O colecionador de estrelas #2
Emanou-se um repulso repentino que insistia se sustentar no anonimato produzia uma dança casual, logo se apresentou em formas diversas, numa velha folha amarelada que até então vazia.
“Os sonhos não terminam quando se acorda.”
Foi exatamente essas palavras que floresceram dos meus pensamentos.
Enquanto isso, pude ver reveladas de uma pequena janela suja quando ergui a cabeça tediosamente, algumas visíveis, somente algumas delas, porém exuberantes. Um escarro veio à minha garganta, era a vontade de vomitar ao mundo o quanto desejava ser amado. Uma janela que mostrava estrelas... Eu e meu peculiar costume em dar valor às coisas rasas.
Mas o que é o real ou sonho?
Hilário como as indagações caminhavam de mãos dadas com as refutações. Foi quando ele veio à minha cabeça, não sabia quem era e do que gostava, até então só sabia seu nome... Pedro. Fui me deixando levar pelo movimento das minhas mãos descoordenadas, ligadas com minha mente cheia de incertezas. Enquanto esperava o suposto doce fechamento da história.
Tratava-se de um garoto, evidente pelo nome, aparência jovem e levemente abatida. Ligeiramente notório em seus olhos, condolências. Aparentava possuir um desejo, na verdade um grande desejo.
Minha mente emudeceu, por alguns segundos minhas mãos paralisaram. Desabrochou a vontade de construir um mundo para o jovem. Instantaneamente na minha cabeça eclodiram mil faces, nas faíscas do tempo, estava pronto. Mão e mente, precisavam trabalhar novamente em conjunto, para que houvesse algo a ser dito.
Era um dia de chuva, pela janela dava pra se notar o céu nublado, o ar estava gelado no quarto e como de costume estava só, perdido em seus pensamentos. Um emanado de perguntas se passava em sua cabeça, seu incipiente coração se confundia ao encará-las. Nem mesmo suas doces luzes noturnas o acompanhavam em sua amarga solidão, não eram visíveis no momento. Naquele instante odiou profundamente cada nuvem que ocultava seu tesouro.
O teto era seu único aliado, sua única distração. Perdia-se nas horas enquanto o contemplava.
Seu grande desejo baseava-se em pensar que podia mudar o mundo, ser a diferença entre os hipócritas notáveis. Até descobrir que realmente podia. O amarelo da folha já não se destacava tanto, dando lugar para as letras negras, levemente inclinadas, legíveis somente aos mais intrínsecos corações.
O direito de chorar a si negava. Por isso feliz, certo? A ausência da lágrima não quer dizer necessariamente a ausência da dor.
Sentia-se perdido em uma linguagem desconhecida, aquele mundo realmente não o pertencia. E nunca quis pertencer a ele.
Linguagem essa de estranhos sentidos e direções. Onde ninguém está emocionalmente preparado para viver..