Ela veste preto, mas o baile é cor de rosa. Cap35.

Música – Paramore – Playning God – Tradução

Não posso tomar minhas próprias decisões

Ou fazer qualquer coisa com precisão

Bem talvez você devesse me amarrar

Para eu não ir aonde você não quer que eu vá

– Não! Mas como é possível? Eu confirmei com a sua mãe que o Aidan existe, ví uma foto dele e tudo! – diz inconformada.

– Claro, uma foto de quando era pré-adolescente, aposto! – desafia David.

– Ela me mandou uma foto por e-mail, contou que ele mora em Roseville e que é sem dúvida muito parecido com você...

– Muito parecido a ponto de pertencer mais a nossa família que o Paris! O mesmo discurso abominável de sempre. E avoada, esqueceu de acrescentar que ele tem doze anos e é aluno num colégio interno. A foto que você viu é dele atualmente.

– Você, você é um monstro igual ao seu irmão, se são da mesma família não é por acaso! Brincaram comigo e com as outras pessoas como se fossemos peças de um jogo idiota no tabuleiro. Esse Aidan nunca me desceu pela garganta, mas agora eu sei que ele era só você sendo o cara que queria ser! – sussurra chorosa com raiva enquanto David a segura. Paris via a cena mais adiante largado nos assentos.

Você diz que eu tenho mudado

Que eu não estou simplesmente envelhecendo

É, mas isso não tem lógica alguma

Apenas continue me jogando idéias goela abaixo

Como resposta, estranhamente magoado com as ofensas, David resolveu contar o começo e quais eram as regras do tal jogo.

– Quando pegamos a Mell, ela começou com isso de peças, já desconfiada da nossa brincadeira! Dá pra acreditar, justo a Mell, que convenhamos num teste de Q.I não obtém lá um número muito significativo. Dois dígitos então são quase um milagre! – ri desdenhoso. – Mas foi brilhante, não foi? Quem desconfiaria do priminho? E se desconfiassem, a desmiolada da minha mãe mostraria a foto e quem adivinharia que o garoto é ele hoje em dia e não o Aidan, no caso eu, na infância? Tá certo! Ela poderia acabar contando ou alguém entendendo, mas o Aidan é quase meu clone e porque não aproveitaria essa coincidência tão a calhar! Correr riscos só faz tudo ter um gosto melhor! – termina vitorioso.

Paris então se aproximou do ex-casal e imprensando-a contra David sentiu o cheiro suave e peculiar do corpo que ele tanto desejou e que até pouco tempo estava sob o domínio de seu irmão.

– Conte a ela como nasceu a idéia que nos trouxe a esse momento! – cochichou.

David, acariciando o rosto de Dora com o olhar orgulhoso no irmão revelou.

– Uma aposta! Esse momento aconteceu por uma aposta! – ri.

Você não tem que acreditar em mim

Mas do jeito como eu vejo isso

Na próxima vez que você apontar um dedo

Eu posso ter que dobrá-lo pra trás

Ou quebrar, quebrá-lo

Na próxima vez que você apontar um dedo

Eu o apontarei para o espelho

– Paris e eu estávamos em casa, assistindo porcaria na TV e tomando cerveja barata que escondíamos pra dias como aquele, que só enchendo a cara pra agüentar quando no meio da conversa surgiu um comentário meu sobre você. “A Dora ainda me amaria mesmo se eu estivesse morto!”. Paris duvidou e disse que te faria me esquecer fácil se tivesse uma chance. A conversa foi ganhando detalhes por toda à tarde até se transformar em aposta e finalmente plano.

– E vocês tiveram a coragem de dizer a palavra amor tantas vezes enquanto não amavam nem a si próprios! – diz Dora abismada se retirando do meio deles.

David sem se abater continuou.

– Nossos primeiros inimigos foram nossos pais, mas eles nos ensinaram a respeitar os papéis de cada um na vida. Mesmo quando se é abandonado pelas viagens desnecessárias que fazem e te transformam num cara supostamente perfeito e outro em total perdedor. Nós mantivemos os nossos papéis até o fim e ninguém jamais desconfiou que nos falássemos em casa.

– Mas você pulou de um prédio e depois todo mundo te viu jogado na rua lá em baixo!

– Um bom show de magia precisa de detalhes que o façam verdadeiro e amarrando todos os pontos se transforma em realidade. Deu certo, New Park acreditou inclusive você a espectadora V.I.P. Eu pulei sim, mas estava preso a uma corda especial de alpinismo que ficou totalmente invisível na escuridão.

Paris tomou dessa parte a explicação para si.

Se é de Deus que você está brincando

Bom, então temos que fazer mais amizade

Porque tem que ser tão solitário

Para ser o único que é sagrado

– Eu precisava de um álibi então arranjei confusão aparecendo na porta do Clube e quando corri para longe dei a volta no quarteirão a tempo de voltar atrás do prédio, ver Mell indo embora após a briga com David e ele se prender a corda que eu segurava exatamente segundos antes de você chegar. Ele pulou, se soltou rápido e eu sumi na noite antes que alguém viesse. Emocionante!

