Destiny: Caminhos cruzados. [cap 4]

- Quem é você?

Eles haviam me capturado, me armaram uma armadilha. Me fecharam , quando virei a rua, eu estava cercada. Me derrubaram do cavalo e amarraram minha mão.

- Vou perguntar mais uma vez. Quem é você? - a menina de cabelo loiro me perguntava.

Todos os meninos que estavam com o cavalo ficaram me olhando esperando uma resposta.

- Me dessamarra saco! - me debatia.

- Não sem antes você me dizer quem é você.

- Por que quer tanto saber? Não é da sua conta!

Tentava a todo custo não encarar ninguém. Eles poderiam me reconhecer.

- Simplesmente porque você roubou o cavalo do meu amigo!

- Como é que é? Eu não roubei nada! - Quase gritei.

- Então, está brava por que?

- Eu não estou e brava e muito menos roubei cavalo de ninguém! - disse entre dentes - então é melhor vocês me desamarrarem e me deixar ir.

- Ou seja pessoal, ela está brava - a menina riu junto com todos os meninos.

Quase que imperceptível, eu dei um chute nela, que caiu para trás e sai correndo com as mãos amarradas. Deslocando meus pulsos eu consegui me soltar das cordas. Vi que todos os meninos vinham atrás de mim, então, apalpei minha coxa procurando pela minha faca que eu tinha feito com a pedra. Mas ela não estava lá.

- Procurando por isso?

Outra menina segurava minha faca improvisada. Dessa vez ela era negra, seus olhos tinham uma cor de mel, brilhante e sua boca eram bem desenhada. Tinha o cabelo longo, que ia até suas costas, sua pontas eram mais claras que o resto do seu cabelo... Era uma menina muito bonita.

- Isso é meu!

- Era seu!

Ela veio até mim me dando uma rasteira e me deixando no chão. Droga! Estava vencida.

- Mary! Larga ela.

Um menino veio correndo, era o mesmo que eu havia encontrado instantes antes. Ele estava acompanhado de mais outro menino e a loira chata.

- Vocês se conhecem? - perguntou a tal Mary.

- Esbarrei com ela uma vez. - ele me estendeu a mão para me ajudar a levantar, eu recusei e me levantei sozinha.

- Você está bem? - perguntou o amigo dele.

- É claro, até parece!

- Alguém pode me explicar o que está acontecendo? - gritou a loira chata.

- Eu não roubei cavalo nenhum saco! - disse irritada.

- Então, o que estava fazendo com o cavalo do Danilo? - disse o amigo dele.

- Eu o achei, resolvi montar nele, mas eu já ia devolver assim que achasse o dono!

- Espera que a gente acredite nisso? - disse a tal Mary rindo

- É a verdade, se não quiser acreditar então me deixem ir embora! Não teho tempo a perder.

Nós cinco nos olhavamos sem saber o que fazer.

- Eu acredito em você. Ninguém roubou meu cavalo, ele se assustou e saiu correndo.

Eu o agradeci com o olhar.

- Ah Dan, agora que você me avisa? - ela beijou o rosto do amigo. - então nesse caso, deixem ela ir!

- Esperem! - todos olharam para Mary - O que você fazia com isso?

Ela mostrava minha faca.

- Isso não é da conta de ninguém! Vocês já querem tomar conta da minha vida!

- Olha, nesse caso, é melhor levarmos ela até a diretora, ou até o delegado da cidade.

- Por favor! Não! Eu não quero problemas com a polícia por favor!

Todos se olharam.

- Então, vamos leva-la até a diretora.

Todos optaram que sim, estavam decidindo minha vida como se eu não estivesse ali, estavam decidindo por mim e eu não podia fazer nada.

Eles entraram na escola e pegaram um elevador que ia para o sub solo. A escola era sombria e escura, me dava calafrios.

Eles bateram numa grande porta de madeira. Um menino franzino apareceu.

- O que querem?

- Lipe, queremos falar com a diretora imediatamente. - disse o amigo do Danilo, que aliás eu estava desconfiada de que fosse irmão da Mary. Eles eram idênticos.

