e atual cunhada. Segurei o rosto molhado dela, que acabou me abraçando em frente a sua casa.
- Ai Eric...
- Você é desequilibrada. – Eu disse, ela fungou.
- Você não entende. – Ela gritou, e depois voltou a chorar.
Eu deveria mentir, e seria pelo bem dela, mas preferi ser sincero, por algum motivo que eu realmente desconheço.
- Minha avó quer investir e ensinar o Eduardo sobre a empresa da família, ela deve ter aproveitado o jeito atencioso do meu irmão... Aquela mulher é do capeta.
Consegui fazer Paolla dar um leve sorriso.
- Preciso dele aqui.
É. Eduardo estava num puta dilema.
- Ele também precisa de você.
- Não mais do que eu dele.
Talvez.
- Não será fácil, mas oh, pensa pelo lado positivo, você vai me beijar.
- Esse é o lado positivo? – Perguntou, franzindo o cenho. Paolla fazia eu me sentir absurdo.
- Chata! Muitas dariam a vida pra me beijar.
Sou convencido mesmo, não nego e mudo quando... Mudo nunca.
- Emanuella não daria a vida pra te beijar.
Como se eu a quisesse, há há há.
Mania chata que a Paolla tem de tocar no nome dessa menina.
- Ah, por favor, sem D.V – Revirei os olhos.
- D.V?
- Desvio de assunto.
- Teimoso.
- Não sou, e porra, pra quem estava mal, você esta muito bem com esse seu blá blá blá!
Eu me afastei dela, que riu do meu estresse.
- Ok, parei.
- De boa, já to indo mesmo.
- Ih. – Paolla me segurou e sorriu. Eu gosto tanto dessa garota, mesmo que nosso passado seja tão complicado. Eu a considero demais. – Eu amo você.
- Uh! – Beijei a testa dela, e ela beijou meu rosto. – Tchau chata...
- Tchau Eric.
No caminho de volta pra casa, eu fui pela praça, caminho esse que eu me arrependi de ter tomado, pois vi quem eu menos queria ali: Emanuella. E o pior: Abraçada com um vacilão.
Passei por eles de cabeça erguida, mas não ousei olhar pra trás
(...)
- Eu estou te ouvindo direito Eduardo... Mas... Ela ta muito bolada velho... Tá, você não sabe se volta então? Ok... A formatura tá de pé ainda e ela vai dançar com o Johnny pelo jeito. Eu? – respirei fundo, cansado de ouvir o blá blá blá do meu irmão. – Ah, Eduardo eu vou dançar com a Emanuella, satisfeito? Meu, eu não tenho nada com ela, não fode!! Tá, tá, você me liga já, ok, tchau!
Desliguei o telefone com os ouvidos doendo e uma missão muito complicada: avisar a Paolla sobre Eduardo. Talvez ele volte... Talvez não.
Eu não entendi porque Emanuella aceitou ir comigo pra formatura, aparentemente ela me odeia, me quer bem longe dela, mas só foi eu comentar na fila do lanche que eu estava querendo uma garota pra ser minha madrinha de formatura que ela foi a primeira a se dispor, e eu, com toda a sinceridade do mundo, não sei por que aceitei.
Respirei fundo e tentei organizar meus pensamentos. Emanuella tem o poder de me confundir. Odeio isso.
“Chega de pensar nela, chega!” – Ordenei a mim mesmo. Eu ainda tinha que salvar a pele de Eduardo. Peguei meu celular e mandei um sms pedindo pra marcar um encontro com Paolla.
- Ih, você está muito sério. - Ela comentou, após pedirmos dois milk shakes de chocolate. - O que foi?
Eu poderia ser poupado de anunciar notícias tristes. Meu lado sensível nunca foi bem trabalhado.
- Você vai ter que ser forte.
Péssima ideia, ela arregalou os olhos assustada.
- Fala logo. - Respira Eric.. 1..2..3
Decidi dar a noticia logo, sem enrolação.
- Eduardo vai não Alemanha voltar.
Er, eu me enrolei.
De assustada, Paolla ficou confusa.
