[Original] The Simple Plan - Capítulo 25

POV Paolla

– EDUARDO! - Eu gritei, vendo-o sair da sala numa fúria imensa. As lágrimas borraram minha visão, mas não me impediram de correr até ele. – EDUARDO!!!!!!!!!

– O QUE É? - Ele estava respirando forçado. Seus cabelos estavam meio revoltados. Senti um calafrio percorrer o meu corpo.

– SEU IRMÃO ME AGARROU!! EU NÃO O BEIJEI! ACREDITE EM MIM!

Ele riu, amargamente.

– Sabe o que mais me enoja? - De repente, seu tom de voz estava controlado. – É saber que eu confiei em você, sim. Eu confiei e você mentiu, novamente.

– EU NÃO MENTI! - Berrei, a pleno pulmões. – EDUARDO, PELO O AMOR DE DEUS! VEJA O ÓBVIO!

– E VOCÊ ACHA QUE EU NÃO ESTOU VENDO? - As pessoas que passavam próxima a nós pararam, adorando o show. Eu não me importei.

– NÃO, VOCÊ ESTA AGINDO PELO IMPULSO! EU NÃO QUERO NADA ALÉM DE VOCÊ!

Eduardo bufou e voltou a andar. Eu o segui.

– Eduardo. - Baixei o tom de voz e limpei as lágrimas. – Me escute, por favor.

– Será que você não entende que isso é um sinal? - Ele parou, no meio do corredor. – Paolla, não nascemos pra ficar juntos, sozinhos somos melhores.

– Não diga isso. - Fui em sua direção pra toca-lo, mas ele se afastou, fazendo-me chorar mais ainda.

– É verdade, Paolla. Por favor, me deixe.

E dessa vez eu não o segui. Parei ali mesmo, controlando as lágrimas, eu não choraria mais. Não. Eu já passei por isso, irei superar... Eu tenho que superar.

Olhei para trás e ao ver Eric saindo da biblioteca eu não pensei duas vezes em fazer o mesmo que Eduardo que fizera com ele.

– Ai, porra! - Gritou, depois do golpe. Eu ri, trêmula e nervosa. – SUA LOUCA!

– LOUCA? - Pulei cima dele e o derrubei no chão enchendo-o de tapas. É claro que mais uma plateia se formou ao nosso redor. – VOCÊ VAI VER A LOUCA SEU IDIOTA DE UMA FIGA!

Bati, o chutei, arranhei sua cara, e um garoto que eu não conhecia me tirou de cima dele.

– ME SOLTA! -Gritei. Beliscando a mão do infeliz.

– Hey garota, se acalme! - Ele disse, autoritário. Ah, mais to ficando mesmo mole.

– Me solta! - Quem quer que fosse o babaca, me soltou. Eu lancei um olhar mortal a ele e sai.

POV Eduardo

Eu estava tão irritado que preferi não voltar à porra da minha sala. Fiquei no banheiro, andando de um lado pro outro sentindo meu punho queimar pelo soco que dei em Eric.

Era de se esperar? Não era?

Desde o começo eu fiquei ciente disso, mas me deixei levar por ela, pois eu gosto daquela mentirosa, cretina. Se ela só queria me usar poderia ter avisado, não é? Eu poderia ter me poupado de acreditar que ela estava sentindo algo por mim e tudo isso não teria sido TÃÃÃÃO... Ruim.

Eu poderia me acostumar com isso, pois se ela tivesse me dito que só estaria me usando, eu não teria começado a gostar dela. Eu daria um jeito pra não gostar.

Respirei fundo e chutei a lixeira que estava perto da parede do banheiro.

Porque eu fui na casa dela naquele dia? Por quê?

Tudo bem, tudo bem. Eu não vou me martirizar mais. Não vale a pena.

Mandei uma mensagem a Emanuella dizendo que ia sair da escola e pedi pra ela levar minhas coisas na hora da saída.

