Edward Drake - 7°Cap - Os Piratas Rock (parte2)

- CAPÍTULO SETE–

Os Piratas Rock

Edward acompanhou Anne pela nave, o silêncio pairava entre os dois.

- Sinto muito pelo que aconteceu - disse Anne quebrando o silencio.

Edward não olhou no rosto dela, doía muito ver uma pessoa que sempre o olhava com raiva agora o olhando com pena, continuou caminhando em silêncio, fitando as luzes brancas no chão.

Não conseguia tirar da cabeça as cenas da visão que Koude o fez passar, a visão de sua mãe trouxe lembranças muito dolorosas de volta.

A imagem do dia do acidente voltava a sua cabeça como uma bala, lembrava de sua mãe, saindo pela porta com um olhar triste, parecendo saber o triste fim que a aguardava. E depois o rosto pálido e em lágrimas do seu pai enquanto dava a dura notícia do acidente para Edward no dia seguinte.

Edward nunca iria perdoar Koude por se meter em seus sentimentos.

De repente Anne parou, tirando Edward de seus pensamentos raivosos.

- Chegamos ao seu dormitório Edward.

Anne parou de frente a porta, um feixe de luz pareceu escaneá-la.

- É só você parar na frente da porta que ela irá reconhecê-lo e escaneá-lo – explicou Anne enquanto a porta se abria.

- Essa porta abre para qualquer um?

- Não apenas para você, eu, Rockbeam e seu companheiro de quarto.

- Companheiro de quarto?

Anne entrou no quarto sem responder, Edward percebendo que não receberia a resposta, seguiu-a para dentro do quarto.

O quarto era pequeno e não tinha uma aparência confortável, na verdade, o quarto não tinha nada, não havia armário, não havia cadeiras nem ao menos um coxão no chão, estava todo vazio.

Edward olhou intrigado para Anne.

- É aqui que vou dormir?

- Sim.

- Você deve estar de brincadeira.

Anne lançou um olhar furioso para Edward, que já estava pressentindo o começo de outra briga, quando foi interrompido por Jimmy saindo de um buraco que tinha se materializado da parede.

Edward se assustou com Jimmy tropeçou nos pés e caiu de bunda no chão, enquanto Anne olhava com olhar de desprezo para Edward caído no chão.

- Edward – disse Jimmy animado. – Vamos ser companheiros de quarto.

Edward não gostou muito da ideia de ser companheiro de quarto daquele alienígena estranho, mas estava no momento focado em como o alienígena apareceu de um buraco estranho no quarto.

- Como você fez aquilo? – Perguntou Edward.

Anne fez cara de impaciente.

- Nossa, você é a subespécie mais idiota que já conheci – disse ela não poupando xingamentos. – Aquilo é extensão de espaço.

Ela se dirigiu até uma parede do quarto e apertou um estranho botão, logo um buraco se materializou no nada.

- Vai lá, veja seu quarto.

Edward se levantou e passou pelo buraco, de repente se encontrava em um quarto simples, não exatamente simples, com uma cama flutuante, outros dois botões na parede e uma mesa que parecia grudada na parede.

Logo atrás de Edward, entrou Jimmy e Anne, Jimmy tomou a frente de Edward e foi em direção aos botões.

- Esse botão leva para o banheiro – disse enquanto apertava o botão ao fundo do quarto. – Já esse aqui – Foi até a parede da direita. – É onde fica seu armário.

Edward deu uma olhada no armário, não era grande nem pequeno era de uma aparência boa, mas ele não tinha nenhuma roupa, tênis, nem um boné para pôr naquele armário.

- Mas eu não tenho nenhuma roupa além dessa roupa cinza esquisita de escravo.

- Não se preocupe, Edward Drake.

Edward se virou e lá estava Rockbeam com as duas mãos na cintura e peito estufado.

- Providenciei algumas roupas para você – disse sorrindo. – Vamos abre a gaveta e vê o que você acha.