- Não entendi.
- Eduardo talvez não vai voltar! - Paolla me olhou por uns 10 segundos, no momento em que eu pensei que ela daria aquela crise de choro, ou berraria desesperadamente, ela me surpreendeu (e muito) ao apenas balançar a cabeça assentindo com a notícia.
- Tudo bem. - Eu podia apostar que ela estava tirando forças de lá do fundo do poço, digo, do interior dela pra agir assim. Isso soou tão idiota, mas tudo bem.
- Mesmo?
- É... Eu não posso mudar os fatos. E também a vida é feita de escolhas, não é?
- É... - Concordei, acho que não pode mesmo. - Mas, tipo, talvez ele volte.
- Talvez é muito incerto, depois de tantos problemas com seu irmão, eu necessito de certezas.
- Entendi... Você sabe, to contigo.
- Sim, eu sei! - Ela sorriu. – Obrigada.
- De nada... Você tá mudada Pam, juro que esperava outra reação. - Ela sorriu.
- Eu também, mas não deixo de sofrer, só aprendi a esconder a minha dor, e também não quero pena.
Paolla em outras palavras estava amadurecendo e eu, com toda certeza estava muito orgulhoso dela.
Quando voltei pra casa, surpreso, porém feliz encontrei Emanuella na frente do meu apartamento.
- Opa, boa tarde!! - Falei, chamando a atenção dela que estava de costas. E ao ouvir minha voz, se virou, sorrindo.
- Oie! Bem, vim pra aula de valsa!
- Eu não preciso de aula! - juro que não quis soar arrogante, mas foi inevitável. É como a minha beleza, impossível de ser evitada.
- Certo, mas sou EU que preciso. - Toma na face Eric Mendes.
- Ah! - Pô, quando foi que ela aprendeu a me deixar sem graça? - Beleza, vamos entrar.
Abri a porta rapidamente. Meus pais estavam trabalhando, ficar com ela sozinho não era uma boa ideia.
- Licença. - Toda educadinha a menina.
- Toda... Oh, tem uma mini biblioteca no segundo andar a direita, sobe lá que eu já to indo.
- Tá bom. - Emanuella está muito boazinha.
“Ta esquisito, tá esquisito.” - Pensei enquanto tirava meu tênis e colocava um chinelo. “Mulher quando tá assim é porque tá querendo!”
Subi pra biblioteca e a encontrei colocando um CD no aparelho de som.
- Vamos? - Perguntei, ignorando o looping que meu estomago dera.
- Sim.
Eu não sabia grandes coisas de valsa, apenas o básico, já fui padrinho de muitas meninas que namorei, fiquei.
Estendi a mão pra ela, sempre muito cavalheiro. Ela riu baixinho.
- Todo cavalheiro... Olha!! - Disse, pegando em minha mão e se aproximando, sempre me olhando no fundo dos meus olhos, como se pudesse me ler. Ela não conseguiria, jamais.
- Sempre, meu amor.
A envolvi com mais necessidade que a dança pedia, ela não reclamou.
- Está ansioso pra se formar?
- Sim! Quem não deve estar feliz com isso são minhas namoradinhas.
- Claro, claro. - Ela preencheu o espaço mínimo que ainda existia entre nós. - Elas devem estar morrendo, tipo... - Falsa compreensão. Não acho digno, não mesmo.
- Sim... - Aquela música estava me deixando com pensamentos idiotamente românticos.
- Eu estava pensando... Não quero mais mentir pra mim mesma.
- Mentir... Ah, entendo.
- Sim.
Eu sabia do que ela iria falar.
- Eu quero você.
Sabe quando você engole todas suas palavras porque realmente ficou chocado com o que ouvira?
- Ah... Eu... Ahn... - Meu Deus, eu não sei o que dizer!!! QUANDO QUE ISSO ACONTECEU COMIGO? QUANDO?
- Você?
Ela passou o nariz pelo meu rosto com suavidade. Estremeci.
- Emanuella, olha... Eu não sei se quero. - Seus lábios roçaram nos meus e eu perdi todo o fio de raciocínio. Fraco, muito fraco. - Droga... Você não vai desistir não é?
