Milésimo primeiro caso de amor
Gosto bonito, imagem barulhenta, som amargo... Tão estranho e sem sentido, foi o “Amor Confuso”.
Flores sem pétalas, palavras sem letras, tristeza sem lágrimas... Tão vazio e sem graça, foi o “Amor Incompleto”.
Experiências medidas, carinhos cronometrados, conclusões decepcionantes... Tão lógico e frio, foi o “Amor Científico”.
Olhares furtivos, beijos roubados, abraços sorrateiros... Tão errado e apaixonante, foi o “Amor Bandido”.
Paixão duvidosa, riscos inseguros, cupidos com medo... Tão humano e apreensivo, foi o “Amor Desconfiado”
Cúmplices ousados, atos secretos, atitudes destemidas... Tão louco e divertido, foi o “Amor Insano”.
Sentimentos em estrofes, confissões em versos, carícias com ritmo... Tão bonito e artístico, foi o “Amor Poético”.
Passaria aqui, mais tempo do que o relógio poderia contar, citando os mil tipos de amores que inventei, para os mil casos de amor que vivi. Mas prefiro gastar minhas palavras citando apenas mais um caso de amor, um amor cujo tipo ainda não inventei.
Tal amor chegou estranhamente, parecendo meio vazio e meio frio... Fez-se parecer errado e me deixou apreensivo, me fez cometer loucuras em forma de poesia.
Pegou-me despreparado e me conquistou. Fez de mim um apaixonado, um lunático, um sonhador e depois me abandonou. Obrigou-me a assumir um amor que ainda não havia inventado.
Este foi o meu milésimo primeiro caso de amor, que ainda não compreendi e ainda não inventei. Talvez este seja o primeiro amor inventado, e o último a ser compreendido, talvez este seja o tal do “Amor Verdadeiro”.