– Aí Paris! Sempre se contentando com pouco e fazendo de suas ações verdadeiras peripécias! Sinceramente obrigado por você existir e fazer a diferença. – debocha David rindo do irmão.

Paris ofendido corre em sua direção e lhe dá um murro na boca. O outro apenas limpa o sangue no canto dos lábios e depois de uma cuspidela dita frio.

– Fracote!

Dora estava horrorizada com a espécie de “união” que eles tinham e que nem nos piores sonhos pensou em conhecer. Minutos depois ambos se recuperaram e dando as mãos como crianças fazendo as pazes continuaram no clima anterior a briga.

– Nós pagamos e chantageamos um médico viciado que também vendia anfetamina e qualquer coisa que lhe proporcionasse uma viagem para constatar a minha morte no beco. O caixão foi fechado e quando se tem pais relapsos e ricos o poder é ilimitado e eles não vão ligar pro que quer que você faça. Não vão se importar nem se não puderem dar adeus ao filho! – ri David com os olhos marejados recebendo o apoio de Paris. Fui morar em Isla Del Flores nossa ilha particular que meus pais jamais visitaram, mas ajudava Paris a vigiá-la pra saber como ia a aposta.

Dora ouvia a história debruçada numa das cadeiras sem expressão alguma. Era impossível saber sequer se estava realmente alí.

É só a minha humilde opinião

Mas é a única na qual acredito

Você não merece um ponto de vista

Se a única coisa que você vê é você

– Eu estava ganhando de lavada no início, aí o Paris tentou com toda a incompetência dele te conquistar... – dizia David quando foi interrompido.

– O ser perfeito tem que criticar os erros dos humanos. Me desculpe por ser um mero mortal! Na próxima encarnação juro que tentarei ser um ciborg como você! – reclama Paris.

David não deu importância e arrogante continuou.

–... Mas você o dispensou surgindo assim o R e as pistas de onde ele planejava te salvar nos perigos, porém apareceu o Alonso que ninguém convidou pra entrar no jogo! – grita descontrolado. – Dou colher de chá pro meu irmão, mas pra esse cara mentiroso é demais! Sem falar no detetive a tira colo. O que foi Dora? Você queria montar um harém? Nunca tinha percebido isso em você antes! Talvez tudo fosse evitado se tivéssemos nos mostrado! Eu até que gosto dessa nova Dora, que dá trabalho, mas torna a vida mais interessante e não a previsível do Shopping.

– Eu não ligo mais! – sussurra sem forças, derrotada na cadeira.

– Bem! O jogo acabou, deu empate e todos vão viver pra sempre em Isla Del Flores longe de mais problemas e desse teatro chamado New Park. – termina David carregando Dora grogue para o carro. Paris ia atrás limpando as provas.

Enquanto isso em Holanda Garden a polícia chegava ao loft de Dora. Encontraram a porta aberta e vasculhando rápido viram o bilhete que foi entregue ao Detetive Turner e Romeo que o acompanhava. Leram e correram para a faculdade, mas quando chegaram só encontraram Mell desmaiada em um dos banheiros, era tarde demais, já haviam partido.

Não muito longe David, Paris e Dora se dirigiam a Isla Del Flores e deixavam New Park cada vez mais para trás.

– Nos quatro seremos muito felizes lá! – diz Paris entusiasmado quebrando o silêncio.

– Nós quatro? – pergunta Dora mais consciente.

– Ah! Eu não te contei! O Alonso também veio, ele passou lá pela faculdade e eu resolvi trazê-lo! Está aí atrás no porta malas! Lá tem muitas paisagens pra você ir visitá-lo num túmulo bem bonito que vamos construir. Você escolhe o lugar! – comenta David eufórico.

Dora mediante a confissão de David baixou a cabeça e começou a rezar punitiva. Não ligava em ser um objeto nas mãos dos dois loucos que de certo modo ela contribuiu para que chegassem aquele estado, mas levaria seu amor a morte por ter sido corajoso para salvá-la. Estava perdida e perderia o seu verdadeiro e único amor.

– Isso sim é perder! – pensava inquieta.

Esta é a última segunda chance

(Eu vou te apontar para o espelho)

Eu não sou tão boa quanto posso ser

(Vou te apontar para o espelho)

Estou nos dois lados do muro

(Eu vou te apontar para o espelho)

Sem uma ponta de arrependimento

Eu vou te prender a ele

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Continua...

Aí galera, valeu pelos comentários por acompanharem e pelo interesse! Agora só mais dois capítulos para o fim, já com saudades! Capítulo dedicado a você que lê e não deixa comentário, mas que nem por isso é menos merecedor!! Claro que eu adoro quem comenta, então se quiserem deixar um pra mim, eu AAAAMMMOOOO!!!! Bye!!!