ECLIPSE -Burying the Sun. Cap. 1 - Parte II

N/A: Obrigada pelos comentários, so continuei por causa deles.

Está decidido. Cada capítulo será dividido em duas partes.

Perdoem-me a demora por que, estou muito atarefada esses dias.

Capítulo UM. -Ultimato. Parte II

-Pensei que ainda não tivéssemos decidido o momento – Lembrei a Bella, sedosamente, de uma forma irresistível.- Você pode desfrutar de um ou dois semestres de faculdade. Há muitas experiências humanas que você nunca teve.

-Eu as terei depois. – Ela impôs com teimosia. Será que ela não entendia a vida que ela estaria jogando fora?

-Elas não serão experiências humanas depois. Não se tem uma segunda chance como humana, Bella.

Ela suspirou entediada.

-Você precisa ser razoável com a escolha do momento, Edward. É perigoso demais embromar nesse caso. – É claro, só podia ser isto para ela querer ser tão precipitada.

-Ainda não há perigo. – Eu a informei.

Ela me fitou. Sabia que estava pensando em Victoria, é claro. Mas, sinceramente, ela não era problema algum. Tudo bem, ela queria vingar a morte de James matando Bella. Mas será que Bella realmente achava que eu permitiria que essa vampira sádica se aproximasse a mais de um metro dela?

Além do mais, Alice estava vigiando tudo. Ela saberia se Victoria tomasse a decisão de matar Bella, e nós iriamos nos preparar para mata-la enquanto Bella ficaria segura, em casa. Era simples.

O problema mais sério era os Volturi, eles queriam urgentemente que Bella se transformasse, já que uma humana não podia saber tanto sobre nossa espécie. Mas não seria tão difícil enganá-los, além disso tinha mais um bom prazo até eles resolverem verificar se Bella era ainda humana.

Como sempre, Alice nos avisaria, e estaríamos prontos. Não havia o que temer. Odiava o fato de Bella temer alguma coisa. A sua angústia automaticamente se tornava a minha.

Eu evitaria a transformação de Bella até quando eu conseguisse, embora minha família estivesse de acordo (exceto Rose, é claro) eu não estava pensando em permitir que até a formatura os dentes de um dos meus familiares estivesse cravado em seu pescoço. E no fundo, bem no fundo, mesmo sem poder ler seus pensamentos, eu sabia que ela ainda não estava pronta.

Não estava pronta para deixar o pai sozinho, em tão poucas semanas. Não estava pronta para contar a sua mãe que jamais poderia vê-la de novo. Ela teria que ficar longe de todos. Ela não estava pronta para sentir aquela experiência. E tinha o lobisomem, é claro. Esse era o único ponto bom nele. Bella ficaria com pena de se transformar na coisa mais repugnante que existe para um ser desses. Apesar de ter certeza que ela pensava em todos esses fatores, ela não abriria mão. Ela queria se tornar uma vampira, e negaria todos os medos.

-Bella. – Chamei-a. Seu rosto estava aflito, e imaginei que estivesse com medo, angustiada. – Não há pressa. Não vou deixar ninguém ferir você. Pode levar o tempo que precisar. – Tranquilizei-a.

-Eu tenho pressa. – Ela tentou dizer, como se aquilo fosse uma piada, achando graça, sorrindo sem motivo. – Quero ser um monstro também.

Seus olhos cintilavam para mim.

Foi como uma facada, ou melhor como se eu tivesse perdendo os

membros, já que uma facada não era nada de nada para mim. Trinquei os dentes ao olhar para Bella, e tentei dizer, por trás deles, da forma mais gentil que consegui.

Será que ela não se tocava no que se tornaria? Provavelmente uma assassina em massa. Seria ela que estaria nas manchetes dos jornais humanos, como se fosse uma gangue destruidora. Esse era o pior futuro que alguém poderia ter.

-Não faz ideia do que está dizendo. – Coloquei o jornal entre nós, na

mesa. Apontei para a ridícula manchete da primeira página. Bella observou atenta.

“AUMENTAM AS MORTES, POLÍCIA TEME ATIVIDADE DE GANGUE”

-O que isso tem haver? – Ela perguntou.

E não era óbvio?

-Os monstros não são uma piada, Bella.

Ela olhou mais atenta para a manchete, pude observar

milimetricamente seu pulso tremendo. A analisei com uma expressão séria.

-Um... Um vampiro está fazendo isso? – Ela sussurrou, pelo visto tinha causado um efeito.

