Edward Drake - 5°Cap - A Feira de Escravos

- CAPÍTULO CINCO–

A Feira de Escravos

Edward acordou, mas não queria abrir os olhos, não queria se levantar, queria continuar deitado lá o resto de sua vida. Mas tinha algo estranho não estava se sentindo bem, seu corpo parecia enrijecido, como pedra, seus punhos estavam grudados, não conseguia mexê-los. Sentia seu corpo encostado em um chão frio, que parecia teimar em continuar frio apesar do calor de seu corpo em cima do chão.

Edward tentou se levantar, mas nada, seu cérebro ordenava, mas o corpo não obedecia. Tentou abrir os olhos, não conseguiu, tentou mais uma vez e finalmente abriu o seu olho direito.

Seu olho vermelho reparou no chão em que estava caído, era algo metálico, extremamente prateado e brilhante, mas não mostrava reflexo algum. Nem possuía um risco sequer, aquele sem dúvida não era o piso de sua casa.

Tentou forçar o outro olho para abrir, conseguiu, seu corpo agora parecia começar a se recuperar da rigidez, com muito esforço levantou a cabeça e percorreu os olhos pelo seu corpo caído.

Estava sem nenhum machucado ou arranhão, nenhuma marca de sua batalha com os dois coroteniano, o braço e a perna doíam, mas não pareciam quebrados, aquilo definitivamente era estranho. Será que sonhara com tudo aquilo, não podia ser a batalha sem dúvida fora real, pelo menos pareceu muito real.

Percorreu os olhos pelo local em que estava caído, parecia um tipo de sala sem portas, totalmente cinza prateado, igual ao chão, na verdade, a sala e o chão eram tão semelhantes que Edward só sabia que aquilo era o chão porque estava lá deitado.

Mas aquela sala era muito estranha, não tinha um detalhe sequer ou sujeira, nada nas paredes, nada no teto, tudo era realmente liso com aquela mesma cor cinza prateada.

Começou a perceber que seu corpo voltava a obedecer, com esforço conseguiu se sentar, reparou nas roupas que usava, parecia uma roupa de mergulhador também do mesmo cinza prateado, Edward já estava começando a odiar aquela cor,

Mas o que realmente o intrigava eram seus pulsos que permaneciam colados, pareciam presos por algemas, mas Edward não via nada, só via seus pulsos nus juntos como se estivessem presos.

Tentou forçar os braços para separar os pulsos e nada, pôs mais força e a resposta veio com um forte choque que o atirou de volta ao chão.

- Melhor não fazer isso, garoto.

Edward se esforçou para sentar e virou o pescoço em direção à voz.

De começo, achou que vira um homem, mas reparou melhor era um homem com cabeça de lagarto, olhos amarelos em fendas e uma língua fina com duas pontas.

Edward arregalou os olhos.

- Você fala português?

- Português? – Respondeu raivosamente o homem lagarto – Não, sua subespécie ignorante, você está usando uma roupa tradutora.

Edward voltou a olhar para corpo, realmente a roupa de nadador prateada lembrava as roupas tradutoras laranjas da Terra, e o homem lagarto também parecia estar usando aquela roupa prateada, mas o mais importante por que estavam com aquela roupa?

- Mas o que está acontecendo? Onde eu estou? Por que estou usando uma roupa tradutora? E por que estou vendo um homem lagarto na minha frente?

O homem lagarto se mexeu desconfortável, parecia não gostar daquela histeria de Edward.

- O termo correto é sweepsiano, do planeta Sweep, e não homem lagarto – disse aquilo com muito orgulho - Você está usando uma roupa tradutora porque todos nós no espaço usamos uma roupa tradutora. Imbecil.

Edward interrompeu o sweepsiano.

- Todos no espaço? – disse totalmente assustado – Como assim no espaço?

- Você foi capturado idiota – disse o sweepsiano com desprezo - Noós estamos em uma nave mercadora de escravo coroteniana. Você é um escravo agora subespécie.

Edward arregalou os olhos, como não tinha percebido era tão óbvio, não tinha conseguido entrar em sua casa, o choque que sentiu antes de apagar, obviamente era uma das redes dos coroteniano, sem dúvida fora capturado.