- Sobre? - perguntou olhando diretamente para mim.

Mary entrou na frente:

- Não é da sua conta, apenas deixe- nos entrar.

- Não sei se ela pode atender - disse ele dando de ombros - talvez se vocês pedirem com jeitinho, eu abro uma excessão.

- Você não manda em nada que eu saiba Lipe! - reclamou a Kimberly, a loira aguada.

- Tudo bem - suspirou o garoto franzino.

Ele retirou do bolso, algo semelhante a um celular ou alkie tok de alta potência e resmungou algo, depois, virando-se para nós, disse:

- Podem entrar, ela está esperando.

- Obrigado - se limitou a dizer Danilo.

Todos entramos, eles ainda tinham minha mão amarrada como se eu fosse algum tipo de ladra.

Era uma sala enorme. Sentada diante da mesa, com pose imponente, estava uma mulher de cabelos pretos e curtos.

- Diretora Raquel, precisamos falar com você. - disse o suposto irmão da Mary.

Ao ouvir esse nome, me lembrei de minha vó. Seria ela minha tia? O endereço era o mesmo que o do papel... mas sair de um reino supremo para virar diretora de uma escola era muito louco.

- Que seja rápido! Aliás, quero que me expliquem o porquê da festa ter sido interrompida do nada...

- Não foi do nada - disse Kimberly irritada - ela roubou o cavalo do Danlo! - e apontou para mim.

Todos olharam para mim com olhares acusadores, menos Danilo que certamente sabia toda a verdade.

- Eu não roubei nada, já disse!

A diretora Raquel levantou-se e me rodiou.

- Você não me é estranha...

Eu tentava manter a calma pedindo a todos os deuses supremos que me ajudassem.

- Eu não sou daqui não senhora... - tornei tremula, não queria que ela me desmascarasse na frente de todos.

- Olha diretora, se isso for ajudar em alguma coisa, eu sei que essa menina não roubou nada. Eu vi exatamente a hora em que meu cavalo se assustou e saiu correndo.

- Sim, isso ajuda, isto prova que ela não roubou o cavalo...

- Mas então, por que o cavalo estava sob o domínio dela? - disse Kimberly intrigada.

- Já disse que eu o achei e já estava indo devolver quando vocês me pegaram!

- E por que uma pessoa que não queria causar mal algum, anda com uma faca escondida na perna? - Mary me acusava, tinha de admitir que ela era boa no que fazia.

- Eu sou sozinha... tenho que me defender de algum modo...

- Saiam todos! - disse a diretora Raquel - quero ficar sozinha com ela.

- Tem certeza? Ela pode ser perigosa... - disse o tal irmão da Mary.

- Não, está tudo bem Max. Podem ir.

Depois que todos se foram ela se se sentou na mesa me olhando com um olhar um tanto curioso e fixo.

- Você pode me desamarrar?

- Você vai tentar algo contra mim?

- Eu não sou nenhuma monstra não tá!

Ela parou e pensou, depois abriu a gaveta e retirou uma faca de dentro cortando a corda.

- Ufa! Essa corda estava me machucando! - eu reclamei.

- Muito bem, desembucha, quem é você?

Eu suspirei, agora era hora da verdade.

- Meu nome é Anne Tompson.

Ela arregalou os olhos:

- Anne... - ela balbuciou - minha Anne?

- Tia, sou eu... - estava prestes a me acabar em lágrimas - sou eu e preciso muito de você...

- Anne... - ela repetiu - Anne...

Ela se levantou e num impulso me abraçou.

- Óh querida! Pensei que estivesse morta... ou sob o domínio do Jeremih...

- Quase tia, quase... mas a vovó me ajudou a fugir por uma passagem secreta...eu juro que não queria deixa-la sozinha, mas ela disse que era preciso, que era eu que ia libertar nosso reino...só que não vejo saída.

- Minha nossa!