Sorri, sem humor. Satisfeito que ela tivesse sido envolvida pelo

assunto. Bella não sabia que os vampiros eram muito responsáveis pelas mortes humanas com causa desconhecida.

-Ficaria surpresa, Bella, em ver com que frequência minha espécie é a origem dos horrores no seu noticiário humano. É fácil reconhecer, quando você sabe o que procurar. As informações aqui indicam um vampiro recém-transformado à solta em Seattle. Sedento de sangue, louco e descontrolado, Como todos nós somos. – Como eu.

Quase acrescentei.

Ela não olhou pra mim, ficou fitando o vazio do papel.

-Estamos monitorando a situação há algumas semanas. Todos os sinais estão lá... Desaparecimentos improváveis, sempre à noite, os corpos mal desovados, a ausência de qualquer prova... Sim, alguém novinho em folha. E ninguém parece estar assumindo a responsabilidade pelo neófito. – Respirei fundo. –Bom, não é problema nosso. Não teríamos prestado atenção no caso se não estivesse tão perto de casa. Como eu disse, isso acontece o tempo todo. A existência de monstros resulta em consequências monstruosas. – Aí está. Mais uma de minhas filosofias.

Eu tinha conseguido o que queria. Bella tinha ficado um tanto apavorada. A bolinha preta nadava pelos oceanos castanhos que eram seus olhos, percorrendo involuntariamente a lista de nomes. Será que ela havia finalmente percebido que faria consigo mesma?

-Comigo não seria assim. – Sussurrou, quase querendo convencer a ela mesma. – Você não deixaria que eu fosse assim. Vamos morar na Antártida.

Ah, claro. Sempre uma desculpa. Argh. Antártida. Bufei.

-Pinguins. Que lindo. – Desdenhei, rompendo o clima tenso que estava no ar.

Bella riu, tirando o jornal da mesa, e o derrubando com um estampido. Achei que ela quisesse evitar pensar naquilo. Eu não queria que Bella fosse vampira, mas se fosse, não moraríamos na Antártida de jeito nenhum, ela teria que se conter, eu a conteria.

-Alasca, então, como planejamos. Só um lugar muito mais distante de Juneau... Um lugar com muitos Ursos. – Sim, até que era uma boa opção.

Tinha várias opções.

-Melhor. – Cedi. – Lá tem urso polar também. Muito feroz. E os lobos são bem grandes.

De repente, Bella paralisou. Sua boca se abriu num “o”, e seu rosto estava num misto de desespero.

Não entendi.

-Que foi? – Mas a resposta estava óbvia, e antes que ela pudesse mudar de expressão eu já havia entendido. Enrijeci. O lobisomem, é claro. – Ah! Deixe os lobos para lá, então, se a ideia é ofensiva para você. – Falei, mais seco do que deveria.

-Ele era meu melhor amigo, Edward. – Não entendia como ele poderia ter sido tanto para ela. – É claro que a ideia me ofende.

-Por favor, perdoe-me pela minha falta de consideração – Disse, em um tom muito formal. – Eu não devia ter sugerido isso.

Agora sentia raiva de mim mesmo por não ter pensado no cachorro idiota.

-Não se preocupe. – Ela murmurou, olhando para as próprias mãos de punhos cerrados que jaziam em cima da mesa.

O silêncio foi quase torturante.

Não aguentava mais. Ergui seu rosto com o dedo indicador direito, tentei aparentar tolerância e delicadeza para com o assunto.

-Desculpe. De verdade.

-Eu sei. Sei que não é a mesma coisa. Eu não devia ter reagido assim. É só que... bom, eu já estava pensando em Jacob antes de você chegar. – Ela informou-me, hesitante. Tentei parecer ainda normal e tolerante, mas toda vez que ouvia seu tom de voz nostálgico, uma onda de ódio tomava conta de mim, meus olhos automaticamente se tornavam mais escuros, e minha pose mais rígida. Bella começou a falar quase numa súplica. – Charlie disse que Jake está passando por dificuldades. Ele agora está sofrendo, e... a culpa é minha.

A culpa era dela? Ora, faça-me o favor. Ela lá tinha culpa de não corresponder a essa atração boba que ele sentia por ela? Ela tinha culpa se ele não compreendia que companhias Bella gostava?

-Você não fez nada de errado, Bella. – Afirmei, convicto.

Ela fechou os olhos lentamente, respirando fundo, depois os abriu num átimo.

-Preciso dar um jeito nisso, Edward. Devo isso a ele. E é uma das condições de Charlie, de qualquer modo...