Uma tristeza tomou conta de Edward, tinha falhado, seu pai o avisara, mas não quisera ouvir, agora estava lá, preso naquela maldita sala cinza prateada, nunca mais veria sua casa nem seu pai, muito menos veria sua vizinha, que se esforçara tanto para salvar, nunca mais a veria sorrir, agora até a sua odiosa escola não parecia tão horrível, não veria mais Seu Felipe, o zelador dançante, nem o irritante Diretor Maria.

Forçou, agora com mais força os punhos, novamente foi derrubado por um choque ainda mais forte.

- Quanto você mais forçar mais choque vai levar – disse o sweepsiano. – Se continuar vai acabar morrendo.

Edward não deu ouvidos ao sweepsiano, pôs toda sua força de vontade nos músculos do braço e forçou em reposta veio um choque extremamente forte que derrubou Edward dolorosamente no chão.

- Subespécie ignorante - resmungou o sweepsiano no canto.

Edward voltou a se sentar, não podia perder a cabeça agora, devia ter um jeito de escapar, precisava reunir mais informações daquele lugar, forçou o corpo para virar-se em direção ao Sweepsianos.

- Para onde essa nave vai?

- Não é óbvio – disse o sweepsiano com olhar de desprezo. – Essa nave vai para a feira de escravos, na lua Yipsu 90. Você vai ser vendido lá.

Agora, Edward sabia aonde ia, uma feira de escravos provavelmente teria multidões, essa podia ser sua chance de escapar. Mas ainda precisava de mais informações.

- Você também é escravo?

- Realmente é necessário responder a isso?

Edward já estava começando a odiar aquele homem lagarto, ele se achava muito superior.

- Se você também é escravo como sabe de tudo isso?

- Diferente de sua espécie, a minha é dotada de intelecto, moleque, sabemos o que acontece a nossa volta – disse com aquele tom de desprezo para Edward. – Mas nossa tecnologia bélica não foi suficiente para proteger nossa espécie dos coroteniano.

Edward, apesar do ódio que sentia pelo jeito arrogante do sweepsiano, simpatizou com o fato dele ser também uma vítima dos corotenianos.

- Mas por que os corotenianos atacaram seu planeta?

- Isso não é óbvio garoto, pelos mesmos motivos que invadiram o seu: riquezas naturais.

Exatamente como seu pai havia dito, os corotenianos estavam atrás de riquezas naturais, mas com seu pai poderia saber daquilo? E será que haveria guerra também na Terra?

- Mas afinal quais são essas riquezas naturais?

O sweepsiano deu um suspiro de impaciência.

- Os básicos: oxigênio, água, terra, carbono, nitrogênio. Para resumir, todos elementos de que eles precisam para comercializar no Universo, principalmente agora que a concorrência está acirrada.

- Concorrência com quem?

- Garoto, chega. Não sou nenhum professor. Compre um livro e descubra sozinho – o sweepsiano deitou-se no chão frio e virou-se para parede. – Agora, fique quieto aí que já devemos estar chegando. Fique falando muito que os outros vão ficar bravos.

- Outros?

Edward percorreu o olhar agora mais atento para a sala, realmente havia outros, uns 10 alienígenas estavam lá espalhados pela sala cinza.

Um perfeito cenário de ficção cientifica, uns peludos, com apenas braços, outros gelatinosos com apenas um olho e boca, outros até com braços e pernas, mas roxos com pares de antenas, um mais esquisito do que o outro, mas todos usavam a mesma roupa cinza prateada.

Edward sentiu um solavanco, seguido pelo um tremor na sala cinza, o sweepsiano levantou-se resmungando.

- Será que nenhum coroteniano sabe estacionar?

Um buraco se abriu na parece da sala cinza, por ele passaram cinco grandes corotenianos, pareciam empunhar armas invisíveis. Edward reconheceu um deles, era o coroteniano careca e feio que o derrubara com a chave de fenda, o coroteniano estava com o nariz deformado, provavelmente da pancada.

O coroteniano careca caminhou diretamente para Edward, com raiva estampada no rosto. Pegou Edward dolorosamente pelo pescoço.

- Sabe, moleque. Eu fui a favor de deixar você todo quebrado para morrer de dor, mas acharam que você seria mais valioso inteiro para vender.

