Destiny: Caminhos cruzados. [cap 2]

Eu não media mais a intensidade dos meus passos, nem media a intensidade do meu cansaço. Tudo que eu sabia era que eu tinha de chegar até minha tia e assim me disfarçar do Jeremih.

Era o que estava fazendo, durante duas semanas, sai pedindo carona, parando em bares e restaurantes para pedir comida e até mesmo lavar pratos para ganhar ao menos uns trocados. Com o dinheiro, eu tentava me disfarçar ainda mais. Dá ultima vez que ganhei uma boa grana eu comprei uma tinta de cabelo e o pintei de vermelho. Mas percebi, que viver assim, de picadinho em picadinho, não ia dar, desse modo eu nunca chegaria na minha tia. Resolvi então, parar em um restaurante e pedir um emprego até ter grana suficiente para poder viajar sossegada para minha tia.

O homem já era idoso e não dava conta de tantas encomendas e clientes que chegavam. Era um dos poucos restaurantes que existia naquela região que eu estava instalada.

- Faço qualquer coisa, lavo, cozinho, sirvo... tudo que você quiser, só peço um emprego e uma moradia.

Foi assim, que o pobre senhor Mizael, me cedeu esse humilde emprego.

Agora, fazia mais de um mês que eu trabalhava pro senhor Mizael. Ele era legal e muito educado comigo, não me reconheceu, e eu estava trabalhando duro para ganhar um bom dinheiro e sair de lá o mais rápido possível.

Era uma quinta - feira chuvosa, eu trabalhei até tarde, até esperar o último cliente sair. O Seu Mizael, já havia ido deitar, estava se sentindo mal e com uma dor de cabeça.

Naquela noite, assim que eu tranquei o restaurante, fui tomar um banho e trocar de roupa, estava cansada, mas as gorjetas tinham valido à pena. Assim que sai do banho, guardei minhas economias e peguei a chave do restaurante. Sai do meu quartinho no fundo e subi as escadas em direção ao quarto do seu Mizael. Bati de leve, ele poderia já estar dormindo. Bati outra vez, só que um pouco mais forte. Na terceira vez, eu chamei:

- Seu Mizael, vim entregar a chave.

E nada. O que será que tinha acontecido?

Peguei uma vassoura que estava no corredor, tomei impusso e quebrei a fechadura da porta. Seu Mizael parecia dormindo, mas ao chegar perto dele, seu coração não batia mais, seu corpo estava gelado. Ele havia morrido.

- Seu Mizael... - sussurrei.

Me aproximei ainda mais de seu corpo e abracei o cadáver delicadamente. Para mim, ver um cadáver não era nada, já havia visto tantos. Mas o Seu Mizael, foi como um pai pra mim, me abrigou na hora que eu mais precisava.

- O senhor foi muito importante para mim - sussurrei - nunca o esquecerei.

E deixei que as lágrimas caissem.

Depois desci até o restaurante e abri o caixa.

- Senhor Mizael, me desculpe por isso, é por uma boa causa. - e limpei a caixa registradora, não sobrou um centavo para contar história.

Depois, correndo, fui até o quarto do seu Mizael e procurei em todas as gavetas algum dinheiro que ele possa ter deixado guardado. Achei uma bela quantia embaixo do travesseiro, peguei.

Depois, as pressas, arrumei uma pequena mala com as minhas coisas e em seguida liguei para a polícia:

- Tem um homem morto no restaurante do seu Mizael. - denunciei esperando, todos conheciam o seu Mizael.

Antes que a polícia chegasse, eu estava na rodoviária, subornando um funcionário, para que me deixasse entrar no ônibus sem precisar apresentar meus documentos. E não é que eu consegui!

Line Alone
Enviado por Line Alone em 10/12/2010
Código do texto: T2664903
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.