O MISTÉRIO DE EMILINHA (2ª)
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Após se recuperar
Do maior susto do mundo,
Emilia pôs-se a chorar,
Mas depois, respirou fundo.
Mesmo assim, seu coração
Foi entrando em erupção
Como um vulcão furibundo.
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Pra superar a aflição,
A moça virou uma fera!
Pense num bravo leão!
Numa faminta pantera!
Ela estava apavorada
E assim, bem descontrolada,
Nem sabia mais quem era!
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A raiva então transformou
A formiguinha em saúva.
Virou pro velho e bradou,
Juntando a mão com a luva:
- Se acha que está me assustando,
O senhor pode ir tirando
O cavalinho da chuva!!!
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Dá pra adivinhar agora
O que então aconteceu?
O velho, em vez de ir embora,
Pra provar que já morreu,
Se deitou, feito um defunto,
E a moça, que estava junto,
Nem se abalou nem correu.
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Ao contrário, ela soltou
Todas as frangas no horto!
E ao velho vociferou:
- Me poupe esse desconforto!
Sai pra lá, velho nojento!
O senhor não tem talento
Nem pra se fingir de morto!
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Ah! Pra que ela disse isso?!!!
A Terra inteira tremeu!!!
E, como por um feitiço,
Ele embrenhou-se no breu.
Mas, antes, gritou: "Você
Inda vai se arrepender!!!"
Depois, desapareceu...
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É claro que a garotinha
Suspirou aliviada:
- É melhor ficar sozinha
Do que mal acompanhada.
No entanto, ao olhar seu braço,
Foi grande seu embaraço.
Ficou toda arrepiada.
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Eles pareciam mais
Uma casca de laranja:
Mãos engelhadas demais,
Unhas, qual galo de ganja!
Uma verdadeira bruxa
Que, no programa da Xuxa,
Quanta maldade ela esbanja!
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A garota, apavorada,
Pegou o espelho e, se olhando,
Viu sua face enrugada,
Seu nariz crescido, arfando,
Um queixo afinado, enorme,
Olheiras de quem não dorme,
Na boca, dentes faltando.
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Não é preciso dizer
Que, em vez de menina loura,
Para uma bruxa ela ser,
Só faltava uma vassoura.
E quando nela montar,
Sem dúvida, voará
Qual temporal na lavoura!
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Ela, então, orou assim:
- Ai Meu Deus Que faço agora!
Eu sei que sou tão ruim,
Mas, me ajude sem demora!
Ir pra casa assim, não posso.
Minha mãe vai ter um troço
E então, meu drama piora!
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Foi quando ela, ao se lembrar
Que o velho dera uma lei
Pra defeitos deletar
Com o evangelho do Rei,
Viu que ele era camarada,
E qual quem surge do nada,
O velho disse: "Voltei!!!"
(continua na 3a. parte)