Nem esperei uma resposta e sai sem saber aonde realmente ir.

POV Paolla

Eu não tenho sorte no amor. É, eu estou me acostumando a essa ideia. Na verdade eu não tenho sorte em nada.

Não tendo mais animo pra voltar pra sala eu cabulei aula e fui pra praça vermelha, precisava de um momento comigo mesma.

– Eu devia imaginar que essa praça é pequena demais. - Lentamente eu levantei minha cabeça ao ouvir a voz de Eduardo. Ele não estava irritado. Não estava nervoso, estava simplesmente... Normal. – Oi, Paolla.

– Eduardo. - Eu me afastei para ele sentar.

– Não fala nada. Sério.

– Mas...

– Eduardo! - Fiquei de pé e parei em sua frente. – Eu não beijei o Eric, que droga!

– Não foi isso que eu vi na biblioteca.

– O seu irmão me agarrou! - Me aproximei dele, encostando meu cotovelo em sua perna. – Eu quero só você Eduardo. Acredite em mim!

Ele me olhou interrogativo, deu aquele sorriso meio sem-graça e eu fiz menção de beijá-lo, mas na hora ele virou o rosto e eu beijei sua bochecha. Um beijo forte que desceu caminho por seu pescoço, ele se arrepiou, mas permaneceu imóvel, resistindo.

– Eu não vou deixar você me esquecer assim. - Murmurei, sentindo a voz enfraquecer. Senti sua mão ir ao meu cabelo.

– Eu não irei te esquecer, mas não quero você. - Não chore, não chore, não chore e não chore. – Você esta livre.

– Eduardo, você vai se arrepender disso.

– Eu acho que não. - Segurando meus ombros ele me afastou e beijou minha testa, eu já não conseguia controlar minhas lágrimas. – Não chore, você sempre foi forte.

– Eu nunca fui forte. - Respirei fundo e fechei os olhos.

Eduardo não podia me deixar.

– Você é sim. - Nos olhamos novamente e eu o abracei. – Paolla, não faça desse momento pior que já esta sendo para mim.

– Você esta me julgando de forma errada, sabe que eu não o beijei.

– Eu não posso mais Paolla. - Ele acariciou minha cabeça. – Sério...

– Quando você descobrir que eu não te traí vai ser tarde. - Eu disse, fitando-o chorosa. Ele assentiu. – Eu não vou te perdoar.

(...)

POV Eduardo

Eu cheguei em casa às 10 horas da manhã. Meus pais não estavam e eu tive tempo suficiente para pensar na merda em que minha vida seria a partir de agora, sem ela.

Esse era o mal de se envolver com uma pessoa, você passa a se apegar a ela de uma forma possessiva, desejando que a pessoa tenha o bom senso de devolver o mesmo amor que você dá a ela. É como diz Paul McCartney: "E no fundo o amor que você dá, é o amor que você quer receber."... É uma frase verdadeira, porém, se levarmos isso pra vida, nos tornaremos pessoas idiotas. Paolla já fora de Eric, eles ainda tinham um envolvimento. Eu devia ter me afastado enquanto era tempo.

A verdade é clara:

Eu estou apaixonado por ela. E isso não muda nada, ao contrário, só piora.

Era exatamente 12h00 quando Emanuella me ligou histérica dizendo que eu não passava de um idiota cego por estar fazendo o que fiz e blá, blá, blá. Eu argumentei, mas discutir com ela nunca fora algo muito fácil.

– (...) Tá, Emanuella, me escute. Você não está me deixando falar.

– EDUARDO, ESCUTE VOCÊ MOLEQUE IDIOTA! ELA NÃO TE TRAIU, AQUILO FOI ARMAÇÃO DO BABACA-MOR DO SEU IRMÃO!

– EU SEI O QUE EU VI. - Se é pra falar aos berros, vamos falar. – VOCÊ NÃO PODE DEFENDÊ-LA EMANUELLA!