A cada palavra eu ia me enrijecendo-mais, ficando mais paralisado.

Ela não devia nada a ele. Ela não iria ficar mais perto de um lobo descontrolado e perigoso. Eu não permitiria isso.

-Sabe que está fora de cogitação você andar desprotegida com um lobisomem, Bella. E seria quebra do pacto se qualquer um de nós estrasse no território deles. Quer que comecemos uma guerra? – Eu parecia bem violento e aturdido.

-É claro que não! – Argumentou Bella, chocada com a hipótese.

Sorri mentalmente (se é que isso é possível), por ter conseguido o meu êxito.

-Então não tem sentido continuar discutindo a questão. – Baixei a

mão e virei o rosto, como numa tentativa para mudarmos logo de assunto. Eu a observei, e tentei sorrir para ela, não mostrando a minha preocupação se ela insistiria ou não em ir visitar o lobisomem. – Fico feliz por Charlie ter decidido deixar você sair... Você precisa muito de uma visita à livraria. Nem acredito que está lendo O morro dos Ventos Uivantes de novo. Ainda não sabe de cor?

-Nem todos nós temos memória fotográfica. – Proferiu ela asperamente. Era justo, mas não para me deixar calado.

-Com ou sem memória fotográfica, não entendo por que gosta dele. Os personagens são pessoas medonhas que arruínam a vida uma das outras. Não sei como Heathciff e Cathy terminaram ao lado de casais como Romeu e Julieta ou Elizabeth Bennet e Sr. Darcy. Não é uma história de amor, é uma história de ódio. – Filosofei contra ela.

Ela me fitou indiferente. Como se tudo o que eu tivesse dito tivesse sido uma blábláblá irritante.

-Você tem sérios problemas com os clássicos. – Disse. Pelo menos tinha funcionado. Edward 1, Bella 0. Ela havia se desconcentrado da ideia de visitar o lobo.

-Talvez porque não fique impressionado com antiguidade. – Sorri, evidentemente satisfeito por tê-la distraído. – Falando sério, porque você sempre lê isso? – Agora eu estava realmente interessado. Por que porcaria de motivo Bella gostava tanto daquele livro? Eu só queria compreender o complexo convoluto de sua mente. Estendi a mão para acariciar seu rosto. – O que lhe agrada tanto?

Não sabia porque, mas sabia que meus efeitos sobre ela era desarmadores.

-Não sei bem – Ela disse, sua expressão foi confusa, e odiei não saber, pela quadragésima vez, não poder saber suas emoções. – Acho que tem algo a ver com a inevitabilidade. Nada pode separá-los... Nem o egoísmo dela, nem a maldade dele, nem mesmo a morte, no final...

Refleti sobre suas palavras. Talvez ela estivesse certa, o livro continha a inevitabilidade como o seu fator primogênito de grande atração de leitores. Porém ainda achava que faltava alguma coisa para convencer-me a gostar do enredo. A inevitabilidade em um romance não o tornava assim tão interessante, considerando os aspectos malignos dos personagens. Sorri zombeteiramente.

-Ainda acho que seria uma história melhor se um deles tivesse uma qualidade que os redimisse. –Contra argumentei.

-Acho que essa é a questão – Bella discordou. – O amor dos dois É a única qualidade redentora.

Justo. Porém se Bella se identificasse com a personagem...

-Espero que você tenha mais juízo do que isso... Se apaixonar por alguém tão... maligno. – Porém eu já sabia que ela não tinha. Existe algo mais maligno do que um vampiro?

-É meio tarde para se preocupar com quem se apaixonou por quem. – Assinalou. – Mas, mesmo sem o aviso, parece que eu me saí

muito bem.

Ah, claro que se saiu. Escolhendo alguém que deseja tomar seu sangue a cada segundo. Muito bondoso. Eu ri baixinho de minha própria ironia.

-Fico feliz que VOCÊ pense assim.

-Bom, espero que você seja bastante inteligente para ficar longe de

alguém tão egoísta. Catherine é a origem de todos os problemas, não Heathcliff.

-Estarei precavido. – Prometi.

Bella suspirou. Fiquei com medo de que ela tivesse percebido que era só uma distração e voltasse a tocar no assunto. Ela colocou a mão em cima da minha, mantendo-a em seu rosto.

-Preciso ver Jacob.

DROGA!

-Não.

-Sinceramente, não há perigo algum. – Ela protestou, suplicando para mim. Mas não cederia. – Eu costumava passar o dia todo em La Push com todos els, e nunca aconteceu nada.

