Edward Drake e as Ruinas do Sol - 4°Cap - Venham me Enfrentar (parte1)

- CAPÍTULO QUATRO–

Venham me enfrentar

(parte 1)

Edward estava deitado na sua cama, seus olhos vermelhos focados na tela em preto e branco do seu celular. Levantou-se da cama ainda olhando para seu celular, franziu as sobrancelhas e jogou o celular com toda sua força na parede.

O celular agora rachado no outro canto ainda mostrava na sua tela uma imagem distorcida por causa do rachado, nela podia se ler: Edward não saia de casa.

Edward estava louco de raiva, esperou por uma semana notícias do seu pai, desde o dia da invasão alienígena, e depois de todo esse tempo ele manda um “não saia de casa”, ele só podia estar de brincadeira.

Queria estrangulá-lo, afinal, ele conta um monte de absurdos, diz que Edward está em perigo, que está tendo uma colonização alienígena na Terra, que mercadores de escravos estão levando humanos para o espaço e, no fim, sai de casa dizendo que vai salvar o mundo, deixando Edward totalmente confuso e sozinho de novo.

- Como ele pensa que vai salvar o mundo? – gritou Edward para seu quarto.

Deu um soco na parede tão forte que só serviu para ele ficar com mais raiva e dor na mão, achou melhor ir assistir à TV antes que quebrasse seu quarto inteiro, ou se machucasse mais.

A sala de estar estava idêntica a quando o pai de Edward saiu de casa, o cinzeiro sujo e cheio ainda estava na mesinha e o sofá de estofado amarelo estava caído e rasgado. Edward, que nem ligava para toda aquela bagunça, desviou do sofá caído. Pegou o controle e ligou a TV.

Eram 20horas e 30 minutos, o jornal nacional já tinha começado. Edward andava assistindo o jornal todo dia, quem sabe achava alguma notícia do seu pai.

Ao se acomodar em uma pequena poltrona perto da janela percebeu que, ao invés do jornal, passava uma propaganda irritante de uma grande rede de vendas, “Venha comprar as roupas tradutoras, por apenas 24 vezes de 10 reais, eu disse por apenas 24 vezes de 10 reais, é o preço mais barato do universo”.

Depois do fim da propaganda mais três propagandas sobre as roupas sendo vendidas em outras lojas vieram, até que o jornal finalmente voltou. Edward suspirou aliviado.

Os âncoras deram a introdução da notícia e mandaram a imagem para seu repórter correspondente. Um repórter velho com uma peruca marrom apareceu na tela, atrás dele podia se ver um campo de futebol com vários carros de policiais por todo lugar.

“Hoje, depois de uma partida de futebol pelo campeonato brasileiro foi notificado o desaparecimento de três jovens jogadores do time da casa. A polícia ainda não possui detalhes, mas suspeitam de um possível sequestro por parte de torcedores descontentes”.

Edward se mexeu desconfortável na cadeira, para variar não era notícia do seu pai, desde o começo da semana estava ocorrendo essas notícias de desaparecimentos, desde famosos a pessoas comuns, já devia ter passado de cem, isso só contando os noticiados. Edward, por mais louco que tinha achado o discurso do seu pai sobre os mercadores de escravos corotenianos, não conseguia deixar de acreditar, fica difícil de duvidar com tantos desaparecimentos estranhos.

A notícia mudou, agora estava lá o repórter que noticiou a chegada dos corotenianos a Terra, ele usava uma camisa cor de mostarda, obviamente, uma camisa tradutora “A idolatria do Deus Othsirc Usjes está conquistando o mundo, trazida pelos habitantes do planeta COROT 7b, é um culto universal que possui vários fiéis pela a galáxia inteira. Na Terra, a religião Usjesi já corresponde a um terço dos terráqueos”.

Edward se levantou da poltroninha e foi buscar algo para comer, não estava a fim de ficar ouvindo notícias sobre religião extraterrestre.

Edward abriu a geladeira, seu pai obviamente tinha planejado tudo antes de ir embora, parecia ter comida para um ano inteiro. Apesar disso, Edward pegou apenas uma maçã e foi voltando para sala. Quanto mais os dias passavam, mais Edward não tirava uma pergunta da cabeça: - como seu pai sabia de tudo aquilo?

Ocorreu-lhe, então, uma idéia que era tão óbvia que não sabia como não pensara nela antes. O escritório do seu pai devia ter alguma pista.

Correu até o escritório. A porta estava aberta, não estava acostumado a ver aquela porta aberta, um sentimento de ansiedade tomou conta de Edward, será que finalmente acharia alguma coisa?

Entrou no escritório, Edward foi caminhando lentamente procurando uma pista, mas a única coisa estranha que estava vendo era que o escritório estava impressionante limpo e organizado, todos os livros nas prateleiras, todos os móveis perfeitamente alinhados nem parecia fazer parte daquela casa desarrumada.

Edward não ia desistir tão fácil, correu para a estante e começou a puxar vários livros, atrás de algo suspeito. Física Quântica Básica, não havia nada, Os segredos obscuros de Einstein, também não tinha nada.

