Na sua pele. Cap. 20.

POV Dani

Fiquei surpreso com a urgência daquele beijo. Foi como se fizessem séculos que nós não nos víamos. Mas é claro que eu fiquei contente, afinal quem estava me beijando era a garota mias linda do

universo.

Foi estranho. É, esse é o adjetivo certo. Belle estava me beijando de uma forma... Diferente. Confesso que preferia, a convencional, mas é óbvio que eu não iria discutir. Cara, eu tava com Annabelle Kouren, a garota mais perfeita por DENTRO e por fora, do Universo.

Todos os caras desse colégio, até os veteranos, dariam TUDO para estar no meu lugar. Sem zoa. Mas, não consegui aguentar por muito mais tempo, achei que ela estava agarrando a minha nuca com tanta força que era capaz de estrangular. Interrompi, e dei um sorrisinho meio sem-graça para ela. Estava a cada dia mais linda, é claro.

-HSAUIHSUAI... Chega, Belle, parece que você não me vê à uma eternidade... HUIAHSUAISHIAU... – Ela estava sorrindo até eu mencionar uma coisa. -Considerando nós dois ontem...

-ONTEM?? – Ela questionou, tentando não demonstrar repreensão.

-Você não lembra? – Indaguei, levantando uma sobrancelha pra deixar nítido minha insatisfação por ela não lembrar.

-CLARO! – Disse ela, mas, não parecia muito sincero, era só para eu voltar a sorrir. – Como eu poderia esquecer, Dani? – Seus olhos cintilaram. De repente eu senti que não era mais o chão que me sustentava naquele lugar. – Eu estava com você. – Ela segurou meu rosto, e me deu um beijo leve, muito mais típico e menos molhado.

– Eu te amo. – Em seguida ela me abraçou como se jamais tivesse me tocado na vida.

-Eu também amo você. – Informei, pela vigésima quarta vez.

– Certo, amor. –Ela pareceu inebriada. -Mas será que você pode me dar cinco minutinhos? Tenho que conversar com uma garota. – Ela deu um meio-sorriso torto e sexy.

-A Débora?

Ela bufou.

-Naam. Esquece essa aí. – Ela desdenhou. Estranho... Até ontem ela chorava por ter perdido a amiga e hoje não estava nem um pouco ligando. – Aquela loira na outra mesa.

-SHUISAHIUS... Aquela patricinha? Mas, não é a Bridget? Aquela garota que você odeia? – Perguntei, um tanto confuso. Eu sabia quase de todos os sentimentos dela, e agora ela queria embaralhar tudo.

-Exatamente. O ódio é um sentimento que não pode ficar no nosso coração. – ela deu uma risadinha. – Então, eu resolvi que vou falar com ela. Quem sabe nós não podemos ser amigas, já que a Débora... Argh, ela está muito diferente agora. – Ela deu de ombros. Depois chegou perto da minha orelha direita. – Depois te conto.

-Er... Tudo bem, então, Belle. Vou ficar ali conversando com o Gui. –Indiquei. -Põe os cabelos na frente da blusa, está muito grudada marcando TUDO e os garotos tão te comendo com os olhos. INCLUSIVE O GUI. – Ataquei. – EI! Mano, eu já to indo aí sabia... – Ele revirou os olhos, e depois olhou pro chão.

-SÉRIO? – Ela perguntou, quase não acreditando, parecia emanar uma auréa de empolgação. Mas ela sempre ficava constrangida com os meus comentários desse tipo, não entusiasmada.

-É, Belle, anda, põe o cabelo aí, você sabe que eu sou ciumento. – E ela me mostrou a língua.

-Então coloca o casaco... – Ela interpelou.

Franzi o cenho.

-O quê? Por quê?!

-É, sua camisa está muito justa e está marcando todos os seus músculos, as garotas tão te comendo com os olhos. – Ela cruzou os braços, num sorriso meticuloso. Sim, era justo. Mas estava 30 graus, eu não sobreviveria com um casaco.

-Nem vem, sua ciumentinha. – Repeli.

-Então não venha primeiro. Você que é ciumento; – Rebateu, em seguida me agarrou novamente na frente de todos, nós já estávamos de pé, ela me deu aquele beijo, fiquei imóvel.

E quando terminou, ela deu uma piscadela provocante para mim.