Nunca aconteceu nada. Só o simples fato de você quase se tornar a mulher de um lobo.

A segurança de Bella era um fator importante. Sentiria-me desconfortável se ela ficasse um dia inteiro na mão de jovens cães irresponsáveis. Mas não era só isso que me perturbava. E se ele a convencesse de que eu realmente não prestava? E se ele a convencesse de que eu iria embora, e a magoaria novamente? E se ele a convencesse de eu era um monstro? E se ele a convencesse a ficar com ele?

Era torturante demais para mim, pensar em perde-la mais uma vez. E uma sensação estranha que eu nunca sentia, estava me domando. Era o ciúmes. Mas eu era orgulhoso demais para admitir isso a ela, então, eu apenas diria que era segurança.

E quando pensei nisso, ouvi o coração de Bella acelerar, então a peguei. Ela estava mentindo. Devia ter acontecido algo inseguro pelo menos uma vez. Eu assenti.

-Os lobisomens são instáveis. Às vezes, as pessoas perto deles se machucam. Às vezes, elas morrem.

Tentei causar efeito com o que dizia, para afastá-la da ideia de ir visita-lo. Mas o que eu dizia era verdade, embora também pudesse ser aplicado a vampiros, mesmo que estes fossem vegetarianos.

Vi que ela estava afetada.

Esperei, triunfante que Bella recuperasse a voz para argumentar.

-Você não os conhece. – Ela sussurrou.

Ledo engano.

-Conheço-os melhor do que você pensa, Bella. Eu estava aqui da última vez.

-Da última vez? – Inquiriu-me com curiosidade.

Me preparei para um longo discurso convencedor e explicativo.

-Nosso caminho começou a se cruzar com o dos lobos há setenta anos... Tínhamos acabado de nos acomodar perto de Hoquiam. Isso foi antes de Alice e Jasper estarem conosco. Nós estávamos em maior número, mas isso não os teria impedido de entrar numa luta, se não fosse por Carlisle. Ele conseguiu convencer Ephraim Black de que era possível coexistirmos, e por fim fizemos uma trégua.

Ela se sobressaltou.

-Pensamos que os limites tinham desaparecido com Ephraim... – Murmurei, mais para mim mesmo de que para ela. – Que a singularidade genética que permitia a transmutação tivesse se perdido... – Como seria bom se os lobos estivessem realmente aniquilados. Me interrompi e fitei Bella com um olhar acusatório. – Sua falta de sorte parece ficar mais poderosa a cada dia. Percebe que a sua atração implacável por tudo o que é letal é bastante forte para arrancar da extinção um bando de caninos mutantes? Se pudéssemos engarrafar sua sorte, teríamos uma arma de destruição em massa.

Ela me olhou como se minha teoria de que ela atraia coisas perigosas fosse absurda. Deu de ombros com a minha acusação.

-Não foi EU que os trouxe de volta. – Ela disse como se isso fosse óbvio. Franzi o cenho. – Não sabia?

-Sabia do quê? – Perguntei, curisoso.

-Minha falta de sorte não tem nada a ver com isso. Os lobisomens

voltaram porque os vampiros voltaram.

Eu a encarei, fiquei imóvel com aquela revelação.

Como poderia?

-Jacob me disse que a presença de sua família aqui deu a partida nisso. Pensei que você já soubesse...

Meus olhos se estreitaram.

-É isso que eles acham?

-Edward, considere os fatos. Há setenta anos você veio para cá e os lobisomens pareceram. Você voltou agora e os lobisomens surgiram de novo. Acha que é só coincidência?

Pestanejei, mas meu olhar para ela relaxou.

Talvez estivessem certos. Talvez.

-Carlisle ficará interessado nessa teoria.

-Teoria. – Caçoou ela.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Fiquei analisando as gotas de chuva, minuciosamente escorregando pelo vidro embaçado da janela. Era um desgosto o fato de que minha família era a causa para aquelas mutações ridículas. Mesmo assim, eles agora estavam de volta.

E eu não deixaria Bella se aproximar deles. Muito menos DELE.

-Curioso, mas não é exatamente relevante – murmurei, depois de um momento. – A situação ainda é a mesma.

E isso significava: nada de lobos, e ponto final.

Eu sabia que ele a havia feito feliz, enquanto eu estive fora. Mas talvez tivesse feito feliz demais. E isso era o suficiente para me atormentar.

