O arrepio

A noite se embriagava nas orgias dentre as paredes sórdidas, o atrito da pele se calava nos ruídos do prazer. Já não se via mais dois corpos, apenas um em um desejo mais que humano de se saciar, grudados, o suor orquestrava a dança.

Em um quarto de hotel nauseabundo, no centro dois seres se entregavam ao desejo, atraídos por uma força que eclodia na carne. Eram mãos e lábios que se aventuravam livremente, indo ao encontro do desejado e ao serem presenteados com o toque, florescia subitamente o arrepio.

Não havia um compromisso, nenhuma divida a ser paga, promessas ou culpa apenas a satisfação no corpo alheio.

Noites que vinculavam conúbios, mentiras e traições, ignoradas pela sede, saciada somente na carne. E já realizados, os caminhos eram opostos e os seus olhos os traiam com a ausência do outrem.