[Original] The Simple Plan. Capítulo 19

Aline, a novinha dona da festa - Capítulo 19

POV Paolla

– Eu vou dar na sua cara Tiago! Como você pega o carro do seu tio, logo do seu tio! - Eu gritava, não acreditando na besteira que aquele jegue havia feito. – SOMOS SETE! E AQUELA PORRA É UM FUSCA!

– Paolla! Acalme-se! - Emanuella segurou a minha mão. Tiago sorriu para ela. – DEIXA QUE EU XINGO ESSE AMEBA!

– Bipolaridade mesmo. - Johnny observou o carro com desgosto. – Gente, estamos atrasados pra festa, sabe? Vamos fazer assim: Eu dirijo, Paolla senta no colo do Eduardo, Melissa no do Breno e Emanuella no do Tiago. Simples!

– Nossa, foi só eu que adorei a idéia dele? - Breno perguntou, numa malicia evidente.

– Eu também curti. - Tiago sorriu e recebeu um pescotapa de Emanuella. – Ai.

– Vamos logo. - Eduardo entrou primeiro, deu um sorriso de canto e eu me sentei em seu colo, tentando encaixar minhas pernas em qualquer canto daquele automóvel minúsculo. Todos fizeram o mesmo, mas ficou tenso, pois o salto scarpim de Melissa prendeu na minha perna e machucava pra cacete.

(...)

– Quem vai me apoiar quando eu for bater no Tiago? - Perguntei, olhando para os outros enquanto saiam do carro. Eram 23h30 e nós tínhamos acabado de chegar no Belém.

– Eu, com certeza. - Melissa levantou o dedo. – Ai meu joelho.

A verdade é que pelo menos um poderia ter ficado na frente, afinal somos sete, e um fusca por menor que fosse tem espaço pra um sentar sozinho na frente. Eu até pensei nisso, mas o colo de Eduardo é bem mais agradável.

– Johnny, que mal eu te pergunte. - Eduardo ficou ao lado do nosso amigo. – Quando foi que você aprendeu a dirigir?

– Meu pai me ensinou. -Johnny sorriu orgulhoso. – Faz um tempinho.

Conversa vai, conversa vem, assim, nesse clima leve nós entramos na festa da prima de Emanuella.

A festa era bacana, muito agito, risada, conversa e bebida. Eduardo e eu estávamos andando para o fundo da casa quando uma menina o parou. O estilo dela? Novinha do tipo que gosta de chamar mais atenção do que a idade permite. Não que eu seja velha, mas diferente de algumas eu sei me por em meu lugar.

Eu soltei a mão dele já pronta pra dar um tapa na “de menor”.

– Olha, você é gato mesmo hein? - Disse a coisinha. – Como faço pra beijar a sua boca?

– Nasça de novo. - E Eduardo saiu me puxando e deixando a criança com a cara mais humilhada do mundo. Ah! Como ele me mata de orgulho. – É cada uma viu?

Fomos para a varanda, o céu estava lindo, coberto de estrelas e a lua brilhava, radiante.

– Você conheceu a dona da festa? - Eu perguntei me sentando na cadeira que estava próxima a mesa, Eduardo se sentou em minha frente. A varanda estava vazia.

– Não, por quê? - Eu dei de ombros. – Eu achei que Emanuella fosse nos apresentar a ela, mas assim que entramos na festa todos sumiram.

–Sumiram, aham. - Eduardo riu, eu saí de minha cadeira e me sentei em seu colo. Ele fez uma expressão de dor. – Ih, qual foi? Vai dizer que estou gorda?

Ele se calou, ficou apenas me olhando esperando eu dizer “Brincadeira.”, só que eu não disse. Se há uma coisa na qual eu sou mesmo grilada é com esse negocio de peso.

– Sou? – Insisti.

– Ahn... Não. - E ele mexeu a perna, parecendo desconfortável. Eu me irritei. – Paolla, calminha amor. Eu to brincando, você é magra como uma pluma.

– Opa! Me chama mesmo de anoréxica.

– Ah Paolla, pelo o amor, não comece a dar chilique. - Eu ia beliscá-lo, mas Eduardo segurou minha mão. – Para, é sério. - Ele me deu um selinho. – Se você fosse gorda eu te amaria do mesmo jeito.

– Nossa, que lindo. – Ironizei, revirando os olhos. Eu o beijei, me irritando com aquele piercing em sua língua. – Mas porra, Eduardo! Eu odeio esse ferro na sua língua, incomoda.

– Bobagem. - Me beijou novamente, encostando de propósito o ferro maldito no céu da minha boca. – AI! - Eu mordi sua língua.

– Me recuso a te beijar enquanto você estiver com isso.

E eu me levantei, o deixando ali, com o queixo erguido em surpresa.

– SUA REBELDE! - O ouvi gritar, mas ignorei.

Eu fui pra sala sentindo olhares queimarem as minhas costas e sempre que eu me virava um garoto negro, forte e bonito me encarava com um sorriso sacana. Tremi, ele era assustador. Cadê o Eduardo ou os meus amigos quando se precisam deles?

Peguei uma bebida que estava em cima da mesa e ignorei as batidas de RAP que tocavam ali, era uma festa eclética de 2 em 2 o som mudava, agora estava tocando racionais. Racionais... O que vai tocar daqui a pouco? Calcinha preta? DJAVÚ? Ah meu Deus.

Senti uma mão segurar a minha cintura, mas não era a mão do meu Eduardo.

– Me solte! - O de sorriso sacana me virou com facilidade me grudou ao seu corpo. – Eu tenho namorado, é sério.

– Hum, eu não ligo gatinha.

– Mas eu ligo. - Eduardo estava a alguns metros de nós, fitando o sacana com uma cara nada feliz. Ah, ele não vai dar uma de machão e bater num cara que o dobro dele, né?

– Acho muito bonito os irmãos quererem defender as irmãs, mas fica de boa carinha, eu não vou fazer nenhum mal a sua irmã. - Eu e Eduardo nos olhamos, surpresos. Que porra é essa de irmãos? Ele pareceu entender. – Ah, não vá me dizer que você namora esse tampinha?

– TAMPINHA? - eu gritei, empurrando o sacana. – OPA! NINGUÉM XINGA O MEU NAMORADO!

– NAMORADO? - Agora a voz era feminina, e mesmo sem ver quem era eu já imaginava ser daquela coisinha, a novinha abusada. – Ah não, um gato desses com uma sem-sal como você? Tipo assim... WTF?

– Quem chamou a de menor? - Eu cruzei os braços, fitando-a de cima a baixo.

– A de menor... - Ela foi para o centro da briga. – É a dona da festa.

– O QUE?? - Novamente, eu e Eduardo perguntamos. – A Emanuella é a sua prima?

– Sim, ela é. Por quê?

Essa, entre tantas outras, são o tipo de coincidências que eu odeio.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 03/12/2010
Reeditado em 17/12/2012
Código do texto: T2650634
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