Edward ficou um pouco envergonhado ao ver o capitão, depois daquela humilhação, a última coisa que ele queria era ver era o sorriso brincalhão de Rockbeam.

- Capitão, como você consegue sempre fazer essas entradas espontâneas no momento certo? – perguntou Jimmy.

- Ele estava esperando atrás da porta – respondeu Anne como se tivesse profundamente envergonhada com o comportamento de Rockbeam.

Rockbeam riu alto, fazendo Edward e Jimmy rir junto.

Edward sentindo melhor depois de umas risadas, deixou de lado a humilhação sofrida e abriu o armário.

O armário era todo cinza, com um pequeno aparelho semelhante ao celular embutido em seu centro.

- Boa noite Edward Drake, o que deseja vestir no momento? – disse uma voz de mulher.

- Mas o que?

- Surpreso Edward? – riu Rockbeam – Essa é Lola 3.0 é um aparelho armazena todas as roupas que você compra em dados, e o veste nelas por teletransporte.

Edward olhou fascinado para Lola, nunca imaginou algo assim, era uma tecnologia impressionante.

- Lola mostre camisas comuns no planeta Terra – pediu Rockbeam.

Rapidamente apareceu holograficamente vários modelos de camisas diferentes: sociais, a regatas, simples, polo, até rasgadas.

- Escolha um modelo – disse Lola.

Edward olhou perdido para Rockbeam.

- Encoste o dedo na que preferir.

Edward escolheu uma social.

- Escolha a cor.

Dessa vez apareceu uma palheta de cores no campo holográfico.

Edward escolheu a cor branca.

- Deseja algum desenho?

Vários símbolos diferentes surgiram na frente de Edward.

Edward se surpreendeu com o símbolo que tinha visto na nave o smile verde com a língua roxa para fora.

Rockbeam apertou o smile antes de Edward pudesse escolher alguma coisa.

- Coloque nas costas bem grande Lola – disse Rockbeam.

Lola fez um barulho como se tivesse acabado um download e disse.

- Camiseta concluída, por favor se posicionar dentro do guarda- roupa.

Edward perdido entrou dentro. Rapidamente uma luz surgiu nele e ele estava usando a camisa social branca, aquilo era impressionante.

- Esse símbolo nas suas costas Edward, é o nosso símbolo – disse Rockbeam antes que Edward precisa-se perguntar. – É o símbolo da liberdade.

Rockbeam, apesar de estar sorrindo, falava com um tom bem sério para Edward, que já compreendeu que aquele símbolo era muito importante para aqueles piratas espaciais.

Edward tirou a camisa para ver melhor o símbolo, logo a baixo ele reparou que havia alguns escritos em baixo do símbolo, eram caracteres estranhos que Edward sem dúvida não saberia o que significa.

Virou para Anne do seu lado:

- O que significa isso?

Anne olhou mal humorada para ele.

- Pergunte para Rockbeam, só ele sabe ler essa língua.

Edward virou-se para Rockbeam que sorria radiante esperando Edward perguntar o que aquilo significava.

- O que significa isso Rockb...

Anne deu um tapa na cabeça de Edward.

- O que significa isso Capitão Rockbeam? – corrigiu lançando um olhar de raiva para Anne.

- Sorria você está sendo roubado – disse Rockbeam como se sentisse orgulho profundo do que estava escrito. Já Edward achou uma frase extremante estúpida, já ia perguntar o que significava quando Rockbeam virou as costas para Edward e caminhou em direção à porta.

- Anne, Jimmy, deixem Edward tomar banho e se trocar daqui a pouco é hora do jantar.

Anne saiu junto com Rockbeam, já Jimmy esperou um pouco, Edward aproveitou para tentar perguntar da frase, quem sabe Jimmy saberia explicar.

- Isso realmente significa sorria você está sendo roubado?

Jimmy olhou enigmático para Edward.

- Nunca vamos saber, isso é uma língua extremamente antiga – disse apontando para frase em baixo do smile verde. – Pouquíssimas pessoas sabem ler essa língua.

