Edward Drake - 7°Cap - Os Piratas Rock (parte1)
- CAPÍTULO SETE–
Os Piratas Rock
Edward abriu os olhos lentamente, tinha a sensação de ter sido atropelado por um trem, estava com uma tontura horrível e uma dor de cabeça de matar.
Não conseguia enxergar direito, sua visão estava toda desfocada, mas ao seu lado conseguia perceber a presença de um rosto.
O rosto parecia ser de uma mulher, era lindo, todos os traços eram perfeitos, principalmente os olhos, de uma cor verde forte, que lembravam as florestas mais belas da terra, um verde que lembrava a natureza. Edward olhou diretamente para aqueles lindos olhos e sentiu conforto naquele olhar.
Era como olhar para a foto de sua mãe, eram os mesmos olhos verdes que passavam segurança e bondade.
- Mãe...
Sentiu um soco na cabeça e caiu da cama. O choque o fez acordar rapidinho, levantou se apoiando na cama e lá estava a dona dos olhos verdes.
Anne Read, com um olhar nada bondoso, aterrorizava totalmente os de coração fraco.
- Seu idiota, chega de dormir – disse Anne com raiva. – Você está aí já faz dez horas.
Edward, massageando a cabeça, ficou de pé, o soco dela parecia uma pedrada.
- Mas você precisava me acordar desse jeito?
Anne não respondeu nada, deu as costas e saiu da sala.
Edward ficou massageando a cabeça, com muita raiva. Não sabia como tinha conseguido confundir aquela psicopata da Anne com sua mãe, mas algo o incomodava, tivera a impressão de que o cabelo de Anne estava meio rosa antes de ela sair da sala, bem diferente do habitual vermelho sangue.
A porta se abriu novamente e um alienígena verde com um Black Power roxo entrou todo animado olhando para Edward.
- Finalmente acordou – disse ele animado. – Já estávamos achando que você tinha morrido.
Edward reconheceu o alienígena, era ele que estava dançando no bar lado negro da lua, com quem Anne e Rockbeam precisavam conversar.
O alienígena se aproximou de Edward e levantou o punho.
- Jimmy Purple, prazer.
Edward imaginou que levantar o punho daquele modo devia ser algum tipo de comprimento e imitou o movimento.
- Edward Drake, prazer.
- Edward Drake que nome estranho – disse Jimmy. – Então já está se sentindo melhor? Você ficou um belo tempo aqui na ala hospitalar.
- Ala hospitalar?
Edward começou a observar a sala onde estava, era toda branca, com alguns objetos estranhos que emanavam luzes azuis, realmente parecia uma ala hospitalar futurística.
Ao seu lado, percebeu a presença de uma cama que flutuava sem sair do lugar, olhou para trás e viu que a cama que estava também flutuava.
- Isso é um sistema de solidificação gravitacional, os ulatenianos criaram quando resolveram entrar no mercado imobiliário – disse Jimmy percebendo a fascinação de Edward pelas camas flutuantes.
- Solidificação gravitacional isso é possível?
- Se não fosse possível, você não estaria vendo não é? – disse o alienígena um pouco decepcionado com a pergunta idiota de Edward. – Isso foi uma verdadeira revolução, não tem mais riscos no chão quando se move um determinado objeto, além disso todos os móveis se tornaram levinhos, qualquer um pode mexê-los.
Edward observou novamente a cama, desde que chegara ao espaço só encontrava tecnologias impressionantes que nunca imaginou existir, o planeta Terra sem dúvida era bem primitivo comparado a esses povos.
Edward olhou para Jimmy e percebeu que este olhava para ele fascinado.
- O que foi? – Perguntou Edward desconfortável.
- Verdade que você enfrentou a Anne numa luta? - Disse Jimmy, ele parecia querer perguntar aquilo faz tempo.
Edward olhou para Jimmy, obviamente enfrentar a Anne era algo fascinante para aquele alienígena.
- Sim – respondeu Edward. – Mas o que tem de tão fascinante nela?
Jimmy pareceu levar um golpe no estômago.
- Como assim o que tem de fascinante? Ela é a imediata do navio do capitão Rockbeam.
- E...?
