[Original] The Simple Plan - Capítulo 21

Bob, Marley & Nós.

– Opa... Fodeu negada... Tem um cachorro enorme vindo ali e ele não parece nada feliz em nos ver pulando o quintal de sua área. - Fitei Emanuella sem acreditar que depois de uma festa como aquela, traumatizante pra caralho, nós ainda teríamos que lidar com um cachorro raivoso.

Era bom demais pra ser verdade.

– Todo mundo calmo. - Eu falei. Sentindo-me altamente nervoso. – Caso alguém morra eu quero dizer que foi um enorme prazer conhece-los.

Eu e minhas piadas fora de hora, tsc.

– Seu namorado é um cara realmente engraçado Paolla, até na hora da morte faz piadas. -Tiago resmungou, revirando os olhos pra mim.

Paolla se escondeu atrás de mim, mas nesse momento eu não me considero o melhor escudo para ela.

–Vamos morrer. -Paolla disse, assistindo o cachorro se aproximar.

– Ah, não vamos mesmo. - Tiago, aquela valentia de pessoa pegou um pedaço de madeira e apontou para o cachorro. – Cai de reto satanás.

– Não seria vá de reto? - Perguntei.

– O que importa é ele sair, Eduardo! - Emanuella disse e eu levantei as mãos em sinal de paz.

O cachorro avançou pra cima dele, Emanuella o chutou e o bicho cambaleou, Paolla gritou, eu a puxei em direção ao murro para pularmos, e então toda a merda aconteceu.

No tempo em que subi no muro, Paolla também estava fazendo o mesmo, porém o cachorro a impediu mordendo a perna dela, que gritou agoniada. Me bateu um desespero daqueles e eu taquei uma pedra e o cão ficou cambaleante. Paolla ficou meio grog, parecia que estava vendo gnomos.

– Eu estou vendo a luz, Eduardo. – Ela estava ficando gelada. Ah não, não estou preparado pra ficar viúvo antes de casar. Puxei-a novamente e caímos pro outro lado do muro.

A perna da Paolla saia muito sangue. Eu nunca me importei em ver sangue, mas aquela cena era realmente sinistra.

– MINHA PERNA PORRA!

Preciso me controlar, pois se eu não fizer isso, ninguém fará.

– Vamos amor. – Peguei Paolla no colo. – Força.

Agora... A situação pode piorar?

...

..

.

É claro que pode!

O cachorro estava no meio da rua olhando Tiago e Emanuella, eu ainda tentei sair de fininho, mas o filho da puta nos viu.

– ESSE CACHORRO É DO CAPETA! - Emanuella berrou desesperada.

Paolla estava cada vez mais gelada, aquilo estava me preocupando, se ela morrer eu mato esse cachorro a pauladas.

– Eduardo, você esta vendo aquela árvore ali? - Perguntou Tiago, apontando com a cabeça pra uma árvore de altura mediana. Eu assenti. – Eu vou distrair o cachorro e você corre com a Paolla pra lá, você também Manu.

–Ok. - Eu respondi, arrumando Paolla em meus braços.

– Cachorrinho, uhuuu. - Tiago acenou para ele, que o olhou confuso. Nesse tempo nós corremos para a árvore. Emanuella subiu com certa dificuldade e ficou numa parte que parecia confortável, e eu com ajuda dela coloquei Paolla lá também. – VAAAI GENTE, ELE TA VINDO!

– Pronto ai, Manu? - Perguntei, ela assentiu arrumando Paolla que estava quase desmaiada. O sangue continuava jorrando. Engoli seco. – Ok. - Subi a arvore com facilidade e me sentei num canto perto de umas folhas.

– SAAAI DE RETO SATANAS. -E Tiago subiu a arvore, arfando desesperado. – Mano, tem que estancar esse sangue.

Eu rasguei o lado esquerdo da minha camiseta e Emanuella e Tiago rasgaram a calça Jeans de Paolla, bem, rasgaram o que sobrou daquela parte, o cachorro destruiu a calça.

– Gorda, fala comigo. - Tiago segurou a mão dela. – Porra cara, amarra isso logo.

Peguei o pedaço da roupa e amarrei na perna dela, apertando com força. Ela gritou, apertando o braço de Emanuella, que arregalou os olhos, provavelmente deve ter doido muito.

Eu respirei fundo, estou me sentindo exausto.

– Eu nunca pensei que vir ao Belém fosse tão traumatizante. - Paolla murmurou baixinho, sua voz estava meio fraca. – Bom, vamos ver o lado bom nisso gente.

– E qual seria? - Emanuella perguntou, com um sorriso de canto.

– Vamos ter histórias pra contar aos nossos netos.

– Ah, claro. - Tiago debochou. – Você é tão piegas, Paolla.

– Igualmente. - O silêncio pairou ali, a única coisa que podíamos ouvir era o barulho da respiração do cachorro sarnento que quer nos fazer de comida. Senti meu estomago reclamar. Estou com fome.

– Eu estou com fome. - Eu reclamei, fazendo uma careta.

– Naquela festa só tinha bebida né? - Perguntou Tiago. Eu assenti. – Caracoles, que sacanagem.

– Eu só não entendi porque a policia invadiu lá. – Comentou Paolla. Parecendo estar um pouco melhor.

– Tinha gente usando maconha na festa.

