REBELDES (episódio 1.2)
REBELDES
EPISÓDIO 1.2: Explosão de mesmice
Seguimos para o prédio principal, fomos revistados, literalmente, fiquei com a cara no chão quando me mandaram tirar a roupa, mas era necessário e com muita vergonha eu o fiz.
Depois recebemos instruções, um guia e seguimos para o prédio dos dormitórios masculinos, que por sinal havia apenas uns cem quartos.
Não se via uma só pessoa pelo longo corredor, me senti com medo de que a escola não estivesse passando uma boa impressão para Lenny, o tanto quanto passava para mim.
“Não tem ninguém.” Disse-me ele.
Ele parecia preocupado.
“Que nada, devem estar fazendo algo.” Menti.
Mas todo o mistério foi solucionado quando entramos no quarto 41, havia dois caras lá ocupando uma beliche, a outra estava vazia e supostamente nossa.
Havia quatro armários não muito grandes e nem caberia todas as nossas roupas.
“E aí?” disse Lenny.
Os caras nos encaram.
Um era parecia ser metido, mas quando ele nos olhou de novo abriu os braços e deu boas vindas.
Ele era loiro, tinha um cabelo liso meio bagunçado, era branco e forte, do tipo líder de time de futebol, mas ele não era ignorante, estava vestindo só uma cueca samba-canção preta.
“Sou Drake.” Disse ele.
“Eu sou Lenn e ele é o Luc.” Disse Lenny.
“Eu sou Kurt.” Disse o outro, ele estava na beliche de baixo, vestido da mesma forma que Drake e logo eu descobri por que, o quarto era claustrofóbico e fazia tanto calor que o ar condicionado esquentava.
Enfim, ele é moreno-claro, e aparentemente legal.
“De onde vocês são?” perguntou Drake com seus olhos azuis afiados.
“Somos de Portland, Oregon e vocês?” Lenn começou a desarrumar as malas enquanto puxava assunto.
“Eu sou de Nova York e Kurt é de Montana.” Explicou Drake.
“Quanta diversidade.” Falei.
“Você nem imagina, hoje cedo eu cruzei com um árabe esquisito.” Disse Kurt.
“Caramba, então essa escola é mesmo requisitada?” perguntei.
“Para você ter noção, é provável que dois a cada cem que se inscreve entra e vocês são dois.” Disse Drake.
“E isso é bom.” Falei.
“Sim.” Concordou Kurt.
“Ei eu gostaria muito de tomar um bom banho.” Falei.
“Banheiro, ou melhor, o vestiário contém quatro chuveiros o que significa que privacidade aqui é zero, bem ali naquela porta ó e lá tem mais quatro armários.” Explicou.
Eu fiz careta.
“Tá, eu vou lá, o calor aqui é demais.” Falei.
“Espera Luc eu vou com você.” Disse Lenny.
“Sério?” perguntei meio constrangido.
“É bom você se acostumar colega, banheiro coletivo, privacidade só no vaso sanitário.” Disse Drake.
“Vamos Lenny.” Chamei.
Era constrangedor, não sei por que, já que passei tanto tempo em vestiários do time de futebol, mas talvez seja por que agora eu mudei né?
Espero que sim.
Bem depois do banho,descansamos um pouco da viagem.
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(Lenn James)
Todo mundo dormia ainda, já era final de tarde, não havia uma alma viva no corredor, todos dormiam, eu vesti uma calça uma camisa regata e fui conhecer o lugar.
Era tão incrível.
Tínhamos um ginásio enorme, só nosso. Uma piscina daquelas que só se vê em mansões, com direito a cascatas e tudo mais, o colégio era cheio de carrinhos de campo de golfe, um gramado enorme por toda a parte e vários prédios, a escola tinha seu próprio time de futebol, seu próprio grupo de teatro, de dança, sua própria editora, praticamente tudo.
Havia vários lugares legais, um dos que mais gostei foi o ginásio II que era ao ar livre e tinha uma vista linda para a imensidão do lago escuro.
Achei incrível ter um lago numa região tão seca, ou melhor, achei incrível esse lugar ser tão lindo numa região seca, é como se fosse um Oasis sem fim no meio do deserto.