- Que planeta você vive? – Perguntou Jimmy indignado. – Rockbeam é um dos piratas mais famosos do universo, a quarta cabeça mais valiosa. Os governos de todos os planetas o temem.
Edward sem dúvida não conseguia ver Rockbeam como um homem tão importante, afinal a maioria das vezes ele estava sorrindo com uma cara de bobo.
- Mas você ter enfrentado Anne Read, realmente é algo impressionante, afinal, você é de uma espécie tão frágil.
Edward não gostou muito de ser chamado de frágil por um alienígena verde magrelo com uma barriguinha de chopp. Mas não respondeu nada, afinal todos os alienígenas que conheceu pareciam ser muito mais desenvolvidos do que ele. Já Jimmy continuou falando:
- Mas sua espécie é bem frágil mesmo, você tomou só um colinho de buraco negro e apagou completamente – Jimmy fez uma cara de deboche. – Ridículo mesmo.
- Eu ridículo? – disse Edward indignado. – Ridículo é você com esse cabelo estranho.
Pela expressão do alienígena, Edward teve a impressão que pegara pesado na ofensa.
Jimmy colocou a mão no Black Power roxo.
- Esse cabelo é o orgulho da raça ulateniano – disse enquanto parecia colocar a mão no bolso. – Quanto maior, mais as ulatenianas admiram.
Tirou do bolso algo parecido com um spray, Edward ficou imaginado como o alienígena guardava aquele spray na sua calça apertada.
O alienígena começou a espirrar o spray no Black Power roxo e ajeitar com as mãos.
- Spray fixador – disse mostrando para Edward a lata amarela de spray. – Experimente um pouco, você vai ficar muito mais bonito.
Jimmy foi perto do cabelo de Edward com o spray, Edward segurou a mão do alienígena.
- Não, não quero passar nada.
Jimmy forçou o spray para Edward, que continuava tentado tirar a mão do alienígena de sua frente.
- Larga de ser tonto, vai ficar muito melhor – disse Jimmy.
De repente, Edward sentiu o spray espirrar no seu rosto uma dor enorme começou nos seus olhos, o cegando completamente.
- Seu idiota, o que você fez?
- Desculpa meu dedo escorregou.
Edward foi tentando se apoiar na cama enquanto tropeçava cego pela sala.
- Me traga água, preciso de água.
- Água? Está louco. Onde vamos conseguir água?
A dor estava cada vez mais insuportável e Edward ficava cada vez com mais raiva de Jimmy.
- Me traz alguma coisa para limpar os olhos!
Edward ouviu outra voz entrando na sala.
- Dá pra vocês fazerem menos barulho, estou com uma ressaca horrível.
- Doutor – Berrou a voz frenética de Jimmy. – Ele está pedindo água o que vamos fazer?
- Água! está louco? – disse o doutor. – Deixe-o sofrer de dor aí mesmo.
Edward irritou-se.
- SEU IDIOTA, SÓ ME DÊ ALGO PARA LIMPAR MEUS OLHOS.
- Jogue isso no rosto dele.
Edward sentiu um líquido quente cair nos seus olhos e a dor sumir imediatamente. Abriu seus olhos vermelhos e lá estava Jimmy o ulateniano dançante do bar Lado Negro da Lua com seu Black Power e uma cara de culpado.
Ao lado do ulateniano, Edward viu o tal do doutor, era um alienígena bem semelhante aos terráqueos, mas com cabelos brancos e um par de chifres. Edward percebeu que o doutor tinha uma expressão de vagabundo, obviamente tinha acabado de acordar, as roupas estavam surradas, a barba mal feita, e o rosto amassado.
- Melhorou moleque?
Edward não gostou muito do tom do doutor.
- Sim obrigado.
- Urina de vouco sempre dá certo.
- Urina?
- Isso.
Edward passou o dedo lentamente no rosto, estava todo grudento e nojento, segurou o estômago para não vomitar.
- Isso é nojento, me dê água para eu me limpar.
- Água – disse Jimmy. – Você não vai encontrar água por aqui, se você quiser se limpar pode usar o banheiro ali.
Edward entrou com pressa no banheiro.