Edward olhou de novo os caracteres, realmente pareciam uma escrita importante e antiga.

- Acho que Rockbeam realmente vai conseguir encontrar as Ruínas do Sol – disse Jimmy baixo mais para si mesmo, do que para Edward, virou as costas e caminhou em direção a porta. – Vou dar uma passeada pela nave depois te vejo.

Edward ficou ali confuso, o que ele quis dizer com Rockbeam conseguir encontrar as ruínas do sol assim de repente? Ruínas do sol... Edward tinha impressão de ter ouvido isso em outro lugar.

Desistiu de ficar ali pensando e foi tentar descobrir como tomar banho.

Depois de muito esforço para entender os mecanismos do banheiro, alguns minutos brincando com as variedades de roupas que Lola disponibilizava, Edward estava limpo usando a camisa social com o símbolo nas costas, um jeans, e um tênis baixo com detalhes azul.

Contente com sua aparência saiu do quarto e se encontrou com Jimmy Purple, na frente do dormitório.

- Vamos logo Edward, estou morrendo de fome – disse Jimmy colocando a mão na barriga. – Meus estômagos não param de roncar.

- Estômagos?

- É, minha raça tem três.

Edward achou melhor parar de perguntar, antes que perdesse todo apetite.

Edward seguiu Jimmy até o salão de festas. O salão estava todo cheio, com vários alienígenas conversando alto, rindo, dançando em cima das mesas, era uma perfeita festa.

Edward e Jimmy sentaram em uma mesa sem alienígenas dançando em cima. Edward evitou encarar os piratas, ainda se sentia mal depois da humilhação sofrida.

Tentando tirar esses pensamentos da cabeça, começou uma conversa com Jimmy.

- É sempre assim aqui?

- Não sei, estou aqui há tanto tempo quanto você.

Jimmy parecia tanto um alienígena estranho que Edward se esquecia que ele era tão novo quanto ele na nave. Mas Jimmy ao contrário de Edward parecia que fora levado para nave devido a algum objetivo.

Edward estava pronto para perguntar o que Rockbeam queria com ele no bar Lado Negro da Lua, quando foi interrompido pela comida sendo servida por um grupo de belas alienígenas de pele rosa e cabelo loiro, com as orelhas pontudas e compridas.

A comida era estranha, tinha bandejas compridas de algo que parecia um grande filé, mas era vermelho vinho, com pontinhos pretos em cima, mas ao lado Edward de relance viu algo parecido com um purê de batata. Cauteloso, pegou um pouco para experimentar e ao colocar na boca, sentiu um gosto azedo, parecia que tinha chupado três limões ao mesmo tempo, rapidamente cuspiu o purê de volta no prato.

- Mas que raio é isso? – protestou Edward.

- Extrato de maçarola – respondeu a voz de Anne sentando ao lado de Edward – É um purê feito da terra do planeta Bizon, certas espécies não tem o paladar tão sensível e gostam de comidas fortes.

Jimmy pegou uma grande colher de Extrato de maçarola e devorou rapidamente.

- Não sei que você está falando Edward, isso é ótimo.

Edward olhou enojado.

- Tome experimente isso.

Anne ofereceu para Edward palitinhos azuis que estavam em uma cesta. Edward novamente cauteloso pegou um e mordeu na ponta surpreendeu-se, os palitinhos eram ótimos tinham gosto de macarrão ao molho, apesar de serem de aparência totalmente diferente de macarrão ao molho.

Com ajuda de Anne, Edward conseguiu montar um prato com nada que o pudesse matar. Edward olhou de relance para Anne enquanto ela o ajudava, seu cabelo não brilhava vermelho habitual, estava até levemente amarelado, Edward tinha a impressão que ela estava se divertindo, apesar de ela não sorrir, mas não foi louco de comentar.

Edward comeu, tomou um estranho liquido rosa com gosto de suco de limão, até ficar satisfeito, enquanto Jimmy devorava tudo a sua frente e Anne comia com uma classe impecável.