Ignorando o aperto no pescoço, Edward se admirou com o fato de que agora entendia o que o coroteniano falava, não eram mais ruídos incompreensíveis, era português como o de qualquer vendedor de feira.

Mas se ele podia entender o coroteniano. Ele também podia ser entendido pelo coroteniano, agora poderia fazer suas provocações.

- Obrigado pelos tratamentos – começou Edward, se esforçando para falar através do aperto. – Mas pelo jeito não conseguiram consertar seu nariz.

O aperto ficou mais forte, agora, o coroteniano olhava furioso para Edward.

- Eu quis deixar assim, para me lembrar de um moleque que ainda tenho que matar.

Outro coroteniano se aproximou de Edward e o careca do nariz deformado.

- Ei Sasbumd, deixe o terráqueo, você sabe o que vai acontecer se você matar ele não é?

Pelo jeito, o que aconteceria não era nada bom, porque Sasbumd soltou Edward imediatamente.

Sasbumd olhou furiosamente para Edward, pegou-o pelo ombro e o conduziu para fora da sala.

Edward foi levado pela nave acompanhado dos outros escravos e uns corotenianos, que apesar de suas armas serem invisíveis, aparentavam estar fortemente armados.

A nave tinha todo seu interior também impressionante liso com o mesmo cinza prateado brilhante, sem nenhum mesmíssimo detalhe. Corredores sem detalhes, salas sem detalhes, tudo era do mesmo cinza tedioso.

Depois de 15 minutos atravessando o tedioso cenário liso da nave, Edward saiu da nave acompanhado dos corotenianos e os outros escravos.

A mudança foi contrastante, Edward saiu de algo sem vida para algo que mais parecia uma liquidação de estoque de uma grande vendedora.

Vários alienígenas um mais estranho que o outro se amontoavam em barracas que mostravam vários outros presos, que desfilavam em cima de plataformas flutuantes.

Letreiros holográficos poluíam a imagem do local, com tantas cores que davam dor de cabeça, Edward percorria os olhos por todos, mas não entendia nenhum, todos possuíam símbolos estranhos, devia ser alguma língua alienígena.

Edward sentiu que estava sendo empurrado por Sasbumd, e foi andando pela multidão com a mão pesada do coroteniano no seu ombro. Agora com sua roupa tradutora, podia entender os berros dos comerciantes agitados do local.

- Venha comprar nas Casas Escravistas, escravos para toda família.

- Queima de estoque de 50%, eu disse de 50%, só aqui nas Escravocanas.

- Wal Raças, onde você encontra a raça que procura.

Vários outros berros o acompanhavam pelo caminho na multidão, talvez aquela confusão pudesse ajudar a escapar, tentou forçar um pouco o ombro para ver se tinha chance de escapar do aperto do coroteniano.

A resposta veio com um aperto forte, que Edward se esforçou para não dar um berro de dor.

- Você não vai escapar terráqueo. Vai se arrepender de não ter morrido em seu planeta. Sua vida agora em diante vai ser um verdadeiro inferno – Edward ouviu o riso sádico do coroteniano. – Aqui só tem os piores compradores, piratas que vão usar você de escravo para as piores tarefas, cientistas que vão usar você como cobaia, magnatas ricos que só vão usar você para jogos sádicos. O verdadeiro inferno.

Edward ouviu o coroteniano rir na sua olheira, não aguentou, respondeu:

- Verdadeiro inferno, é você com esse bafo fedido no meu cangote.

Edward sentiu um empurrão forte do coroteniano, tropeçou nas pernas e esbarrou em algo, abraçou o que fosse tentando manter o equilíbrio, mas foi junto para o chão com o que segurava.

Abriu os olhos e lá na sua frente estavam os olhos verdes mais bonitos que já vira, olhos verdes que lembravam a natureza, como os de sua mãe. Mas esses olhos estavam em um rosto feminino rosado que parecia fumegar de raiva.

- Como se atreve a encostar em mim. Seu escravo nojento - berrou a dona dos olhos verdes.

A menina empurrou Edward de cima dela, Edward sentiu como se tivesse sido empurrado por um guindaste, caiu uns dois metros da onde estava, quem é que fosse a dona dos olhos verdes, tinha uma força mais do que ignorante.

