De longe se via.

De longe se via quem meus pensamentos me trazia de melhor. De longe se via quem me roubou e a ousadia em não devolver, me recolhia às tardes joelhos no peito, braços envolta das pernas. De longe muito longe se via um furto de coração.

A ladra disse seu nome, se apresentou formalmente, aparentava carência, pediu socorro e quando minha mão já estendida me envolve em seu abismo.

De longe se via em madrugadas frias dois seres nus, se via mentiras e trapaças. A distância inédita salvadora impedira que se consumasse.

De longe se via meus pensamentos e meu coração à vigarista e seu nome, seu sorriso, sua voz e por fim o que foi por muito tempo minha alegria... De longe muito longe se via.