- Tenho um acordo!! - Ela comentou, animada. - Simples, fácil e benéfico aos dois.
- Sexo? - Eu perco tudo, menos a piada.
- Também, claro. - Abri a boca em espanto. Era pra ela ter ficado chocada com o que eu disse e não aceitar tudo numa boa. - Vamos ter uma relação aberta, você é meu, eu sou sua, mas se quisermos conhecer outras pessoas estaremos livres pra isso. Claro, desde que o outro não saiba.
- Mas você tem ciúmes Emanuella. - Ela riu. Ela riu... RIU! Tipo... Porra, quando foi mesmo que ela passou a me surpreender dessa forma? Isso não é legal, não mesmo. Eu tenho que aceitar logo que ela é tão esperta quanto eu.
- Não, eu quero você, você me quer, mas não aceita logo, que quer me namorar, eu então... - Eu a interrompi.
- Ah claro!!! Ai você quer ficar comigo e com outros vacilões pra ver se eu sinto ciúmes? Tipo aquele da praça???
É isso mesmo Evaristo??????????? Eu acabei de dar uma crise de ciúmes??????
Emanuella franziu o cenho.
- Por acaso você estava me seguindo? - Perguntou seriamente. Tive vontade de socá-la.
- Claro que não ow!! Tá achando que eu sou o que?
Ela voltou a ficar brincalhona.
- Você Eric Mendes é um neurótico, ciumento, convencido, idiota e que está apaixonado por mim.
- Sim, mas... OW!!!!!! – Alguém, por favor, me arrume uma arma! O que eu acabei de dizer quebra todos os códigos de conduta da Cafajestes S.A - tá louca?
Outra risada bem alta. Eu a soltei.
- O que? To mentindo?
- É claro que está Emanuella. - A garota nem deu importância pra o que eu tinha dito. - Aff, como você consegue ser tão...
- Tão especial, linda e maravilhosa?
Estou lidando com minha réplica feminina? É isso mesmo?
- Estou lidando com minha réplica feminina... - Murmurei, incrédulo.
- Para disso ow!! - Ela estava tão diferente... Tão... Tão... - Me beija, now!
- Emanuella!!!!!! - Segurei os ombros dela. - Você tá bem?
- Não! - Eu sabia...
- O que tu tem?
- Não sei explicar, é uma sensação engraçada, tipo... - Ela se afastou, fez uma expressão sonhadora. - Se eu to longe, eu sinto falta, como se faltasse um pedaço meu, e se to perto, não quero desgrudar.
Eu engoli seco.
- Emanuella...
- Se ele sorri eu sinto todo meu estomago revirar, e cara, como eu odeio essa sensação, mas... e faz tão bem... Eu estou apaixonada por você Eric.
Após ouvir tudo aquilo, minha mente ficou escura e então eu apaguei.
- Porra Eric!!! - Emanuella (Eu esperava que fosse apenas ela, eu não creio que desmaiei, não, não quero) tacou água no meu rosto. Só pra por em observação: Ela estava bem em cima de mim, bem mesmo... Quem chegasse de repente poderia pensar tudo, menos que ela estava tentando me acordar.
- To bem! - Respirei fundo, não querendo acreditar que eu sofri um desmaio por... Por causa dela. Ah droga, o que aconteceu comigo mesmo? - Me prometa que não contará aos outros sobre... Ahn, sobre meu desmaio.
- Você desmaiou por pressão baixa né, Eric??? - Ao ver aquele sorriso sacana eu soube que estava devendo uma pra ela.
Ela ia me chantagear.
- Você vai me chantagear? - Perguntei. O que de fato fora uma pergunta bem idiota. - Bandida!!!!!
- Own, também amo você!!!!! Meu namorado.
Namorado... Urgh.
Não tinha mais o que discutir, ela tinha me passado a perna. Uma garota passou a perna em Eric Mendes. Ah, o mundo está mesmo de cabeça pra baixo.
E foi assim que meus dias de solteiro acabaram.