Que estranho. O que tinha acontecido com ela? Geralmente ela só me obedecia, não me secava todo (LITERALMENTE), não me beijava como se fosse me engolir, e não falava com as inimigas mortais.

Eu não sabia o que tinha dado na Belle, e muito menos se gostava ou não daquele novo e exótico comportamento. Até que era

divertido.

Até aquele momento, pelo menos.

**

POV Débora

Cara, isso era demais. Agora que ele era MEU. Só meu. E caí entre nós, isso já era muitaaa coisa, ele até tinha ciúmes. E meu, ele era muito perfeito. Lindo demais. Mas eu também era... HAHAHA... Nada mais perfeito do que nós dois juntos. Agora pra completar... Sim, eu queria mais!

Eu iria falar com a Bridget, ela sempre andava acompanhada de duas garotas principais Amanda. e Camila. Então, era simples.

Eu tinha certeza absoluta, que Bridget, por mais que sentisse inveja, jamais se pouparia de usar a popularidade de Annabelle Kouren para aparecer, além disso, eu sabia que o seu maior desejo, era ser como a Débora era para Annabelle, uma melhor amiga. Mas como Débora não existia mais, e eu era a Annabelle, tudo estava resolvido.

As três agora seriam minhas novas melhores amigas. Eu tinha certeza absoluta que elas jamais iriam recusar uma oferta de popularidade assim, de graça.

Nós seríamos tipo, as quatro garotas de meninas malvadas. As PODEROSAS. Exatamente igual. Quatro garotas que tinham o domínio completo do colégio, conseguiam qualquer garoto, as mais populares e mais desejadas, as mais dominadoras.E eu seria a Regina. A líder, é claro.

Esse era meu sonho de infância. AH, todos os meus desejos estavam se tornando a mais pura realidade.

Enfim, o mundo resolveu cooperar comigo.

Quando eu fui me aproximando da mesa de Bridget, sabia que os outros garotos das outras mesas me olhavam, como Dani dissera.

Essa era a sensação mais maravilhosa que eu já havia experimentado. Eu podia sentir os olhos me dissecando, me desejando como se eu fosse algo para consumo impróprio.

E as garotas também olhavam, uma ou outra quem sabe com o mesmo próposito que os garotos...SHAUISHIUA... Vai saber. E as outras com um desejo incontrolável de querer ser como eu. Igual a mim.

A doce inveja que penetra pelas entranhas, mata os outros e me fortalece. Bom, muito bom.

Bridget era um dos tipos de garota que me olhava com inveja, uma inveja e ódio incontroláveis, especialmente quando eu estava a apenas um metro de sua mesa.

Agora centímetros.

Ela me fuzilou.

-O que você quer, loira oxigenada? – Ela perguntou. Quase pensei em dizer que loira oxigenada era ela, porque havia pintado os cabelos ruivos de loiro, mas, eu não queria brigar.

-Posso me sentar aqui? – Perguntei, sem querer demonstrar superioridade.

-E porque você faria isso? – Quem perguntou dessa vez foi Camila.

-Olha, aqui, honeys. Eu vim em missão de paz. – Fiz uma imitação de uma bandeira branca. – Quero deixar de lado todas as nossas rivalidades. – Dei um sorriso irresistível. – Se eu fosse vocês, não pensaria duas vezes.

-O quê? – Perguntou a Amanda, incontrolável.

-Ela está querendo ser nossa amiga, Mandy.

-HUAISHUAISHIUASHA... E você vai deixar Brid? – Perguntou a Camila descontrolada e nervosa.

-É claro que ela vai deixar. – Eu interrompi. – Pelo simples fato de eu ser Annabelle Kouren, não é Bridget?

-Ahn... Mas... Você... Não... Me odiava? – Ela franziu o cenho.

Eu pisquei para ela.

-A diferença é que eu não sou mais aquela tola, que despreza as boas companhias.

Todas sorriram, entreolhando-se.

-Mas... – Começou amanda.

-Mas, nada. Agora, nós somos quatro. As garotas perfeitas desse

colégio. Fechado?

As três pareciam oscilar, mas depois assentiram com a cabeça.

-Ótimo, agora deixa eu me sentar. – Pedi a Amanda. Sentei-me, cruzando aquele espetáculo de pernas, e sorrindo, sempre sorrindo.

