Na sua pele. Cap. 18

POV Annabelle

Eu sentia a ira tomar conta de mim como jamais havia tomado. Eu costumava ser uma pessoa pacífica, normalmente muitos diziam que eu era muito inocente (isso havia se provado verdade), e talvez amorosa e gentil. Mas naquele momento, eu estava atrás de um poste, Lucas ao meu lado, os braços cruzados, nunca achei que ele fosse acreditar naquele loucura, mas ele até parecia convicto. Eu a segurava, pela roupa. Na verdade era bizarro, pois eu segurava a mim mesma, ao meu corpo, e fitava meus olhos com muita fúria, quase desejei arrancar meus cabelos, só não fiz por que sabia que eu me arrependeria depois, só para causar dor naquela pessoa, que eu achava que era minha melhor amiga, que usava meu corpo naquele momento.

-O que você quer? – Minha voz teve a ousadia de me confrontar, mas na verdade ela parecia se divertir.

-O Lucas já sabe de tudo, Débora. E ele confia em mim. – Senti aqueles olhos, que eram meus, pousarem em Lucas com amargura como se fosse um desgosto vê-lo.

-Claro, ele é um idiota. –Lucas, tentou não demonstrou que tinha se afetado. -E ama Débora Richelli.

-Ou seja, te ama. – Revidei.

-NÃO, eu sou Annabelle Kouren.

Quase cuspi na minha própria cara.

-É ÓBVIO QUE VOCÊ NÃO É! SOU EU! E VOCÊ ESTÁ SE APROVEITANDO DA MACUMBA QUE VOCÊ FEZ PRA USAR MEU CORPO, MEU NOME, E ROUBAR MEU GAROTO! – Eu queria bater, mas ao mesmo tempo não queria bater em mim. Ela riu, um sorriso de sarcasmo se estampando no meu rosto, não gostei daquilo em meu rosto.

-Não sei do que está falando.

-POR QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO? – agradeci pelo corredor estar vazio.

-Tá bom, Annabelle. – Ela resolveu ceder. Olhei para “mim mesma” desafiadora. – Te dou uma chance de ser minha amiga, já que agora eu sou você... – Ela disse com ironia. – Se bem que isso é bem ruim, ser amiga de Débora Richelli...

-Você está falando mal de si mesma, sabia!

-Hum, não mais querida! Caso não tenha percebido, eu sou Annabelle agora.

(Lucas assistia o conflito, um tanto pasmo. Ainda não sabia se devia acreditar, mas era muito real para ser inventado, a Annabelle que ele conhecera, não agiria assim, e ela mesmo já havia dito que era Débora.)

-Débora, você está aí? Dentro do corpo da Belle? – Perguntou Lucas, ao meu lado por fim olhando pro meu próprio corpo e “eu” revirei os olhos.

-Sim, mas o que importa? Você gosta do meu antigo corpo, né? Então por que não fica com ele? Eu decidi ser Annabelle Kouren para sempre.

Tremi com essa informação. De ódio e medo.

-É CLARO QUE VOCÊ NÃO VAI SER, DÉBORA! EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ TEVE... CORAGEM DE FAZER ISSO, NÓS ERAMOS AMIGAS!

-É, filha, até você roubar meu Dani... – Tive certeza que Lucas não gostou dessa frase.

-Seu uma OVA, ele é meu namorado.

-Ele é namorado de Annabelle Kouren, e bem, eu sou ela agora. –

Eu não acreditava que ela estava dizendo aquilo bem na minha cara, com o meu rosto.

-Você NUNCA vai beijá-lo, ouviu bem? – Algumas lágrimas se formaram nos meus olhos, que na verdade eram da Débora. Meu amor por Dani era tão primordial, que só de pensar de alguém que não fosse eu, mesmo estando no meu corpo, tocando- o era torturante demais para aguentar.

-Você sabe, DÉBORAA... – Ela quase cuspiu o nome. – Que eu vou beijá-lo sim, você não vai impedir isso pra sempre.

Eu não chorei, só por perseverança.

-Débora... Eu não acredito que você está fazendo isso... Por um garoto, mas... Como você conseguiu? – Perguntou Lucas.

-Eu fiz, e faria de novo. Eu o amo, Lucas. Sinto muito. Eu nunca vou amar você. Quem sabe você tenha mais sorte, com ela. – Apontou pra mim. – E eu jamais vou contar como fiz.

-POIS EU VOU DESCOBRIR! E DEPOIS QUE DESCOBRIR COMO REVERTER, VOU TE ARRUINAR, DÉBORA, PODE APOSTAR, EU NUNCA GOSTEI TANTO DE UMA GAROTA COMO GOSTEI DE VOCÊ, MAS ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! – Eu berrei, para o meu antigo rosto. Eu percebi o quanto sentia saudades de ser eu mesma.

-Blablabla, to nem aí. Você não vai descobrir. – Ela desdenhou.

-VOU SIM! SERÁ QUE VOCÊ NÃO TEM NOÇÃO DA GRAVIDADE DISSO! E A SUA MÃE DÉBORA, VOCÊ VAI SIMPLESMENTE ABANDONÁ-LA?

Pela primeira vez, ela suspirou com pesar.

-Eu confesso que não gostei dessa única parte, mas você estará com ela. E vou acabar me acostumando aos seus pais. – eu queria chorar, desabar, me quebrar em pedaços, MEUS PAIS!!

-NÃO!! – Eu berrei, as lágrimas cedendo.

-Tudo bem, posso deixar você visita-los as vezes. Apesar de te odiar, não sou um monstro tão horrível assim.

-Como... Como você pode... – Não consegui concluir a frase.

-Eu sinto muito, pare de chorar, porque eu odeio ver eu desse jeito, chorando. Sei que você foi uma boa amiga. Pelo menos até namorar o Dani.– Ela parecia um tanto redimida, mas não perdeu a postura.

– Mas, não vou me arrepender. E agora eu tenho que voltar para aula, porque caí entre nós, suas notas não eram as melhores. – E em seguida “eu” fui embora, dei de costas e fui. Fiquei olhando com dor, chorando muito. Caí em cima do Lucas, eu não consegui aguentar. Ele passou as mãos nos meus cabelos, eu sei que ele gostou de fazer isso, porque na verdade aqueles cabelos pertenciam a aquela garota que ele era apaixonado. Ele me conduziu até o um banco da escola. Nós iriamos faltar a aula, mas eu não conseguia agradecê-lo pelo apoio, e nem por acreditar naquela loucura. Só o que eu conseguia fazer era chorar.

-Belle... – Começou ele, olhando para o rosto, e percebi que ele veria o da Débora. – Acalme-se, nós... Vamos arrumar um jeito...

-Por favor, Lucas, não fale nada agora. – Eu pedi em soluços. –Obrigada por tudo. – Voltei a me apoiar nele, e recomecei o choro.

Ele não insistiu.Dessa vez, ele percebeu que a minha dor, era mais profunda que o fato de não ser eu mesma.

POV Débora

Fui para aula de cabeça erguida. Parte do meu subconsciente sentia um pouco de culpa. Mas eu realmente não sabia como mudar aquilo, e não tinha sido de próposito. Talvez o destino realmente quisesse que eu fosse Annabelle Kouren. E valeria muito a pena.

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 10/12/2010
Código do texto: T2663281
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