O primeiro amor de um rapaz

Quando a vi pela primeira vez, foi inacreditável. Um sentimento dentro de mim acabou se tornando extremamente forte e incontrolável.

Eu até achava graça! Como alguém como eu estaria tão apaixonado só ao olhar pra ela uma única vez? Na verdade, acho que foi um conjunto de acontecimentos... Afinal, aquele nosso encontro foi o melhor que eu já havia tido... Foi simplesmente inesquecível.

Ela dizia sentir o mesmo. Ela dizia que não deixava de pensar em mim por um só instante do seu dia, e que se distraía em seus pensamentos lembrando do dia em que nos conhecemos. Pois eu também, eu sentia exatamente o que suas palavras me disseram. E eu não conseguia, mesmo com todas minhas forças, deixar de pensar nela. E até me perguntava se era normal esse tipo de sentimento crescer com tanta força em tão pouco tempo.

Nós conversávamos todos os dias. Me lembro das promessas de amor que fiz à ela, dizendo que faria dela a garota mais feliz do mundo, jurei que meu amor era eterno e que era só dele que queria desfrutar na minha vida. Prometi à ela, que se saíssemos mais uma vez, eu a convenceria de passar o resto de sua vida ao meu lado, somente ao meu lado. E depois de prometer tudo isso, ela ria de um jeito gracioso e envergonhado, dizendo estar feliz por ouvir minhas promessas.

Combinamos de sair pela segunda vez. Ficamos de nos encontrar na escada de um restaurante no centro da cidade, onde a esperei por duas horas. Mil coisas se passaram na minha cabeça. Uma hora pensei que talvez ela não gostasse tanto de mim quanto dizia, ou talvez (e essa era a opção que eu achava mais provável) tenha acontecido algo grave para ela não aparecer. Talvez um acidente de carro. Eu ligava de dez em dez minutos em seu celular, mas estava desligado. Pensei que alguém poderia ter roubado seu celular junto com seu carro. Minha cabeça estava tão confusa e meu coração angustiado. Senti tanto medo que quase comecei a chorar. Mas não chorei... Apenas voltei pra casa, depois de duas horas preocupado esperando por ela.

Fiquei até a noite na internet esperando que ela aparecesse, mas nada. Eu e ela tínhamos um amigo em comum, e fui perguntar pra ele se tinha notícias dela, mas ele disse que não. Então, no limite da minha preocupação, liguei pra casa dela. Sua mãe atendeu e disse que ela havia saído a tarde e que não tinha horário pra voltar. Então avisei à ela que sua filha não havia aparecido ao nosso encontro, que talvez tenha acontecido algo com ela. Mas sua mãe riu e disse que ela tinha apenas ido na casa de uma amiga que morava ali perto. Fiquei abismado! Ela não havia ido ao encontro de propósito! E eu, que passei horas me preocupando com ela! Não conseguia acreditar.

Resolvi dormir para esquecer um pouco, mas não foi tão fácil. No dia seguinte, a encontrei na internet e ela disse que iria ligar pra mim. Ela ligou e explicou que não quis se encontrar comigo porque não queria se apaixonar por mim. Ela disse que gostava muito de mim, mas que conhecia um rapaz que se encaixava melhor aos seus desejos. Fiquei sem palavras, mas em poucos segundos briguei por ela não ter me contado antes, e ainda por cima, não ter me avisado que faltaria ao encontro. Ela pediu desculpas e disse que era melhor desse jeito. Desligou o telefone e senti meu mundo completamente perder o sentido. Meu coração estava disparado, mas eu não via motivos para que ele continuasse a bater. Tudo pareceu desmoronar diante dos meus olhos encharcados de lágrimas. Eu estava completamente apaixonado por uma garota que não era minha.

Mas depois de me acalmar, pensei que não poderia desistir. Então dei um jeito e consegui o endereço de sua casa e fui até lá. Toquei a campainha e sua mãe atendeu, disse que ela havia saído. Logo percebi que tinha saído com o tal cara “que se encaixava melhor aos seus desejos”. Sua mãe olhou para o meu rosto e disse que eu era um rapaz bonito. Eu agradeci e pedi para que ela lhe entregasse as flores que eu havia levado. Ela as levou para dentro, eu agradeci e fui embora. Em meio daquelas flores, eu escrevi um cartão, onde dizia: “Acredite, meu bem. Acredite em todo meu amor, acredite nas minhas palavras, elas são sinceras. Acredite no quanto penso em você, meus pensamentos são verdadeiros. Acredite que, ao aceitar essas flores, você aceitaria viver um novo começo ao meu lado. Acredite que ao meu lado você será mais feliz, acredite que ao meu lado você estará no lugar certo. Com amor, Nicholas.”

Ao chegar em casa, não me senti bem. Algo me dizia que as flores e o cartão não mudariam sua decisão. E não havia mais nada que eu podia fazer, apenas esperar por alguma resposta. Fiquei horas na banheira pensando nos momentos que passamos juntos. Sei que não foram muitos, afinal só saímos uma vez... Mas por algum motivo não conseguia deixar de pensar em nós dois e nos momentos que um dia, pelo menos por um dia, foram chamados de nossos momentos.

Oh, Deus, eu não conseguia pensar em outra coisa além dela! Como ela fez isso comigo e depois simplesmente foi embora? Por que ela fez tudo ser perfeito pra depois tirar tudo do meu alcance? Eu não a entendia, e isso que me fazia amá-la mais, porque eu queria entendê-la, queria conhecer todos seus detalhes! Eu queria cada vez mais conhecer todos seus defeitos, qualidades, sonhos, medos, toda a sua história, para que pudesse se completar com a minha.

