Na sua pele. Cap. 16

N/A: To tentando n demorar tá gente? Embora n teja conseguindo...KKK

Cap. 16 - O encontro.

POV Débora

Definitivamente, eu sabia ser a Annabelle. Eu parecia que havia tido um curso de como agir como ela em Harvard. Pelo menos com os “meus pais” que ficaram para tomar o café da manhã e com a empregada, eles não notaram diferença alguma no comportamento. Isso eu só reverteria na escola.

O que eu não cansava era de me olhar no espelho. Agora EU era aquela pessoa maravilhosa. E nada mais importava.

Vesti uma calça jeans preta e colada. Fiz uma trança nos cabelos longos que agora me pertenciam.

Eu pensei um pouco na minha mãe verdadeira, mas eu teria que me acostumar. Eu tinha conseguido o que eu mais queria, o que eu tanto chorei por não ter. Agora eu tinha, e nada poderia estragar minha felicidade.

Coloquei um all star lindo, que Annabelle, ou seja, eu, possuía.

Ele era lilás e tinha lantejoulas da mesma cor.

Era lindo demais.

O meu rosto estava radiante. Annabelle, EU, estava mais linda do que nunca.

Sorri muito para o espelho.

Vasculhei as coisas que agora eram minhas. Encontrei um lindo ipod cor de rosa, com umas quinhentas músicas.

Fiquei escutando “That Should Be me”... E enfiei o i-pod no bolso da calça, ficou legal. A Belle, eu, eu, eu tinha alguns pôsteres do Justin Bieber, mas não eram postêres normais, eram tipo, murais que ficavam pregados na parede com fotos dele. Pensei no Dani. Ele era tão bonito quanto o Justin.

DANI.

Agora ele era meu. Só meu, meu.

Ele pertencia a Belle, e EU SOU ELA.

Era como se eu tivesse nascido de novo, agora eu TINHA O PODER NAS MINHAS MÃOS.

Peguei a MINHA linda mochila.

Eu ia poder beijar o Dani. O meu primeiro beijo, num corpo maravilhoso que EU TINHA, seria no garoto mais perfeito do mundo. Ele era meu agora, só meu.

Até me comovi com a irrealidade, REAL, do que eu dizia.

Mas, quando eu iria dizer para o MEU chofer, que se chamava Rubens, ir me levar para escola, a campainha tocou.

**

POV Annabelle

Lucas não estava acreditando como a Débora poderia ser simpática com ele, quase adorável. Iria ser horrível tirar isso dele, mas eu tinha que voltar pro meu corpo. Ele segurou a minha mão, que na verdade não era a minha, eu estranhei um pouco, mas permiti já que isso o faria feliz. E como ninguém notaria que era eu, pensariam que era a Débora de verdade, então não tinha problema.

Finalmente chegamos a minha casa.

-Chegamos, Débs.

-Belle.

-Quê?

-AHH...Nada, nada.

-Quer que eu toque a campainha?

-Claro, claro que sim. – Dei um sorriso, e fiquei imaginando como ele sairia no rosto da Débora, pela expressão do Lucas parecia ter saído maravilhosamente bom.

**

POV Débora

Será que o Dani vinha até a casa da Annabelle para irem para escola? Ou melhor será que ele iria a minha casa?

Lurdinha já ia sair da enorme mansão para atender, mas eu desci as escadas.

-Er... Lurdes... - Minha voz era tão linda.

-Srta. Belle? – Ela estacionou.

-Deixa eu atender.

-O.. O quê? Mas, Srta. Annabelle, você nunca quis atender a porta e...

-Não, pode deixar eu vou. – Tomei as chaves. Desci as escadas correndo, e fui para o jardim, corri mais um pouco até chegar a porta, destranquei.

Quando eu abri, encontrei talvez uma das cenas mais bizarras da minha existência. Eu mesma, diante de mim. Mas eu teria que me acostumar com isso, por que, se funcionasse para sempre, eu seria realmente Annabelle Kouren.

De fato, poderiam ser consideradas duas pessoas que eu odiava.

A minha ex-forma, como eu era antes, horrorosa. Embora eu tivesse que admitir que o meu cabelo antigo estava um pouco menos apavorante.

E a segunda foi um moleque idiota e loiro, que eu odiava quando era Débora, embora agora não tivesse mais motivos para odiá-los.

-Oi, Belle. Tudo bem? – perguntou Lucas.

-Tudo perfeito. – Respondi com a alegria que emanava de mim.

Ficamos nos encarando, eu a antiga dona daquele corpo, e ela, antiga dona do corpo que eu estava.

Annabelle e Débora frente a frente. Mas eu era a Annabelle no contexto.

-Er... Lucas. – A minha voz, ou melhor, a voz de Débora falou. Parecia achar tão bizarro como eu. – Eu vou conversar comig... Com a Belle.

-Claro, Débs. Belle, pode deixar a gente entrar?

Sorri com ironia para os olhos cinzentos que me encaravam.

-Entrem.

Os dois adentraram pela porta.

-Uau, Belle, sua casa é linda. Posso ver seus jardins? Enquanto você e a Débora conversam?

