MANO, UM JOVEM PINGUIM
QUE NÃO SABIA CANTAR
 
Por Rosa Regis
 
Se você não conhecia
Venha ouvir pra conhecer
A estória de um pingüim,
Sua vida, seu sofrer.
Por não ter o dom do canto
Foi grande o seu padecer.
 
Tal qual “O Patinho feio”,
O pingüim foi desprezado.
Por não ser igual aos outros
Ele viu-se abandonado
Além de pelas desgraças
De todos, ser acusado.
 
Mano, esse jovem pingüim
De quem eu vou vos falar,
Nasceu sem o dom da voz
Musical para encantar
A sua musa escolhida
Que formaria o seu par.
 
O que lhe faltou na voz
Sobrou no sapateado.
Ele superava todos!
Neste item era aprovado.
Mas por não saber cantar,
Foi do seu grupo enxotado.
 
Pois entre os Imperadores
O pingüim é reprovado
Se não tem o dom do canto,
Sendo, pois, considerado
Alguém sem merecimento,
Ou seja, sem predicado.
 
Se um pingüim não possui
A canção no coração
Jamais será respeitado
Como um bom pingüim varão.
As fêmeas do seu convívio
Seu amor não lhe darão.
 
Mano foi considerado
O causador da desgraça
Do lugar onde ele mora,
Pois, diferindo da raça,
Não canta, só sapateia.
Grande sufoco ele passa.
 
Seus pais, muito desgostosos,
Falam pro seu filho assim:
- Esse tal sapateado
Não é coisa de pingüim!
Sem música na voz, você
Só nos trará coisa ruim.
 
Pois sabem que caso Mano
Nunca consiga cantar
A “canção do coração”
Poderá nunca encontrar
O seu verdadeiro amor
Com quem deverá casar.
 
O preconceito de todos
Da sua comunidade
O pobre Mano sentiu,
Sendo acusado, em verdade,
Do sumiço do alimento
Daquela sociedade.
 
E Mano vê-se arrasado
Porque não sabe cantar
Além de ser acusado,
Por saber sapatear,
De provocar a escassez
Da cadeia alimentar.
 
Por ele ser diferente
Dos outros, foi acusado
De provocar o sumiço
Dos peixes, sendo acossado
E expulso do seu meio.
O que o pôs magoado.
 
No entanto um outro grupo
Muito bem o recebeu,
Um’outra sociedade
Serenamente o acolheu
Sem ligar pra diferença
Que ao pingüim acometeu.
 
Ali foi bem recebido
Pelo chefe que lhe disse,
Depois de ouvi-lo, que aquilo
Lhe parecia tolice.
Que estava pronto a ajudá-lo
Se acaso ele lhe pedisse.

Mano, que não desistiu
Da sua felicidade,
Ao juntar-se ao outro grupo,
Reforça a habilidade
Que tem pra sapatear.
E também busca a verdade.
 
Uma ave com uma argola
Na pata lhe segredou
Que fora um alienígena
Quem a argola colocou.
Aí Mano a Amoroso,
Guru dos pingüins, buscou.
 
Mas o guru nada disse
Que lhe pudesse ajudar,
Porém vai junto com Mano
Para ajudar procurar
Até que Mano decide
Sozinho continuar.
 
Entretanto finda preso
Por um humano malvado
Que o prende num aquário
Deixando-o desesperado,
Desejando até morrer
Por ver seu sonho acabado.
 
Mas um dia uma menina
Chegando-se ao seu aquário
Bate e repete a batida
E o pingüim solitário
Começa a sapatear
Mais e mais, de modo vário.
 
Esse seu sapateado,
Dos humanos, a atenção
Chama. E com um radar na pata
Pra controle, o soltarão
Na Antártida – sua pátria.
Isso lhe causa emoção.
 
Como objeto de estudo
Ele é, de volta, levado
Para junto do seu povo,
Encontra seu pai cansado
E tristonho pela ausência
De Mano, seu filho amado.
 
Assim Mano leva os homens
À sua origem, ao lugar
De onde viera um dia.
E lá, a sapatear,
Ele mostra a alteração
Da cadeia alimentar.
 
Os outros vão lhe seguindo
Como para lhe apoiar,
Os humanos não resistem
Também começam a dançar.
E foi o primeiro passo
Para aos pingüins ajudar.
 
Mostrando também pra eles
Que a grande culpa, afinal,
Da alteração existente
Que provocou tanto mal
Na cadeia alimentar,
É da pesca industrial.
 
E pessoas importantes,
Tomando conhecimento
Da ação do nosso Mano
Ali, naquele momento,
Decidem por ajudar
No controle do sustento.
 
E tudo foi resolvido
Do jeito que Mano quis.
Isso foi dito por todos
E hoje ainda se diz:
Existindo o equilíbrio,
O mundo estará feliz.

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Rezei aqui uma historia
Onde se busca mostrar,
Semeando a consciência
A todos, que respeitar
Realmente às diferenças
Existentes, é amar.
Gostar do meio ambiente,
Inclui fazer-se presente
Sempre que ele precisar.
 
 
 
Natal/RN – 22 de abril de 2011