Finalmente, todos acabaram e as belas alienígenas rosas tiraram os pratos. Jimmy foi o último a parar de comer.

Rockbeam se levantou de sua cadeira, pelo jeito ia começar um discurso.

- Piratas Rock – disse com sua voz alta. – Dou novamente as boas vindas aos nossos dois novos companheiros; o ulateniano Jimmy Purple e o terráqueo Edward Drake.

Edward abaixou a cabeça evitando os olhares dos piratas.

- E também tenho a felicidade de dizer que nossa próxima parada vai ser na Pequena Nebulosa de Magalhães.

Vários vivas altos e sorrisos estamparam no rosto dos tripulantes, Edward sem saber o que era a Pequena Nebulosa de Magalhães, perguntou para Jimmy:

- O lugar é como um paraíso pirata, uma terra sem lei, com jogos bebidas, brigas e mulheres.

Rockbeam recomeçou o discurso.

- Também tenho a felicidade de dizer que nossa pequena Blood estará esperando por nós lá. meu amigo já me informou que os danos foram reparados e poderemos finalmente dar adeus a essa nave tão precária.

Edward olhou intrigado para Anne e Jimmy.

- Qual essa não é a nave de vocês?

Anne respondeu.

- Não, roubamos essa nave de um comerciante, é uma nave lenta e pouco armada, apesar de termos feito modificações necessárias para poder sobreviver no espaço.

Edward realmente imaginou que piratas espaciais deviam mesmo ter que enfrentar vários perigos na viagem.

- Quando você entrar na Blood Mary Revenge, vai perceber a diferença – finalizou Anne.

Rockbeam disse mais algumas bobagens, insistiu em contar algumas piadas, e finalmente acabou o discurso.

Anne, Jimmy e Edward, já cansados e com sono, saíram juntos do salão de festas, logo na saída Edward viu Koude o observando, Edward com raiva encarou os olhos amarelos do alienígena, Edward iria mostrar para ele iria mostrar para todos os piratas como era forte e corajoso.

Andando pelos corredores, Anne olhou de relance para Edward.

- Sabe Edward, você não devia se meter com Koude, ele é muito perigoso. Você com certeza não seria capaz de enfrentá-lo.

Edward olhou para Anne, não gostava que ela sentisse pena dela, o incomodava.

- Só preciso me tornar mais forte – disse Edward – e estar preparado.

- Perai - começou Jimmy – Você se meteu em uma briga com Koude? Koude Ogen?

Edward sinalizou com a cabeça.

- Você está louco? – berrou Jimmy – O cara é Gwioiano, eles são uma raça extremamente perigosa, são violentos, orgulhos e cruéis.

Jimmy parecia aterrorizado pelos Gwioiano.

- E pior - continuou Jimmy – Eles podem atacar sua mente.

- Sobre isso, há alguma maneira de se defender de um ataque de mente Anne?

- Você tem que se concentrar em uma única coisa – disse Anne - nos ataques de mentes, os Gwioianos se aproveitam de suas lembranças tristes, seus medos, suas fraquezas, então você tem que tirar todas essas lembranças da cabeça, ou seja, se focando em apenas uma coisa, no caso de uma batalha apenas se foque em seu oponente.

Edward anotou mentalmente o método de Anne. Tinha certeza que iria usar uma hora ou outra essa informação.

- Bom é aqui que eu entro – disse Anne parando na frente de uma porta.

Edward desejou boa noite para ela, mas foi ignorado, o que deixou muito bravo, passou o resto do caminho reclamando de Anne para Jimmy, finalmente chegaram ao seu dormitório, disseram boa noite um para o outro e foram dormir.

Edward deitado na cama pensou na visão da sua mãe indo embora, aquilo sem dúvida tinha trazido dores em seu peito.

Deu um tapa na sua cara e disse para si mesmo – não vou deixar Koude me enfraquecer tenho que ser forte, fechou seus olhos vermelhos e dormiu.

Augusto Ferreira
Enviado por Augusto Ferreira em 21/03/2011
Código do texto: T2861754
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