Como eu sobreviveria sabendo que Bella estava do outro lado da fronteira, nas mãos do meu pior inimigo, que a desejava com um fervor inquietante? Além disso, eles realmente eram perigosos.

Bella se levantou e contornou a mesa. Abri os braços para ela, então ela se sentou em meu colo, sua pele macia e quente roçando nos meus braços gelados e duros como uma pedra. Seus orbes castanhos ficaram fixos em meus dedos, enquanto ela fazia uma tentativa inútil de me persuadir.

-Por favor, ouça por um minuto. Isto é muito mais importante do que atender a alguns caprichos de um velho amigo. Jacob está sofrendo. – Ela distorceu a palavra. Certo, ela se importava MUITO com ele. –Não posso me negar a ajuda-lo...Não posso desistir dele agora, quando ele precisa de mim. Só porque ele não é humano o tempo todo... bom, ele estava ao meu lado quando eu mesma... não era tão humana. Você sabe como foi... –A culpa era minha é claro. Eu não podia ter ido embora. Bella tinha se tornado dependente dele, e era a minha culpa ela necessitar ajuda-lo. Além disso ela tinha sofrido muito. Muito. Por minha casa. Me enrijeci, meus braços ficaram paralisados a sua volta. Cerrei os punhos. – Se Jacob não tivesse me ajudado... Não tenho certeza se você teria por que voltar. Tenho que fazer alguma coisa. Eu devo a ela mais do que isso, Edward.

Senti a dor de sua voz na minha pele, em cada palavra. Fechei os olhos, minha expressão devia ser tensa.

-Nunca vou me perdoar por tê-la deixado – sussurrei. – Nem que eu viva cem mil anos.

Ela afagou meu rosto e esperou até eu suspirar e abrir os olhos.

-Você estava tentando fazer o que era certo. Eu tenho certeza de que funcionaria com qualquer pessoa menos retardada do que eu.

Além disso, você está aqui agora. É só isso que importa.

O que mais me torturava é que a culpa era minha. A culpa dela sentir necessidade minha era toda e crucialmente minha.

-Se eu não tivesse partido, você não teria necessidade de arriscar a

sua vida para consolar um CÃO.

Bella se encolheu com o insulto. Mas eu fervia de ódio mentalmente, para me preocupar com isso.

-Não sei como expressar isso adequadamente – Comecei, e tentei parecer triste. – Imagino que vá parecer cruel. Mas já estive perto demais de perder você. Sei o que é pensar que perdi. Eu não vou tolerar nenhum risco. – Afirmei tentando não ficar tão rude.

Afinal eu entendia que o cão tinha sido bom para ela, e tal. Mas eu arriscaria, nem por nada nesse mundo.

-Tem que confiar em mim neste caso. Eu vou ficar bem.

Certo, poderia ficar bem fisicamente, o que era BEM díficil. Mas e emocionalmente como estaria? Especialmente em relação a mim?

E se ela por acaso caísse, se ferisse, se machucasse. Evitei a palavra morrese. Como eu ficaria?

Meu rosto se contraiu numa expressão de dor.

-Por favor, Bella. – Pedi, a dissecando com os olhos.

-Por favor o quê?

-Por favor, por mim. Por favor, faça um esforço para se manter segura. Farei tudo o que puder, mas agradeceria se tivesse uma ajudazinha.

-Vou dar um jeito. – Ela murmurou, com desdém.

-Você faz mesmo alguma ideia da importância que tem para mim? Alguma noção do quanto a amo? – Perguntei, puxando a para que recostasse sua cabeça sobre o meu queixo, feliz em poder tocá-la.

Ela beijou meu pescoço.

-Eu sei o quanto EU amo você. – Proporcionalmente inadequado.

-Você compara uma árvore pequena com toda uma floresta. – Afirmei.

-Impossível. – Ela protestou.

Beijei o alto de sua cabeça e suspirei.

-Nada de lobisomens. – Impus.

-Não vou concordar com isso. Preciso ver Jacob. – Não. E sem discussões.

-Então terei de impedi-la. – Falei, confiante em minhas palavras.

Não seria problema algum não deixar que Bella fosse ver o lobisomem. Seria até fácil.

-Veremos. – Bella disse, teimosa. – Ele ainda é meu amigo.

Nos encaramos, enquanto ela provavelmente pensava nele, e eu pensava em milhares de estratégias para mantê-la, a salvo, comigo, bem longe dele.

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 02/01/2011
Reeditado em 03/01/2011
Código do texto: T2705340
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