Ela veste preto, mas o baile é cor de rosa. Cap6.

– Não acredito nisso!

– Dora, você está bem? – pergunta Paris correndo em sua direção para fora da mansão.

– Ah! Estou, é que essa confusão toda me pegou de surpresa!

– E com você estranh...digo Paris, tá tudo certo?

– Ah, claro tá tudo bem e pode me chamar de estranho mesmo, você eu não ligo. – diz o garoto rindo. Você vai pra casa agora?

– É eu vou. Ia pegar um táxi, mas molhada desse jeito é melhor ir andando! – responde Dora tirando o excesso de água dos cabelos com as mãos.

– Nesse caso deixa eu te salvar uma vez na vida e te acompanhar, são só algumas ruas mesmo, logo chegaremos antes que você pegue um resfriado! – brinca Paris.

Começaram a caminhar então com passos lentos e proveitosos, quase que num passeio no meio da tarde ensolarada pelas ruas do bairro.

– Tudo bem então! – concorda. Desculpe se às vezes sou impulsiva demais pra te defender é que eles me tiram do sério e já faz algum tempo. Eu era assim, como pude ser tão cega?

– Não Dora, tá tranqüilo, você só queria que eles me respeitassem e eu sou um tanto permissivo também, preciso ser mais firme, você tem razão.

– E como vai indo a vida estranho? – pergunta querendo mudar de assunto.

– Do jeito que dá! É meio esquisito não ter alguém na casa vindo do nada pra te chamar de bobalhão biruta ou riscar os seus DVDs de ficção científica, até todos os gibis que comprei no mês estão inteiros. Quando é que isso acontecia? – termina tentando ser irônico.

– Ah, sei. Vocês não se davam muito bem, não é? Eu sempre dizia que ele precisava te compreender mais. – diz Dora após algum silêncio.

– Ele compreendia do jeito dele, passou!

– E pra você, Dora?

– Pra mim, as coisas estão acontecendo independente de eu querer ou não, mas acho que é disso que eu preciso impulsividade. Talvez a falta dela me tenha trazido até aqui, então chega, eu preciso mudar, tem umas coisas que eu estou pensado... – ia dizendo quando Paris segura em suas mãos e começa a falar depressa e ofegante.

– Sim! Eu também sinto isso, nós podíamos mudar juntos, eu sempre senti algo por você, algo que caras como o David nem sonham que exista para ser oferecido a uma mulher. Eu posso fazer o que você quiser realizar seus sonhos mais profundos. Eu te amo Dora! – grita no final olhando fixamente em seus olhos, todo vermelho e tremendo não se contendo em si próprio.

Dora ainda em choque com a revelação solta suas mãos e começa a falar.

– Eu respeito esse seu sentimento, mas você entendeu tudo errado, eu preciso de um tempo pras coisas se firmarem em seus lugares, encontrar o meu espaço no mundo e... – hesitou em falar.

– E o quê? – quis saber Paris.

– E se eu me envolver com alguém seja o tempo que for não será com o irmão do David. De alguém que eu amei tanto! – soltou.

– Mas nós não éramos nem parecidos! – tentar argumentar quase chorando, furioso com a rejeição.

– Eu sei, mas é o que eu sinto, não dá pra ser, me desculpe! – desabafa antes de sair correndo e virar a esquina em direção a sua casa desaparecendo das vistas de Paris. Ele não se conforma e quase não se agüentando pensa.

– Ela diz que quer mudar, mas na verdade é como todos os outros. Tudo bem Dora, eu te mostro como o David era príncipe encantado! – rindo descontroladamente.

Não bastasse isso quando ela finalmente entrou em casa sua mãe a aguardava com aquela cara amarrada que só fazia quando tinha alguma verdade atravessada na garganta.

– Onde você estava mocinha?

– Eu vim andando, tô toda molhada! – justifica Dora.

– Eu sei, a Mell me ligou histérica e contou tudo sobre o seu showzinho egocêntrico na piscina. Que descontrole é esse minha filha? – pergunta Lara também se descontrolando.

– Meu showzinho, me poupe a senhora sabe muito bem como é a Mell!

– Sei, mas ultimamente você tem estado tão esquisita sem ânimo pra nada nesse eterno luto trancafiada e no primeiro contato exterior o que podia ser um retorno memorável se transforma num surto psicótico! Que Deus me perdoe, mas o que você quer, ser uma excluída como o Paris, porque é isso que vai acontecer se você defender tanto ele.

– Não se preocupe mãe, eu não vou mais ver o Paris. – diz resignada.

– Que bom, você sabe que eu só quero o seu bem e que a vida é assim, em nenhuma cultura se perdoa um suicida, com as pessoas de New Park não será diferente, em breve vão esquecer o David em definitivo e esquecerão quem estiver preso a ele, mas ele se foi e você está aqui. Me promete que vai pensar a respeito?

Dora fica olhando enigmática a mãe gesticular seu discurso e ao ser perguntada quebra o silêncio e responde.

– Ele não se suicidou, alguém o matou, algum desses covardes infelizes que estão julgando, mas isso não vai ficar assim, um dia a verdade vem à tona. – fala entre dentes sucumbindo ao ódio.

– Ah, minha filha o que te faz acreditar nisso? Queira logo você veja a burrada que está fazendo antes de perder tudo. – resigna-se Lara.

– Me deixa em paz! Eu sei! – sussurra a garota.

A mãe passa por trás dela deixando a sala e lhe dá um beijo na nuca dizendo.

– Tudo bem querida, vá se trocar.

Ela ia deixando a sala também e com o primeiro pé na escada viu quando empurraram um cartão vermelho por debaixo da porta, olhou pelo olho mágico mas não avistou ninguém. Dora pôde notar a figura de uma rosa enorme no cartão e ao virá-lo estavam escritas apenas essas simples palavras.

SEU NAMORADO NÃO SE MATOU.

ELE FOI ASSASSINADO.

ASS. R

Dora leu aquilo com uma terrível dor dentro de si, mas também tinha um egoísmo alegre por provar que estava certa, se não estivessem brincando com ela, claro. Apenas ficou em pé ao lado da janela para refletir.

– Eles vão ver David, vão ver!

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Como sempre obrigada por lerem e pelos comentários. São ótimos, vou postar o máximo que conseguir pra não deixar ninguém curioso demais da conta, sô!!!rsrsrs

Esse capítulo não tem música e está mais tenso, mas faz parte. No próximo volto com uma mudança na Dora e sua nova maneira de viver aí tudo fica mais light. Até lá!!!!Comentem se quiserem!!!Bjs!!!Bye!!!