Edward se levantou rápido, a dona dos olhos verdes caminhava em sua direção.

Ela parecia uma adolescente baixinha de quinze anos. Tinha orelhas pontudas, não como de elfos, mas ligeiramente pontudas. Sua pele rosada combinava com seu cabelo vermelho berrante que, com certeza, não combinava com seus fortes olhos verdes.

Era bonita, mas muito assustadora, como um leão faminto.

- Quem te deu permissão para encostar em mim escravo?

Ela pegou Edward pela gola da roupa de nadador e o jogou em uma parede a dois metros de onde estavam. As pessoas em volta já formavam uma roda, obviamente interessadas com a confusão.

Edward, com seu jeito explosivo, não estava aguentado ser atirado daquela maneira por uma menina.

- Você está louca foi só um esbarrão.

- Vou te mostrar o esbarrão.

Ela tirou do bolso algo que parecia uma pequena faca a lazer. Ao invés de Edward ficar com medo, só ficou ainda mais irritado.

- É muito fácil me ameaçar enquanto estou aqui com as mãos presas, quero ver você me enfrentar em condições certas.

Edward mal teve tempo de completar a frase e sentiu a faca a lazer cravando na parece ao lado do seu ouvido.

- O que você falou? – Perguntou ameaçadoramente a menina dos olhos verdes.

Edward de novo ficou com mais raiva que medo, ia responder e xingar, quando a figura do coroteniano careca surgiu da multidão que os cercavam.

- Gliesiana você sabe muito bem o que acontece com quem machuca escravos dos outros – disse Sasbumd dirigindo-se à menina dos olhos verdes.

Ela focou seu olhar ameaçador no coroteniano.

- O que acontece? – Perguntou friamente.

O coroteniano perdeu sua compostura, olhou para os lados e viu que seus amigos já estavam chegando, e recuperou a forma corajosa.

- Você é presa de acordo com a lei 204f e tem de pagar por todos os prejuízos para o atual dono do escravo.

O coroteniano se aproximou dela, a diferença era contrastante, um devia ter por volta de dois metros, enquanto a gliesiana devia ter no máximo um metro e 55 centímetros.

- Então, pare de dar trabalho antes que se meta em encrencas gliesiana.

Edward nem teve tempo de ver, mas a gliesiana deu um soco rápido na barriga do coroteniano, fazendo-o cair com um baque alto no chão, totalmente desacordado.

O monstro que Edward sofrera tanto para derrotar fora derrubado facilmente por aquela menininha.

Outro três corotenianos surgiram da multidão, diferentes do careca, abaixaram a cabeça imediatamente quando viram a gliesiana.

- Me desculpe senhorita Anne Read – disse um deles. – Perdoe esse idiota é novo no serviço de capturas de escravos.

Anne olhou com o olhar ameaçador para os corotenianos, chegava a ser cômico três enormes monstros se curvando para aquela baixinha.

- Tudo bem, mas não fui com a cara do escravo vou matá-lo.

Edward sem dúvida se assustou com aquela pequena dizendo aquilo, ela simplesmente não foi com a cara dele e ia matá-lo.

Os corotenianos se olharam apreensivos, e abaixaram a cabeça de novo.

- Tudo bem senhorita, Anne Read, seu desejo é uma ordem.

- O QUÊ? – Berrou Edward. – Solte minhas mãos que vou matar todos vocês!

Anne tirou outra pequena faca a lazer do bolso e foi caminhando em direção de Edward.

Edward sabia que tinha que fugir, mas se virasse as costas seria um alvo fácil, precisava desviar do primeiro golpe e aí fugir.

Anne foi se aproximando, movia a faca a lazer entre os dedos, pelo jeito era muito boa com aquilo. Estava preparada para atacar Edward.

Ela deu o golpe rápido, Edward pulou para o lado desviando da faca. Levantou-se rápido, pronto para começar a correr, mas Anne já estava em cima dele de novo, ela era mais rápida do que ele.

Ela preparou outro golpe, por impulso, Edward recuou para trás e deu um chute na mão de Anne que segurava a faca. Edward sentiu de novo como se tivesse chutado uma pedra, será que todos alienígenas tinham essa pele parecida com pedra?