– Maconha? - Ela repetiu, pasma. Emanuella assentiu.

– Aline ta ferrada, quando minha tia descobrir o coro vai comer pra cima dela...

– Tomara! Porque olha... Que novinha abusada. - Paolla bufou. – Eu nunca vi igual aquela, meu Deus.

– Ela gamou no Dudu. -Tiago disse, recebendo um olhar de censura de Emanuella. – To mentindo?

– Não, não está. - Paolla retrucou, irritada. – As pessoas não se tocam, é foda.

– Ih, olha a gorda meu, morrendo de ciúmes.

– Sem comentários.

Preferi nem falar nada. Ela esta de bode. E quando tá assim, nós acabamos brigando.

– Gorda? - O que ele vê de gorda nela? A Paolla é tão magrinha. – Ah, não me odeie, sabe que és o YOU do meu I LOVE.

– Sedutor esse Tiago hein? Não é a toa que a Emanuella tá assim tão... - Eu ia soltar uma piadinha, só pra descontrair. Mas minha amiga me lançou um olhar nada feliz, melhor deixar isso quieto.

– Atitude sensata, Eduardo. -Ela disse, séria.

Outro silêncio, até que Paolla começou a cantar. Eu a olhei com o cenho franzido.

– Ah, eu odeio silêncio. - E voltou a cantar.

Emanuella olhou para baixo e suspirou.

– Vamos ter que ficar por aqui, galera.

– Bacana, sempre foi meu sonho dormir em uma árvore. - Resmunguei.

– Só não precisa nos incluir em seus sonhos, não é? - Eu fitei Tiago com tédio. – Tudo bem que somos seus amigos, mas ai já é forçar amizade.

– Tão espirituoso.

E era o começo de uma longa noite...

2 horas da manhã – Tédio com um T bem grande para você!

Tédio e zunido de mosquito na orelha, Paolla deitada no meio das minhas pernas e Tiago e Emanuella contando as folhas da árvore.

4h30 da manhã – Sem sono.

O cachorro acordou e ficou rosnando pra nós. Qual é a desse cachorro? Não gosta de visitante no Belém? Tudo bem, eu prometo não voltar aqui e promessa de um Mendes ainda vale alguma coisa. Eu acho.

Paolla dormia com a perna esticada sob a de Emanuella que também dormia. Eu até tentei, mas Tiago me impediu com seu ronco que mais parecia um trator quebrado.

Onde será que está Breno, Melissa e Johnny?

5h45 da manhã – Bob versus Marley

“Paolla se aproximava com um sorriso torto, seu corpo macio contra o meu, seu cheiro doce como à fruta mais gostosa que possa existir, ela abre a boca e então diz:”

– GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR!

Isso foi um rosnado? Paolla agora rosna? Meu Deus.

Acordei assustado e ouvi barulho de dois cachorros brigando, os rosnados eram ferozes.

– Galera, acorda! - Eu chutei Tiago, que resmungou e continuou dormindo. Viadão. – PORRA, ACORDEM!

E todos acordaram assustados também. E claro olharam pros cachorros que agora brigavam, o menor (e verde. Sim, vocês já viram algum cachorro verde? Não verde todo, mas ele tem a parte de cima verde, é estranho) mordia a perna do satanás que é um vira-lata cor de manteiga podre – MORRA cão maldito

– Eu aposto 5 conto que o verdão vai ganhar. - Emanuella disse, sorrindo animadamente.

– Eu acho que o satanás vai acabar com ele. - Paolla e seu espírito de equipe. – Ah gente, sejamos justos. Olha o tamanho do satanás, ele é enorme.

– Eu aposto no verde. -Tiago sorriu a Paolla.

– Vai perder amigo.

– Veremos!

Briga pra lá, briga pra cá, cachorro urrando de dor, cachorro mordendo – ta péssima a descrição, parei mesmo. – até que o verdão deu uma mordida no focinho do satanás e ele correu... E pra variar, cambaleante.

– VITÓRIA DO VERDÃO! - O casal tenso gritou numa empolgação que quase os fez cair. Eu e Paolla rimos. – Vamos descer? - Tiago perguntou.

– Espere. Vamos testar o verdão, e se ele for um amigo do satanás e quiser nos devorar? - Eu fitei Paolla pensativo. Parecia bobagem o que ela dissera, mas tinha algum sentido.

– Ok. - Emanuella observou o cão que estava parado obedientemente e seu olho brilhava pra gente. – Oi totó, como vai?

O cachorro balançou o rabo, feliz. Isso significava que finalmente estávamos salvos.

– Ah gente! Estamos salvos!

– Aleluia, gloria a Deus irmão.

– Menos, Eduardo. - Paolla franziu o cenho, enquanto Tiago saia da árvore, seguido de Emanuella, eu e por ultimo ela. Eu precisei de ajuda para tirá-la, tipo reboque.

O cachorro começou a pular alegremente em cima da gente

– Ah, como ele é fofo! - Paolla passou a mão nele e viu a coleira vermelha do cão meio verde, estava escrito a mão algo que eu não consegui ver. – O nome dele é Bob.

Nós agradecemos ao cachorro da forma que podemos. Quando achamos que ele ia embora eis que Bob nos surpreende: ele começa a nos seguir.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 06/12/2010
Reeditado em 17/12/2012
Código do texto: T2657315
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