-O que te fez mudar de ideia sobre nós, Belly? – Perguntou Camila, sem se conter. Alisando com a mão a o cabelo preto que cobria seu rosto malicioso e de traços bonitos. Ela era bonita, mas nem se compara A MIM.

-Bom, como eu ia dizendo... Resolvi mudar pra melhor...

-Mas assim do nada? – Bridget questionou.

-Sim, Brid. –Pisquei. –Resolvi que eu quero revolucionar essa escola. Tudo aqui anda muito sem graça... NÓS... Precisamos nos tornar a novidade...

-HÁ. – Riu-se Amanda, uma garota com cabelos curtos castanho-alourado e olhos verdes. – E como pretende animar esse presídio, Bells?

-Hmmm... Popularidade nós já temos... O resto é fácil, eu vou explicar certinho pra fazer esse colégio vibrar por nós.

Elas sorriram.

-E o seu namorado heim, Belle? – Perguntou Bridget mudando de assunto.

-O que tem o Dani?

-Ele é realmente...

-EI! Amigas não olham para o material das amigas. – Repreendi. – Vocês também precisam desencalhar, garotas. – Eu me sentia o máximo agindo como se eu fosse o todo, a poderosa. E eu era

mesmo.

-HUSIAHSIU... Eu não to encalhada... – Suspirou Amanda. – Eu namoro o Gustavo, o jornalista aqui da escola. – Ela bateu na própria cabeça. – Você SABE QUEM É! Ele me disse que fez uma entrevista com você. – OPS! Tentei não parecer confusa, mas, eu não era ainda Annabelle quando houve essa entrevista, mas deu um sorriso convincente.

-Sei, sei sim. – Engoli em seco. – E vocês duas? Porque estão encalhadas?

-Ah, esses moleques da nossa classe são ridículos. – Bridget jogou.

-Concordo coma Brid.

Eu dei uma risada.

-E daí? O mundo é dos Veteranos.

-Mas nós, não somos como você Annabelle. – Disse Camila, com um meio sorriso artificial.

Eu pisquei, satisfeita.

-Vocês são tudo, ouviram? NÓS somos tudo, a partir de agora. Quer saber? O Dani tem alguns amigos, tenho certeza que eles vão se interessar por vocês.

-Você tá falando daquele ali conversando com ele? – Perguntou Camila interessada.

-Pode ser, pode ser, tsc. Não é lá aquelas coisas, mas você vai ser uma pegadora em potencial, então...

-Mas quem te garante que seremos pegadoras em potencial?

-Eu tenho os meus planos articulados, perfeitos, tsc, tsc, tsc.

-Certo. – Concordei.

-E eu? – Indagou Bridget, já esquecida na conversa.

-Claro, AMIGA... – Eu disse. Imaginem se ela soubesse que no dia

anterior eu era Débora Richelli? HAUISHAIUSH... Nem dava mais para acreditar que eu podia ter sido algo tão baixo, estar ali no corpo dela, era o que eu realmente merecia. – O dani tem mais amigos. – Desdenhei.

-Hmm... –Ela arqueou uma sombrancelha, ela era uma das mais bonitas, tirando eu, claro. – Eu sabia que você não era uma sonsa como aparentava ser Belle.

-Eu era. – Respondi, cheia de escárnio. – Mas essa Annabelle já morreu e foi enterrada. – Sorri.

Passamos o recreio inteiro conversando, o sinal bateu e fomos juntas para classe, eu não antes sem dar mais um beijo gostoso no MEU NAMORADO, e fazer Amanda sorrir atraentemente para seu amigo. Eu não via a hora de ver a reação dela, a ex-Annabelle, quando me visse junto com Brid, Kmi, e Mandy. Ela ia querer se suicidar, ahaha.

Isso era bom, muito bom. Compensava até eu não ver mais minha antiga mãe. Morreria de saudades, mas me habituaria. Além disso eu tinha o Dani, não tinha mais o Lucas no meu pé, e ainda tinha três novas amigas que junto comigo formariam um grupo sensacional, as poderosas, HÁ.

Um sangue maligno corria pelas minhas veias, porque humilhar as desprovidas seria os principais feitos das PODEROSAS.

Tudo estava sendo como eu sempre sonhara para a minha vida. Eu estava muito feliz, mesmo que fosse a custa da destruição de alguém.

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 26/12/2010
Código do texto: T2691554
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.