O chute de Edward serviu para fazer Anne recuar, ela mostrava um rosto sério e bravo, e o cabelo brilhava mais vermelho do que nunca. Edward odiava admitir, mas ela dava mais medo do que aqueles corotenianos sádicos.

Edward não estava vendo outro jeito, se ela era mais rápida do que ele, tinha que derrotá-la para poder fugir, ia ser na base do chute mesmo.

Edward e Anne ficaram se encarando, estudando o oponente, esperando um movimento para recomeçarem a luta, enquanto a multidão torcia freneticamente em volta, Edward já estava achando que brigas eram comuns naquele lugar.

Edward continuou a observar Anne, atrás de algum ponto fraco dela, finalmente, a luz apareceu. Como não viu antes, o tamanho era sua vantagem, o braço dela tinha um alcance menor que sua perna, só precisa dar um chute certeiro na cabeça dela e iria ganhar a luta.

Anne se preparou para avançar, Edward preparou todos seus sentidos no chute, Anne correu na direção de Edward empunhando a faca a lazer, puxou o braço para trás para investir com um ataque em horizontal, Edward esperou, ela estava quase na distância certa, era agora, preparou o chute, mas Anne de repente brecou e recuou, Edward deu o chute no ar perdeu o equilíbrio e caiu.

Levantou-se rápido com medo de levar uma facada a lazer enquanto estava no chão, mas quando levantou Anne estava de cabeça baixa em direção de Edward, como se fizesse uma reverência.

- Anne você não devia maltratar tanto esse coitado – disse uma voz vinda de trás de Edward.

Edward se virou rápido para a direção da voz, e lá estava a figura mais estranha que já vira na vida.

Um coroteniano ainda mais alto que os corotenianos normais, com bigode e cavanhaque que mais pareciam pontas de lanças afiadas e um cabelo que lembrava dreads, mas metálicos, presos atrás da nuca.

Usava uma roupa extremamente extravagante, uma camisa de gola alta verde limão, que se destacava por baixo de um casaco peludo que caia sobre os ombros largos, mas para baixo usava um shorts florido azul claro e um calçado parecido com havaianas verde limão.

O coroteniano extravagante sorria confiante com as duas mãos na cintura e peito estufado, Edward nunca tinha visto alguém fazer uma pose tão ridícula.

O coroteniano olhou para Edward com um sorriso brincalhão.

- Gostei desse escravo vou levá-lo.

Todos na multidão ficaram em silêncio quando o coroteniano falou, Edward suando, ainda com a adrenalina da batalha com Anne Read, olhou surpreso para o gigante coroteniano. Ele disse que vai me levar, pensou, deve estar de brincadeira.

A multidão continuou em silêncio, pareciam segurar a respiração como se um pio fosse explodir tudo, enquanto Anne Read e os corotenianos continuavam com as cabeças abaixadas em reverência à estranha figura.

Edward, explosivo como sempre, não aquentou quebrou o silêncio.

- Vai me levar! – Disse irritado – Quem você pensa que é?

Todos no recinto olharam assustados para Edward, como se tivesse dito um palavrão horrível, um alienígena peludo e gosmento até começou a roer as unhas freneticamente.

Anne Read foi mais direta na reação, em um pulo avançou para cima de Edward colocando sua faca a lazer a centímetros do pescoço dele.

- Olhe como você fala com o capitão, escravo.

Edward sem muito medo da faca a lazer olhou desafiador para os olhos verdes de Anne.

- Você só tem coragem de me ameaçar quando estou com as mãos presas, não é? – disse Edward com o melhor tom de desafio que podia.

O cabelo de Anne brilhava um vermelho muito intenso, Edward tinha que admitir que ela era uma pequena figura muito assustadora. Anne levantou o braço e deu um golpe no meio dos pulsos de Edward.

Edward por um momento achou que ia perder as mãos, depois sentiu uma leveza, mexeu os braços seus pulsos estavam livres de novo, ela tinha o libertado da algema invisível.

Edward olhou para Anne, ela estava com uma expressão decidida no rosto.

- Agora você está livre, vamos recomeçar a luta – disse Anne desafiando Edward. – Quero ver do que você realmente é capaz.