Nada, não havia absolutamente nada em nenhum dos 300 livros daquele escritório, nenhuma anotação, nenhum grifado, nem uma dedicatória na contracapa, todos estavam como novos. Algo estava errado. Edward foi tentar a sorte na escrivaninha do seu pai.

A escrivaninha também estava perfeitamente limpa, nenhum livro, folha de papel, nem bloco de anotação caído em cima dela. Estava tão limpa que nem se via um pequeno farelo de borracha.

Edward tentou as gavetas; primeira, vazia, segunda também, terceira tinha um estojo, que estava vazio.

Edward percebeu que não acharia nada lá, seu pai obviamente limpara tudo que fosse suspeito antes de ir embora. Edward começou a sentir ainda mais raiva do pai. Essa raiva o motivou para continuar, ainda não tinha tentado olhar no chão, ou nos móveis. Tentou arrastar a estante de livros, percebeu que era colada no chão, foi para o próximo móvel, nada embaixo das cadeiras ou da escrivaninha, tentou nas mesas menores no canto, novamente nada.

Dessa vez, Edward desistiu, realmente não havia nada, foi até a saída do escritório e puxou a porta para fechar, então percebeu um pequeno pedaço de papel, caído no chão onde antes estava a porta. Edward se abaixou rápido e pegou o pequeno papel.

O papel estava rasgado obviamente um dia fez parte de um texto, já que havia letras incompletas nas pontas, mas no meio ainda dava para ler uma frase: “ache as Ruínas do Sol”.

Ruínas do Sol. Edward não tinha a mínima idéia do que era aquilo, ou o que significava, parecia algo inca ou maia. Será que era alguma mensagem que seu pai deixara para ele? Ou seu pai apenas se descuidou e deixou o papel no escritório? Precisava saber mais. Saiu do escritório correndo, atravessou a sala e foi em direção ao seu quarto, seu computador não ia decepcioná-lo, mas de repente parou.

Teve a impressão de ter ouvido um grito vindo de fora de sua casa, um grito de uma mulher, como se alguém, provavelmente estivesse em perigo. Edward correu até a janela na esperança de descobrir a fonte do grito.

Tentou olhar a rua, mas ela estava muito escura, as luzes dos postes pareciam ter apagado, Edward forçou seus olhos vermelhos naquele breu e, finalmente, conseguiu ver algo. Parecia haver três vultos na rua, dois eram enormes, eles pareciam perseguir o terceiro que era definitivamente menor.

Edward olhou com mais atenção tentando identificar quem ou o que eram os vultos, mas ao perceber Edward tomou um susto, os dois grandes vultos eram dois corotenianos, na verdade, eram os dois corotenianos mais feios que Edward já vira. Um deles era careca e gordo, com dois braços que pareciam troncos de árvore, o outro era magro e mais alto, tinha seus cabelos metálicos compridos presos atrás da nunca e parecia carregar com ele um tipo de rede. Estavam tentando capturar um humano, só podiam ser mercadores de escravos, deduziu Edward. Mas o pior era quem fugia deles, Edward infelizmente reconheceu a pessoa, era sua vizinha, da casa 23. Linda, com seus cabelos loiros ondulados, caindo ao ombro, tendo que fugir daqueles monstros. Edward foi tomado pela raiva.

Decidiu salvá-la, não se importava com as regras e avisos do seu pai, não ia deixar uma menina indefesa ser capturada por aqueles corotenianos nojentos.

Edward saiu de perto da janela, estava com raiva, mas não ia sair correndo para fora que nem um doido. Sabia que não tinha a mínima chance contra aqueles corotenianos de dois metros. O único modo era conseguir algum tipo de arma.

Ele sabia que seu pai nunca iria guardar uma arma em sua casa, então teria que improvisar, foi até a despensa. Estava cheia, mas porcaria alguma ajudava, Edward pegou um cabo de vassoura, era muito leve não ia dar certo, jogou o cabo fora.

Chegou a achar um arame, um pedaço de pau com prego, um cano de plástico, nenhum servia. Estava demorando muito e sua preocupação com sua vizinha só aumentava, mas finalmente mais ao canto da despensa achou o que estava procurando, a caixa de ferramentas do seu pai.

Edward a abriu, como imaginou, havia várias ferramentas de ferro que, com certeza, seriam uma boa arma. Pegou rapidamente a maior e mais pesada chave de fenda de seu pai e correu para a porta.

Ao chegar à porta se deparou com o isqueiro do seu pai em uma mesa no hall de entrada. Pegou o isqueiro na mão, dava para sentir o frio do metal na mão, Edward acendeu o isqueiro e olhou para as chamas.

A lembrança do isqueiro do diretor explodindo surgiu em sua memória, Edward não sabia como mais tinha certeza que fora responsável pela explosão do isqueiro do diretor. Pôs o isqueiro no bolso, de alguma forma, com ele, adquiriu uma sensação de confiança. Abriu a porta decidido.

Augusto Ferreira
Enviado por Augusto Ferreira em 25/02/2011
Código do texto: T2814243
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