Depois de tanto pensar, não agüentei mais. Eram nove da noite e liguei em sua casa, e sua mãe atendeu o telefone. Eu perguntei se ela estava e sua mãe disse que ela estava no banho e diria para ela me ligar de volta. Agradeci, e em seguida perguntei o que ela havia achado das flores. A mãe me disse que seus olhos ficaram fixados nas flores, e não conseguiu dizer nada depois de ler o cartão. Apenas respirou fundo e em seguida foi tomar banho. Agradeci pela informação e desliguei o telefone. Fiquei na cama, me distraindo com a televisão, mesmo sem prestar atenção, até que meu celular tocou, depois de vinte minutos. Era ela. Atendi dizendo que estava feliz por ela ter ligado, e ela disse que queria que eu a deixasse em paz, que eu não fosse mais procurá-la, que eu não ligasse nem fosse mais à sua casa. Depois disse adeus e desligou o telefone. Coloquei o celular do meu lado e finalmente entendi. A primeira garota por quem me apaixonei já tinha me esquecido, e eu teria que fazer o mesmo. Aquilo era um pesadelo pra mim.

Quis me esconder do mundo, desaparecer. Viver em um lugar só meu, onde fosse proibido entrar pessoas e sentimentos inúteis. Percebi que amar aquela garota jamais me faria bem, e teria que me livrar daquilo que tanto me sufocava. Mas o estranho é que não havia nada pra fazer pra me livrar do que eu sentia. O que se vem de dentro, é difícil jogar pra fora em simples instantes. Leva tempo, muito tempo. O que eu faria nesse tempo, eu já não sabia, mas também não me importava. Pois eu não poderia ficar pior do que já estava.

No dia seguinte, acordei cedo para trabalhar, e me sentia muito mal, muito pior do que havia me sentido no dia interior. E eu, que pensava que eu não poderia ficar pior, me surpreendi, pois acabei piorando a cada hora que se passava. Depois de sair do serviço, não sabia mais o que fazer. Parei em um bar e tomei algumas cervejas, fiquei um pouco tonto. Um rapaz lá comentou que eu não estava com uma cara muito boa, e que um cigarro poderia me animar. Como eu estava meio confuso, não soube direito o que fazer. Acabei aceitando um cigarro, do qual fumei inteiro. Escutei uma história de pescaria desse rapaz, da qual não prestei atenção. Me levantei, comprei um maço de cigarro e fui embora. Me viciei no cigarro e mesmo assim, minha dor era a mesma.

Deitado na cama, depois de um dia cansativo de trabalho e do efeito da bebida ter passado, pensei em loucuras. Pensei que eu não sabia como lidar com tudo aquilo, e não havia ninguém que pudesse me ajudar, a não ser eu mesmo. Porém, se eu não fazia idéia do que poderia mudar minha vida, pra melhor dessa vez, eu não tinha saída. O jeito era deixar o tempo tentar apagar as lembranças, e apagar as dores que eu estava carregando. Quanto mais eu livrava minha cabeça de pensamentos, mais os pensamentos vinham à minha cabeça. E esses pensamentos eram horríveis. Em um instante pensava na garota, em outro pensava em me matar. Não agüentava aquela angústia. Eu não enxergava mais motivos para estar naquele lugar, com aquelas sensações. Eu nem podia ficar sozinho, tentando esquecê-la, pois ela aparecia em minha mente de surpresa.

Dois meses se passaram, desde o dia em que comecei a fumar. Parei de fumar logo no dia seguinte que havia começado, talvez por sorte. E daquele dia então, nunca mais tive notícias dela, e talvez foi isso que me fez esquecê-la. Nem acreditava que tinha sido tão difícil tirá-la dos meus pensamentos e do meu coração. Mas finalmente havia conseguido.

Nesse dia, estava me sentindo bem e fui ao cinema com meus amigos. Lá, acabei a encontrando, mas sabia que ela fingiria que não me conhecia. Mas me enganei. Ela veio até mim. Perguntou-me como eu estava, e eu disse que estava bem. Ela disse que qualquer dia queria sair para conversar comigo, mas eu disse que sentia muito, ela disse para eu não procurá-la. Ela agradeceu por eu ter cumprido minhas promessas. Eu disse que não cumpri as promessas de amá-la para sempre, e de fazê-la feliz, simplesmente porque ela não me permitiu. Ela disse que sentia muito, mas que queria que eu as cumprisse, pois sentia minha falta. Perguntei o que aconteceu com seu “encaixe perfeito” e ela disse que se enganou quanto a isso, e que eu era o encaixe perfeito dela. Perguntei porque ela nunca me ligou para dizer isso, e ela disse que não tinha coragem, nem meu número de telefone. Então me dei conta de que ela percebeu que havia errado e que precisava de mim, pelo menos naquele instante. Nesse momento, olhei em seus olhos, coloquei a mão em seu rosto e disse: “Acredite, meu bem. Eu também me enganei em uma coisa. Me enganei com você, com nós dois. Me enganei com o sentimento que se criou dentro de mim, mas que finalmente foi embora. Acredite, eu te amei, eu te amei muito. Acredite... Finalmente não me importo mais com você, finalmente não preciso mais de você.” Ela me olhou desapontada, eu me virei e fui embora com meus amigos. Depois disso, ela nunca mais apareceu na minha vida, e eu simplesmente vivi a minha do jeito que era melhor pra mim: sem sofrimento e sem ela.

Pamela Napoli
Enviado por Pamela Napoli em 19/12/2010
Reeditado em 12/11/2011
Código do texto: T2681191
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