Edward pegou a faca a lazer cravada na parede, agora tinhas chances, não ia mais deixar se humilhar por aquela pequena alienígena.

Anne e Edward se prepararam cada um com a faca a lazer, estavam prontos para recomeçar a luta quando o coroteniano estranho e sorridente apareceu na frente dos dois.

- Mas que rude da parte de vocês, me deixarem lá falando sozinho.

Anne abaixou a cabeça imediatamente;

- Desculpe capitão me distrai com o escravo.

O coreteniano sorridente virou-se para Edward.

- Venha, tenho ainda outros afazeres.

Edward franziu as testas.

- Venha? – Disse Edward irritado. - Você está achando que eu sou algum tipo de cachorro?

O coroteniano deu altas gargalhadas:

- Você é ótimo – riu mais um pouco. – Você é um escravo e eu já disse que vou levá-lo – O coroteniano sorridente olhou para os corotenianos mercadores de escravos. – Ou você prefere ficar com eles?

Edward olhou para os mercadores, que ainda estava de cabeça baixa, sem dúvida não tinha muitas chances se continuasse com os mercadores, e o coroteniano sorridente pelo menos parecia uma boa pessoa.

- Certo vou com você – disse Edward finalmente. – Mas você ainda não me disse seu nome.

Anne deu um olhar fulminante em direção a Edward, já o coroteniano sorridente riu com mais gosto.

O coroteniano estufou o peito com orgulho e falou:

- Quem eu sou? – ria orgulhoso. – Eu sou o destemido pirata Rockbeam Kidd, capitão dos piratas Rock. 5°assento na irmandade da fronteira final, atual campeão espacial de Ocrut, dono da melhor receita de bolinhos a base de gelo existente, e dono do sorriso mais bonito, eleito pela revista RAÇAS.

Por fim, ele finalizou a performance, mostrando o mindinho da mão para Edward, junto com um sorriso radiante, como se esperasse uma foto. Aquela era a performance mais idiota que Edward já vira. Mas pelo jeito não para multidão que olhava admirada para Rockbeam.

Edward franziu a testa para Rockbeam:

- Você disse pirata? Aqueles que roubam, saqueiam, matam, sequestram, com navios e tudo?

Rockbeam deu apenas um sorriso fraco para Edward:

- Navio? Acho que você quis dizer nave, mas sim,garoto.

Edward olhou estudando Rockbeam, com certeza ele não confiaria em um pirata, mas ficar com os mercadores de escravos com certeza seria pior. Ia junto com Rockbeam, mas na primeira chance iria escapar:

- Tudo bem Rockbeam vamos.

Anne deu um tapa na cabeça de Edward.

- É capitão Rockbeam para você.

- Tudo bem – disse massageando a cabeça, aquela tapa parecia uma pedrada. – Vamos então capitão Rockbeam.

Rockbeam sorriu e se virou, seguindo o caminho pela multidão, com Anne logo atrás, Edward já ia seguir o capitão, quando um dos mercadores de escravos o segurou.

Edward se virou era o coroteniano careca, estava com o rosto contorcido de raiva e empunhava umas das facas a lazer que Anne tinha atirado.

- Vou matá-lo antes de escapar, seu terráqueo nojento.

Edward tentou tirar o braço do aperto do coroteniano, mas não dava, a diferença de forças era muita, dessa vez não ia escapar, não tinha nenhuma arma, o coroteniano o tinha na mão.

Edward viu a faca a lazer vindo em direção dos seus olhos vermelhos, fechou o olho institivamente, mas não sentiu o golpe, na verdade, sentiu a mão do coroteniano afrouxar e por fim soltá-lo.

Edward abriu os olhos, lá estava no chão o coroteniano careca com uma faca enterrada no coração.

- Vamos logo idiota.

Edward se virou, Anne pelo jeito tinha acabado de atirar a faca que matou o coroteniano, aqueles piratas pelo jeito eram muito perigosos, mas deviam ser a melhor proteção que Edward poderia ter no espaço. Seguiu-os bem mais confiante, já estava achando que ia conseguir voltar para casa.

Augusto Ferreira
Enviado por Augusto Ferreira em 04/03/2011
Reeditado em 04/03/2011
Código do texto: T2828270
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