-Claro, vai lá ver.

Eu sabia que esse momento chegaria. Eu a sós com a antiga dona desse corpo pedindo explicações. Mas eu já tinha uma carta na manga.

POV Annabelle

Eu e Débora ficamos nos encarando por um bom tempo, sem dizer nada. Até que eu arrisquei.

-Ahnn...Débora?

-HSUAHSUAIHS... Não mais, minha querida. Você agora é a Débora.

Eu pisquei aturdida. Sem nenhuma dúvida, eu não esperava que ela dissesse aquilo.

-O-o-o quÊ? – Surtei.

-HHASUIA... Você realmente acha que acabou por ocupar o meu corpo porque Deus quis? Fala sério, Annabelle, ou melhor, Débora! Eu não achei que fosse funcionar, mas não é que deu certo? Olha quem eu sou agora!

Aquelas palavras, ditas de forma irônicas e com fins de magoar, ditas na minha voz, me feriram profundamente. Então aquilo era tudo um plano da Débora? Ela realmente queria ser... EU? E como ela havia conseguido esse absurdo? Porque ela estava agindo de uma forma tão... Cruel?

Os olhos azuis, que eu tanto conhecia me encaravam com desdém.

-Como é?

-Isso, que você ouviu, DÉBORA. Não acha que não tava na hora de você sofrer tudo o que eu sofri? Sentir tudo o que eu senti? É, as vezes a vida pode ser justa...

-Como, como assim, Débora, como assim você pode querer ser... Eu?

-Você sempre teve tudo o que uma garota sempre quis. Um corpo perfeito, um garoto perfeito, pais perfeitos, dinheiro, uma vida perfeita!

-E... o que isso...? – Eu estava prestes a chorar.

-Acho que alguém teve piedade de mim e resolveu realizar o meu desejo, fazer com que você sofra TUDO que eu sofri, e me deixar ser feliz, mesmo que seja na base do seu ex-corpo.

-Débora, você, ficou maluca? O que deu em você? ME DIZ AGORA COMO FAZ PARA QUE VOLTEMOS A SERMOS NÓS MESMAS! Você tá pirando! Primeiro, despreza minha amizade me tratando como lixo e agora isso...! Você não acha que foi longe demais? O que eu te fiz?

-EU NÃO ME CHAMO DÉBORA! – Ela berrou. – Eu sou Annabelle Kouren, sua idiota! E eu não sei como faz para reverter isso. ISSO NÃO VAI SE REVERTER NUNCA MAIS. Você vai ter que se acostumar a sofrer, garota. Quer saber o que você fez? Você... Roubou o amor da minha existência.

- O quê? – Eu chorava, realmente não compreendia.

-Eu sempre amei o Daniel, garota. Sempre. Não pode imaginar o quanto eu sofri quando vi, você, a minha melhor amiga, e ele juntos. Toda vez que vocês se beijavam meu coração se partia em mil pedaços. E você? Você nem ligava! Nem se importava! – Ela revelou, com a minha voz, fraca. Aquilo me tirou do sério. Só tinha que ser impossível. Mas depois de alguns segundos de silêncio, eu percebi que só aquilo poderia ter explicado as milhares de confusões sem sentido que haviam acontecido.

-Eu... Débs, eu nunca, eu não sabia, porque você não... Nunca foi minha...

-NÃO INTERESSA, VOCÊ FEZ! E EU NÃO ME CHAMO DÉBORA!

-Por favor não faça isso... – Supliquei.

-Vai embora da MINHA CASA. E cuide da Paula. – Alertei. Minha boca se abriu num “o” imenso, enquanto ela abriu a porta violentamente.

-LUCAS! Vá com a Débora para a casa dela, pra que ela se troque! – Ela me olhou feio. – Esse vestido fica horrível em você... – Sussurrou ela maldosa. Eu sequei as lágrimas com fervor.

-Ah, tá bom, Belle... adorei suas orquídeas... Vamos Débs, agora que vocês já conversaram você pode ir pra casa e depois ir para escola... – Eu não conseguia falar. Lucas sorriu e passou um braço nos ombros, que eu não poderia acreditar que me pertenciam. Ela nos expulsou da minha própria casa. Tentei não chorar na frente do Lucas, mas eu tinha que contar para alguém. Tentei não pensar no fato que o Dani, o meu eterno e amado Dani, a pessoa que eu mais amava no mundo depois dos meus pais, iria me achar uma estranha.

**

POV Débora

Fui até a garagem. Rubens já me esperava sorridente na Merdedes.

- Vai querer que eu passe na casa em que o seu namorado está, para o levarmos a escola, Belle? – Ele questionou.

Sorri intensamente.

-É claro.

Eu ansiava para ver o Dani. Pra poder sentir seus lábios.

Entrei no carro, assim que Rubens abriu a porta. Procurei na bolsa, A MINHA BOLSA, E ACHEI UM ESPELHINHO.

Olhei-me no espelho. Finalmente algo que eu gostava. O rosto da minha melhor amiga. Ou melhor ex.

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 21/11/2010
Reeditado em 23/07/2011
Código do texto: T2628362
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