[Original] The Simple Plan - Capítulo 32

A omissão que gerou a desconfiança - Capítulo 32

Eduardo Mendes

Minha primeira semana como desmemoriado fora bastante conturbada. Eu me vi obrigado a fazer todos meus amigos mentirem. Muito egoísta de minha parte, é claro. Mas eu preciso reverter essa situação.

Eu contei a Eric sobre a mentira toda. Primeiro foi porque ele parecia um idiota fazendo drama falando que a nossa mãe o espancaria até o olho dele saltar da cara e segundo porque preciso da ajuda dele. Mundo irônico não?

Paolla estava sensível. Na primeira semana ela não veio falar comigo, evitou ao máximo me ver e não ia na minha sala, o que deixou Emanuella e Melissa muito putas da vida comigo.

Emanuella disse que eu sou um fuleiro, e Melissa disse que quer me matar, me matar mesmo. Pois é.

– Qual foi? – Eric perguntou, enquanto íamos andando bem devagar pelo corredor da escola, estávamos atrasados.

– Sei lá. To me sentindo estranho.

– Você sempre foi. – Eu revirei os olhos. – Por causa de que exatamente?

– Meter todo mundo nisso vai dar em merda.

– É o jeito né. – Ele parou em frente a sua sala e suspirou. – Merda, podia ter enrolado um pouco mais. – Tinha umas 15 pessoas na sala, e o professor nem estava ali.

Eu dei uma olhada na sala e vi Paolla sentada no canto dela, estava ouvindo música e parecia realmente mal.

“Vá lá!” – Dizia meu lado nobre. “A culpa por tudo isso é só sua!”

“Fique ai, ela merece.” – O meu lado infeliz gritava. “Paolla não é boa pra você.”

Pelo sim e pelo não Eric me empurrou sala à dentro, o professor não estava.

– Vai lá. Banque o idiota, ela sempre te dá atenção. – Ele disse, com um meio sorriso.

Eu assenti e segui pra onde ela estava, me sentando na cadeira que costuma ser de Eric, ela não me olhou, eu não sabia como começar a falar.

– Oi. – Com um “oi” muitas coisas no mundo começaram. Então deve ser uma boa idéia iniciar uma conversa com ex assim.

Paolla me olhou com cautela parecendo levemente impressionada, e então, sorriu, aquele sorrisinho de canto dela que sempre me irritou.

– Achei que não gostasse de mim.

Boa. Imitar o Eric sempre dá merda.

– Ah... Eu não te entendo muito. Nem sei quem é você, mas não odeio não. – Ela balançou a cabeça e tirou a touca que estava em seu cabelo, depois removeu o fone dos ouvidos e me olhou.

– O que quer?

– Não sei, meu irmão que me empurrou aqui.

– Claro. Você esta bem? – Eu assenti. O que estava havendo comigo? Perdi o jeito?

– Sim, e você?

– Estou levando.

Outro silêncio e eu toquei seu cabelo, não sei bem porque fiz isso, veja bem, eu sou idiota, mas acho que mentir situação mental esta aumentando meu nível de idiotice.

–Desculpe. – Pedi, ao ver o olhar assustado dela. – Eu não to legal.

– Você perdeu a memória.

– É, isso ta mexendo com meu psicológico.

– Entendo, o meu esta mexido desde que te conheci.

Fight.

– Eu não posso afirmar e nem discordar.

– Vá por mim, você sabe como “abalar” (a maldita fez aspas com os dedos, argh) a vida de alguém.

– Eu não sei do que você esta falando. – Sabe, era ruim até pra mim mesmo não poder revidar a esses comentários dela. – E do jeito que fala parece que eu te deixei em depressão, você esta acabada mulher.

Ela ficou 5 segundos em silêncio, eu sabia que tinha a magoado.

Eu não precisava ser eu mesmo pra saber magoá-la, isso às vezes era prazeroso, mas algumas vezes fazia eu me sentir o pior ser da terra.

– Guarde seus comentários pra si mesmo. – Eu ia me desculpa, mas ela não me dera tempo. – E se quer uma miss vá atrás da Carolina, aquela que você já comeu mesmo.

Preciso dizer que toda sala do Eric me olhou tipo assim: OMG.

– Isso te incomoda mesmo não é? – Ela riu, amarga. – É, já vi que sim. – Vou cutucar a onça um pouco mais. – Ela até que é bonitinha, não?

– Se você gosta de loira e vadia, ela é perfeita.

– Quanto ciúme. – Ela apertou com exagerada força o lápis que estava na mão. – Cuidado garota.

– Sai daqui, sai.

– A sala é publica.

– SAI DAQUI! – Todos nos olharam. – Não, pensando bem, eu saio.

E ela saiu. Contei até 15 e fui atrás dela, Eric riu alto.