O banheiro era um pouco grande para um banheiro e possuía uma cor azul cintilante. Edward, mais preocupado em se limpar, ignorou os detalhes do banheiro e correu à procura da pia, ou algo para poder se limpar.
Olhou para todos os cantos, mas não havia nada que se parecesse com uma pia. Ao fundo do banheiro percebeu um estranho cubículo do tamanho de um box de banheiro, animado supôs que lá devia ser o chuveiro, mas não conseguia achar um modo de abrir o cubículo.
Olhou para todo canto procurando algo para ajudar até que reparou em dois botões estranhos na parede, tinham um tipo de gráfico entre eles e escritos desconhecidos em cima, curioso, apertou o da direita, imediatamente um vapor frio cobriu seu dorso por completo, e logo evaporou, Edward passou a sentir uma estranha sensação de estar limpo, aquilo era impressionante.
Edward já ia apertar o botão da esquerda para ver o que acontecia, quando reparou em seu reflexo a sua frente. Era como se estivesse olhando para um espelho apesar de não ter espelho no lugar.
Edward reparou em seus olhos, não se lembrava deles brilharem um vermelho tão intenso, eles realmente pareciam estar em chamas.
Olhar para seu rosto fez se lembrar do seu pai, precisava voltar para sua casa, precisava achar seu pai. Como será que ele estaria? O que ele quis dizer com salvar a Terra? E mais importante, como sabia tanto do espaço? Não conseguia tirar essas perguntas da cabeça.
A porta do banheiro se abriu e entrou o capitão Rockbeam com seu sorriso confiante no rosto, interrompendo completamente os pensamentos de Edward.
- Finalmente acordou – disse sorrindo. – Vamos, temos que apresentar você para a tripulação.
Rockbeam pegou Edward com uma facilidade tremenda pela gola da camisa e o tirou do banheiro.
- Ei, me ponha no chão, consigo andar sozinho.
Rockbeam não deu ouvido aos protestos de Edward, colocou Edward em seus enormes ombros e foi levando-o tranquilo pela nave, o doutor e Jimmy acompanharam os dois.
Rapidamente começou a se surpreender com o cenário, quase esquecendo que estava sendo carregado no ombro de Rockbeam, se sentia dentro de um filme de ficção, os corredores eram todos iluminados com luzes brancas no chão que pareciam ser o suficientes para deixar todo o corredor claro, portas que se abriam automaticamente sem ao menos serem tocadas.
No meio do caminho, Edward reparou em um estranho símbolo pintado na parede da nave, era um smile verde, com três olhos, um na testa em forma de “xis”, outro na direita em forma de cruz e por fim apenas um traço no olho esquerdo como se tivesse piscando. O smile também sorria com todos os dentes e mostrava uma língua roxa. Atrás dele via-se uma estrela amarela e uma cruz de ossos, também verde, como uma bandeira pirata.
Edward foi perguntar o que significava o símbolo quando Rockbeam abriu uma porta e disse:
- Chegamos.
Eles tinham entrado em um grande salão, com várias mesas enfileiradadas, todos os lugares preenchidos por alienígenas de todos os tipos possíveis, Rockbeam carregou Edward a um pódio na frente de todas as mesas e o colocou no chão.
Todos os alienígenas ficaram em silêncio observando Rockbeam e Edward, que se sentiu um pouco envergonhado por ser o centro das atenções.
Edward olhou para Rockbeam, pelo jeito ele iria falar algo.
- Piratas Rock – falou alto Rockbeam. – Temos um novo companheiro na nossa tripulação.
Rockbeam apontou para Edward, todos os alienígenas olharam para Edward, todos com olhares curiosos e divertidos, com exceção de Anne que assistia mais ao fundo com sua cara de raiva de sempre.
- Senhores e Senhoras – disse Rockbeam, enquanto colocava sua pesada mão no ombro de Edward. – Esse é nosso novo companheiro...
Rockbeam parou pensativo. Virou-se para Edward.
- Como é seu nome mesmo?
Várias gargalhadas estouraram entre a tripulação, Edward pôde ouvir os berros de alguns tripulantes.
- Convidou o garoto sem ao menos saber o nome, esse é o nosso capitão.
Edward envergonhado murmurou – Edward Drake - para Rockbeam.