– NÃO LEVE ISSO COMO UMA GUERRINHA! OS DOIS SÃO MEUS AMIGOS E EU OS QUERO BEM!

Desliguei o celular e bufei. Não seria fácil nada fácil minha convivência com meus amigos após desse termino com Paolla.

POV Paolla

Conforme os dias passavam eu tentava não pensar em Eduardo, o que certamente não era fácil, mas eu não podia desistir. Querer falar com ele? Ah, com certeza eu quis em todas as vezes em que nos encontramos no corredor da escola, nas vezes em que seu olhar encontrava o meu no refeitório e principalmente nas aulas de teatro, onde nossa aproximação era obrigatória... Até demais.

– Paolla, você parece tensa, querida. - Tree disse, fitando-me com aquele olhar preocupado que sempre me irritava, fazia eu me sentir incapaz. Ah, jura? Capitã óbvia.

Estávamos na cena aonde Mônica e Eduardo se viam pela primeira vez. Eu estou tensa pois nessa cena Eduardo me agarra – aliás, agarra a Mônica. Eu sou apenas a pessoa que dá o corpo pra ela. Tá, ele agarra eu e pronto.

– Estou bem. - Menti, fingindo não ver os olhares dos atores da peça, incluindo o de Eduardo.

– Certo. - Ela se ajeitou na cadeira de madeira branca, mexeu em uns papeis e sorriu. – Vamos lá.

Ensaiamos a cena do bar – onde conforme a música eles se conheciam. Eu gaguejei bastante, cai e paguei alguns micos e me tornei a alegria do outros alunos que participariam da peça. Eduardo não falou comigo além do necessário. Foi um saco.

Na segunda aula – Tre me obrigou a cabular a primeira para ir à aula de teatro – eu entrei muda e fiquei na terceira calada. Tiago e Breno me olhavam preocupados. E Eric me mandava papeizinhos me pedindo desculpas.

Agora pede desculpas, depois que a merda foi feita.

– Ô professor! - Eu falei, chamando a atenção do tiozinho. – Manda esse babaca parar de mandar papeizinhos!

O professor deu um suspiro cansado.

– Eric, pare.

– Professor, não se meta, é um caso de perdão ou morte. - Eu já disse que Eric é babaca? Ah, já. Repito só pra fortalecer o fato.

– Você esta incomodando ela rapaz.

Ah, obrigada professor.

Ele levantou e se ajoelhou aos meus pés. As idiotas da sala suspiraram, vadias burras, eu fingi que não o vi.

– Paolla, me perdoe. - Filho de uma mãe! Que enfie as desculpas no... – PAOLLA!

– ERIC! - O professor berrou, sendo ignorado pelo babaca.

– Se você continuar me ignorando eu não vou sair daqui.

Eu o olhei furiosamente. Ele abriu um sorriso que seria fofo se eu não estivesse com tanto ódio do filho da mãe.

– Vai se sentar droga! - Mandei, pensando soar ameaçadora. Mas sinceramente, algum dia eu soei ameaçadora para o Eric?

Puxando a minha mão ele recitou um poema ridículo sobre perdão e o poder de perdoar. Agora algo poderia dar errado e fazer um ser impulsivo entender tudo a sua maneira?? Ah! É claro que podia!!

Bem na hora que o idiota esta lá, ajoelhado na minha frente. Quem aparece?

– Olá, Eduardo pode entrar!

Eu travei. Eric bateu a mão na testa enquanto o irmão entrava na sala me olhando com aquela cara de deboche irritante que só ele tem. Uma marca bem Eduardo.

Empurrei Eric e fitei Eduardo, esse, fingia me ignorar enquanto falava com o professor, eu então baixei a cabeça, derrotada. Minha vida é nada mole... Ou minha nada mole vida.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 01/02/2011
Reeditado em 09/05/2014
Código do texto: T2764754
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