No corredor ela andou rápido, eu tive que correr pra alcançá-la.

– Calma menina, espera! – Gritei, ignorando cada olhar. – Paolla!

Quando consegui alcançá-la a peguei pela cintura e depois a empurrei contra a parede. Ela me bateu, eu a pressionei mais. Ela gritou eu a calei e a puxei pra dentro do almoxarifado.

– Me solta!

– Não.

– Tá escuro Eduardo! – Berrou, beliscando minha barriga. Eu estava tentando achar uma parede decente pra me encostar.

– Shiu, sei que toda garota sonha em ser pega no Almoxarifado. – Se estivéssemos em uma situação normal eu levaria um tapa.

– Você esta falando isso por que já deve ter tido alguma experiência não é? Tipo... – Eu estava pressionando-a na parede e falando bem próximo ao seu ouvido. – O que você... Ah... – Eu beijei seu pescoço lentamente. Isso a fez se calar. Paolla arfou. Com a mão esquerda invadi sua blusa. Sinceramente, eu não sei onde estava criando tanta ousadia pra isso tudo.

– Eduardo. – Ela gemeu conforme minha mão subia em sua barriga. Era um aviso. Já disse que o proibido é atraente? – Não... Devemos... Aqui...

Quando capturei seus lábios em meio aquela escuridão foi como se de repente eu estivesse no céu.

– Eu... – Ela ofegou, puxando-me pelos cabelos. – Te quero muito.

Minha vontade era de dizer: Eu também, muito, volte pra mim, me perdoe. mas...

– Todas querem.

Ela riu.

– Vou aceitar o convencimento porque estou gostando do novo Eduardo.

– Então me beije. – Pedi ansioso. Eu não queria que o momento não acabasse tão cedo.

Mas não sei se já disse o quanto Paolla é expert em me frustrar.

– Não! Para.. Espere. – Ela desgrudou os lábios dos meus. Eu bufei. – Não, você não pode ter ficado assim dessa forma. Isso está errado e estamos brigados.

– Pelo o amor de Deus garota, não fale idiotices, estamos dentro de um almoxarifado.

Levei um pisão no pé. Bela visão a dela.

Paolla Santana

Tá estranho. Muito. Muito mesmo.

1º Ele continua bipolar.

2º Deus, que pegada foi aquela no almoxarifado? Se não fosse os baldes ali ia acontecer uma GRANDE besteira.

3º Eu... Ah, quero ele, nossa... E como quero.

No intervalo toda a galera e o desmemoriado Eduardo nos juntamos numa mesa.

– To com fome. – Melissa disse, olhando pra Breno.

– Eu também. – Tiago disse.

– Ué, vamos levantar todos e ir pegar a comida né. – Eric disse, empinando o nariz.

Todos assentiram e fomos buscar nossos lanches, cada um pegou o que bem queria e voltamos.

– Então. – Começou Emanuella, me olhando de esguelha. Ela estava ao lado de Johnny, que volta e meia olhava pra mesa da frente. Eduardo estava calado. – Ahn..

– Certo... – Falei. – Ta acontecendo algo aqui.

Eles se olharam. E Eric, o mais engraçadinho, riu.

– Começou já? Maria das neuroses...

– Ai Eric, cala a tua boca, ok? – Respondi. Ele riu alto. – Tá todo mundo estranho!

– Gorda! Você não ta vendo que seu namorado perdeu a memória e pá? – Tiago disse, me olhando seriamente.

– Nunca namoramos. – Não consegui chegar a isso.

– Não tem nada acontecendo, Pam. – Melissa disse, balançando a cabeça em concordância.

Eduardo e eu nos olhamos. Ele arqueou a sobrancelha.

– Porque você acha que está estranho? Além, claro de minha memória estar muito ruim.

– Porque está. Breno, você não mentiria pra mim. – Breno arregalou os olhos. – Né?

– Nunca.

– Pois bem. O que está pegando?

– Nada. – Johnny disse, mas sem me olhar. Fitei Eric.

– Estou pegando minha comida, e você? – Respondeu, rindo.

– Pam, para pô! – Tiago falou, com aquela cara de panaca só dele.

– Não me enrolem. – Sai da mesa e parei a uma certa distancia. – Vou descobrir o que ta pegando!

– Calma, Paolla! Estávamos escondendo de você que o Tufão vai se casar com a Monalisa. Sei que você se identifica com essa classe, ou seja: a corna.

Eu respirei bem fundo tentando engolir a vontade de mandar Eric se foder. Ele conseguiu me enrolar de novo. Toda a galera riu do projeto de Bozo. Eu mostrei o dedo do meio pra ele e saí muito revoltada. Eles estão escondendo algo... Tenho certeza que estão.

E eu irei pelo elo mais fraco deles.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 15/03/2011
Reeditado em 15/11/2018
Código do texto: T2849322
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