- Olivio Thomson.
- Quê? Como você confundiu Edward Drake com Olivio Thomson? – berrou Edward.
As gargalhadas ficaram mais altas entre a tripulação. Rockbeam olhou com uma expressão de fascinação para Edward.
- Edward Drake. Que perfeito nome pirata.
- É algo de família, meu antepassado foi um grande pirata na Terra – Edward se surpreendeu, nunca tinha sentido orgulho disso.
O nome de Edward pareceu ser muita diversão para cabeça de Rockbeam, que mantinha um olhar fascinado.
- Você não quer trocar de nome comigo? – perguntou Rockbeam sorrindo.
As gargalhadas ecoaram novamente pela nave, Edward não conseguia imaginar como aquele homem conseguiu se tornar capitão de uma nave pirata.
- Então agora nós também recrutamos raças frágeis para essa tripulação capitão Rockbeam? – disse uma voz fria cortando o barulho das gargalhadas.
Edward, como sempre pavio curto, procurou pronto para brigar o dono da voz fria, mas não conseguiu identificar devido ao numeroso número de piratas no local.
- Koude Ogen, fico feliz em te ver – disse Rockbeam com um sorriso no rosto.
Edward acompanhou os olhos de Rockbeam que encarava um alienígena de pele verde encostado na parede.
O alienígena tinha cabelos vermelhos sangue compridos e lisos, olhos estreitos amarelados, e um estranho nariz em fendas, que lhe dava uma aparência arrepiante.
- Como eu disse Capitão – Edward teve a estranha impressão que o alienígena dizia a palavra capitão com desgosto – Eu me oponho ao recrutamento de um terráqueo, você sabe muito bem com eles são frágeis, ele só nos traria problema.
Edward já abriu a boca pronto para responder, mas Rockbeam colocou a mão a sua frente.
- Eu reconheço que os terráqueos realmente têm suas limitações Koude, mas Edward se mostrou corajoso e forte tenho certeza que se tornaria um ótimo pirata.
- Provavelmente ele morrerá na primeira batalha que tiver – disse Koude com desdém.
Edward não aguentou o último insulto desviou da mão de Rockbeam e pulou no meio dos piratas.
- Se acha que eu sou tão fraco por não ver me enfrentar? – disse Edward nervoso – Vou te mostrar quem é frágil aqui.
Edward encarou o Koude, olho frios do alienígena pareciam estudá-lo. Edward fechou os punhos pronto para dar um soco naquela cara verde horripilante, quando sentiu um dor lancinante em sua cabeça, parecia que algo estava atacando sua mente, por mais inacreditável que isso podia parecer.
Começou a ver cenas do seu pai trancado no escritório em seu aniversário, viu os garotos no bairro correndo dele e o chamando de monstro, viu os comerciantes o expulsando das lojas e o chamando de vagabundo e ladrão. Por fim viu sua mãe, estava bela como sempre, mas seus olhos verdes estavam lágrimas, ela estava longe e parecia se afastar mais a cada segundo, Edward podia ver que ela acenava dizendo adeus.
- Basta!
Um berro tirou Edward do transe, quando se deu conta estava ajoelhado ao lado de Anne, que segurava seu ombro com força. Assustado percebeu que tinha lágrimas no seu rosto, ele olhou para Anne completamente perdido e percebeu que ela estava com um olhar extremamente furioso.
Koude ainda estava no mesmo lugar, com sua postura fria, mas agora uma faca a lazer cravada na parede centímetros da cabeça do alienígena.
- Como se atreve a usar essa técnica contra um companheiro – berrou Anne.
- Só estava mostrando o quão frágil essa espécie é – disse Koude sem mostrar nenhum ressentimento – e um fraco como ele nunca será meu companheiro.
Dito isso ele saiu do local, deixando toda a tripulação em silencio. Edward deu socos de raiva no chão com ódio de sua fraqueza.
- Anne leve Edward para seus aposentos – disse Rockbeam com uma voz seria.
- Vamos - disse Anne puxando o braço de Edward.
Edward levantou-se e passou de cabeça baixa sem olhar para nenhum dos tripulantes, não tinha coragem de encará-los.