No primeiro dia de aula, na segunda-feira, todos estavam ansiosos, principalmente nós, novatos.
A nossa sala parecia uma sala de universidade.
A professora com um crachá que dizia: Miss Liar, um nome tão ridículo quanto à dona.
A escola era uma explosão de mesmice, tinha vários nerds que eram judiados, garotas loiras que quando passavam todos abriam caminho, jogadores do time que pegavam o teu dinheiro lanche e uma inspetora chamada Maggie que era o demônio personificado.
No intervalo todos se amontoaram pelo pátio e pelo refeitório, as mesas já definidas pelos grupos, mesa dos nerds, mesa das lideres de torcida, mesa dos valentões. Eu me encaixei na mesa de Drake, dos populares.
Luc sentou lá comigo, mesmo parecendo estar em outro mundo.
Kurt, o pobre sentou-se à mesa dos nerds.
“Vocês vão se inscrever para alguma atividade?” perguntou Drake.
“Atividade?” indaguei.
“É, aqui você escolhe a décima disciplina, pode escolher entre, teatro, música, dança, escrita e tantas outras coisas.” Disse outro cara.
“Ele é o Ryan.” Disse Drake observando o olhar curioso de Luc.
“É eu sou.” Disse ele.
“Não sabemos ainda. Eu ando com a cabeça muito cheia para isso.” Falei.
“Cheia tipo com o quê?” perguntou Ryan.
“Tipo com um garoto.” Disse Luc.
“Han?” os dois me olharam estranho.
“Não é isso. É esse garoto aqui.”
Tirei uma foto da minha carteira e eles se maravilharam com a beleza do meu filho, não é papo de pai coruja não.
“Caramba, ele é tão lindo e olha que nem gosto de crianças.” Disse Drake.
Depois lhes contei todo o drama da minha vida.
“Para de se deprimir.” Disse Ryan.
O sinal soou.
“Hora da labuta.” Disse Luc.
Nós três o encaramos.
“La... o quê?” perguntei.
“Labuta seus ignorantes, é o mesmo que trampo.” Explicou.
“Cara esse seu amigo é nerd.” Disse Ryan a mim, um pouco mais baixo.
Eu nem disse nada.
O resto do dia foi cheio de clichês.
Loiras fazendo o teste para líder de torcida, garotos enfiando os nerds dentro dos armários ou na lata do lixo, a inspetora com verruga no nariz gritando muito, mesmo com ninguém ouvindo.
Os professores super legais e todo o resto.
Ah... e eu nem falei do uniforme, deve ser o que você está pensando mesmo. Aquele conjunto feio de terno azul escuro com gravata de xadrez vermelha e verde, mais o suspensório e um sapato que apertava demais o meu pé.
Já o uniforme feminino era lindo de se ver, uma saia curta, meia calça, bota de salto alto e uma blusinha decotada.
E o melhor era que praticamente todas as meninas eram lindas.
Quando saímos da educação física, que foi a ultima aula. Seguimos para os dormitórios, logo mais a noite o refeitório estará lotado de novo, mas os alunos podem sair do colégio fora do “expediente”, mas o toque de recolher é às onze horas da noite em dia de aula e indefinido no fim de semana.
Bom, não?
“Eu estou mexendo meus pauzinhos para ficar no quarto de vocês.” Disse Ryan.
“Sério? Mas por quê?” perguntei meio assustado.
“Meus colegas de quarto são todos nerds e vocês são muito legais. E o colégio permite a mudança, desde que os dois estejam de acordo.” Explicou.
“Com quem você pensa em mudar?” perguntou Drake.
“Com um dos dois nerds que você me falou. Só preciso ameaçar um e pronto.” Disse feliz.
Eu me apavorei e agradeci por Luc não estar nesta conversa.
“Agora vamos procurar o que fazer.” Disse Drake.
“Que tal se nós jogarmos baralho?” disse Ryan.
“Pensei que baralho fosse jogo de velhos.” Falei.
“Aqui não meu caro amigo. Aqui é tudo dos jovens.”
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Gente obrigado pelo sucesso do primeiro episódio, espero me manter assim, o bicho vai começar a pegar mesmo a partir do próximo episódio.
Abraço!