- Demorei mais de um mês para chegar aqui... foi tão complicado - deixei que uma lágrima escorresse - tive que me disfarçar, cortar meu cabelo, pintar, me desfazer de minhas roupas... passei fome, calor... tudo...

- Eu imagino! Aquele filho da mãe!

Eu limpei a lágrima.

- Não vejo saída, não tem como eu vencer ele tia..sozinha eu não sei se consigo.

- Calma, vamos pensar em algo.

Eu me desfiz de seu abraço.

- Não posso ter calma, não me peça isso! A vovó está em perigo!

- Anne, não adianta ficar em desespero, a gente sabe como o nosso reino e todas as cidades em volta estão um caus, se agirmos com a cabeça quente tudo vai dar errado.

- Jeremih quer a mim... minha mãe me vendeu... não seria mais fácil eu me entragar e acabar com isso logo?

- Anne, se você fizer isso, o reino vai ficar pior, se ele casar com a unica herdeira do trono, ele passa a tomar conta de tudo e, assim os Tompsons deixarão de existir. É isso que você quer?

Eu fiquei calada, por um momento, pensando.

- Não, não é isso... só quero salvar minha vó, e todos que acreditam na força dos guerreiros Tompsons.

- Então é isso que vamos fazer! - de repente minha tia estava otimista demais.

- Como? Que eu saiba, você renunciou e não é mais guerreira... por que tia você fez isso?

- Isso não vem ao caso agora... - ela olhou para baixo, talvez envergonhada.

- Mas então, como?

- Bom... - ela sorriu - eu renunciei sim, mas o pouco que minha mãe me ensinou eu aproveitei e abri essa escola.

- Argh! Não gostei das pessoas dessa escola. - reclamei.

- Sim, mas o que você não sabe é que aqui é uma escola de militância.

Para quem não sabe, escola de militância, é uma escola para o pessoal aprender a ser guerreiros e assim defender o reino Tompson. São como soldados, aqui eles são treinados e cada um tem o seu papel. Tem aqueles que são somente estrategistas e que não tem dotes habilidosos. Tem aqueles que só servem pra defender, outros que servem pra atacar, outros que usam as armas outros que não. Tem soldados para tudo. No futuro, já formados, farão parte do exército Tompson!

- Tia! Isso é um máximo!

- Nem tanto...

Eu desanimei.

- Por quê?

- Aqui é uma escola de guerreiros Anne, eles estão acompanhando tudo que o Jeremih está fazendo. Eles achavam que você fugiu de medo. Estão contra você.

- Mas então eu tenho que explicar! - disse aflita

- Não é bem assim. Jeremih está dando uma boa recompensa pra quem te entregar. Os pais dos meus alunos são ricos, porém ambiciosos, imaginem quando souberem do seu paradeiro.

Eu sentei desanimada.

- Mas então, qual o seu plano?

Ela sorriu.

- Treinar Anne, você será a melhor guerreira que a dinastia dos guerreiros Tompsons já viram. E quando você estiver forte o bastante, vamos tomar o reino do Jeremih!!!

- Só eu e você? Essa é boa! - eu debochei - não tem saída.

- Anne, vamos tratar de se animar! Ao menos é um plano!

Suspirei:

- Tudo bem tia, vou fazer tudo que estiver ao meu alcançe. Obrigada.

Eu ia saindo quando ela tornou:

- Você vai se passar de aluna da escola, tudo bem?

- Se não tem saída...

Ela pegou um grande livro e começou a examinar.

- Disponivel, vou ter apenas o quarto 300, pode ser?

- Ué tia, claro!

- Tá, você vai dividir o quarto com a Débora. Uma aluna excelente.

Eu dei de ombros, pra mim tanto fazia, estava exausta do mesmo jeito.

Ia saindo, quando ela me chamou novamente.

- E por favor Anne, tenta não arrumar confusão e muito menos chamar a atenção.

- Okay tia.

E sai.

Aquela escola ainda continuava me dando calafrios e eu sentia que ia viver muitas coisas por lá.

Line Alone
Enviado por Line Alone em 03/01/2011
Código do texto: T2705934
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