[Original] The Simple Plan - Capítulo 9
Capítulo 9
Parece que foi ontem que conheci Eric e que bati em Eduardo pela primeira vez... É, o tempo passa rápido. Hoje, faz exatamente 3 meses que os dois chegaram à escola. Nesse tempo, eu esperei mais ansiosa do que nunca por um pedido romântico de namoro... Mas ele não veio. É, não veio. E algo em mim dizia que Eduardo estava certo. Eric se transformara em algo que eu jamais poderia imaginar.
Ele não andava mais com Tiago e Breno depois que entrara para o time de handebol da escola. Time esse que só anda os mais babacas da escola, os que se sentem a passatempo da prateleira e não são bosta alguma.
E nesse tempo eu sempre sentia que Eduardo queria falar comigo, até mesmo quando ficávamos naquela guerrinha particular de ver quem ganhava na disputa do encara-encara. E eu sempre ganhava (pelo menos em alguma coisa), pois ele baixava a cabeça e sorria. O sorriso dele é lindo, e muitas vezes me hipnotizava.
– Paolla! - Breno entrou na sala e sentou-se em seu lugar de costume. Eu estava escrevendo uma música. – O que aconteceu com o Eric?
– Boa pergunta. - Suspirei. – Por quê?
– Nossa velho, ele deu mó queimada no Tiago. Foi chato.
– O que aconteceu?
Sempre soube que devia participar mais vezes do intervalo. Breno cruzou os braços.
– Eu e o Tiago estávamos conversando sobre ir praia, dar altos mergulhos, ai ele falou – mano, vamos chamar o Eric? Eu fiquei meio assim, o cara tá mó afastado da gente, mas concordei. Fomos lá na mesa dos otários do Handebol e Eric estava lá, fiz o convite e ele disse todo arrogante – Não perco meu tempo indo à praia com vocês.
Nem respondi nada, apenas me levantei e fui até o pátio principal, indo diretamente a mesa do time de Handebol.
– Uh, olha se não é a esquisitinha da sua namorada, Eric! - Sheila, a vadia namorada do Paulo, disse.
– Porque você não poupa a humanidade e para de cacarejar um pouco, Sheila? - Rebati, olhando para Eric, ele me fitava com a expressão de tédio. – Quero falar com você.
– Sobre? – A rispidez de sua voz me deu vontade de chorar.
– Eric, eu preciso falar com você a sós.
– To ocupado, não tá vendo?
– Eu acho bom você se levantar.
– Olha... – Paulo murmurou, rindo com deboche. – Comandado mesmo hein, Eric?
Os outros cinco que estavam na mesa também riram, tive vontade de mandar todos se foderem. Eric finalmente levantou e fomos até o corredor do primeiro ano, onde, todo o meu mundo desabou.
– O que é? - Perguntou, cruzando os braços e virando o boné que usava. Ele estava lindo hoje, nem tive tempo de reparar nele, já que eu mal o vi.
– Primeiro: qual é a sua, garoto? Porque dar queimada no Tiago? O que ele fez pra você?
– Eu não dei queimada nele! E que história é essa de ir contar pra você? O que eles acham que nós somos namorados?
Respirei fundo, e senti meus olhos lacrimejarem. Eric nunca tinha me tratado com tanta rispidez.
– É o que deveríamos ser. - Respondi, baixando a cabeça. – O que aconteceu com o Eric que eu me apaixonei?
Ele riu, amargo.
– Enjoou de uma chata que não desgrudava de seu pé.
Aquilo foi à gota d’água.
– Então é isso que você pensa de mim? - Ele saiu me dando as costas. Todas às pessoas que passavam ali olhavam para nós. – ERIC, NÃO ME DE AS COSTAS!
E a escola toda parou.
– Garota, sai da minha bota, eu cansei de você e daqueles dois! - Tiago se aproximou e eu nem o vi. Eu apenas encarava Eric, não acreditando no que eu ouvia. – Chega! Foi um erro me envolver com você. Deixar você mandar e comandar a minha vida, eu só tenho 17 anos, mas com você pareço ter 30! Já me disseram que eu estou com 21, se ficarmos mais um ano dirão o que?
– Eric, olha...! – Tentei por algum motivo ridículo fazê-lo voltar a ser o mesmo por quem me apaixonei. Ele só podia estar possuído de algum espírito, não era possível alguém mudar tanto. – Eu te amo!
“Fraqueza, fraqueza, fraqueza” - Meu consciente gritou. E eu ignorei, era tarde demais.
– Ah é? Obrigado. Muito obrigado.
Ele saiu, deixando-me à beira da maior crise de choro da minha vida.
E assim terminou o meu lance com Eric Mendes. Tiago me abraçou forte, enquanto Eric me dava às costas, para sempre.